Antevisão — World Championships - RR
Grace Brown vai levantar os braços em casa? Quem será o sucessor de Julian Alaphilippe? Alaphilippe?
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Introdução
Para muitos a corrida mais importante do ano. Talvez se fosse realizada na Primavera a poderia considerar como tal. Não sendo, apenas torço para que o vencedor seja um corredor digno de envergar a camisola arco-íris durante o próximo ano.
Diogo Kolb, bem como toda a tiffosi italiana, verteram lágrimas pela vitória de Mads Pedersen em 2019 — ou pela derrota de Matteo Trentin —, que foi campeão mundial sem ter qualquer vitória WT no palmarés — vice-campeão mundial de juniores e 2º classificado no Tour de Flandres de 2018 eram os únicos resultados de relevo até à data. Claro que hoje em dia já todos estamos rendidos à categoria deste campeão, que se farta de ganhar e de dar espetáculo, tendo a humildade de distribuir bidons pelos colegas de equipa quando é necessário.
Os campeonatos do mundo disputam-se na Austrália pela segunda ocasião, desta vez em Wollongong. Em 2010 a prova realizou-se em Geelong e o vencedor da prova de estrada foi o norueguês Thor Hushovd. E por falar em norueguês, o grande destaque desta edição, além dos ataques das pegas* claro, é a seleção da Noruega. Tobias Foss surpreendeu Evenepoel e todos nós com a vitória no ITT de elites enquanto que Søren Wærenskjold venceu o ITT sub-23 e fechou pódio na prova de estrada sub-23.
*[Ornitologia] Pássaro da família dos corvídeos, muito comum no Norte de Portugal, com manchas brancas e pretas na plumagem e que pode chegar a ser domesticado.
A nata da nata do ciclismo mundial está presente. Estrelas como Pogačar, Van Aert, Evenepoel e Van der Poel são garantia de espetáculo. Quem será o sucessor de Julian Alaphilippe? Alaphilippe?
A seleção portuguesa é composta por quatro elementos e será liderada por João Almeida, que esteve ausente na prova de contrarrelógio para recuperar de uma gastroentrite. Nélson Oliveira — excelente desempenho na prova de contrarrelógio, onde foi 8º classificado —, Rui Oliveira e Ivo Oliveira serão os escudeiros do jovem ciclista de A-dos-Francos. A prova terá início às 1:15 da madrugada de sábado para domingo, com final previsto para as 7:50. Bota Lume!
A prova feminina, que não terá representação portuguesa, terá início às 3:25 desta madrugada e tem final previsto para as 8:00.
Prevê-se chuva no sábado e sol no domingo, em Wollongong.
O percurso
As provas iniciam-se em Helensburgh. Os corredores percorrerão a costa oeste australiana em direção à cidade costeira de Wollongong, onde terão de passar uma vez pelo circuito do Mount Keira e múltiplas vezes — 6x na corrida feminina e 12x na corrida masculina — pelo circuito no centro da cidade de Wollongong.
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O Mt. Pleasant já se deu a conhecer ao mundo nas provas de juniores e sub-23 mas é nas duas corridas de séniores que vamos poder conhecer esta pequena subida de sete quilómetros e meio, o Mt Keira, que surge trinta e quatro quilómetros após a partida e abre as hostilidades antes dos corredores percorrerem o circuito do centro da cidade. Será que algum dos melhores blocos irá aproveitar este falso plano para aumentar o ritmo e testar as pernas do pelotão?
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O destaque do circuito no centro da cidade é o Mt Pleasant. É aqui que os mais fortes tem de fazer a diferença. Este muro tem duas seções que rondam os 14% de inclinação e a última passagem por este topo é a oito quilómetros da meta.
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A cada passagem por este muro, de 17.5 km em 17.5 km, as pernas vão pesar mais e mais. Veremos quem é o mais forte.
Tácticas
A seleção mais forte é, sem dúvida, a Bélgica. Van Aert e Evenepoel serão os ciclistas protegidos deste bloco de oito ciclistas, que deverão controlar a corrida até à fase decisiva. A partir desse momento é simples: Remco ataca quando lhe aptecer e é campeão do mundo. Se não lhe aptecer, pode simplesmente seguir os ataques dos adversários. Rebocar outros ciclistas na frente é que não faz sentido, uma vez que tem WVA na equipa. São duas opções fortíssimas e que lhes dá vantagem em diversos cenários.
