Antevisão — Grand Prix Cycliste de Québec

Imaginem que o WVA não ganha. Até era capaz de ser uma corrida gira.

Antevisão — Grand Prix Cycliste de Québec
Grand Prix Cycliste de Québec

Introdução

Após dois anos de interregno, o pelotão WorldTour volta a deslocar-se até ao Canadá para as únicas provas do escalão disputadas no continente americano.

É ao sprint em grupos restritos que a prova tem sido decidida, com vitórias de Michael Matthews nas últimas duas edições e de Peter Sagan nas duas anteriores. Greg Van Avermaet fechou pódio nas últimas quatro edições, pelo que se percebe bem quais as características necessárias para se estar bem aqui — resiliência nos pequenos topos e boa ponta final.

A startlist deste ano inclui muitos corredores deste estilo mas também muitos puncheurs que terão que se lançar de longe e endurecer ao máximo a corrida, vimos bem na Bemer Classic que os sprints óbvios já não existem em 2022.
Com tantos pontos em disputa (a vitória vale 500 pontos, mais que fechar quarto na Vuelta) e com tanta qualidade à partida, a corrida pode tornar-se mais imprevisível do que tem sido hábito nos últimos anos. Esperemos que sim!

Tenho saudades do Sagan. (foto: BikeMagazine)

O percurso

Esta prova é feita em circuito, com os ciclistas a percorrerem por 15 (!) vezes o percurso em volta da cidade canadiana e que totaliza duzentos e quatro quilómetros.

Sem muita história, o circuito apresenta apenas uma subida, divididas em três pedaços — 0.3km a 8,3%, seguidos de 0.4km a 6% e para finalizar com 1.1km a 4% — e que terá que ser severamente atacada se não querem os sprinters na discussão da vitória. O final da prova está colocado exatamente no topo desta subida.

Ciclistas vão estar em modo rato laboratório neste circuito.

O que esperar?

Como já foi referido, estamos em 2022 e por isso é de esperar uma corrida louca. Teremos poucas equipas com interesse em manter o grupo compacto e muitas a querer parti-lo, pelo que os jogos táticos e a escolha dos melhores momentos serão essenciais para conquistar a vitória. Equipas como a UAE Emirates (Pogačar e Ulissi), a EF Education Easy-Post (Cort, Bettiol e Rúben), a DSM (SKA e Bardet) ou a Bahrain-Victorious (Mohorič e Bilbao) sabem que não ganharão em grupos de quinze ou vinte unidades e tentarão desde cedo jogar os seus diferentes trunfos e ver se caem na movimentação certa. Com tantas equipas neste registo será difícil para equipas como a Bike-Exchange Jayco de Michael Matthews, a Intermarché-Wanty de Girmay ou a Trek-Segafredo de Stuyven controlarem a prova e o mais provável será também elas tentarem colocar os seus líderes no grupo decisivo.

Pelo descrito acima, acreditamos num grupo de cinco a oito unidades a disputar entre si a vitória na subida final e ataques desde muito cedo para partir a corrida.

Favoritos

Wout Van Aert Ele sabe que é o alvo a abater. Nós e os seus adversários também sabemos. E o problema às vezes é esse. Se nada de estranho acontecer, é difícil imaginar o belga perder esta corrida.

Michael Matthews — O australiano quer defender o título e tem sobre as suas costas o peso de salvar a equipa da despromoção. Corrida importantíssima para a equipa e para ele.

Tadej Pogačar Se não é uma etapa plana daquelas do UAE Tour, sou incapaz de não colocar Pogi na primeira categoria de favoritos.

Ninguém ficaria surpreendido com… (se o WVA furar sete vezes)

Biniam Girmay Já bateu Van der Poel ao sprint, falta bater WVA. É quase tão difícil como abrir garrafas de champanhe, mas há-de chegar o dia.

Matej Mohorič — Desapareceu depois da primavera mas está na hora de voltar aos grandes momentos. A descida técnica e o sentido de oportunidade podem ser decisivos para uma vitória do esloveno.

Alex Aranburu   Vem em grande forma, tem boa ponta final e se a concorrência não fosse tão forte seria um dos principais nomes em prova. Assim terá que aproveitar alguma desatenção dos favoritos.

Estar atento a…

Diego Ulissi Tem histórico na prova, costuma andar bem no fim do ano e pode aproveitar o foco no seu líder para surpreender.

Cristophe Laporte — Laporte está transformado num mini WVA. Está sempre bem, vai a todas e se a oportunidade aparecer, lá estará ele para voltar a levantar os braços.

Magnus Cort & Alberto Bettiol & Rúben Guerreiro — A EF Education Easy-Post põe a carne toda no assador para se salvar. Vão estar na luta.

Apostas falso plano

Henrique Augusto: Simmons. God Save the Quinn.

Lourenço Graça: WVA. O meu aert bate por ti.

Miguel Branco: Ulissi. Lançado por James Joyce.

Miguel Pratas: Pogačar. O melhor ciclista com o bloco mais forte. Só dá para fazer um trocadilho com este nome e seria inadequado.

Ricardo Pereira: Boivin. Mas é com a minha ovelha que eu quero estar fachabor!

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