Antevisão — Santos Tour Down Under
Voltei voltei. Voltei de lá. Ainda ontem estava em França e agora já estou cá.
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Introdução
O ciclismo está de volta. Já tinham saudades? Eu só não tinha saudades de escrever estes artigos mas pronto, cá vai. Passados três anos a época volta a começar na Austrália. Numa prova que foi dominada nas últimas quatro edições por Richie Porte e Daryl Impey, com duas vitórias cada. Um já se reformou, o outro também já vai a caminho mas com certeza não desdenhava mais um bom resultado na terra dos verdadeiros Alpes.
O percurso
A principal novidade do traçado deste ano é a ausência da Willunga Hill onde Porte fazia a sua cronoescalada anual. Ainda assim, parece ser uma prova mais dura que o habitual em que quase todas as etapas parecem ter dificuldades capazes de afastar a possibilidade de um sprint de pelotão compacto.
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No primeiro dia teremos um prólogo em Adelaide a decidir quem é o líder inicial. Não há muito que saber, é um traçado sem grandes dificuldades em que os mais fracos nesta especialidade deverão perder tempo suficiente para os afastar das contas finais.
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Depois o pelotão segue para Tanunda, um sítio cujo nome significa buraco de água em aborígene mas que é conhecido pelos seus vinhos — parece uma passagem bíblica. Ah querem é saber do percurso? Chatos. São 150 quilómetros num percurso com cinco passagens pela Menglers Hill mas que não deve ser capaz de afastar os sprinters que melhor sobem. Portanto, a menos que o vento se faça sentir, deveremos ter um sprint com alguns dos melhores sprinters do pelotão.
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Na segunda etapa teremos os 70 quilómetros iniciais ao longo da costa, o que significa possibilidade de abanicos. Victor Harbor é normalmente uma chegada destinada a sprints compactos mas este ano há uma novidade, Nettle Hill, dois quilómetros a 7,8% em que os homens da geral poderão atacar e deixar muito difícil a vida dos sprinters.
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A terceira etapa é o chamado etapón. Só alta montanha. Uma segunda categoria e duas primeiras, para quem dizia que esta era uma prova para sprinters. Dia decisivo para a geral. É esperado fogo-de-artifício no Corkscrew. Veremos se alguém faz de Renato Seabra e usa o saca-rolhas para matar a concorrência.
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Na penúltima etapa temos a chegada a Willunga. Nem vou dizer mais nada. Estou de luto pela ausência da Willunga Hill.
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Por fim, a etapa rainha. Mais de 2000 metros de desnível com quatro passagens pelo Mount Lofty, uma subida dura nos seus últimos 500 metros. O nível do espetáculo deverá depender de qual a vantagem no topo da geral.
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O que esperar
É uma prova para puncheurs. Não há muitas possibilidades para fazer diferenças sendo que a maior poderá ser mesmo o prólogo inicial. A Nettle Hill na segunda etapa e o Corkscrew na terceira são as maiores oportunidades nas etapas em linha. Sendo que a primeira está algo longe da meta, pelo que será preciso que um grupo reduzido se destaque, e a segunda poderá não ser suficiente apesar de haver maior chance.
É difícil prever quem estará em forma neste momento sendo que os únicos indicadores são nos dados em pelo corredores australianos quem já têm alguns dias de competição. Dito isto, Michael Matthews e Luke Plapp parecem partir como favoritos. Ambos fortes em prólogos/contrarrelógios mas Matthews parte com alguma vantagem por ser o homem mais rápido. Plapp terá de repetir o que fez nos nacionais australianos e atacar deixando a concorrência toda para trás ou esperar que a equipa abane o pelotão no vento.
Dentro da INEOS haverá também Hayter (mais ao estilo de Matthews) e Sheffield, outro jovem muito forte neste tipo de terrenos. Como Bling Matthews há também Paddy "The Baddy" Bevin, aliás muito melhor. Impey ou Corbin Strong. Como Plapp, temos Bilbao, Schachmann ou Mauro Schmid. Tudo corredores com uma boa ponta final e que, estando em forma, aguentam qualquer dificuldade deste percurso. A minha esperança é que alguém ataque no Corkscrew a cantar, em homenagem ao Herman José: "Saca o saca-rolhas, abre o garrafão. Viver sem vinho não presta. Saca o saca-rolhas, abre o garrafão e vem fazer uma festa."
Para os sprints a primeira e a penúltima etapa parecem ser as mais propícias, sendo que aí Ewan, Groves e Meeus serão os maiores favoritos.
Favoritos
Michael Matthews — A forma parece ser boa, é muito rápido, aguenta bem as subidas, vai ser difícil deixá-lo para trás.
Luke Plapp — Super forma ao que parece.
Ethan Hayter — A INEOS tem várias opções, esta será a mais conservadora, o que me faz ter dúvidas acerca de um bom resultado é o seu posicionamento, com vento não é bom andar na cauda do pelotão.
Maximilian Schachmann — 2022 para esquecer entre lesões e quedas mas tem aqui um bom percurso, costuma ser forte nos inícios de época, é bom em prólogos e em exercícios de explosividade. Vamos ver se ganha esta partida de xadrez.
Pello Bilbao — Desistiu na Schwalbe Classic e não tenho informações sobre a razão. De resto é parecido com o Schachmann, menos bom no esforço individual.
Mauro Schmid — Tem qualidade em prólogos e uma boa ponta final.
Rohan Dennis — Joga em casa, tem um contrarrelógio e equipa em que pode ser o líder claro. Deu boas indicações o ano passado no Tour de Romandie no que a subidas curtas e explosivas diz respeito. Falta saber a condição física não tendo participado nos nacionais australianos.
Magnus Sheffield — É o plano C da Ineos. Ou o A, ou o B. Um deles.
Apostas falso plano
Henrique Augusto — Michael Matthews. Quer dizer, eliminavam a única subida da prova para ele ganhar e ele flopava?
Lourenço Graça — Kaden Groves. Para os fãs deste grupo. (O Lourenço estava bêbado)
Miguel Branco — Ethan Hayter. Só para não dizer um australiano.
Miguel Pratas — Qual da INEOS ganha? Aposto no Magnus Sheffield.
Ricardo Pereira — Schachmann, conhece o Herman José desde pequenino, andou com ele na escola. Mas só porque o Bevin caiu há uns dias.