Antevisão — Tour de France

E se a vida fosse um carrossel? The show must go on.

Antevisão — Tour de France
Tour de France

Introdução

A edição número 110 do Tour de France tem início em Espanha, mais precisamente na zona do País Basco. Com algumas etapas que mais parecem clássicas e apenas um contrarrelógio... Mas esperem lá, o que é que isso interessa? Chegou o duelo tão ansiado pelos fãs de ciclismo. O Tour por si só já é a prova mais famosa no mundo do ciclismo, mas este ano ganha ainda maior força na esperança de voltarmos a ter o espetáculo que tivemos no ano transato. Vingegaard vs Pogačar, the show must go on.

Jonas Vingeggard foi o vencedor do Tour de France 2022. Segundo lugar para Tadej Pogačar e terceiro para Geraint Thomas.‌

O percurso

Etapa 1 — Percurso que começa e termina na cidade de Bilbau. Perfil idêntico ao de uma clássica, mas com a extrema dureza que existe a 10kms do final pode ser logo um primeiro dia para a geral e se algum dos outros monstros conseguir seguir não será uma grande surpresa.

Bilbao - Bilbao (182km)

Etapa 2 — Perfil parecido ao anterior, mas com menos dureza. Ou seja, o lote de ciclistas que pode chegar à meta em primeiro pode ser mais alargado.

Vitoria-Gasteiz - San Sébastián (208.9km)

Etapa 3 — Dia em que os ciclistas entram em território francês e com três terceiras categorias nos primeiros 1oo quilómetros, mas um final que poderá dar a primeira oportunidade para os sprinters puros.

Amorebieta-Etxano - Bayonne (187.4km)

Etapa 4 — Sprint em pelotão compacto. Provavelmente a segunda vitória de Jasper Philipsen.

Dax - Nogaro (181.8km)

Etapa 5 — Primeira etapa de montanha digna desse nome mas com a meta a ser em terreno plano. De salientar o Col de Marie Blanque com os últimos 4.8km a 10.5%.

Pau - Laruns (162.7km)

Etapa 6 — A primeira chegada em alto e a passagem pelo mítico Tourmalet.

Tarbes - Cauterets-Cambasque (144.9km)

Etapa 7 — Mais uma oportunidade para o Philipsen, ou para uma abébia que ele dê aos rivais.

Mont-de-Marsan - Bordeaux (169.9km)

Etapa 8 — Início tranquilo, mas com os últimos 6o quilómetros a serem ao jeito dos vários classicómanos presentes.

Libourne - Limoges (200.7km)

Etapa 9 — Outra chegada em alto. É disto que o meu povo gosta. Mais uma etapa tipo clássica e depois toma lá parede no final. Os derradeiros 4.5km têm pendente média superior a 11.5%.

Saint-Léonard-de-Noblat - Puy de Dôme (182.4km)

Etapa 10 — Sobe e desce. Parece que estamos num carrossel.

Vulcania - Issoire (167.2km)

Etapa 11 — Um carrossel para aquecer e depois passamos para um comboio turístico. Fuga ou sprint compacto.

Clermont-Ferrand - Moulins (179.8km)

Etapa 12 — Mais uma volta, mais uma viagem.

Roanne - Belleville-en-Beaujolais (168.8km)

Etapa 13 — E que comecem as grandes decisões.

Châtillon-Sur-Chalaronne - Grand Colombier (137.8km)

Etapa 14 — Aquela que para mim será a etapa rainha. Apesar de não terminar em alto, contempla três primeiras categorias e uma categoria especial. As portas do Olimpo poderão escancarar-se para alguém nesta etapa.

Annemasse - Morzine Les Portes du Soleil (151.8km)

Etapa 15 — A etapa que culmina com a subida ao Mont-Blanc. É hora de espetáculo meus caros amigos.

Les Gets Les Portes du Soleil - Saint-Gervais Mont-Blanc (179km)

Etapa 16 (ITT) — O único contrarrelógio da prova e logo a terminar com uma mini cronoescalada.

Passy - Combloux (22.4km)

Etapa 17 — Mais uma daquelas etapas típicas do Tour em que só existem "Cols". Dia de subidas bem longas, a última tem 28.3 quilómetros, e com mais acumulado, 5399 metros.

Saint-Gervais Mont-Blanc - Courchevel (165.7km)

Etapa 18 — Philipsen, ainda estás aí?

Moûtiers - Bourg-en-Bresse (184.9km)

Etapa 19 — Mais um carrossel ou um sprint compacto que apanha a fuga no último quilómetro. Ou o pelotão até adormece e a fuga vinga.

Moirans-en-Montagne - Poligny (172.8km)

Etapa 20 — O dia em que tudo se decide.

