Antevisão — Volta ao Algarve em Bicicleta

No ano passado, o vencedor da Figueira Champions Classic venceu a Volta ao Algarve. Se um raio cair duas vezes no mesmo sítio...

Antevisão — Volta ao Algarve em Bicicleta
Volta ao Algarve

Introdução

Estamos de regresso à volta mais importante que temos por terras lusitanas, a Volta ao Algarve. Já é hábito este ser o ponto de partida no calendário de alguns dos mais importantes ciclistas do pelotão World Tour e este ano não é exceção, com treze equipas WT presentes.

A surpresa deste ano é, sem sombra de dúvidas, a subida ao Alto do Malhão acontecer na última etapa e ser feita em contrarrelógio individual. A organização optou por deixar de ter o típico CI mais plano e mais longo e apimentou as coisas com esta a meu ver magnífica alteração.

Geralmente, quem está bem no Algarve pode vislumbrar ter uma excelente época. Exemplo disso foi Remco Evenepoel: no ano passado, depois de vencer a Figueira Champions Classic, venceu a geral da Volta ao Algarve e mais tarde acabou por lhe somar um pódio no Tour de France, um bi-campeonato Olímpico e um título de campeão mundial de contrarrelógio.

Em 2024, depois da Figueira, Remco desceu, viu e venceu a Volta ao Algarve. (@ Volta ao Algarve)

O percurso

Etapa 1 — Clássico percurso de início de Volta ao Algarve. Partida em Portimão e chegada no centro de Lagos, no clássico sprint compacto.

Portimão - Lagos (192.2km)

Etapa 2 — A segunda etapa tem início em Lagoa e termina com a ascensão ao Alto da Foia.

Lagoa - Alto da Foia (192.2km)

Esta ascensão está dividida em dois momentos. No primeiro, os ciclistas sobem até ao alto da Pomba (3.8km a 7.4%). E depois sim, o tão aguardado Alto da Foia (8.5km a 5%), com uma chegada final nos 9% de inclinação.

Alto da Foia (8.5km - 5%)

Etapa 3 — A terceira etapa parte de Vila Real de Santo António e, após uma primeira passagem em Tavira, o pelotão regressa a VRSA com um pequeno desvio por Faz Fato (4.4km a 3.2%) para depois, por fim, voltar para Tavira onde terminará em plano.

Vila Real de Santo António - Tavira (183.5km)

Etapa 4 — A quarta e última etapa de fundo inicia em Albufeira e passa pelo Malhão (2,2km @ 8.7%) ainda dentro dos primeiros quarenta quilómetros. Segue-se uma passagem por Picota (2.4km @ 5.3%) ligeiramente mais dura que a da segunda etapa e rumam a Loulé. A subida a Santa Bárbara (2.8km @ 4.9%) já dentro dos quarenta quilómetros finais terá bonificações e será depois do topo no Vale da Bordeira (0.7km @ 4.9%) que os ciclistas irão preparar a chegada a Faro.

Albufeira - Faro (175.2km)

Etapa 5 (ITT) — A última etapa da Volta ao Algarve terá início em Salir e chegada no Alto do Malhão (2.1km @ 9.3%). Contrarrelógio praticamente plano até ao ataque à subida final.

Salir - Loulé (Alto do Malhão) (19.6km)

O que esperar

Esta prova tem vindo cada vez mais a servir de preparação para o Giro. Este ano, embora não tenhamos presente o vencedor da edição anterior Remco Evenepoel, teremos novamente uma startlist de luxo. Por isso, emoção não irá faltar.

A Team Visma | Lease a Bike aparece aqui, na minha opinião, com o corredor e bloco mais fortes do pelotão. Claramente num ensaio para o Giro Vingegaard ainda não confirmou a sua presença aparecem com uma equipa montada para escudar Jonas, deixando sprintar Wout Van Aert. Not GC Kuss, Kelderman e Benoot são alguns dos homens de trabalho que irão proteger o dinamarquês ao longo da semana.

A UAE Emirates com João Almeida e a Red Bull - Bora com Primož Roglič são, a meu ver, as duas equipas que mais irão procurar desafiar a força das "abelhas".

Já a Bahrain-Victorious com António Tiberi, a Lidl-Trek com Tao Geoghegan Hart e a INEOS com Thymen Arensman, são os underdogs desta corrida pela geral. Nomes como Romain Bardet, Julien Alaphilippe, Neilson Powless ou Ilan Van Wilder também procurarão ter uma palavra a dizer.

No que aos sprints diz respeito, do já supracitado Wout Van Aert, teremos: o camisola verde do Tour de France 2024, Biniam Girmay; o Touro da Lotto, Arnaud de Lie; o porquinho voador e bi-campeão da europa de pista, Iuri Leitão; o vencedor da Clássica de Almería, Milan Fretin; e Jordi Meeus, o belga da Red Bull. Estes serão os ciclistas a não perder de vista em, pelo menos, três das cinco etapas.

Termino com palavras de esperança, para que se volte a repetir o feito do ano passado: que o vencedor da Figueira Champions Classic vença a Volta ao Algarve. Sonhar acontece e eu às vezes sonho com estas coisas.

Favoritos

Jonas Vingegaard — Favorito número um em qualquer prova por etapas onde Tadej não esteja presente. Se não cair, está tudo bem.

Primož Roglič — Todos os anos a conversa é a mesma: "Ele já não está no seu prime" e todos os anos limpa uma Grande Volta e tudo por onde passa. Rookie year com a Red Bull deu os seus frutos. Veremos o que nos aguarda este sophomore year.

João Almeida — Esteve impecável no trabalho para a vitória de Morgado na Figueira Champions Classic. A forma está muito boa para lutar pela vitória.

A não perder de vista

Antonio Tiberi — Sobe bem e não anda mal nos contrarrelógios individuais. O italiano é, sem dúvida, peça-chave para o futuro da Bahrain e irá aqui liderar uma equipa bastante ambiciosa, que conta com o português Afonso Eulálio.

Thymen Arensman — Deu uma falsa sensação de esperança ao Miguel Pratas, depois da excelente prestação na Comunidad Valenciana. Parece que aprendeu a andar na frente, novamente.

Tao Geoghegan Hart — Optou este ano por começar na Figueira em vez do Algarve. Vamos ver se as pernas estão melhores porque o britânico pode claramente ter uma palavra a dizer na corrida ao pódio.

Ilan Van Wilder — O belga acabou por falhar o posicionamento no momento do ataque de António Morgado na Figueira e também já não ia "fácil" naquela terceira passagem pelo Parque Florestal. Anda bem no contrarrelógio individual, sobe bem e costuma estar competitivo no início de temporada.

Apostas falso plano

André Dias — Esta é do Jonas, mas só se o Morgadão deixar.

Fábio Babau — Jonas Vingegaard. Que surpresa...

Henrique Augusto — Bota lume!

O Primož do Roglič — Jonas Almeida.

Miguel Branco — Esta é fácil: GC Aert.

Miguel Pratas — Primož Almeida.

Nuno Gomes — Almeida. Sem descidas a conversa é outra.

Rogério Almeida — Dinamarquês Sr. Hansen.