Cycling Fantasy — Tour de Wallonie

Aaaahhh, que fresquinho este sorvete de limão para limpar o palato. Já estávamos fartos de sprints irregulares e dinamarqueses suprassumos. E pelo menos aqui há mesmo contrarrelógio. Viva o Tour de Wallonie? Viva.

Cycling Fantasy — Tour de Wallonie
Robert Stannard, o vencedor de 2022, estará presente para revalidar o título. (fotografia: BELGA)

Análise ao percurso: São cinco dias pela tradicional zona da Valónia, região do globo que sente o ciclismo como poucas e que continua a gerar alguns dos melhores corredores do pelotão internacional. Como é típico desta parte da Bélgica, são cinco dias que juntos fazem uma corrida por etapas mas que quase podiam ser divididos em cinco clássicas. Este ano, ao contrário do que aconteceu em 2022, há um contrarrelógio que muito terá de ser tido em conta nas contas para a classificação geral final — são quase 33 quilómetros, minha gente.

Tudo isto para dizer: levem bons contrarrelogistas, uns quantos homens rápidos (sem exageros que isto na Valónia nunca se sabe) e bons classicómanos — que idealmente não percam muito tempo no esforço individual. Parece fácil, não parece? Mas não é. Na Bélgica, tudo se complica.

  • Etapa 1 — Não é das etapas mais acidentas, mas aquele murito a oito quilómetros do final dá-me logo vibes de molho. Isto é: mesmo que estejamos perante um sprint, será sempre um sprint em grupo reduzido, uma vez que 800 metros a 7.2% — e logo tão perto da meta — torna impossível a chegada de todos os puros sprinters. Já sabem: é essencial acertar no primeiro líder.
  • Etapa 2 — Sobe-e-desce como sempre se espera na Valónia. Ainda assim, é mais uma daquelas tiradas que parece dar para os sprinters chegarem, talvez mais até do que na primeira etapa. Mas, mais uma vez, isto nunca se sabe, dependerá sempre da forma como a corrida for feita.
  • Etapa 3 — Pois. Aqui a música começa a ser outra. Aquele duas ascensões tão consecutivas e tão junto à meta retiram possibilidades de uma chegada alargada. O mais provável será um grupo curtinho escapar-se já no final — ou até um letal ataque a solo.
  • Etapa 4 — E pronto, chegou o grande dia. 33 quilómetros planos é coisa para fazer diferenças bem significativas. Quem tiver problemas com o relógio é bem capaz de dar um trambolhão daqueles. Mais: parece um óptimo treino para quem vai aos mundiais de contrarrelógio.
  • Etapa 5 — Duvido que a última etapa sirva para fazer grandes correcções na geral, o que não quer dizer que não dê para remendar alguns detalhes — e isso também pode passar pela camisola da liderança, claro. É uma etapa rompe pernas, durinha desde o início e que pode fazer alguns corredores pagarem o esforço do dia anterior.

Shortlist falso plano

800:

  • Filippo Ganna — Com um contrarrelógio tão longo, fica difícil não pensar no italiano.

600:

  • Bauke Mollema — Posso estar enganado, mas a ideia que dá é que Mollema já está naquela fase da vida em que está mais preocupado com os outros do que consigo — e as opções na Lidl-Trek para a vitória na classificação geral não são poucas. Fará um bom contrarrelógio e se quiser fazer desta prova um objectivo…
  • Andrea Bagioli — Tinha feito melhor em ir ao Tour (esta foi só para irritar alguns colegas falsoplanistas, não liguem). Bom, sabemos que o italiano gosta deste tipo de terreno, subidinhas explosivas, sprints em grupos reduzidos. Ao mesmo tempo, sabemos que vai perder tempo no esforço individual.
  • Mauro Schmid — Em teoria, é um dos grandes candidatos à classificação geral. Mas o facto de não ter sido escolhido para estar no Tour é um indício dos rumores que têm andado por aí: diz-se que vai sair, possivelmente para a Jayco. Se precisar de um bidon, será que alguém lhe dá?
  • Hugo Hofstetter — Até agora, a temporada é, digamos, fraquinha. Por isso custa confiar. Mas é mais um daqueles homens rápidos que adora este tipo de prova e que tem tudo para estar bem. Mas eu também tenho tudo para estar bem na vida e não estou, percebem?

400:

  • Stefano Oldani — Não é que a Bélgica seja o seu lugar preferido do mundo. Mas a verdade é que o percurso assenta-lhe bem e tem uma série de top-10 na edição de 2021. Vejamos se terá liberdade ou se estará ao serviço de Stannard.
  • Arnaud De Lie — A queda feia em Dunquerque meteu um travão naquela que estava a ser mais uma temporada bastante interessante para o "sprinter agricultor". A forma pode não ser a ideal, mas De Lie corre em casa e as duas primeiras etapas — pelo menos — parecem servir-lhe na perfeição.
  • Lorenzo Rota — O ano passado andou que se fartou, fechando quarto à geral. Foi vice-campeão italiano — atrás de Simone Velasco — no final de Junho, será que a forma ainda lá está?
  • Davide Ballerini — Em 2022, ganhou uma etapa — superando Rojas e Rui Oliveira, que foram seus companheiros de fuga durante todo o dia. Ballerini é outros daqueles homens rápidos que lida bem com este tipo de terreno, vejamos se tem espaço numa equipa tão recheada.
  • Edward Theuns — Há uma coisa qualquer, que eu não sei explicar, que faz com que raramente leve Theuns nas minhas equipas. E já aconteceu arrepender-me algumas vezes. Está como peixe na água na Valónia, mas eu acho que vou assumir — mesmo que isso possa ser uma falácia — que há outras opções dentro da Lidl-Trek.
  • Simone Consonni — Fez um Giro miserável. Mas temos de dizer a verdade: se por acaso se derem sprints com um número considerável de corredores, é bem possível que ele esteja por lá.
  • Robert Stannard — O campeão volta com ambição. Vem de dois top-10 no Dauphiné e deve ser o corredor protegido na equipa do champô.

200:

  • Gianni Vermeersch — O primeiro Campeão do Mundo de Gravel da UCI parece estar em forma: vem de um segundo e de um quarto lugar na Volta à Áustria. Ainda assim, não concluiu a última etapa e eu não consegui encontrar o motivo para a desistência.
  • Clément Venturini — É como o algodão: não engana. Pelo menos no que aos pontos de top-20 diz respeito.
  • Bruno Armirail — Um dos melhores contrarrelogistas presentes.
  • Joshua Tarling — Este ainda é melhor.
  • Loïc Vliegen — Segundo classificado em 2022, é sempre um motor por terrenos da Valónia.
  • Thibau Nys — Uma das grandes surpresas da temporada, pelo menos para quem andava distraído. Anda bem no contrarrelógio e sprinta que é uma delícia.
  • Mathias Vacek — Acabou de se sagrar campeão checo de fundo. Antes disso: nono lugar à geral na Volta à Bélgica e oitavo na Volta à Noruega. Seguro.
  • Jannik Steimle — Bom contrarrelogista. Médio classicómano. E é barato.
  • Erlend Blikra — Outra bela surpresa que a presente época nos ofereceu. Tem sprintado lindamente e parece gostar de correr na Bélgica.
  • Timo Kliech — O jovem belga de 23 anos está a fazer uma temporada bastante interessante. É veloz e capaz de suportar alguma dureza.

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