Antevisão — Volta Ciclista a Catalunya
Catalunha não é bem Espanha mas pode ser adotada por um esloveno esta semana. Ou por um imperialista americano.
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Introdução
103 edições já leva esta histórica prova em solo catalão, e se no ano passado teve direito à presença de Remco Evenepoel e Primož Roglič, este ano tem na startlist talvez a maior estrela do ciclismo atual, Tadej Pogačar, o que por si só já é motivo de interesse dado o espetáculo que este garante. Mas os pontos de interesse não se ficam por aí, dado que há muita qualidade aqui presente. Continua a afirmação de Lenny Martinez e Cian Uijtdebroeks entre os grandes? O ressurgimento de Egan Bernal é for real? Sepp Kuss pode ser um líder fiável em provas de uma semana? E o João Almeida, tranquiliza-nos depois da intranquilidade vinda do Paris-Nice?
Isto é montanha e mais montanha, e a montanha por norma não engana, pelo que no fim desta semana teremos mais informações para responderem às questões acima referidas.
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O percurso
Etapa 1 — Uma hipótese para os "sprinters" presentes, dado que todos os que se apresentam à partida passam bem este tipo de dificuldades e os homens da GC devem querer guardar-se para os dias seguintes.
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Etapa 2 — O primeiro de dois dias com chegadas duras em alto, esta praticamente em modo unipuerto. O ano passado deu Ciccone mas as diferenças não passaram os 15 segundos entre os 10 primeiros.
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Etapa 3 — A etapa mais dura dos últimos anos nesta prova. Estranha a opção da organização de colocar as principais dificuldades tão cedo, pois deve ser aqui que se decidirá a GC e depois apenas alguns pequenos ajustes.
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É uma subida a sério. Daquelas onde Pogačar teme Vingegaard. Será que alguém lhe dará luta aqui?
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Etapa 4 — O único claro sprint da semana.
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Etapa 5 — Vinga a fuga, os sprinters arriscam controlar ou Pogačar quer ganhar as etapas todas?
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Etapa 6 — Mais um dia duro, com muita montanha e especial atenção para os últimos quilómetros do Coll de Pradell, onde as rampas podem permitir o lançamento de um raid. Se se quiser, pode sair daqui um etapón. Até porque se se correr calmamente, naquele fim ninguém sequer compete com o bicho-papão.
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Etapa 7 — O tradicional circuito final em Barcelona costuma dar bons dias de corrida, embora sem grandes diferenças. Thomas de Gendt, Bagioli e Evenepoel foram os últimos 3 vencedores.
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O que esperar
Honestamente, espero um Pogačar a fazer da Volta à Catalunha o que o Ving fez d'O Gran Camiño. A UAE traz um super bloco, será dona e senhora da corrida e caso o esloveno não vacile na alta montanha da terceira tirada, sairá da mesma com a liderança e fará o resto da prova a gerir e à procura de mais vitórias em etapas. Dos restantes blocos penso ser a sua maior rival, Visma, a que lhe poderá dar mais luta pois tem qualidade na montanha, dois líderes e um Kuss que adora este terreno. Há outros nomes, que serão referidos abaixo, que merecem a nossa atenção e que têm aqui objetivos altos e pontos importantes na época, mas que cedo, como vem sendo habitual, começarão a lutar pela 2.ª posição.
Queria só deixar uma nota para outros nomes que, não contando para a GC, poderão ser protagonistas nesta prova. Começando pelos sprinters, Kaden Groves é o mais cotado aqui, já venceu por três vezes nesta prova e precisa de continuar a somar, dado que a época não lhe está a correr de feição, com um 9.º lugar a ser o melhor que já alcançou. Depois vêm Bryan Coquard e Marijn van den Berg, ambos com capacidade de passar alguma montanha e que procurar aqui oportunidades de vencer no WT, aproveitando a menor presença de sprinters de topo. Curiosidade ainda para ver se Hayter consegue picar o ponto e se Orluis Aular poderá finalmente dar uma vitória à Caja Rural. Há a possibilidade de lutarem pela etapa 1,4 e 5.
