Antevisão — Tour de Suisse
Esta não foge ao Bota Lume 🔥
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Introdução
Na Suíça há montanha, muita montanha. Até os contrarrelógios são a subir. Este ano não foge à regra e a última prova WT antes do Tour traz-nos testes agressivos às pernas e ao ponto de forma atual dos ciclistas. Como é habitual, a startlist é composta por uma série de ciclistas da 2.º linha mundial que procuram aqui a hipótese de vencerem uma prova por etapas WT. Há montanha e há trepadores, por isso deve ser bom.
E boas memórias 🇵🇹🇵🇹🇵🇹
![Volta à Suíça: Quem sucederá a Rui Costa?](https://www.bolanarede.pt/wp-content/uploads/2015/06/ng3405056.jpg)
O percurso
Etapa 1 (ITT) — Cinco quilómetros só para definir o primeiro camisola amarela. E para poderem dizer que foram ao Liechtenstein.
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Etapa 2 — A definição de uma etapa "plana" na Suíça.
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Etapa 3 — Mais do mesmo, mas aqui com a chegada num topo de 800 metros a 7%. Homens rápidos e versáteis, os poucos presentes, podem tentar assaltar a liderança através das bonificações nestes dois dias.
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Etapa 4 — Começa a festa. Ainda só assim ao de leve, para limpar o top-10 e sabermos quem vai realmente discutir esta prova. 8 quilómetros a 6.6% não assusta mas os últimos 35 quilómetros são todos a subir e as pernas podem pesar. Sprint entre os mais fortes da GC ou late attack de um outsider.
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Etapa 5 — Para o quinto dia está reservada a mais dura chegada e o mais duro começo. Deverá formar-se uma fuga forte nas primeiras duas subidas mas o vale que se segue deve fazer com que as decisões fiquem todas para a subida final a Carì.
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É uma subida bastante consistente, com 6 quilómetros a roçar os 9%. Acredito que quem vencer aqui vai levar a amarela no final.
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Etapa 6 — Esta etapa foi alterada e só serão corridos os últimos 40 quilómetros, devido ao excesso de neve na subida para Nufencoiso. Assim sendo, ficamos com um unipuerto meio sensaborão.
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Etapa 7 — Mais um dia passado a subir montanhas. Se existirem grandes diferenças na GC e coragem, pode ser um dia para raids. Caso contrário, é capaz de dar sprint entre os homens da GC ou até fuga. Dar nota que esta será a 4.º jornada consecutiva com chegada em alto e as pernas poderão começar a pesar em muito boa gente.
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Etapa 8 (ITT) — Para fechar, a já tradicional crono-escalada Suíça. Aqui não há por onde esconder nada, quem estiver mais forte e com melhores pernas vencerá. E podem fazer-se grandes diferenças nestes 10 quilómetros a 8%.
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O que esperar
Espero uma corrida muito anárquica, porque não há grandes blocos (talvez com exceção da UAE caso se organize), o percurso é difícil de controlar e há aqui muitos atacantes que procurarão vitórias a partir das fugas. Quanto à GC, acho que tem os seus pontos fulcrais na chegada a Carì ao quinto dia e depois no fim-de-semana final, onde a fadiga entra em jogo e onde o esforço solitário final poderá ser decisivo. Nota ainda para o facto de haver percurso para ataques de longe, o que sem grande controlo pode tornar a corrida louca com os líderes isolados desde muito cedo, como vimos no ano passado. Em baixo menciono os meus principais favoritos, mas queria deixar nota para mais alguns ciclistas que terão como ambição fechar top-10 aqui. Ou até um pouco mais. Comecemos com Felix Gall, que teve na edição passada desta prova o seu momento de afirmação no ciclismo internacional e que apesar de um início de época discreto tem aqui uma oportunidade para, no seu terreno, começar a dar a volta ao texto. Isaac del Toro é um daqueles fenómenos que nunca pode ser descartado e que já provou ser capaz de andar bem na alta montanha, vamos ver que papel lhe estará reservado. Cian Uijtdebroeks também se sente bem neste terreno, terá liberdade e tem que começar a marcar posição dentro da Visma. E depois temos homens como Einer Rubio, Alexey Lutsenko e Damiano Caruso que vindos do Giro podem procurar um top-10 ou uma etapa e jovens como Kévin Vauquelin e Yannis Voisard cuja ambição deverá passar por um lugar honroso nos dez mais da prova.
Mas não só de GC se fará esta prova, porque há muita qualidade que não se encaixa neste perfil. Puncheurs de excelência como Thibau Nys, Axel Laurance, Alberto Bettiol, Maxim van Gils, Stephen Williams e Thomas Pidcock procurarão a vitória quer ao endurecerem as primeiras duas etapas em linha quer através de fugas nos dias restantes. Caso não consigam partir o pelotão nessas duas etapas "acessíveis" há sprinters aqui presentes como Jordi Meeus e Pascal Ackermann e alguns mais versáteis como Bryan Coquard, Marijn van den Berg, Marius Mayrhofer e Michael Matthews que também poderão lutar pela vitória.
Numa nota final destaque para dois homens que são fortes candidatos a envergar a primeira camisola amarela da prova, Johan Price-Petersen e Stefan Küng e para Georg Steinhauser que chega aqui depois de um super Giro.
Para fechar, não esquecer que o campeão está cá. Rui Costa está de volta após lesão e na clássica suíça que antecede esta prova esteve no grupo de 11 corredores que disputou a vitória, sinal de boas pernas.
Favoritos
João Almeida — O percurso é bom, com montanhas longas depois de dia duros. Não está presente nenhum dos aliens por isso esta é uma grande oportunidade para o português se comprovar como um dos melhores trepadores entre os "outros" e de ganhar algum estatuto rumo ao Tour. Anda João.
Mattias Skjelmose — Venceu o ano passado num percurso um pouco menos duro, sobretudo ao nível das chegadas em alto. É um teste importante para o dinamarquês na alta montanha, onde ainda deixa algumas dúvidas.
A não perder de vista
Adam Yates — Em boa forma seria o grande favorito, mas este ano ainda não se apresentou ao seu melhor nível. No entanto, o grande objetivo está a chegar e o "braço direito" de Pogačar deve estar quase no ponto.
Egan Bernal — Depois de um inicio de época muito ativo, o colombiano volta aqui às provas após mais de um mês de descanso, com os olhos postos no Tour. Já venceu aqui em 2019 e é neste terreno, a alta montanha, que se sente melhor, como provou na Catalunha ao fazer 3.º. Se o grande Bernal estiver de volta, este é um bom momento para se mostrar.
Richard Carapaz — Em 2021 venceu aqui rumo ao seu único pódio no Tour. Desde que chegou à EF tem andado longe das discussões em provas por etapas mas em algum momento isso há-de virar. Acho eu.
Enric Mas — É o terreno dele e o Tour está aí à porta. Ainda assim, mais do que pódio seria uma tremenda surpresa, afinal Enric Mas nunca vence.
Lenny Martinez — O Lenny anda em brasa e talvez tenha chegado a hora de começar a vencer sem ser só em provas de um dia. É um trepador de excelência, que é o que se quer nesta prova.
Apostas falso plano
Henrique Augusto — Bota lume. Suíça é nossa!
Lourenço Graça — Bernal a regressar às vitórias.
Miguel Branco — Lenny. E ganha o último ITT.
Miguel Pratas — João Almeida, 10 anos depois do hat-trick do Rui Costa.
Ricardo Pereira — Skjelmose obviamente.