Belfort - Le Markstein (Fellering) (133.5km)

Etapa 21 — Um dia histórico. O dia em que Mark Cavendish ultrapassa Eddy Merckx como ciclista com mais vitórias no Tour.

Saint-Quentin-en-Yvelines - Paris (115.1km)

O que esperar

Vingegaard ou Pogačar? Eis a questão. O reencontro que tanto ansiávamos está prestes a acontecer.

É verdade que se cruzaram no Paris-Nice deste ano e Pogačar levou claramente a melhor sobre o dinamarquês, mas no final da prova o diretor da Jumbo relembrou "isto não é o Tour".

Desde então, o esloveno e vencedor de duas Voltas a França teve um acidente na Liège-Bastogne-Liège, lesionou-se na mão e só regressou há dias para vencer os campeonatos nacionais da Eslovénia, tanto no contrarrelógio, como na prova de estrada. Ainda assim, a forma como chega aqui é uma incógnita no que diz respeito ao nível que pode apresentar. Que ele é extraterrestre todos nós sabemos, mas estará recuperado a 100% para o nível de exigência que existirá? Isto aqui já é o Tour.

Por outro lado, temos o vencedor do ano passado, Jonas Vingegaard. Até aqui venceu todas as provas em que entrou, menos aquela em que se cruzou com o seu rival de agora. Interessante, mas não preocupante para o dinamarquês. Todos nós sabemos também que ele prepara a sua época para estar em grande forma no Tour.

Cartas lançadas e olhando para o percurso, parece-me que se Poga estiver a 100% pode partir com ligeira vantagem. Várias etapas ao estilo de clássicas e o esloveno que está habituado a esses perfis pode ganhar alguma vantagem nesses dias. No que diz respeito à alta montanha, desde que os dois se alimentem bem creio que andarão quase sempre de mãos dadas.

Jonas Vingegaard e Tadej Pogačar (foto: AFP)

E os outros? É verdade, já me esquecia. Se tudo correr como esperamos a luta pelo terceiro lugar também promete, com nomes como Mattias Skjelmose, Enric Mas, Jai Hindley, Ben O'Connor, David Gaudu, Romain Bardet, Richard Carapaz e Mikel Landa a destacarem-se dos restantes.

Seguindo para a luta das restantes camisolas e começando pela verde, a minha aposta vai para algum dos classicómanos e não para um sprinter puro. Nomes como Wout van Aert, Mathieu van der Poel, Mads Pedersen, que desiludiu no Giro e quererá redimir-se, ou até Biniam Girmay são ciclistas que vão animar várias etapas ao estilo deles e partem como favoritos para a camisola dos pontos. O único que se poderá intrometer nesta luta creio que será Jasper Philipsen.

Já a da montanha, a minha aposta vai para a geral. Quem vencer a amarela, vai ficar com a da montanha também e quem sabe até a da juventude.

Favoritos

Jonas Vingegaard — Vencedor do ano passado e talhado para o Tour. Vai ser um osso duro de roer para Pogačar...

Tadej Pogačar — ... Mas se há ciclista que se consegue superar, é este homem. Apesar de vir de uma lesão complicada, creio que só não estará para lutar pela vitória se clinicamente o impedirem.

A não perder de vista

Enric Mas — Vem de uma fraca prestação no Critérium du Dauphiné, mas não o podemos descartar tendo em conta o que já o vimos fazer nos últimos tempos.

Jai Hindley — Vencedor do Giro no ano passado e isso valeu-lhe a presença aqui. Subir é com ele e neste Tour isso não vai faltar.

Mattias Skjelmose — Cada vez gosto mais deste miúdo e está numa forma incrível. Seria se calhar o único que não me surpreenderia vê-lo algumas vezes conseguir ir na roda dos dois grandes favoritos.

Ben O'Connor — Fez um quarto lugar em 2021 e no ano passado desistiu. Esperamos sempre muito dele no Tour, mas teima em não conseguir algo mais.

Romain Bardet — Não se esqueçam, isto é o Tour.

David Gaudu — Adoro-o e depois do quarto lugar no ano passado espero que consiga chegar ao pódio nesta edição.

Richard Carapaz Partindo pelos pingos da chuva, creio que pode fazer algo interessante.

Carlos Rodríguez & Thomas Pidcock — Uma dupla que pode fazer estragos quando menos se esperar.

Mikel Landa Sinto quase que é uma obrigação colocá-lo aqui.  

Apostas falso plano

Fábio Babau — Jonas B2B Vingegaard.

Henrique Augusto — Poga, com 5 minutos.

Lourenço Graça — Jonas de penálti em Paris.

Miguel Branco — Mikel Landa. Digam lá que não era giro.

Miguel Pratas — O Tadej vai mandar o Jonas Pogacaralho.

Ricardo Pereira — Hindley porque o Vingegaard e Pogacar se vão engalfinhar depois de uma etapa.

Sondagem falso plano