Antevisão — Itzulia Basque Country

Ressacar de Flandres e preparar Roubaix, João Almeida, eu "tou aqui só pra tchi vê".

Antevisão — Itzulia Basque Country
Itzulia Basque Country

Introdução

A corrida mais necessária do ano está de volta. Necessária porque depois do Tour de Flandres, nada melhor que uma prova WT para nos ajudar a ressacar e, ao mesmo tempo, nos ajudar no pré-Roubaix, que é já no próximo domingo.

Recordamos que, no ano passado, esta corrida foi fatídica para muitos ciclistas do pelotão principal. Entre eles, Jonas Vingegaard, Remco Evenepoel e Primoz Roglic, não esquecendo Jay Vine, que foi quem ficou mais seriamente lesionado.

No final foi Juan Ayuso quem levou a melhor sobre o que restava da concorrência, tirando a amarela a Mattias Skjelmose. O homem da Lidl-Trek não aguentou a dureza da última etapa em Eibar, etapa essa que viria a confirmar o regresso de Carlos Rodríguez aos bons resultados, vencendo a etapa e terminando em segundo lugar na geral individual.

Para este ano, a receita geral mantém-se. Seis etapas com muito sobe e desce e terrenos para rolar, assim como um contrarrelógio individual de curta distância e, este ano, mais plano que no ano passado.

Nenhum dos acima visados na queda do ano passado irá estar presente. Mas nem por isso a prova perde o seu protagonismo: João Almeida lidera a equipa da UAE Emirates e irá tentar levar a geral individual, sabendo que tem pela frente a concorrência de nomes como Pello Bilbao, Mattias Skjelmose, Enric Mas, Marc Hirschi, Santiago Buitrago, Florian Lipowitz e Romain Grégoire.

O dia em que Carlos Rodríguez venceu em Eibar e apontou para o pódio do Tour de France 2024. (@gettyimages)

O percurso

Etapa 1 (ITT) —Esta edição arranca em Vitoria-Gasteiz e serão dezasseis quilómetros e meio, praticamente sempre a rolar. Não deverão acontecer diferenças na luta pela geral.

(ITT) | Vitoria-Gasteiz - Baskonia-Alavés (16.5 km)

Etapa 2 — A segunda etapa é a maior desta edição do Iztulia Basque Country, com quase duzentos quilómetros. Muito sobe e desce ao longo do percurso, sendo que apenas o Alto de La Oliva (4.9km @ 4.5%) é considerada uma subida categorizada e acontece ainda dentro dos primeiros cinquenta e cinco quilómetros da etapa. Dia eventual para os sprinters, ou para uma fuga caso o pelotão não se organize na segunda metade da prova, onde existe menos asfalto plano para a perseguição.

Pamplona-Iruña - Lodosa (196.3 km)

Etapa 3 — Eu disse que o dia anterior tinha muito sobe e desce, mas estava a preparar-vos para o que aí vinha. A etapa 3 poderá ser a primeira das etapas decisivas desta edição da prova. Com sete subidas categorizadas, entre elas a de segunda categoria Santa Ageda (9km @ 6.7%) a meio do percurso que promete fazer quebrar algumas pernas. Já no final, a Lazkaomendi (1.4km @ 9.6%) irá deixar os ciclistas a cerca de cinco quilómetros do final em Beasain.

Zarautz - Beasain (156.6 km)

Etapa 4 — A Beasain chegaram e de Beasain irão partir para o quarto dia de prova, dia que conta novamente com o habitual sobe e desce, seguido de uma fase plana até ao desafio do dia.

Beasain - Markina-Xemein (169.6 km)

A primeira categoria Izua (3.5km @ 9.7%) promete ser o palco para os candidatos à GC tentarem ganhar algum tempo aos demais, sendo que a curta distância beneficia os mais explosivos em relação aos trepadores mais de cruzeiro.

Izua (3.5km @ 9.7%)

Etapa 5 — A etapa cinco vem acalmar ligeiramente a dureza da prova, enquanto o pelotão "marcha" até Gernika, de onde é natural o espanhol Pello Bilbao. As subidas ao longo do dia serão apenas de terceira categoria e terminam a cerca de setenta quilómetros do final. No entanto, as não categorizadas Zalobante e Mendieta não irão permitir que os ciclistas "tirem o pé".

Urduña - Gernika-Lumo (172.3 km)

Etapa 6 — Para o final, a organização volta a repetir a dose em Eibar. E que dose. Com duas subidas de primeira categoria, Azurki (5.1km @ 7.4%) e Krabelin (5km @ 9.4%) ainda dentro da primeira metade da prova e depois outra, Izua (4.1km @ 9.0%) já dentro dos últimos cinquenta quilómetros, a sexta etapa promete decidir o vencedor da geral individual.

