Antevisão — Paris-Roubaix

A minha parte favorita do Paris - Roubaix é quando eles chegam todos borrados e se vão lavar naquela espécie de estábulo para humanos a que chamam balneários.

Antevisão — Paris-Roubaix
Paris-Roubaix

Introdução

Terceiro monumento da época. Aquele em que estes malucos se esfalfam todos para ganhar um calhau. Vá-se lá perceber o que passa pela cabeça desta gente... O mais imprevisível de todos, não há um segundo que não seja importante e, muitas vezes, há mais quedas por metro quadrado que pedragulhos nos setores de pavé. O Inferno do Norte acontece todos os anos no domingo de Páscoa e, este ano, é o final perfeito para a semana santa que começou com uma grande Volta à Flandres.

Dylan van Baarle conquistou o seu 1º monumento no ano passado. Conseguirá revalidar o título, desta vez ao serviço da Jumb-Visma? (foto: AFP via Getty Images)

O percurso

Com um perfil que à primeira vista não assusta por ser totalmente plano, são os 30 setores de pavé nos últimos 150 quilómetros que marcam a corrida. A menos que haja vento como o ano passado e alguma equipa decida deixar o sonecas do Van der Poel para trás logo nos primeiros quilómetros. Normalmente a corrida começa-se a decidir no primeiro setor de 5 estrelas (os mais duros), o Trouée d’Arenberg, a cerca de 100 quilómetros do fim.

Outra coisa que costuma influenciar o desfecho da corrida é o tempo. Este ano dizem que vai estar agradável com possibilidade de cair umas pingas mas nada de especial. Se querem saber mais dessas coisas tirem um curso, ou leiam outros blogs, que eu tudo o que sei sobre boletins meteorológicos aprendi a ver o Nutícias na Sic Radical.

Compiègne - Roubaix (256.6km)

O que esperar?

A Jumbo tem dominado as clássicas do pavé (exceto a mais importante até agora) e esta parece ser ótima eles. A ausência de Pogačar e de relevo no perfil da prova faz com que esta corrida seja muito mais fácil de controlar para uma equipa como a deles, que conta com o vencedor do ano passado, Dylan van Baarle, Wout van Aert, que é um dos dois grandes favoritos, Nathan van Hooydonck, que normalmente é o corredor que ataca mais cedo e Laporte que já venceu duas clássicas este ano e é possivelmente o corredor mais forte a seguir a Van Aert e Van der Poel.

Por outro lado a equipa de Mathieu van der Poel tem tudo para passar por mais um pesadelo. Com a ausência de um co-líder assumido, a equipa gira toda em torno do neerlandês e normalmente a tática não passa por meter alguém na fuga, o que faz com que a Alpecin tenha sempre muito trabalho durante as provas. A inclusão de Philipsen pode atenuar este problema. O belga tem estado muito bem nestas clássicas e já mostrou que não é só um sprinter. Não me espantaria que se metesse num grupo, como o que se criou na Volta à Flandres, cheio de segundas linhas e fosse um verdadeiro quebra-cabeças para os mesmos, um pouco como fez Merlier recentemente.

Quanto ao resto das equipas, terão de fazer o mesmo que fizeram no passado fim-de-semana. Antecipar o ataque e formar um grupo forte com nomes como Küng, Pedersen, Mohorič, Vermeersch, Politt, e por aí fora, esperar que um dos corredores forte da Jumbo se junte (de preferência Van Baarle ou Laporte para reduzir o esforço das abelhas no pelotão) e se possível alguém forte da Alpecin também, para que estas duas equipas pensem duas vezes antes de trabalharem para os apanhar e tornarem isto numa disputa sem os dois monstros.

Favoritos

Mathieu van der Poel — Não tem Pogačar e isso vai dificultar-lhe a corrida. Será ele contra a Jumbo e se, ainda por cima, cometer os seus típicos erros de posicionamento vai tornar-se quase impossível vencer. Vai precisar de um colega em super forma.

Wout van Aert — A Jumbo tem a faca e o queijo na mão. Se toda a gente estiver no seu melhor tem quatro potenciais vencedores. Mas, claro, Van Aert é o líder e o mais capaz de fazer diferenças em termos de força pura. Só tem de seguir o seu grande rival e esperar que a equipa faça o resto do trabalho.

A não perder de vista

Matej Mohorič ­— Caiu e abandonou no passado fim-de-semana portanto não sei em que estado estará. Em condições normais será sempre um perigo neste tipo de distâncias.

Mads Pedersen — É capaz de seguir WvA e MvdP? Os resultados nesta corrida não são bons (tem tido alguns azares) mas este ano temos visto o melhor Pedersen nas clássicas e é capaz de limpar qualquer um ao sprint.

Stefan Küng — O mais provável é cair mas algum dia um dos seus ataques vai pegar e a solo é um dos melhores do mundo.

Filippo Ganna — Talvez a maior curiosidade desta edição. Será que Ganna tem o que é preciso? Eu estou mais curioso com Joshua Tarling.

Kasper Asgreen — Época de clássicas em crescendo para ele. Sabe o que é ganhar um monumento e há claramente cenários em que é possível a sua vitória. Lefevere delirava.

Christophe Laporte — Já o disse, é possivelmente o mais forte para além dos dois monstros. Ninguém deverá querer ir com ele para o risco e se o juntarem com Van Baarle num grupo, boa sorte.

Apostas falso plano

Fábio Babau — MvdP. Sozinho no velódromo, dizendo com a cabeça que “não acredita”, acreditam?

Henrique Augusto — MvdP leva o quarto monumento para casa.

Lourenço Graça — MvdP. Não há quem o acompanhe.

Miguel Branco — Tom Devriendt. Sei lá quem é que vai ganhar, é Roubaix.

Miguel Pratas — Kasper, o fantasminha da Quick Step, vai aparecer e atormentar Van der Poel mais uma vez.

Ricardo Pereira — Zdeněk Štybar. Roubaix está-lhe a dever uma. Mete-te na fuga e espera que corrida te caia no colo.

Sondagem falso plano