Antevisão — Tour de Suisse

Os ponteiros estão afinados para mais um início da Volta à Suiça. Let the games begin.

Antevisão — Tour de Suisse
Tour de Suisse

Introdução

Este ano o Tour de Suisse promete ser mais um grande desafio. Teremos corredores para todo o tipo, mas só os verdadeiros trepadores vão ter oportunidade de aspirar à classificação geral. No entanto, a primeira e última etapa irão dar oportunidade aos especialistas em ITT — vão estar presentes alguns dos melhores da atualidade — para se destacarem, enquanto a segunda etapa se adequa mais ao perfil dos sprinters e, havendo apenas uma oportunidade, não vão querer desperdiça-la. Faltam os classicómanos, mas até esses poderão ter a sua chance, as etapas 6 e 7 poderão ser um alvo para os corredores com este perfil.

Geraint Thomas conquistou a última edição. Higuita (2º) e Fuglsang (3º) ficaram separados por apenas 4 segundos. (foto: Eddy Risch/AP/PA)

O percurso

Etapa 1 (ITT) — Este é o início que os especialistas em ITT adoram. Um percurso ligeiramente longo de mais para se considerar um prólogo, no entanto não tão longo para que se possam fazer grandes diferenças. Os segundos serão decisivos para os candidatos à geral terem a primeira oportunidade de vestir camisola amarela no final do dia.

Einsiedeln - Einsiedeln (12.7km)

Etapa 2 — A hipotética etapa para os sprinters, tudo dependerá de quanto o pelotão deixará andar a fuga, tendo em conta a dureza dos dias que se seguem. A etapa conta com as primeiras contagens de montanha, sendo a última delas Oberarig (3.3km — 4.8%), aquela que deixará o pelotão (ou a fuga) a menos de 25 quilómetros da meta. Ideal para ataques e chegadas a sol0 ou em grupo reduzido.

Beromünster - Nottwil (173.7km)

Etapa 3 — Dia em que a Volta à Suiça começa a aquecer no que diz respeito à classificação geral. Serão 143.8 quilómetros onde a dureza irá sentir-se desde o início, mas será já na segunda metade que iremos ter mesmo antes do quilómetro 100 o Col des Mosses (13.5 — 4.1%), seguida de uma descida de praticamente 20 quilómetros que deixará praticamente o pelotão (ou o que sobrar dele) a menos de 5 quilómetro da última prova de fogo para quem quiser vestir de amarelo no final. A subida de primeira categoria Villars-sur-Ollon (10.7km — 7.8%) promete trazer-nos toda a ação, espero que estejam à altura das expectativas.

Tafers - Villars-sur-Ollon (143.8km)

Etapa 4 — A emoção continua e a motivação aumenta. A etapa 4 será mais um teste para os homens da geral. Uma etapa na primeira metade praticamente em falso plano mas depois tudo muda com a primeira contagem de montanha, Crans-Montana (14.6km — 6.7%). Prevejo que seja para os homens da fuga, mas a contagem final é outra história. Höhenweg (19km — 4.5%), conta os primeiros 7.8 quilómetros a 8.6%, uma segunda ascenção de 2.7 quilómetros a 7.6%. A chegada final em Leukerbad ainda terá o punch final de 1.2 quilómetros a 5.1%.

Monthey - Leukerbad (152.5km)

Etapa 5 — Este Tour de Suisse não nos desilude ao que o percurso diz respeito. A dureza começa logo praticamente o quilómetro 20 com a contagem de categoria extra Furkapass (16.5km — 6.4%), seguida da primeira categoria Oberalpass (10.7km — 5.6%), altura em que as coisas acalmam e os atletas vão descer por praticamente 50 quilómetros. O teste final será a segunda contagem de categoria extra Albulapass (17.4km — 6.8%), que conta com a primeira ascenção Bergun (2.9km — 8.2%) e Naz (4.4km — 8.2%). No final serão 10 quilómetros sempre a descer até La Punt Chamues-ch.

Fiesch - La Punt (211km)

Etapa 6 — A etapa 6 inicia onde terminou a anterior e começa logo com parte da mesma última súbida da etapa 5, a primeira categoria Albulapass (8.9km — 6.8%). Depois o percurso tende em aligeirar a sua dureza com o tempo. Ao entrarmos nos últimos 50 quilómetros, os atletas que passaram por uma segunda e terceira categoria, vão encontrar um percurso montanhoso até ao final com pequenas subidas e descidas, e ainda a última contagem de montanha Islisberg (1.4km — 8.3%). O final é a subir, serão 2.5 quilómetros a 6.7%.