Eibar - Eibar (153.4 km)

O que esperar

Sem a presença dos habituais aliens, a prova deste ano tem tudo para ser uma das mais emocionantes dos últimos tempos. O próprio percurso está desenhado para esse efeito e certamente que os trepadores com punch irão ser os que terão uma palavra a dizer para a geral individual.

A UAE, que no ano passado colocou quatro ciclistas no top-10 final, volta a trazer três desses quatro. Deixa apenas de fora o atual vencedor em título, Juan Ayuso, em troca pelo português João Almeida que procura aqui no País Basco a sua primeira vitória numa geral individual em 2025. Brandon McNulty, Marc Soler e Isaac del Toro foram os outros três que terminaram dentro do top-10 e voltam a estar presentes na edição deste ano.

A Lidl-Trek volta a trazer Mattias Skjelmose, terceiro classificado na geral do ano passado, que este ano conta também com o italiano Andrea Bagioli e o jovem colosso Thibau Nys como possíveis cartas para a geral.

A Bahrain volta a repetir a receita da Comunidade Valenciana. Traz Pello Bilbao e Santiago Buitrago como os principais homens para a geral.

A Red Bull - BORA - Hansgrohe traz a equipa mais estranha e forte sem Primoz Roglic. Florian Lipowitz, Maxim Van Gils, Dani Martínez, Vlasov, Finn Fisher-Black e Roger Adrià: qualquer um pode lutar pela geral. Veremos se todos conseguem fazê-lo como uma equipa.

Favoritos

João Almeida — O português tem aqui uma grande oportunidade para vencer uma geral WT. O esforço individual (ITT) poderá deixá-lo logo de amarelo no final do primeiro dia, sendo que depois a falta de subidas longas nos restantes dias poderá vir a não beneficiar o seu estilo de corrida.

Mattias Skjelmose — Quebrou em Eibar no ano passado depois de não ter conseguido seguir o ataque de Juan Ayuso, quando ainda vestia a amarela da liderança. Este ano não há Ayuso, mas recordemos que o dinamarquês caiu há menos de um mês no Paris-Nice, tendo mesmo abandonado a prova.

Pello Bilbao — O espanhol está a fazer uma campanha de 2025 ao nível dos seus melhores anos. Corre em casa, inclusive uma das etapas termina na sua cidade natal. Diria que tem todos os ingredientes que precisa para ter confiança e motivação para atacar a geral.

Florian Lipowitz — Depois do que vi no Paris-Nice, tenho a certeza que o alemão irá novamente agarrar a oportunidade de correr sem Roglic para tentar vencer uma geral WT. Equipa para isso tem certamente; resta saber como está alinhada a tática da equipa para esta prova.

A não perder de vista

Santiago Buitrago — Só não é favorito porque não é incrível no esforço individual e também não tem alta montanha para fazer tantas diferenças. No entanto, o colombiano continua a ser um dos ciclistas a ter em conta, principalmente na última etapa em Eibar.

Maxim Van Gils — O belga já tentou a sua sorte na Volta a Andaluzia e ficou perto. Tem a meu ver — sempre que está em prova — mais uma oportunidade para tentar, porque esta corrida premeia os corredores atacantes. Só precisa de tentar não trabalhar e fechar espaços desnecessários quando é líder da geral.

Thibau Nys — Mais um belga. Mas este aqui, minha nossa senhora. Começou a competir no passado sábado e arrecadou logo a primeira vitória da temporada no GP Miguel Induráin. Faltam-me palavras para descrever a minha perplexidade sobre as qualidades deste ciclista e eu só quero que isto comece para ele continuar o show.

Romain Grégoire — Uma das esperanças da Groupama - FDJ para este ano de 2025 e em particular para atacar esta prova. Tem bom esforço individual, tem punch. Resta sabermos se terá pernas. Queria ganhar a MSR, veremos se consegue vencer em Espanha.

Apostas falso plano

André Dias — Lipowitz. Numa equipa com 6 líderes, algum tem de bater.

Fábio Babau — Thibau Nys. Viram aqui primeiro.

Henrique Augusto — Sou um crente. Bota Lume 🔥.

O Primož do Roglič — Mattias Skjelmose, tão simples quanto isto.

Miguel Branco — Tou com uma Thibau.

Miguel Pratas — Ganha o líder da Red Bull.

Nuno Gomes — Toro, porque sem Poga a UAE é uma tourada.

Rogério Almeida — Se queremos separar as águas, chamamos Skjel-Moisés.