Os puncheurs Axel Laurance e Maxim van Gils têm ambos a oportunidade de dar continuidade ao bom início de época e procuram a estreia a vencer no WT, as etapas 6 e 7 serão as mais indicadas. Saúda-se ainda o regresso de Tobias Johannessen depois da lesão em Fevereiro e chamo a atenção para a equipa que a Israel traz aqui, com Dylan Teus, Stephen Williams, Michael Woods, George Bennett, Nick Schultz e Matthew Riccitello. Nenhum nome se ultra-destaca mas é um coletivo muito interessante.
Favoritos
Tadej Pogačar — Pode cair ou esquecer-se de comer. Tirando nessas situações ganha isto com relativa facilidade, embora esteja curioso para ver se alguém o consegue colocar na redline ao terceiro dia. E para ver quantas etapas levas, eu aposto em 4.
A não perder de vista
Alexandr Vlasov — Está a abrir muito bem a época, tendo fechado no pódio de todos os troféus em Maiorca e na Comunidade Valenciana, seguindo depois para o Paris-Nice onde chegou finalmente à vitória em etapa e acabou no top-5. Não é rival para Poga mas acredito que não falhará o pódio.
Sepp Kuss — Sem contrarrelógio e com montanha todos os dias? Parece a prova ideal para o regresso do GC Kuss. É o único ciclista que acredito poder colocar o esloveno em reais dificuldades na etapa rainha. Vamos lá confirmar se os flops quando lhe dão a liderança são mesmo coisa do passado.
Egan Bernal — Estou muito contente de poder colocar Bernal aqui. Parece estar mesmo de volta e até agora tem sido em crescendo, vamos ver se a trajetória se mantém. O top-10 não deverá falhar, mais do que isso é mais um passo em frente do colombiano que, nos seus tempos áureos, adorava subidas longas e dias duros como os que existirão aqui na Catalunha.
Lenny Martinez — O pequeno trepador francês tem estado numa forma espetacular e apanha aqui a mais forte concorrência do ano para confirmar que a subir está entre os melhores, muito curioso para ver o que poderá alcançar nesta prova.
Mikel Landa — Landismo vive! É um percurso ao seu jeito e costuma ter sempre um boost a correr em Espanha. O ano passado fechou 5º mas este percurso é muito melhor para ele. O líder da Soudal para o Tour tem que começar aqui a marcar posição interna.
Simon Yates — Primeira corrida a sério do ano para ele. Sabemos que é capaz do melhor e do pior, sendo o melhor aqui um lugar no pódio com uma vitória em etapa, penso eu.
Enric Mas — A prova de uma semana mais ao jeito de Enric Mas que me lembro de ver, e é por isso que tem lugar aqui apesar de não ter ainda impressionado este ano. Nota para Quintana, que o vem aqui acompanhar no seu regresso ao WT quase dois anos depois.
João Almeida — Vamos ter a primeira oportunidade do ano de ver João Almeida correr para Pogačar esta época e eu estou curioso para ver como isso se irá desenrolar. Sabemos que o João gosta sempre de lutar pelo seu lugar na GC mas para ser útil ao esloveno terá de correr de uma forma completamente diferente da habitual. Esta prova tem redobrada importância depois dos maus sinais deixados no Paris-Nice.
Cian Uijtdebroeks — Ele é muito bom a subir mas é assim meh nos restante atributos do ciclismo. A boa noticia para o vencedor do Avenir em 2022 é que nesta prova quase só conta o que se faz a subir. Irá desde já habituar-se a partilhar pódio com Pogačar rumo ao Giro?
Apostas falso plano
Fábio Babau — Bauke Mollema. Semi-maratonista como eu.
Henrique Augusto — WTF is a kilometer?
Lourenço Graça — Em tempos de Quaresma, Vlasov continua a sua ressurreição.
Miguel Branco — Lenny Martinez. Fácil, fácil.
Miguel Pratas — 1-2-3 para a Emirates, com Sivakov, Soler e Großschartner.
Ricardo Pereira — Kuss faz um Vingegaard.