Antevisão — Tirreno-Adriatico
Se entre o Tirreno e o Adriático temos terra, entre os Yates fica o Ayuso?

Introdução
E vamos continuar por terras italianas, onde vai decorrer a "corrida dos dois mares", e no final vamos assistir à coroação anual do Neptuno do ciclismo.
Nesta prova contamos com a presença de três ex-vencedores — Kwiatkowski, Simon Yates e Nairo Quintana. Só Quintana poderá chegar a ser tricampeão e assim ficar isolado no segundo lugar dos maiores vencedores da prova, à frente de ciclistas como Pogačar, Roglič ou Nibali, e apenas atrás de Roger De Vlaeminck — com seis vitórias. Mas sim, também não acho possível, só Simon Yates parece ter capacidade para repetir a vitória.
E sem a presença dos grandes tubarões do pelotão para a geral final, temos a presença dos tubarões de segunda linha, que certamente nos vão dar muito espetáculo ao longo destes sete dias.

O percurso
Etapa 1 (ITT) — Contrarrelógio curto de 11,5 quilómetros completamente plano, um percurso rápido. A maior dificuldade será a viragem de 180º no meio do percurso

Etapa 2 — Nesta zona de Itália não há zonas planas, mas esta etapa será para sprint. Com as duas dificuldades — uma colocada logo na partida e a segunda, Canneto (4,1 km a 3,8%), que fica a 70 quilómetros da meta —, teremos um sprint em pelotão compacto.

Etapa 3 — Etapa onde se começa a lutar pela geral e onde os favoritos não podem perder tempo. Com várias subidas, a etapa tem um total de 3236 metros de desnível positivo acumulado.

O final é após uma categoria especial, o Valico di Colfiorito (18,4 km a 3%). Não é o monte mais duro que vão apanhar esta semana, mas com o acumulado da etapa, pode fazer os seus estragos.

Etapa 4 — A quarta etapa começa logo a subir o Forca della Civita (14,3 km a 4,1%) e segue num constante sobe e desce até estarmos a 150 quilómetros do fim. Ao quilómetro 91, começa a ascensão ao Valico La Crocetta (12,4 km a 5,7%). Os últimos 40 quilómetros, são efetuados em circuito, com três passagens no Trasacco (250 m a 9,2%). A etapa tem um total de 2610 metros de desnível positivo acumulado.

Etapa 5 — Uma etapa que parece uma clássica, com pouco mais de 200 quilómetros de sobe e desce, onde os últimos 40 serão os mais duros, com a Salita di Barbanti (6,2 km a 4,6%) e o Monterolo (3,6 km a 6,7%). Este último no seu topo vai deixar os ciclistas a cerca de 7.5 quilómetros da meta. A etapa tem um total de 3499 metros de desnível positivo acumulado.

Etapa 6 — Parece ser a etapa rainha desta prova, onde se irá decidir a classificação final.

Com um total de 3508 de desnível positivo acumulado, esta etapa acaba com a subida ao Frontignano ( 7,6 km a 7,9%), que terá sua estreia no mundo do ciclismo, esperamos que seja uma estreia cheia de espetáculo e luta pela geral.

Etapa 7 — Pelo perfil da etapa , apesar de passarem pelo Ripatronsone ( 8,4 km a 4,7%) ao quilometro 56 tudo indica que vamos ter um final ao sprint para coroar o rei dos sprints, como quem diz o Milan.

