Antevisão — Itzulia Basque Country

Alguém rouba a boina basca a Vingegaard? Contenders não faltam.

Antevisão — Itzulia Basque Country
Itzulia Basque Country

Introdução

De forma justificada, esta prova está a passar under the radar, que a malta anda entretida com a temporada de clássicas. Mas deixo o aviso que aqui há chicha da boa. A corrida basca já tem por tradição ser muito interessante, com as suas etapas explosivas, sem grandes montanhas mas sem dias fáceis.

Só para abrir o apetite, estão presentes os vencedores das últimas 7 (!) grandes voltas. Jonas Vingegaard parte como favorito a defender o seu título mas este perfil de corrida permite sonhar os restantes contenders. Sobretudo quando eles são ciclistas do gabarito de Remco Evenepoel, Primož Roglič e Juan Ayuso, entre outros.

Venha a semana basca, sem sprints chatos, com um publico apaixonado e com o maior confronto das estrelas da GC que tivemos até agora este ano, e que só será superado no Tour.

Itzulia Basque Country: Vingegaard makes it two in a row on stage 4 |  Cyclingnews
O ano passado nem deu luta. Duvido que seja mais do mesmo este ano. (foto: Cycling News)

O percurso

Etapa 1 (ITT) — Tudo é ondulado nesta prova, nem o contrarrelógio escapa. Todos os principais candidatos se defendem bem neste tipo de esforço e as diferenças entre os favoritos não devem ser gigantes. A não ser que o Ayuso...

Irun Irun (10km)

Etapa 2 — Moving up and down, side to side, like a rollercoaster. Sprint sem sprinters.

Irun Cambo-les-Bains/Kanbo (161km)

Etapa 3 — A subida mais dura do dia dá-se nos primeiros oito quilómetros, só pela piada. A última subida não é assim tão difícil e deve ser mais um sprint num grupo reduzido. A ver se o Roglič acalma os fãs.

Ezpeleta Altsasu (191km)

Etapa 4 — Aqui já temos umas rampas como deve ser. Lonelly attacker, Vingegaard masterclass ou boring sprint?

Etxarri-Aranatz Legutio (158km)

Etapa 5 — Curioso para ver o que dá esta etapa. Há muita malta maluca neste ciclismo moderno e aquela rampa a 90 quilómetros do fim pode ser mexida. Caso não seja, há material suficiente no circuito final para se fazerem algumas diferenças.

Vitoria-Gasteiz Amorebieta-Etxano (177km)

Etapa 6 — A etapa rainha promete muito espetáculo, até porque é previsível que a GC chegue aqui presa por segundos.

Eibar Eibar (138km)

O que não faltam nesta etapa são percentagens de 10% e a corrida pode abrir muito cedo, como jogos táticos e raids sonhadores. Seja como for, a subida abaixo descrita será a última grande dificuldade desta semana.

Rampas desumanas.

O que esperar

Espero uma corrida muita aberta e muito dura. As diferenças iniciais feitas no ITT irão definir quem terá de assumir uma posição ofensiva e quem poderá ficar mais resguardado.

A prova poderá, pelo menos até ao último dia, ser muito marcada pela luta pelas bonificações, pois as subidas podem não causar dificuldades suficientes para separar os 5/6 ciclistas mais fortes. Isto a não ser que, à semelhança do que aconteceu no Paris-Nice, existam muitas hesitações entre os favoritos que permitam que outros nomes entrem na discussão. Há muitas equipas com mais que uma carta para jogar e isso pode tornar a corrida muito tática e interessante. Fora os favoritos mencionados abaixo, há ainda nomes como Mikel Landa, Santiago Buitrago e Brandon McNulty, que chegam em grande forma, além da muita juventude que adora este tipo de percurso e procura aqui mais uma oportunidade para brilhar, como Romain Grégoire, Oscar Onley e Isaac Del Toro.

Na montanha russa do último dia, por muita estratégia que venha a existir, as pernas ditarão a sua lei e aí teremos a definição clara de quem são os mais fortes. E de quem levará para casa a boina basca.

Favoritos

Jonas Vingegaard — Tem estado cada vez mais forte nos esforços explosivos e tem aqui um grande desafio nesse sentido. Será um teste interessante para o bi-campeão do Tour.

Remco Evenepoel — Se há um perfil em que Remco pode bater Vingegaard é neste. É uma grande oportunidade de marcar posição rumo ao Tour e depois da "desilusão" no Paris-Nice está na hora do belga finalmente vencer uma das grandes provas de uma semana do WT. Ganhe ou não, vai dar espetáculo.

A não perder de vista

Juan Ayuso — Tem estado fortíssimo esta época e adora este tipo de contrarrelógios, pelo que poderá começar logo na frente. No Tirreno não teve hipóteses de segurar a vantagem, mas aqui não há subidas de quinze quilómetros. O espanhol tem também um bom kick, importante para as bonificações que podem ser importantes.

Primož Roglič — O Paris-Nice foi o início do fim de Roglič ou apenas um acidente de percurso? Uma das grandes questões para esta semana é essa mesma. O terreno é ideal para o esloveno, traz uma equipa forte e deve querer acalmar as críticas e testar-se, pela primeira vez, contra o seu ex-gregário.

Mattias Skjelmose — Tem andado muito bem ao longo de toda a época e pode ser um outsider muito interessante para esta prova, tentando aproveitar alguma sobremarcação entre os favoritos acima citados.

Pello Bilbao/Ion Izagirre — O contigente basco não deve ser subestimado a correr em casa. Bilbao é sempre muito consistente e perigoso enquanto Ion tem nesta corrida, que venceu em 2019, um dos principais objetivos da época e costuma apresentar-se sempre a top.

Thomas Pidcock — Estamos muito perto das Ardenas, principal objetivo da época de estrada do britânico, por isso a forma deve estar boa. A ausência de grandes montanhas beneficia-o, é uma grande oportunidade para um resultado de topo na GC de uma prova importante pelo que conto com um Pidcock a vencer uma etapa e a lutar pelo pódio.

Apostas falso plano

Fábio Babau — Felix Gall. Em recuperação após uma recaída (no contrarrelógio).

Henrique Augusto — Pidcock só para ser diferentão.

Lourenço Graça — Jonas, a questão é só com quanto tempo de vantagem.

Miguel Branco — Ion Izagirre. Se é em Espanha, Izagirre.

Miguel Pratas — Bis para Jonas Vingegaard.

Ricardo Pereira — Eu tô pensando em violência, eles me chamam playboi Carlos, tô pensando em agredir, eles me chamam playboi Carlos..

Sondagem falso plano