Antevisão — Gent-Wevelgem

A vitória será decidida pelo vento, nos bergs ou ao sprint? Honestamente, acho que será decidida no autocarro da Alpecin.

Antevisão — Gent-Wevelgem
Gent-Wevelgem

Introdução

A temporada flandriana continua depois do arraso de hoje por parte de Mathieu van der Poel. Esta é uma corrida que tem a beleza de poder ver vencedores de diferentes perfis vencer, que é sempre algo que me agrada. Ainda mais quando o vento e a chuva se fazem sentir. Não é dura o suficiente para os sprinters ficarem fora da equação, nem suave o suficiente para os classicómanos não tentarem a sua sorte.
São muitos os sprinters presentes, não tantos os atacantes. Mas está cá o melhor nesse aspeto e o campeão do mundo pode fazer as corridas duras por sua conta e encostar toda a gente às cordas. Será neste duelo entre estilos que se realizará mais esta etapa rumo à Flandres do Domingo que vem.
Que seja mais uma tarde bem passada no sofá.

Men's Results and Highlights - 2023 Gent-Wevelgem
Só deu abelhas em 2023. Oferta de Wout a Laporte. (foto: CyclingMagazine)

O percurso

Um percurso para maratonistas, composto por 252 quilómetros e dividido em três partes: os primeiros 150 quilómetros são planos e maioritariamente corridos em alcatrão, porém incluem zonas muito expostas ao vento, nomeadamente na zona de De Moeren, e espera-se vento para Domingo; segue-se uma segunda parte cheia de Bergs que se acumulam ao longo dos 50 quilómetros seguintes, onde se tentará formar o grupo vencedor e eliminar alguns sprinters da hipótese de lutarem pela vitória; e, para fechar, 35 quilómetros finais planos para a perseguição se organizar e alguns ataques finais serem realizados.

Ieper — Wevelgem (252km)

O que esperar

Esta corrida quando apresenta abanicos é feita a full gas durante mais de 150 quilómetros e a existência ou não de vento pode afetar bastante o tipo de corrida que aqui veremos. Até ver, as previsões dão vento mas não ventania. Sem o bloco ultra dominante da Visma a corrida tem tudo para ser bastante aberta e o leque de possíveis vencedores é talvez o mais alargado desta época flandriana.
Conto com ataques na fase dos bergs, onde nomes "secundários" tentarão antecipar e outros esperarão o move de Mathieu van der Poel e rezarão para conseguir seguir com ele, até porque com 50 quilómetros pela frente até para o campeão do mundo é ousado tentar ir sozinho. Estas movimentações criarão um grupo forte na frente (Küng, Mohorič, Narváez e Trentin alguns dos nomes que espero ver por lá) e reduzirão substancialmente o pelotão, onde muitas equipas estarão interessadas em levar a corrida para o risco de meta. Esta é a luta que normalmente marca a Gent e não penso que este ano vá fugir à regra. A Alpecin terá, provavelmente, o favorito à frente (MvdP) e o favorito atrás (Philipsen) por isso it's their race to lose.

Favoritos

Mathieu van der Poel — Em Sanremo ofereceu a vitória, na E3 dominou a concorrência. Vejo-o a sair cedo e tentar juntar esta prova ao seu palmarés, pois este é o seu terreno. No entanto, a distância das dificuldades para a meta e o facto de existirem bastantes equipas fortes a querer o sprint compato tornarão o feito difícil para o neerlandês e fazem com que não esteja sozinho na minha categoria dos favoritos.

Jasper Philipsen — Existiam algumas dúvidas relativas ao seu inicio de época, mas as vitórias na MSR e na Brugge-De Panne já as desfizeram. Gosta de sprints depois de dias longos e duros, é dos sprinters que melhor se adapta ao pavê e caso isto dê sprint num grupo grande, é o maior favorito.

A não perder de vista

Tim Merlier — Tem estado a fazer por merecer a existência de discussão quanto a quem é o melhor sprinter do mundo, face a Philipsen. Chegou no segundo grupo nas últimas duas edições, mostrando que não é fácil descartá-lo por completo e procura aqui a maior vitória da sua carreira por estes terrenos e salvar a cara da Wolfpack na, até ver, miserável campanha de clássicas.

Biniam Girmay — Mostrou as melhores pernas dos últimos tempos na E3 antes de rebentar completamente e sair do top-10. Esta é uma prova mais adaptada às suas características, como prova a sua vitória em 2022. Pode competir pela vitória quer num grupo de fugitivos que se forme nos bergs, quer inserido num pelotão cansado e restrito.

Mads Pedersen — Tem desiludido nesta campanha de clássicas mas esta será aquela à qual melhor se adapta e a maior das que já venceu, em 2020. Tal como Bini, pode vencer a partir dos dois cenários e andará com muita vontade de passar das palavras aos atos e mostrar que merece estar na conversa com os restantes flandrianos.

Olav Kooij — O oitavo na época passada demonstrou que tem capacidade para se aguentar nestes terrenos. E este ano a equipa não traz as principais estrelas pelo que o jovem sprinter da Visma pode ser mais protegido e ter a equipa em seu redor. No seu dia, pode discutir o sprint com os melhores do mundo.

Arnaud de Lie — Alô? Está ai alguém? O Touro anda desaparecido e os resultados têm sido uma desilusão esta época. Acredito que esta prova pode marcar uma inversão na temporada do protegido falso plano.

Michael Matthews — Esteve muito forte na MSR e apresentou um discurso ambicioso rumo às clássicas do pavé. Sabemos que não tem a ponta final dos outros, mas também sabemos que essa diferença se esbate no fim de um longo dia e que o australiano também pode atuar como um atacante.

Apostas falso plano

Fábio Babau — Agora é a vez do Jasper somar mais uma.

Henrique Augusto — Quando MVDP está presente, a minha aposta é feita by default.

Lourenço Graça — Mais um presente de van der Poel ao Jasper.

Miguel Branco — Lewis Askey. Estou a dizer isto desde Janeiro.

Miguel Pratas — Olav Kooij mostra a Van Aert como se faz.

Ricardo Pereira — Jasper.

Sondagem falso plano