Antevisão — Il Lombardia
Lombardia tem mais encanto na hora da despedida? Adeus época, digo eu. Adeus abelhas, diz Roglič. Au revoir, diz Pinot.
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Introdução
Chega neste Sábado ao fim o ciclismo a sério em 2023. Foi divertido, não nos podemos queixar. Mas antes de começarmos os balanços desta época, temos pela frente o último grande momento da temporada. O último monumento.
Esta prova parece ter sido feita para o homem que a levou de vencida nas últimas duas edições, Tadej Pogačar, e que parte para esta edição com um enorme favoritismo, apesar da concorrência ser de grande nível. A preparação rumo à Lombardia não apresentou vitórias mas só deixa dúvidas sobre o seu estado de forma a quem não acompanhou este mesmo processo nos anos anteriores. A grande diferença para esta edição é que Remco Evenepoel e Primož Roglič estarão presentes, fazendo assim subir o nivel de dificuldade.
Que se feche a época com uma cereja no topo do bolo, um corridaço e uma última bela tarde passada no sofá. Daqui a uns meses voltamos a encontrar-nos para sobrereagir ao Tour of Oman ou assim.
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O percurso
É duro, durinho, como a Lombardia se quer e como nos tem habituado. A UAE tem corrido com uma estratégia Sky Train tanto nesta época como nas anteriores nesta fase da temporada, por isso acredito que os primeiros 200 quilómetros (onde se destacam a subida a Roncola e ao Passo della Crocetta) sejam de endurecimento a um ritmo que irá impedir os aventureiros de tentarem surpreender de longe. Fechando a corrida até chegarmos ao Passo di Ganda.
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Acredito que, nesta que será a última dificuldade longa do dia e cujo topo se encontra a 30 quilómetros da meta, se fará a derradeira seleção entre quem poderá lutar pela vitória e quem se terá de contentar com um lugar honroso. É longa, é dura e já se chegará aqui com muitos quilómetros nas pernas.
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Depois do cume seguem-se 25 quilómetros em descida/plano, até à ultima dificuldade do dia, que poderá servir para um derradeiro ataque ou apenas para confirmar que a decisão ficará para o sprint, que a acontecer será realizado com uma aproximação à meta muito rápida toda ela em descida.
O que esperar
Não espero a mais entusiasmante das corridas. Prevejo a UAE a usar o seu super bloco para levar a corrida controlada até aos momentos decisivos referidos acima, onde Poga vai desferir o seu ataque e a partir daí sim começará a corrida a sério. A única hipótese de impedir esta imprevisibilidade é a fuga constituir-se com nomes muito fortes ou alguma das equipas com mais do que um líder atacar de longe, mas acho que seria suicidio dado o poderio da equipa do esloveno.
Quando Tadej atacar, é ver quem consegue seguir. E depois se há alguma organização no grupo. Se houver, é game over para os restantes. Os principais candidatos a irem com o esloveno estão citados abaixo, mas queria destacar Remco pela sua conhecida predisposição para trabalhar e Roglič pelo perigo que representa devido à forma em que chega e à sua ótima ponta final. Caso não haja coordenação o grupo pode voltar a crescer e aí o fator tático pode ter influência, com ataques de homens da segunda linha a poderem causar surpresas, como Van Wilder recentemente. Mas aqui o nível é outro, o que está em jogo é maior e a distância para a meta é muito grande, pelo que acho uma situação dessas mais improvável.
Caso chegue um grupo "grande" ao último topo, os favoritos são os mesmos mas a imprevisibilidade aumenta. Em suma, com mais ou menos elementos no grupo na chegada à última dificuldade, acredito numa corrida decidida ao sprint entre 2/3 ciclistas.
Favorito
Tadej Pogačar — Bi-campeão, melhor equipa em prova, perfil acidentado e com mais de 200 quilómetros. Há quem tenha algumas dúvidas da sua forma mas eu continuo a ter muita dificuldade em ver alguém bater o esloveno neste percurso. Não acredito que alguém o descarregue e não acredito que alguém o bata ao sprint com uma quilometragem tão grande nas pernas.
Candidatos
Remco Evenepoel — Se há homem com motor para fazer face ao grande favorito é o prodígio belga. Teve aqui a sua mais traumática queda em 2020 e desde aí não se voltou a destacar na prova, mas este ano parece vir em forma da Vuelta e tem aqui um objetivo marcado, e sabemos como é perigoso quando assim é. Um grande duelo Remco vs Poga era o que eu mais queria para fechar a época.
Primož Roglič — A despedida do homem que criou as fundações para o atual império das abelhas. Parece apostado em sair em grande, vem em forma e é uma daquelas provas que lhe assentava muito bem no CV.
A não perder de vista
Enric Mas — O ano passado fez segundo perdendo apenas ao sprint. Este ano vem fazendo mais uma vez uma boa aproximação e não me surpreendia se voltasse a chegar com os melhores. Para ganhar teria de chegar sozinho e não vejo isso acontecer.
Richard Carapaz — Pobre época de estreia com as cores da EF, tem tido a sua melhor fase neste fim de época por Itália. Esta é a derradeira hipótese de salvar a temporada. É corajoso e astuto, poderá tentar surpreender.
Simon Yates — No Giro dell'Emilia, que foi a prova com uma startlist mais aproximada daquela que teremos aqui, só ficou atrás dos dois eslovenos. Sempre uma incógnita.
Aleksandr Vlasov — Por falar em incógnitas... Este tem que fazer pela vida que vem ai novo patrão. Anda bem neste tipo de esforços e já fez pódio aqui.
Felix Gall — Grande trepador está a ter a sua breakout season. Já provou que pode subir com os melhores, falta um pouco de leitura de corrida, mas é um daqueles que poderá ter a ousadia de tentar de longe.
Adam Yates — E se no vai não vai dos tubarões Yates se vai embora? Está muito forte e custa-me vê-lo só como um gregário.
Michael Woods — Gosta disto, vai andar bem e pode fazer estragos se conseguir chegar até ao pequeno topo final com o grupo principal.
Apostas falso plano
Fábio Babau — Tadej. Mais um monumento para o esloveno.
Henrique Augusto — Não tenho capacidade de apostar contra Pogačar.
Lourenço Graça — Vamos emBORA Primož Roglič!
Miguel Branco — Carapaz. Só para ser diferentão.
Miguel Pratas — Terceira Lombardia e quinto monumento para Pogačar .
Ricardo Pereira — Remco e manda um pirete à Visma nos festejos.