Antevisão — Omloop Het Nieuwsblad Elite

Finalmente.

Antevisão — Omloop Het Nieuwsblad Elite
Omloop Het Nieuwsblad

Introdução

Quando pequenas pedras em mau estado substituem o excessivo bom comportamento do alcatrão, não há ciclista de sofá que se preze que não abra um sorriso. Como já vem sendo tradicional, a Omloop Het Nieuwsblad abre o calendário do pavé e juntamente com a Kuurne-Bruxelles-Kuurne formam o sempre tão ansiado fim-de-semana de abertura.
Com um percurso que permite a vários tipos de ciclistas sonharem com a vitória, tem, nos últimos anos, alternado entre sprints em grupos restritos e aventureiros que sozinhos (ou pouco acompanhados) atingem a glória.
As duas ultimas edições evidenciam bem esta imprevisibilidade: em 2022 tivemos Wout Van Aert a dar um bigode ao "pelotão" de menos de vinte unidades, chegando sozinho e abrindo a sua época da melhor maneira; e em 2021 tivemos Ballerini a vencer num grupo de quase cinquenta ciclistas.
Esta característica dificulta a nossa vida na Fantasy App (cuja antevisão podem consultar aqui), mas isso é problema para os meus colegas. Por aqui, fico só contente de termos tantos cenários em aberto. E nervoso de ter de vos dizer "o que esperar" ou "quem vai vencer".
Seja bem vindo, pavé adorado.

O percurso

Os cento e cinquenta primeiros quilómetros servirão de aperitivo para o que se segue, que incluem já seis setores de empedrados a que se juntam alguns pequenos topos que não deverão servir para mais do que aquecer as pernas, definir a fuga e deixar cair a "fruta podre". A partir daí entramos na zona onde as oportunidades para partir a corrida se acumulam, assim como o peso nas pernas dos ciclistas.

Ghent - Ninove (207.3km)

Entre os sessenta e os doze quilómetros para o fim aliam-se às seis zonas de pavé mais seis topos bem característicos das provas belgas. As subidas e os setores são curtos mas a proximidade para a meta, a distância entre elas e o ritmo alto que já será imposto nesta fase, tornam este o período decisivo da corrida.

Deixar nota que a menos de vinte quilómetros da meta, surge a mitica combinação do Muur-Kapelmur com o Bosberg. Depois é sempre a rolar, em ligeira descida, até à meta.

A penúltima subida da prova. Pode ser o momento das decisões. 

O que esperar?

Esta corrida tem por hábito passar por duas fases. Uma primeira em que o ritmo vai reduzindo o pelotão até um grupo de cerca de cinquenta unidades. E depois nos últimos setores começam os ataques e a luta entre as equipas que querem ver um sprint no final e as restantes que precisam de ter os seus homens isolados ou em grupos muito restritos para lutarem pela vitória.

Estão presentes homens rápidos, como Philipsen, Kristoff ou De Lie, que apesar de até poderem ter a intenção de levar o grupo compacto até final, dificilmente têm equipas fortes o suficiente para conter ataques de equipas como a INEOS, a Bahrain ou a Quick Step (que não tendo um claro favorito, tem um conjunto em que quase todos os ciclistas são perigosos, como é seu apanágio) que sabem que têm de endurecer a corrida para com uma das suas várias setas acertar no movimento certo para a vitória.

Por isto, acredito que a vitória será discutida entre um grupo de quatro a seis unidades composto por elementos das equipas acima citadas a que se juntarão mais dois ou três outsiders, que espero mencionar abaixo. Depois se é ao sprint ou se alguém aproveita uma hesitação para vencer sozinho, já não arrisco. Até porque se o Ian Stannard limpou três Quicksteps sozinho, tudo pode acontecer na Omloop.

Favoritos

Christophe Laporte — É verdade que é ousado apostar num ciclista que vem aqui abrir a época, mas o francês adapta-se na perfeição a este percurso e quererá aproveitar enquanto o chefe de fila não entra ao serviço. O ano passado também só iniciou a época neste fim de semana, com bons resultados.

Thomas Pidcock — Os holofotes estão sobre o inglês que falhou os principais momentos do ciclocross para se focar em pleno na sua afirmação como um dos melhores ciclistas de estrada da atualidade. Já venceu no Malhão, mostrando que está com pernas. Discute-se se é classicómano ou voltista. Eu discordo do "ou". Ele classicómano é, voltista veremos.

Alexander Kristoff — O ano passado teve duas vitórias em perfis semelhantes, embora com menos concorrência. Provas longas e com dureza relativa são a praia do noruguês, que já se estreou a vencer pela Uno-X na semana passada no Algarve.

A não perder de vista

Ben Turner — A INEOS parece querer estar forte nesta Primavera, colmatando de certa forma os resultados menos bons esperados para as grandes voltas. Turner está a andar bem, é uma verdadeira locomotiva e se se apanhar sozinho será muito difícil ir buscá-lo.

Arnaud De Lie — O que é que o jovem touro não consegue fazer? Se a corrida for calma será um dos mais rápidos. Se a corrida for mais atacada e selectiva terei muita curiosidade em ver o seu desempenho.

Fred Wright — Foi com o top-10 na Flandres em 2022 que este ciclista entrou no radar de muito boa gente. A equipa tem outros nomes, sobretudo Mohorič, com os quais poderá combinar para endurecer a corrida e o eterno segundo classificado anda atrás de quebrar a maldição. E vai quebrar. Não sei é se é já nesta prova, mas vai.

Jasper Philipsen — É o mais rápido em prova e toda a gente andará a tentar descartá-lo. Não foi ao UAE Tour (a.k.a. campeonatos do mundo dos sprints) para se apresentar bem neste fim de semana/ano de clássicas e tenho expetativas altas para ele.

Axel Zingle — Protegido falso plano em boa forma e com uma equipa focada em si. Tem boa ponta final, passa bem as inclinações aqui presentes e embora não tenha ainda muitas provas dadas neste tipo de prova, confio que este ano ano afirmar-se-á como um nome a ter em conta.

Apostas falso plano

Henrique Augusto — Kristoff. Adoro-o e adoro a equipa. Acho que era bonito. E que é bem possivel.

Lourenço Graça — De Lie, este Arnaud é de outro calibre.

Miguel Branco — Gianni Vermeersch. Sei lá quem é que vai ganhar, o meu irmão tem 37 anos, o dorsal 37 é o Vermeersch.

Miguel Pratas — Arnaud De Lie. Sei lá quem é que vai ganhar, o Miguel Branco pesa 185kg, o dorsal 185 é o De Lie.

Ricardo Pereira — Ben Turner. O Big Ben anda nas horas.

Sondagem falso plano