Antevisão — European Continental Championships ME - ITT

Ou Küng mete a terceira ou vamos ter um resultado esquisito no Campeonato Europeu de Contrarrelógio - Divisão B.

Antevisão — European Continental Championships ME - ITT

Introdução

Os Campeonatos da Europa ainda são um evento recente no ciclismo, dando mais uma oportunidade aos ciclistas de representar as suas nações e de correr com as cores dos seus países. É verdade que não são, ainda, a prova com maior prestígio existente, mas ainda assim ser "Campeão da Europa" não deixa de ser um título bastante apelativo e, além disso, dá-te direito a andar com uma camisola bem bonita ao longo de um ano.

Na especialidade de contrarrelógio, poucas têm sido as vezes em que os principais nomes se têm apresentado à partida, o que tem resultado em nomes de "segunda linha" a vencer ou em young guns a aparecerem. Quanto às young guns, tivemos na época passada Joshua Tarling a alcançar aqui a sua primeira grande vitória, esmagando Wout van Aert e mostrando que o seu tempo já tinha chegado, sendo preciso contar com ele para qualquer evento de esforço a solo no futuro. Já em 2019 tinhamos visto um muito jovem Remco Evenepoel, na altura com 19 anos, vencer esta prova. E pelo meio fomos tendo vitórias de ciclistas como Castroviejo, Campenaerts, Bissegger e Stefan Küng (já bisou) a aproveitarem a ausências dos habituais dominadores para somarem uma bonita conquista ao seu CV.

Este ano não é exepção, faltam os 4 grandes dominadores da especialidade (Ganna, Wout van Aert, Evenepoel e Tarling) pelo que a porta está aberta para muita gente. Ou semi-aberta, já que Küng não deve querer desperdiçar a oportunidade de fazer o hattrick e tornar-se no primeiro triplo vencedor na história desta prova.

A primeira grande vitória internacional de Tarling deu-se na edição anterior desta prova. (foto: WeLoveCycling)

O percurso

Percurso praticamente 100% plano que conta com 31 quilómetros de esforço, distância já longa que favorece os especialistas e torna mais difícil a existência de grandes surpresas. Quanto ao tempo, há a possibilidade (baixa) de chuva, mas o principal factor a ter em conta será o vento que caracteriza esta zona e que se espera relativamente forte. Caso seja muito irregular, poderá ter impacto no resultado final da prova.

Heusden - Zolder — Hasselt (31km)

O que esperar

É um contrarrelógio, o que por si só já deixa pouca matéria para preencher este espaço. E ainda por cima, nem sequer há ordem de partida ainda, para eu poder especular sobre quem vai ser o primeiro tempo a sério na meta e assim.

Posto isto, queria só dizer que acredito que dada a escassez de profundidade e de qualidade desta startlist, possam existir alguns nomes fora da caixa no top-10 e que se a meteorologia for factor, isto pode ficar mesmo muito esquisito e beneficiar as selecções que trazem mais que um ciclista com capacidade de realizar um bom resultado.

Favorito

Stefan Küng — É o grande favorito. Vem de se estrear a vencer em grande voltas na Vuelta, não há aqui nenhum especialista que lhe deva meter medo e já provou que a sua maldição dos segundos lugares não é aplicável a campeonatos europeus.

A não perder de vista

Stefan Bissegger — Vencedor em 2022 e medalha de prata no ano passado, não tem apresentado o seu melhor nível de forma consistente, sobretudo comparando com o potencial que mostrou na fase inicial da carreira. Ainda assim será um dos poucos que, num dia super, pode fazer frente ao seu compatriota. E dificilmente falhará as medalhas, apesar de eu acreditar que ele preferiria menos uns dez quilómetros.

Mikkel Bjerg — Eu já me fartei de apostar nele e de o levar na app este ano, tal a confiança que tenho no motor dinamarquês. Acredito que a sua presença aqui não seja inocente e, da forma que toda a UAE está a andar no esforço individual, acho que não é completamente impossível ele vencer. Importante relembrar que é tri-campeão do mundo de sub-23 na especialidade e que o ano passado se estreou a vencer no World Tour num contrarrelógio do Dauphiné.

Victor Campenaerts — Adora esta prova, que já venceu por duas vezes, em 2017 e 2018. Mas isso era quando Camp era contrarrelogista, entretanto meio que se transformou mais num classicómano. Ainda assim, fez top-10 na última etapa da Vuelta, que tinha um perfil semelhante a este, e não deverá falhar o top-10.

Søren Wærenskjold — O norueguês ganhou recentemente, numa prova de pinos francesa, um ITT semelhante a este por 40 segundos. Tem um grande motor e, apesar de eu achar que é um pouco longo demais para ele, pode ser mais um a surpreender por terras flandrianas.

Nils Politt — Grande motor, gosta desta zona do globo, é da UAE e a concorrência não é incrível. Boa oportunidade para o alemão fazer aqui um belo resultado.

Dan Hoole — Campeão nacional neerlandês e um ciclista consistente neste tipo de esforços. Mais um que pode aproveitar a falta de especialistas para fazer o melhor resultado da carreira nesta especialidade. Foi 7.º o ano passado.

Kasper Asgreen — Estás ai? Eu acho que não está, lamento.

Edoardo Affini/Mattia Cattaneo — A dupla italiana é bastante interessante, sobretudo Cattaneo, já que eu acredito que para Affini o esforço deverá ser demasiado longo. O homem da Soudal fechou bem a Vuelta, com destaque para o 3.º lugar no ITT final em Madrid e já o ano passado fechou 5.º aqui.

Apostas falso plano

Fábio Babau — Küng. Quem ganha um, ganha dois.

Henrique Augusto — Se o Segaert não tivesse ido brincar com os piqueninos apostava nele, assim deve ganhar Küng.

O Primož do Roglič — King Küng.

Miguel Branco — Cattaneo. Agora sim, livre.

Miguel Pratas — Søren Wærenskjold.

Ricardo Pereira — Küng.