Antevisão — Tirreno-Adriatico

A melhor das provas WT de uma semana está aí à porta. E que qualidade estará presente. 🍿

Antevisão — Tirreno-Adriatico
Tirreno-Adriatico

Introdução

Eu adoro esta prova. Por ser normalmente espetacular e por marcar, juntamente com o Paris-Nice, o início das provas por etapas a sério. Este ano o vencedor das últimas duas edições não estará presente, mas não faltam nomes que garantem a qualidade da prova, como verão abaixo.

O percurso

Etapa 1 (ITT) — Contrarrelógio de abertura curto mas que já servirá para definir quem terá de correr atrás do prejuízo e quem pode "apenas" seguir na roda. Ver quanto tempo Roglič irá colocar em Landa, Hindley, Yates e companhia é um dos principais pontos de interesse do dia inaugural.
Ganna está cá e terá a camisola da liderança como objetivo. Penso que será entre ele e Wout van Aert, sendo que se o belga não chegar à liderança aqui, provavelmente chegará num dos dois dias seguintes.

Lido di Camaiore - Lido di Camaiore (11.5km)
Mapa do percurso do contrarrelógio individual em Lido di Camaiore

Etapa 2 — Sprint? Sprint. Se é sprint com Jakobsen e Cavendish já é uma pergunta mais difícil de responder. Até porque com homens rápidos como Girmay, Mathieu Van der Poel, Zingle, Wout Van Aert e até Pidcock pode haver interesse das suas equipas em sufocar os puros sprinters na subida a pouco mais de dez quilómetros da meta (1.3km a 6%).

Camaiore - Follonica (209km)

Etapa 3 — As poucas dificuldades que existem encontram-se muito longe da meta pelo que o terceiro dia será para ver quem é o mais rápido em Itália.

Follonica - Foligno (216km)

Etapa 4 — O Tirreno-Adriático já nos tem habituado a uma etapa deste estilo. Longa, muito longa e com jeitos de clássica no seu final. Aqui serão três voltas a um circuito que termina numa subida de 3.2km a 6.9%, já com 217 quilómetros nas pernas. Quem não estiver bem tira bilhete já aqui.

Greccio - Tortoreto (219km)

Etapa 5 — Ao quinto dia teremos a principal subida da prova. Sem grandes dificuldades que a antecedam, a subida abaixo descrita tem dureza mais do que suficiente para reorganizar e definir o top-10 final desta prova.

Morro d'Oro - Sarnano-Sassotetto (168km)
Valico di Santa Maria Maddalena: 13.1km @ 7.3%

Etapa 6 — Quem sair da etapa anterior na liderança terá logo a seguir um dia de muitas dores de cabeça e precisará de um super bloco ou de uma super forma para a conseguir manter. Se há etapa que encaixa na descrição de "rompe pernas" é esta e como se não bastasse, o pavê ainda vem dizer bom dia com um falso plano de 250 metros a 16%. Não há períodos de descanso. Mas espetáculo vai haver. E muito.

Osimo Stazione - Osimo (194km)

Etapa 7 — Isto hoje em dia é só malucos por isso não me arrisco a garantir que vá dar sprint. Pode formar-se uma fuga forte no período inicial da etapa e os oitenta quilómetros restantes não serem suficientes para que esta seja alcançada. Homens como Jakobsen e Cavendish deverão ficar cedo fora das contas.

San Benedetto del Tronto - San Benedetto del Tronto (154km)

O que esperar

Esta prova conta com alguns dos mais entusiasmantes nomes do ciclismo mundial, nomeadamente Wout Van Aert, Mathieu van der Poel, Julian Alaphilippe, Thomas Pidcock e Biniam Girmay. Por isso a primeira coisa que devemos esperar desta prova é espectáculo, ataques de longe em locais inusitados e muita gente a passar mal para seguir com estes fenómenos.

Van der Poel deu show em 2021. Venceu neste estado depois de 52km sozinho. (foto: Getty Images)

Na luta pelos sprints, que deverão ter lugar nas etapas 2,3 e 7, teremos uma interessante batalha entre os puros sprinters e aqueles que não tendo uma velocidade de ponta tão elevada, são capazes de resistir a mais dureza. As etapas 2 e 7 trazem oportunidades para descartar os primeiros, a terceira tem tudo para ser mesmo uma chegada em pelotão compacto. Nesta situação, Fabio Jakobsen e Jasper Philipsen partem como favoritos, havendo ainda a possibilidade de homens como Mark Cavendish, Dylan Groenewegen ou Fernando Gaviria se tentarem intrometer na luta. Entre aqueles que irão mandar as suas equipas endurecer o ritmo destacam-se Biniam Girmay e Axel Zingle. Depois temos Wout Van Aert, que vai estar em todas.