O que esperar
Será uma semana repleta de bom ciclismo, certamente. Com as ausências de Pogačar e Vingegaard nesta prova, teremos um bom lote de ciclistas para lutar pela geral. Temos Ayuso e Hindley, que foram segundo e terceiro classificados na geral no ano passado. Vamos contar também com Ganna, que o ano passado foi surpreendido aqui por Ayuso no contrarrelógio inicial e ainda há presença de Milan, para tentar revalidar o título de rei dos sprints do ano passado.
Na luta pela geral, há mais nomes a mencionar. Não serão só Ayuso pela UAE, e Hindley pela Red Bull. Vamos poder contar ainda, dentro da UAE, com Del Toro e Adam Yates. No lado oposto, na Visma, vamos ter o outro Yates, o Simon, que faz a sua estreia pela nova equipa e que traz consigo o jovem belga Cian Uijtdebroeks, que ficou em sétimo na geral do ano passado. Podemos ainda contar com David Gaudu da Groupama-FDJ e Carapaz da EF Education-EasyPost. Na ausência de Remco recorremos a Landa, que também estará ao ataque, e aos britânicos Thomas Pidcock pela Q36.5 e Max Poole da Team DSM-Firmenich. Para tentar dar uma alegria aos italianos, temos como melhores hipóteses de luta pela geral Giulio Ciccone pela Lidl-Trek e Antonio Tiberi da Bahrain-Victorious.
Na luta pelos sprints a somar a Milan da Lidl-Trek e como seus possíveis maiores adversários, Olav Kooij da Team Visma, o eritreu da Intermarché-Wanty Biniam Girmay e Sam Bennett da Decathlon.
De referir ainda a presença de Mathieu van der Poel, que normalmente quando aqui se apresenta é para dar espetáculo.
Vamos ter a presença de quatro portugueses durante esta semana. Rui Oliveira, pela equipa da UAE, deverá ser o sprinter de serviço. Rui Costa pela EF Education-EasyPost, e Afonso Eulálio pela Bahrain-Victorious, deverão estar ao serviço dos seus líderes, mas poderão em algum momento, ter liberdade para fugas ou atacar. Ruben Guerreiro será talvez o que tenha maior liberdade, visto que a Movistar não traz nenhum candidato óbvio ao pódio da prova.
Favoritos
Juan Ayuso — Depois de um fantástico início de época com duas vitórias, de existirem notícias de que andou a quebrar recordes do Pogačar em subidas durante a pré-época, de se ter ficado pelo segundo lugar no ano passado, este ano certamente quer a vitória.
Simon Yates — Com a sua estreia pela Visma a acontecer aqui, deve estar motivado para provar que, ao fim de dez anos de aprendizagem, merece a confiança de uma equipa de topo.
Adam Yates — Talvez o maior adversário de Ayuso. Acho que tem tudo para conseguir vencer a prova, e também começar já uma dinâmica com o ciclista espanhol na divisão de liderança.
A não perder de vista
Derek Gee — O canadiano apareceu em grande forma no Gran Camino, ganhando o contrarrelógio e a geral final. Ele que tem como objetivo fazer a melhor classificação geral possível no Giro, afastou a possibilidade de um top 3 numa entrevista recente. Com o seu nono lugar na geral final do Tour de France de 2024, tem de começar a provar que consegue competir com este nível de adversários.
Giulio Ciccone — O italiano iniciou bem a época no UAE Tour, sendo apenas batido pelo Pogačar, tanto na etapa rainha como na geral final, e ainda se defendeu bem num contrarrelógio parecido com este que vamos ter aqui.
Antonio Tiberi — Para se sentar na mesa com os grandes , tem de correr como os grandes, e esta é a prova ideal para ele. Para mim a maior esperança italiana para vencer esta prova, desde Vincenzo Nibali em 2013.
Apostas falso plano
André Dias — Nos Emirados, eles adoram andar em Yates.
Fábio Babau — Ciccone, na raça .
Henrique Augusto — Tom Pidcock. Quem ataca Pogačar nem sabe quem é o Ayuso.
O Primož do Roglič — Antonio Tiberi, não gosto do Ayuso.
Miguel Branco — Ayuso. Se o levam ao Tour...
Miguel Pratas — Yates.
Nuno Gomes — Don Juan.
Rogério Almeida — Yates, tanto faz qual.