Primoz Roglic: de saltador de esqui a ciclista profissional... E no futuro?
Qual o momento de forma para esta Vuelta? Que estatuto tem dentro da equipa? O que o futuro lhe reserva?
![Primoz Roglic: de saltador de esqui a ciclista profissional... E no futuro?](/content/images/size/w1200/2022/08/image2.jpg)
Neste momento, as questões que rodeiam Roglic são muitas... Qual o momento de forma para esta Vuelta? Que estatuto tem dentro da equipa? O que o futuro lhe reserva? E tudo isto me deixa inquieto também, pois Primoz Roglic é o meu ciclista favorito, atualmente. A sua “crueldade” a correr e, ao mesmo tempo, a grande pessoa que demonstra ser deixa-me fascinado. Por isso, vamos tentar perceber melhor estas questões, e com isso temos de recuar alguns anos na vida do esloveno.
Esquiador desde os seus 8 anos, começou a competir profissionalmente em 2003 e percebeu-se logo que fosse onde fosse, seria um desportista de excelência. Colecionou várias medalhas, atingindo o seu auge na Taça Continental Masculina de Saltos de Esqui em 2011, onde subiu cinco vezes ao pódio, duas delas ao lugar mais alto.
Apenas em 2012 decide ingressar no ciclismo, primeiramente no escalão amador e após uma boa temporada, no ano seguinte, assina pela equipa profissional de categoria continental Adria Mobil. Depois de vencer a primeira prova de um dia, a Croácia – Eslovénia em 2013, só três anos depois e já com 27 anos de idade, assina pela antiga Team LottoNL-Jumbo. Foi a partir daí que começou a colecionar vitórias de gabarito internacional, de realçar três vitórias em etapas no Giro, duas vitórias em etapas no Tour e uma vitória numa etapa da Vuelta, culminando com a vitória da mesma em 2019. Era considerado um dos melhores ciclistas do mundo e conquistou a alcunha de “canibal”, pois destruía os seus adversários com aquelas acelerações de deixar qualquer um colado ao asfalto. Tudo isto até 2020...
2020... Ano terrível para todos nós, mas o que dizer do dia 19 de setembro de 2020 para Roglic? A representar a mesma equipa, mas agora de seu nome Team Jumbo-Visma, partia para o contrarelógio da vigésima etapa do Tour com 57 segundos de avanço do segundo classificado, o menino Tadej Pogacar. Era o grande favorito a concretizar o seu sonho de vencer a mais importante volta de 3 semanas, quando tudo se desmorona e corta a meta com a cabeça inchada perdendo 1 minuto e 56 segundos para o seu compatriota e amigo. Parecia que tinha saído de um cenário dantesco. Ele e eu… Que murro no estômago! Fiquei incrédulo ao ver o que lhe tinha acabado de acontecer. O psicológico é complicado em certas alturas... Mas não perdeu o cavalheirismo que o caracteriza, e que a mim me agrada bastante essa sua forma de ser, sendo que a primeira coisa que fez foi dar os parabéns ao futuro vencedor da Volta a França 2020.
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Ainda nesse ano, revalida a vitória na Vuelta e vence o seu primeiro e único monumento (Liège – Bastogne - Liège). Apesar daquele fatídico dia, parece que a alcunha de canibal voltou a encaixar na perfeição... Mas o ano de 2021, mostra-nos o contrário naquilo que diz respeito ao seu sonho. Queda no Tour (outro murro no meu estômago) e um abandono ao final de 6 etapas. Diz-se que a história é cíclica e os anos de Roglic prova-nos isso. Reinventa-se, vence pela terceira vez consecutiva a Vuelta e torna-se campeão Olímpico de contra relógio.
Chega o ano de 2022 e uma esperança nasce para os fãs do ciclista de 32 anos, vence o Paris – Nice e o Critérium du Dauphiné. Pronto, está quebrada a “malapata”. Roglic vence finalmente em França e logo por duas vezes. No entanto, fica-nos a dúvida da sua real forma, quando existiu a sombra do seu colega Vingegaard no Critérium... E assim foi. Mais um Tour, mais uma queda (aqui fiquei sem estômago)... Desta vez o pavê. Mais uma falta de sorte. Será que é assim mesmo? Será apenas azar?
Azar não é apenas certamente. Roglic inicia-se na “nata” do ciclismo com 27 anos, idade essa que para muitos ciclistas é significado de estarem na ribalta há largos anos. Já dizia o esloveno no seu início “ainda estou a aprender a andar em pelotão”... E parece que ainda está a aprender, umas vezes azar, outras mau posicionamento, mas lá vai mais uma queda de Roglic. Exemplo disso, é a etapa do pavê em que ele cai este ano no Tour. Foi por causa de um fardo de palha? Foi, mas se ele estivesse onde andava Pogacar a probabilidade era bem mais reduzida. Como se viu este ano, para se ganhar a amarela é preciso não falhar e a este senhor parece que lhe falta muitas das vezes experiência e astúcia para perceber que é na frente que ele tem de andar.
Sendo assim, chegamos a duas hipóteses, tendo em conta a sua idade. Será que já vimos tudo aquilo que o canibal tem para dar? Ou será que ainda podemos vê-lo a vencer o Tour? Pois, na Jumbo deverá existir a incógnita de lhe poderem voltar a dar essa oportunidade pela prestação de Jonas Vingegaard. Sendo que o seu contrato termina em 2025, Roglic terá que dar bem ao pedal nesta Vuelta e dizer “presente” para que os seus diretores coloquem a hipótese de continuar a confiar nele…
Veremos então o que nos espera o futuro do esloveno. Num futuro breve, espero que a vida deste enorme ciclista se volte a reescrever, agora com um enorme capítulo e que ele tenha uma vitória histórica e indédita, arrecadando a quarta “roja” consecutiva na Vuelta. Dois contrarrelógios, um por equipas e outro individual, e aquelas subidas de nuestros hermanos que lhe assentam na perfeição. Com bons gregários como Sep Kuss, Robert Gesink e Chris Harper, podem não ser um dos melhores blocos...
Mas torço mesmo por um “poker” para o canibal!