No que à luta pela classificação geral diz respeito, as primeiras diferenças serão feitas no curto contrarrelógio de abertura, de onde Roglič sairá com vantagem face aos principais rivais. Mas as decisões começarão realmente ao quarto dia, numa acidentada etapa onde os pretendentes à vitória poderão fazer uso dos seus blocos — destaque aqui para a UAE Emirates e para a Jumbo-Visma, que trazem equipas de luxo — e da sua explosividade para quem sabe aproveitar ataques de alguns dos nomes já acima mencionados que, estando descartados da luta pela vitória final por causa da chegada em alto na etapa seguinte, irão dinamitar este circuito. Caso se fiquem pela subida final, não mais do que pequenas diferenças serão feitas. É no dia seguinte que chega a grande montanha da prova, numa jornada que não traz possibilidade de ataques de longe pelo que os principais trepadores, como Enric Mas, Jai Hindley, Mikel Landa e Adam Yates terão que fazer diferenças numa subida que será certamente endurecida desde o seu inicio. Será a lei do mais forte aquela que aqui vai imperar. Haverá ainda tempo para os últimos ajustes, que serão feitos no dia que termina em Osimo e onde mais uma vez os puncheurs se misturarão com os candidatos à geral num dia que tem tudo para ser louco. Dependerá muito de como a prova chegará a esta etapa, mas com este perfil… entretido vai ser.

Em jeito de resumo, é praticamente impossível juntar este lote de ciclistas a este perfil e o resultado não ser ótimo. Por isso, Tirreno, estamos, mais uma vez, à espera de muita emoção.

Favoritos

Primož Roglič — O esloveno vem aqui abrir a época e não existe um Roglič em má forma. Às vezes está a meio gás, outras em grande. Aqui isso será a diferença entre vencer ou fechar pódio. É o principal candidato e tem consigo WVA, o melhor gregário do mundo.

Enric Mas — Esta versão atacante do espanhol tem tanto de surpreendente como de entusiasmante. Vai ter que ganhar mais ao quinto dia do que aquilo que perderá nos restantes, sobretudo no ITT.

Adam Yates — O britânico anda que se farta em provas de uma semana e vem em forma do UAE Tour, onde fechou segundo. Dizem as más línguas nguas que só por causa do vento não venceu. Aqui lidera uma equipa em que todos são líderes deres. Estou curioso para perceber se canibalizarão as suas hipóteses de vencer ou se usarão a força do bloco para tentarem surpreender os principais favoritos.

A não perder de vista

Alexander Vlasov — Pouca rodagem ainda este ano, mas do que se tem visto péssimo não está e terá aqui o primeiro objetivo sério da época. É muito explosivo e pode surpreender.

João Almeida — A subida da quinta etapa, sendo longa e constante, assenta-lhe que nem uma luva. Agora é perceber se se conseguirá manter com os melhores nos dois dias mais explosivos, deu boas indicações no Malhão a esse respeito mas aqui o nível é outro. Top-10 fará, como sempre. Veremos se será possível sonhar mais alto.

Mikel Landa — Está a entrar muito bem na época e nos últimos dois anos fechou pódio aqui, no ano passado perdendo apenas para Pogačar e Vingegaard na etapa rainha da prova.

Jai Hindley — Há montanha? Sim. É em Itália? Sim. Então estão reunidas as condições para o australiano ser um perigo.

Thomas Pidcock — Iniciou a época em grande, já tendo vencido no Malhão e na Strade Bianche. Eu acho que o quinto dia é demasiado para ele poder manter-se na luta pela vitória, mas com estes fenómenos é melhor não arriscar. E este até já ganhou no Alpe d'Huez.

Apostas falso plano

Henrique Augusto — Enric Mas. Falta uma grande vitória à versão 2.0 do espanhol e eu acho que chegará esta semana.

Lourenço Graça — Roglão, não sejas trapalhão.

Miguel Branco — Wout Van Aert. Já é tempo de Roglič começar a trabalhar para ele.

Miguel Pratas — Roglič. Sem Magnus presente ninguém será capaz de bater o bigode do esloveno.

Ricardo Pereira — Pidcock. Limpa tudo a partir de agora.

Sondagem falso plano