Antevisão — Paris-Roubaix Femmes
A SD Worx contra o mundo. Grande pedra, manas.

Introdução
Antes de começar, esclarecemos já isto: esta não vai ser uma daquelas corridas que vai "dar um gostinho" para domingo. Ou que vai servir de "antevisão ao percurso" de Pogačar e companhia. Ou que "aquece os motores" para a dos homens. Esqueçam. Se pensam isso, fechem já este artigo. A sério, está aqui uma compilação de melhores momentos do Adrien Petit no YouTube. Eu ajudo.
Primeiro, porque falso plano é amor e igualdade entre os géneros, falso plano é quedas e lama para todos. Por igual.
Segundo, porque nos últimos anos esta tem sido, de longe, das corridas mais entusiasmantes de qualquer pelotão (masculino, feminino, CX, BMX, aquelas corridas de juniores que o Branco vê num stream manhoso). E este ano, com um pelotão relativamente equilibrado (menos uma, já lá vamos), tudo pode acontecer. Quando se junta a isso terra, furos, abanicos, talvez lama e muito pavé, a receita nunca sai igual. Não lhe chamam o Inferno do Norte à toa.
E em terceiro, como sempre, Lorena Wiebes.
Esta é a mais clássica entre as clássicas. E este ano, espera-nos uma corrida a esse nível.

O percurso
DESCULPEM SE TUDO DAQUI PARA A FRENTE FOR A GRITAR MAS ESTE É O MEU PERCURSO FAVORITO DO ANO E VOCÊS PRECISAM DE O SABER.
Ok, já fui ver o vídeo do Petit para me acalmar. Vamos à estrada.
São perto de 150 quilómetros que começam em Denain e acabam no Velódromo de Roubaix, como manda a tradição. Sim, o percurso tem menos de metade do tamanho do masculino. Sim, corta os primeiros 13 setores de pavé. E quê? A verdade é que o "sumo" está cá todo.
Tem pavé para todos os gostos. Destaco os dois setores "cinco estrelas" (sim, o pavé é como os hotéis): o Mons-en-Pévèle (setor 11) e o mítico Carrefour de l'Arbre (setor 4). É aqui que vai dar molho e, com alguma certeza, se farão as maiores diferenças na corrida.

O que esperar
Como quase sempre este ano, é a SD Worx contra o mundo. Até podia ser uma daquelas histórias de amor rebeldes em que torcemos por elas, mas são tão favoritas que dói. A melhor equipa nos rankings, a melhor equipa nas clássicas e vêm talvez com as duas melhores ciclistas na startlist. São elas que mandam na corrida.
E nesse sentido, há dois cenários bastante prováveis: ou temos uma reedição de 2024, em que Lotte Kopecky ataca sozinha; ou vemos um reboque de trator como na San Remo e carregam Wiebes até a um sprint no Velódromo. As outras equipas tentarão atacar em alguns setores de pavé inesperados e mandar ciclistas para a frente. É ver se as outras se distraem. Resultou na Omloop, porque não outra vez?
Favoritos
Lotte Kopecky — Campeã do mundo. Campeã da Flandres. Campeã de Paris-Roubaix em 2024. E, na sua equipa, só não ganhou quando andou a trabalhar para Wiebes. Ela está para o ciclismo como Wernher von Braun estava para a engenharia aeroespacial alemã. É tão favorita que nem ponho mais ninguém.
A não perder de vista
Lorena Wiebes — O "plano B" da SD Worx. Uma sprinter pura, mas que tem andado bem em percursos mais rijos. Se chegar com um grupo reduzido ao Velódromo, só pode dar good wiebes.
Elisa Balsamo — A aposta da Lidl para os pedregulhos. Foi segunda em Gent, terceira em Flandres. O ano passado, só perdeu para Kopecky. É a melhor hipótese para uma vitória não-SD Worx.
Marianne Vos & Pauline Ferrand-Prévot — As duas Visma que podem mexer com a corrida. Ferrand-Prévot está a fazer uma boa época e aguentou-se no grupo final da Flandres. E como a rainha Vos, eu também gostava de voltar a 2021, quando tudo era mais simples e ambos fazíamos pódios: ela em grandes clássicas, eu no Grande Torneio da Petanca de Fernão Ferro. Infelizmente para nós, acho que não vai acontecer.
Maria Martins — Aquele destaque nacional para a portuguesa da CANYON, que vai trabalhar para seja lá qual for o plano da equipa (sprint para a Consonni? Backstedt lá para a frente?). No meio do pó e da lama, procurem pelo dorsal 76. 'Bora lá, Maria!
Apostas falso plano
André Dias — Lotte Kopecky. Duas pedras em casa vai dar um jeitão para as estantes.
Fábio Babau — Lotaria Kopecky.
Henrique Augusto — Campeã do mundo, da Flandres e de Roubaix.
O Primož do Roglič — Mais do mesmo, Kopecky.
Miguel Branco — Lucinda Brand. Saudades de ciclocrosse e de quando o Dias era bom na fantasy.
(Nota do Autor: Também eu, amigo. Também eu...)
Miguel Pratas — Alison Jackson. O raio cai duas vezes no mesmo sítio.
Nuno Gomes — Van Dijk, catch me if you can.
Rogério Almeida — Wiebes ou "Vibes"? Acho que é Winbes.