Antevisão — Giro d'Italia

Remco vs Roglic e no fim a pantera cor-de-rosa limpa isto.

Antevisão — Giro d'Italia
Giro d'Italia

Introdução

Chegámos à primeira grande volta do ano. A prova mais elegante do mundo, aquela com que todos os portugueses sonharam em 2020 e aquela que Portugal vai conquistar em 2023. É tua João, eles vão parecer peixes debaixo d'água. Bota lume!

Jai Hindley fez história ao ser o primeiro australiano a ganhar o Giro. Carapaz e Landa completaram o pódio. Nenhum dos 3 estará presente nesta edição.

O percurso

Etapa 1 (ITT) — O primeiro dia é desde logo muito importante para os homens da geral. Um contrarrelógio de 20 quilómetros com um final algo acidentado que vai permitir fazer diferenças dignas de realce. Remco e Roglic devem começar desde logo a destacar-se.

Fossacesia Marina - Ortona (19.6km)

Etapa 2 — Etapa típica de sprint que começa na terra de Eros Ramazzotti, e há lá Più Bella Cosa que uma disputa entre comboios de sprinters.

Teramo - San Salvo (202km)

Etapa 3 — Um final de etapa duro que vai abrir as hostilidades quanto à luta pela camisola dos pontos. Corredores como Mads e Matthews deverão ser os favoritos à sua conquista.

Vasto - Melfi (213km)

Etapa 4 — Primeira etapa dura da prova. Etapa perfeita para um não favorito ficar com camisola rosa. Quem será o novo Juan Pedro López?

Venosa - Lago Laceno (175km)

Etapa 5 — Termina no lar da mais antiga escola de medicina da Europa. Um sprint escrito com letra de médico portanto, ninguém vai perceber nada e no fim ganha um Consonni desta vida.

Atripalda - Salerno (171km)

Etapa 6 — Nápoles - Nápoles. Isto ou é uma etapa do Giro ou é o corso de celebração da vitória do Scudetto. Dá sprint, a dúvida é se é com todos os sprinters ou se sem o Cavendish.

Napoli - Napoli (162km)

Etapa 7 — Primeiro sprint entre Remco e Roglic pela vitória da etapa.

Capua - Gran Sasso d'Italia (Campo Imperatore) (218km)

Etapa 8 — Perfeita para um ataque tardio. Ao jeito de Mollemas e Bettiols.

Terni - Fossombrone (207km)

Etapa 9 (ITT) — Contrarrelógio plano de 34 quilómetros. Corredores como o Hugh Carthy vão sair daqui já a mais de 4 minutos dos favoritos.

Savignano sul Rubicone - Cesena (35km)

Etapa 10 — Um sprint depois do dia de descanso para desentorpecer as pernas.

Scandiano - Viareggio (196km)

Etapa 11 — Algumas subidas longas mas pouco inclinadas. Mais um sprint, talvez não com o pelotão completo.

Camaiore - Tortona (219km)

Etapa 12 — O fim da última descida fica a mais ou menos 15 quilómetros da meta. Se equipas com a Jayco ou a Trek ainda tiverem os seus homens rápidos é possível que eles sejam capazes de discutir esta.

Bra - Rivoli (179km)

Etapa 13 — Primeira etapa de altíssima montanha. Uma tarde de sábado bem passada no sofá.

Borgofranco d’Ivrea - Crans-Montana (207km)

Etapa 14 — Sprint.

Sierre - Cassano Magnago (194km)

Etapa 15 — Kämna.

Seregno - Bergamo (195km)

Etapa 16 — Depois do segundo dia de descanso vem um dia de muito trabalho para os homens da geral. Fogo de artifício esperado.

Sabbio Chiese - Monte Bondone (203km)

Etapa 17 — Etapa mesmo ao jeito do Hugh Carthy.

Pergine Valsugana - Caorle (197km)

Etapa 18 — Fuga ou talvez um outsider a recuperar algum tempo na geral.

Oderzo - Zoldo Alto (161km)

Etapa 19 — Estágio em altitude. Melhor que o hotel do Kolobnev.

Longarone - Tre Cime di Lavaredo (183km)

Etapa 20 (ITT) — Esta cronoescalada é qualquer coisa. Que o espírito de Foliforov esteja contigo Pronskiy.

