Antevisão — La Flèche Wallonne

Thomas Pidcock mete a segunda no sprint mais duro da época?

Antevisão — La Flèche Wallonne
La Flèche Wallonne

Introdução

A semana das Ardenas continua com a sua prova teoricamente mais previsível, mas nem por isso menos emocionante. É o sprint mais inclinado da época, com as decisões a serem normalmente deixadas para os 1300 metros finais e a sua ascensão ao emblemático Mur de Huy. Será que se vai manter a tradição ou o atual ciclismo ultra-ofensivo até este sprint vai conseguir evitar?
Faltam os principais nomes que marcaram a última década desta prova, nomeadamente Alejandro Valverde (ainda há esperança que participe), Julian Alaphilippe e Tadej Pogačar, o que abre muito as possibilidades e alarga o leque de possíveis vencedores.
Quem vai ser o rei dos puncheurs?

Flèche wallonne 2023 : revivez la nouvelle victoire de Tadej Pogacar
Não há tubarões este ano. Vamos ter um mortal a vencer. (foto: FranceInfo)

O percurso

A mais curta prova da tríplice das Ardenas não chega aos 200 quilómetros e é feita praticamente toda em circuito. Este ano adicionaram uma quarta passagem pelo Mur de Huy, talvez na esperança que a corrida abra mais cedo e possa haver alguma emoção antes dos 1300 metros finais, onde tradicionalmente se define o vencedor.

Charleroi — Huy - Mur de Huy (198km)

No fundo, o perfil que interessa é este. E até podem esquecer aqueles primeiros 300 metros, que só estão lá a estragar a média. É no quilómetro final, acima dos 10% de inclinação, que um grupo de 40/50 ciclistas costuma lutar pela vitória, sendo a colocação essencial dada a pouca largura da estrada. Depois é lançar o ataque no momento certo e ter as pernas para ir até final.

Os outros 197km são só aquecimento.

O que esperar

Na ausência de um super favorito com uma equipa para controlar a corrida e garantir que chega tudo junto ao último Mur de Huy, acredito que possa ser uma corrida mais partida que o habitual. Há várias equipas com mais do que uma possibilidade de vitória e algumas delas podem ter até ter uma opção atacante e uma para se resguardar caso volte a juntar tudo. Acredito que equipas como a Astana (Battistella/Scaroni/Velasco), a Bahrain (Bilbao/Buitrago), a EF (Healy/Carapaz) e a Soudal (Vervaeke/Vansevenant/Van Wilder) tentarão atacar a corrida de longe, podendo chegar a trazer alguma incerteza mas a falta de dificuldades no percurso e a profundidade das equipas dos maiores favoritos acabará por fazer com que o pelotão reagrupe e tenhamos o tradicional sprint, onde espero ver os homens destacados abaixo discutir a vitória.

Favoritos

Mattias Skjelmose — 2º na época passada e a fazer uma grande época, tem que estar entre os principais favoritos. Na Amstel ficou demasiado tempo na roda de Van der Poel e acabou por ficar fora da discussão, quererá redimir-se aqui.

Dylan Teuns — O vencedor de 2022 tem nesta subida o seu terreno predileto. Vem dando boas indicações em provas recentes, tem uma boa equipa consigo e ficaria muito surpreendido se falhasse o pódio.

Thomas Pidcock — O histórico aqui não é incrível, com um 6º lugar a ser o melhor resultado em três participações. Acho que prefere uma prova com mais esforços ao longo do percurso do que este punch test puro. Ainda assim, vem em grande forma e com a confiança em alta depois da vitória na Amstel e pode continuar a cimentar o seu lugar entre a elite com nova vitória aqui.

A não perder de vista

Alexandr Vlasov — Já fez pódio em 2022 e está a ter uma das melhores épocas da sua carreira. Na ausência de alguns dos maiores nomes pode surpreender e chegar àquela que seria a sua maior vitória.

Maxim Van Gils — Desiludiu na Amstel mas foi a primeira clássica da temporada em que falhou o top-10 por isso continua a merecer destaque. O ano passado fez 8º, este ano está com melhores pernas e a concorrência é mais fraca, por isso sonhar é de borla.

Romain Grégoire — Prodígio francês anda à procura da sua primeira grande vitória e este tipo de esforços parece encaixar-se perfeitamente nas suas características. E se quer estar à altura do rótulo de "novo Alaphilippe", tem de limpar a Flèche fácil.

Benoît Cosnefroy — O "antigo novo Alaphilippe" já nos habitou a ser de uma inconsistência de bradar aos céus, mas no seu dia pode bater-se com os melhores. E batê-los, até.

UAE Team Emirates — O bloco é muito forte e acredito que tentará partir a corrida mais longe da meta, de forma a poder fazer uso da força dos números. Hirschi deverá ser a principal aposta, até porque já venceu aqui em 2020 e vem de um pódio na Amstel, mas Ayuso, Almeida, McNulty e Ulissi não serão utilizados como meros gregários e algum deles tentará entrar em movimentações atacantes. Curioso para ver como se vão comportar e se vão dar continuidade à boa época de clássicas que têm vindo a fazer.

Apostas falso plano

Fábio Babau — Mattias Skjelmose. Vai que é tua, miúdo.

Henrique Augusto — Dylan Teuns faz o bis.

Lourenço Graça — Dylan Teuns, ele sabe como se faz.

Miguel Branco — João Almeida. 1300 metros são mais do que suficientes para uma almeidada.

Miguel Pratas — Samuele Battistella, a partir da fuga, lançado por Mauri Vansevenant.

Ricardo Pereira — Pidcock começa o hype do triplete nas ardenas.

Sondagem falso plano