La Punt - Oberwil-Lieli (215.3km)

Etapa 7 — Se ainda não se cansaram de subidas com categoria, a etapa 7 promete mais espetáculo neste capítulo. A primeira contagem será logo uma primeira categoria, Oberegg (8.9km — 5.3%) e depois seguem-se Eggerstanden (6.2km — 5.7%), Glattberg (2.4km — 5.4%) e já perto do final Otteneberg (2.6km — 8.0%), onde continuam ligeiramente em subida para depois descerem até Weinfelden.

Tübach - Weinfelden (183.5km)

Etapa 8 (ITT) — Como vinha a dizer, emoção até ao fim. O último teste desta Volta à Suiça é um ITT de mais de 25 quilómetros com uma ascenção de 1.6 quilómetros a 8.2% já na segunda metade. A organização esteve atenta ao Giro e decidiu só dar-nos tempos de 10 em 10 quilómetros.

St. Gallen - Abtwil (25.7km)

O que esperar

Este ano podemos esperar acima de tudo muita emoção, para este que promete ser um Tour de Suisse bombástico. Temos quem virá aqui iniciar o ramp up para o Tour de France e quem virá para limpar a amarela. As etapas 3, 4 e 5 ditarão o curso da geral, sendo que o contrarrelógio da etapa 8 poderá ser aquele que irá fechar as contas finais.

Favoritos

Remco Evenpoel — O covid tirou-lhe a maglia rosa, mas não lhe tirou as pernas. Vem aqui com um objetivo claro, vestir a amarela do primeiro ao último dia. Vamos ver se assistimos a mais uma demonstração de força e domínio por parte do belga.

Juan Ayuso — Se na primeira prova do ano em que participou por etapas foi o show que foi, só espero um pódio e uma luta acesa para que Remco não tenha uma vida fácil.

Mattias Skjelmose — Um dos nossos meninos queridos. Está a andar muito este ano. Vamos ver como regressa após mais de um mês sem competir, mas as expectativas são de que esteja bem.

A não perder de vista

Thomas Pidcock — Vem liderar a INEOS numa competição por etapas, não sei se há registo de algo igual. A dureza das etapas 3, 4 e 5 fazem-me acreditar que não irá conseguir estar entre os melhores, mas é verdade que há muita descida e este é atualmente o melhor do mundo na matéria.

Alexey Lutsenko — Veio a melhorar muito a sua forma na segunda metade deste início de temporada, no entanto teve de abandonar na Romandia, o que coloca a sua forma com um ponto de interrogação. Estando em forma pode lutar pelo pódio.

Felix Gall — Está a fazer uma temporada de sonho e como tal a equipa dá-lhe a confiança para vir liderar nesta prova, com esta dureza. Um voto de confiança que certamente ele não irá querer desperdiçar. O ITT poderá comprometer-lhe as aspirações à geral.

Wout van Aert — Após passar ao lado dos primeiros três monumentos da temporada, vem aqui preparar-se para o Tour e isso para mim significa ganhar etapas. Espero vê-lo na discussão em pelo menos 3. Não creio que venha aqui com aspirações à geral.

Romain Bardet — O francês costuma estar bem nesta altura do ano, mas irá precisar de estar muito bem para fazer face aos dois ITTs que não abonam a seu favor.

Sergio Higuita — Ideal para as etapas 6 e 7 onde o final a subir da etapa 6 e as curtas subidas da etapa 7 lhe assentam que nem uma luva. Resta saber se irá lá estar quando a frente da corrida passar por lá.

Ion Izagirre — Prometeu muito com a prestação no Itzulia mas depois desulidiu na Romandia. Tem aqui boas hipóteses pela muita montanha e pelos dois ITTs da prova.

Apostas falso plano

Fábio Babau — Remco Evenepoel. Não há muito a dizer, vai ser líder desde o primeiro dia.

Henrique Augusto — Bilbao. Algum dia há-de ser.

Lourenço Graça — Pidcock. De classicómano a voltista.

Miguel Branco — Mattias Skjelmose. Ao pé coxinho.

Miguel Pratas — Neilson Powless. Se o Remco tiver "COVID" outra vez.

Ricardo Pereira — Juan Ayuso. E quando o Poga flopar no Tour toda a gente vai dizer que o espanhol é que devia ser o líder.

Sondagem falso plano