Tarvisio - Monte Lussari (18.6km)

Etapa 21 — Dia em que se vai decidir a classificação geral.

Roma - Roma (126km)

O que esperar

Um duelo entre Remco e um esloveno (vou escrever esloveno para usar este texto como template). Estou à espera de ver Remco a ganhar alguma vantagem na primeira metade da prova com recurso aos contrarrelógios e a chegar à montanha com um a dois minutos de vantagem. Na montanha espero ver o esloveno a testar ao máximo a capacidade do belga, sendo que acredito que demonstre, tal como na última Vuelta, que é mais forte que Remco quando se atingem grandes altitudes e em etapas com várias dificuldades encadeadas. Cabe ao campeão do mundo provar que já pertence à elite dos voltistas e marcar lugar no Tour do ano que vem.

Quanto aos outros, se tudo correr de forma normal, terão de se contentar com o último lugar do pódio. Sendo que, para mim, o nosso João parte como favorito para essa posição sempre à espera de algum azar dos outros dois.

Biniam Girmay conquistou a 10ª etapa, após cinco top-5 nas etapas anteriores. Depois, nos festejos, a rolha do champanhe acabou com o sonho da maglia ciclamino.

No que toca à maglia ciclamino temos aqui o vencedor da camisola dos pontos da Vuelta do ano passado, o vencedor da camisola verde no Tour de 2017, o vencedor desta mesma camisola também em 2017 e Cavendish que já ganhou tudo o que havia para ganhar. Mads Pedersen parte como favorito sendo quem tem a melhor combinação de ponta final e resistência às subidas. Matthews e Gaviria são provavelmente os maiores concorrentes mas tanto um como ou outro, apesar de serem sprinters muito completos, parecem ter uma dessas vertentes claramente mais fracas que o dinamarquês.

A camisola da montanha é o mesmo de sempre, uma das coisas mais imprevisíveis do mundo, entre homens da geral, caça-etapas e alguém só querer mesmo esta camisola, qualquer um pode ganhar. Boa sorte a adivinhar.

Favoritos

Remco Evenepoel — Parece que todas as suas vitórias até agora têm asterisco mas isso não é culpa dele. Para mim não é o grande favorito mas gostava que ganhasse num duelo até à última com Roglič.

Primož Roglič — Ganhou 3 das últimas 4 grandes voltas que terminou, mas não terminou 3 das últimas 4 grandes voltas em que participou. É um voltista de elite.

A não perder de vista

João Almeida — Grande oportunidade de fazer pódio numa grande volta. Só com um azar de um dos dois favoritos é que poderá aspirar a mais mas as grandes dificuldades estão na última semana e isso favorece-o. Bota lume miúdo!

Tao Geoghegan Hart  — Que grande época que está a fazer. Ainda tenho algumas dúvidas quanto à altíssima montanha mas é um ex-vencedor por isso merece respeito.

Aleksandr Vlasov — Que época péssima até agora. Top-5 a muito custo diria.

Geraint Thomas — Normalmente não falha os picos de forma e com tanto contrarrelógio é sempre uma ameaça. Acredito que será o melhor INEOS.

Hugh Carthy — Demonstrou boa forma nos Alpes, o problema é o contrarrelógio mas isso pode dar-lhe alguma liberdade na montanha.

Damiano Caruso — Deverá dividir liderança na Bahrain mas não deve dar para mais que um top-10.

Jack Haig — É muito parecido com o Hugh Carthy.

Jay Vine — Um dos melhores trepadores da última Vuelta e já demonstrou boa capacidade no contrarrelógio esta época. Não corre há muito tempo mas deverá ter alguma liberdade dentro da equipa. Esperemos que acabe a trabalhar para o João.

Apostas falso plano

Henrique Augusto — Nem acredito que estou a dizer isto, mas Remco.

Lourenço Graça — Roglič. Como algum escritor disse “o amor não se explica”.

Miguel Branco — Remco Evenepoel. Se fosse homem ia ao Tour.

Miguel Pratas — Remco Evenepoel. Vai ser a segunda grande volta consecutiva para o campeão do mundo.

Ricardo Pereira — Roglič. Não fiquei impressionado com Remco na Catalunha.

Fábio Babau — Roglič. Assim fica 50/50.

Sondagem falso plano