Antevisão — Paris - Roubaix
Aqui a fronteira entre o Céu e o Inferno é muito ténue e os Deuses do Ciclismo não são nada benevolentes nesta corrida maquiavélica.

Introdução
Bem vindos ao Inferno do Norte! Eu sou um daqueles que consideram esta corrida a Rainha das Clássicas, afinal, esta é a minha clássica favorita — se excluirmos a Figueira Champions Classic, claro.
Este ano o hype está nos píncaros com a presença de Tadej Pogačar, o campeão em título da Ronde. Mathieu van der Poel & Jasper Philipsen dificilmente farão o hat-trick de 1-2 nesta edição, além do esloveno há uma Lidl em grande, um Van Aert a crescer após o desastre na Dwars, mas também Küng e Ganna em grande forma neste que é o Monumento que melhor se ajusta às suas características.

A melhor receita para a vitória é seguir na frente. Sorte, pernas, concentração e mais uma pitada de sorte, claro está, são os ingredientes necessários para cozinhar um bom resultado em Roubaix. Aqui tudo muda num instante, uma distração fugaz ou um furo atroz podem deitar tudo a perder num piscar de olhos. Os azares de Degenkolb em 2023 ou de Gianni Moscon em 2021 são a prova disto mesmo, aqui a fronteira entre o Céu e o Inferno é muito ténue e os Deuses do Ciclismo não são nada benevolentes nesta corrida maquiavélica. O Senhor Degenkolb caiu na Ronde e lamentavelmente não vai estar presente nesta edição.

O percurso
A corrida a sério começa a sensivelmente 160 quilómetros na meta com a passagem pelo primeiro setor de pavé: Troisvilles - Inchy (2200m, dificuldade 3/5). A partir daí vão percorrer mais 10 setores em 70 quilómetros até chegarem ao Trouée d'Arenberg (2300m, 5/5). A Trincheira de Arenberg é o setor mais emblemático desta corrida — Mathieu van der Poel atacou aqui na última edição.
Mons en Pévèle (3000m, 5/5), a 49 quilómetros da meta, e o Carrefour de l'Arbre (2100m, 5/5), a 17 quilómetros do fim, são os outros setores de dificuldade máxima. Aqui os tubarões vão meter as suas presas em apuros.

O que esperar
Mathieu van der Poel & Tadej Pogačar em marcação cerrada um ao outro; Mads Perdersen & Wout van Aert a quererem aproveitar esse duelo para se desmarcarem; Jasper Philipsen & Jonathan Milan como planos B caso haja sprint no Velódromo de Roubaix; Stefan Küng & Filippo Ganna a tentarem esgueirar-se por entre os pingos da chuva; António Morgado & Florian Vermeersch a atacar à vez; Jasper Stuyven & Gianni Vermeersch a responderem; Yevgeniy Fedorov & Iván García Cortina a partirem pedra para o top-10; Adrien Petit ao ataque no Carrefour de l'Arbre; Madis Mihkels a vencer o sprint do pelotão, à frente de Lukáš Kubiš.

Favoritos
Mathieu van der Poel — É o favorito. Bi-campeão em título e aqui não há inclinação para o seu maior rival fazer as diferenças que consegue fazer na Ronde.
Tadej Pogačar — É estreia em Roubaix e então? O Colbrelli também só participou em 2021 e limpou. Bem, se ele ganha isto...
Mads Pedersen — Continua a somar pódios nos Monumentos de pavé mas falta-lhe a tão ansiada vitória. Se há alguém que pode bater Mathieu & Tadej aqui, é ele.
A não perder de vista
Wout van Aert — Redimiu-se bem do descalabro na Dwars com uma bela exibição na Ronde. E como lhe ficava bem uma Roubaix no currículo que ainda só conta com um Monumento.
Jasper Philipsen — Foi segundo classificado nas últimas duas edições, atrás do seu colega de equipa. Se o levarem para a meta é o favorito #1 a vencer o sprint, apesar desta temporada estar a ser um Disaster.
Jonathan Milan — Sou fã e acho que um dia vai vencer uma Sanremo e uma Roubaix. Ainda não conseguiu vencer uma grande clássica mas é apenas uma questão de tempo, e não ficaria nada surpreendido se fizesse um brilharete aqui.
Stefan Küng — Top-5 nas últimas três edições e top-10 nas últimas três clássicas em 2025. O meu algoritmo diz que ainda não é desta que ganha uma grande clássica mas vai ser um dos dez primeiros a cruzar a meta.
Filippo Ganna — Outro motor de excelência, menos fiável mas mais potente para discutir um sprint no Vélodrome André-Pétrieux.
António Morgado — O meu dark horse. A UAE Emirates vai lançar umas lebres e o português, tal como Florian Vermeersch, são perigosíssimos nestes terrenos malditos.
Apostas falso plano
André Dias — Yevgeniy Fedorov. Tudo pode acontecer.
Fábio Babau — Mathieu van der Poel. The King of the North.
Henrique Augusto — Mikkel Bjerez de los Caballeros.
O Primož do Roglič — Wout apostar que as abelhas van dar mel ao meu Aert.
Miguel Branco — Adrien Petit. É desta, camarada.
Miguel Pratas — Tadej Pogačar faz História mais uma vez. G.O.A.T.
Nuno Gomes — Florian Vermeersch. A maior certeza de todos os Monumentos.
Rogério Almeida — Tri-consecutiva para o Philipsen em 2.º e para o Van der Poel em 1.º.