A Austrália, equipa da casa, deverá querer mostrar-se e será uma ajuda importante no controlo da corrida, de olho no sprint de Michael Matthews.
Sprinters puros praticamente não há. Os homens rápidos em destaque, além de Van Aert, são Kristoff, Girmay e Matthews, que passam relativamente bem as dificuldades. Para droppar estes ciclistas, seleções como Itália, França e Eslovénia deverão endurecer a corrida.
A Itália, composta por ciclistas atacantes como Bagioli, Bettiol, Battistella, Rota e Trentin, deverá ser uma das principais animadoras da corrida. A França, que tem opções atacantes de alto nível como Alaphilippe, Cosnefroy e Madouas e em caso de sprint tem em Laporte e Sénéchal dois nomes de luxo, é um dos conjuntos mais fortes. Já a Eslovénia tem Tadej Pogačar.
Os Países Baixos, de Van der Poel e Van Baarle, e a Dinamarca, de Cort e Honoré, são dois blocos muito fortes e que também terão uma palavra a dizer no desenrolar da corrida.
Na prova feminina, o percurso deverá ser demasiado duro para sprinters como a Balsamo, campeã mundial em título.
Os destaques a nível de seleções são a Itália, com Longo Borghini e Persico, e os Países Baixos, que dispensam apresentações. A seleção laranja está um nível acima de todas as outras, com Van Vleuten, Vollering e Vos.
A seleção da Austrália tem aqui uma bela oportunidade para festejar em casa. A Grace Brown tem um bloco muito forte, com capacidade para a levar à vitória.
O percurso é do agrado da puncheur Niewiadoma, eterna candidata, e o mesmo se aplica a Ludwig. Atenção à Mavi Garcia, pode surpreender.
Favoritos
Tadej Pogačar — O esloveno arrasou a concorrência em Montreal com um sprint monstruoso e fez um ITT muito sólido à frente de nomes como Filippo Ganna. Tem aqui uma belíssima oportunidade.
Wout Van Aert — É o grande favorito e tem o melhor bloco ao seu dispôr. Não quis participar no ITT, onde seria um dos grandes favoritos, para se focar nesta prova.
Remco Evenepoel — Alternativa de luxo a WVA. Melhorou muito no sprint e já não precisa necessariamente de ganhar a solo.
Matthieu Van der Poel — Derrotou Girmay na Valónia e mostrou boas pernas no contrarrelógio misto. Tem ascendente sobre o Van Aert. O neerlandês diz que a idade já pesa e que quer ganhar o mais rapidamente possível.
Julian Alaphilippe — Não o vemos correr desde a Vuelta, que teve de abandonar prematuramente devido a queda, mas se há coisa que todos sabemos é que nunca devemos menosprezar este corredor. O melhor Alaphilippe aparece quando menos se espera.
Cosnefroy & Madouas — Opções atacantes de luxo e que estão a andar muito. Estão habituados a estas distâncias longas e os níveis de confiança estão elevados.
Matthews & Girmay — Os dois mais interessados em que isto termine ao sprint. A forma de ambos é boa e Matthews tem o fator casa.
Apostas falso plano ME
Henrique Augusto — Eu aposto em Pogačar. Por incrível que pareça, falhou todos os objetivos da temporada. Pogi vai mostrar quem é o melhor do mundo.
Lourenço Graça — Pogačar, sinto que lhe aptece. E quando lhe aptece sabemos o que acontece.
Miguel Branco — Matteo Trentin. Já chega de bronzes.
Miguel Pratas — Ansioso por ver o melhor do mundo com a camisola arco-íris. Tadej Pogačar, claro.
Ricardo Pereira — Kristoff. Estou à espera de uma procissão. Fuga com meia dúzia de elementos e pelotão a controlar até ao final — como o ciclismo devia ser sempre.
Apostas falso plano WE
Henrique Augusto — Annemiek van Vleuten. Depois de uma queda sempre nos levantamos.
Lourenço Graça — Mavi. Está numa forma incrível.
Miguel Branco — Longo Borghini. Só para a camisola do arco-íris continuar numa Elisa.
Miguel Pratas — Olivia Baril. É uma senhora porreira.
Ricardo Pereira — Vos. É a única que conheço.