Antevisão Etapa 9 — Tour de France
Eheheh lá vão eles outra vez 🍿 Quem senta quem desta vez?
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Rescaldo da Etapa 8
A notícia do dia é que Mark Cavendish não vai bater o recorde de etapas conquistadas no Tour por Eddy Merckx, pelo menos este ano. O sprinter britânico teve uma queda feia que o obrigou a abandonar no dia seguinte a ter alcançado um segundo posto que alimentou as esperanças de vermos história ser feita nesta edição. Esperemos que a linda história entre Cav e o Tour não acabe desta forma e que ele dê a si mesmo mais uma oportunidade de reescrever a despedida.
Quanto à etapa, tivemos luta pela fuga, mas as equipas dos homens rápidos fizeram bem o seu trabalho e apenas três homens se destacaram. Tim Declercq, Anthony Delaplace e Anthony Turgis constituíram a fuga do dia, que desde o seu início pareceu estar destinada ao fracasso. Delaplace conquistou o sprint intermédio enquanto Turgis venceu as contagens de montanha e foi o último resistente, levando o prémio da combatividade.
No pelotão, as equipas dos candidatos do dia iam-se perfilando na frente, com destaque para a Intermarché e para a Jumbo, que foram as que mais trabalharam, com ajuda esporádica da Cofidis, da Lotto e da Lidl-Trek.
Nos últimos quilómetros, já com a fuga alcançada, começou a frenética luta pela colocação rumo ao durinho último quilómetro final onde Laporte e MvdP lançaram os seus líderes (WvA e Philipsen, respetivamente) quase na perfeição, mas ambos foram surpreendidos por um fortíssimo Mads Pedersen que, saindo na frente, nunca se deixou ultrapassar e picou o ponto vencendo de forma autoritária.
Nota ainda para Simon Yates (caiu nos últimos dez quilómetros) e Mikel Landa que perderam 47 segundos cada um na luta pela geral.
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Percurso
Um perfil de etapa que não tem muito que enganar. 170 quilómetros ligeiramente ondulados — que incluem três subidas categorizadas, todas acessíveis — irão conduzir o pelotão ao Puy de Dôme e aí a conversa muda de figura, porque esta subida tem tudo para nos dar mais um final de etapa épico.
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É desta subida que interessa falar, porque é aqui que se vai decidir tudo o que está em jogo neste dia, tanto na luta pela etapa, como na luta entre os principais galos do pelotão.
O Puy de Dôme começa por parecer uma subida simpática, com os seus 7% de inclinação média iniciais. Depois até nos dá o prazer de ter no meio quatro quilómetros de um bonito falso plano. Mas não se deixem enganar, porque assim que entramos nos cinco quilómetros finais isto torna-se num inferno. Os últimos quatro quilómetros têm todos pelo menos 12% (!) de inclinação média, e isso chega para fazer mal a muita gente. E para nos prometer festa.
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O que esperar
A grande dúvida para esta etapa é se alguma das duas principais equipas — UAE ou Jumbo — se dará ao trabalho de perseguir a fuga com o objetivo de poder colocar o seu líder em condições de discutir a etapa. Eu acredito que nenhuma delas o fará, por ambas já terem visto sinais contraditórios dos seus líderes, não terem certezas de quem está mais forte e por o terreno que leva à subida final não poder servir para endurecer a corrida. Por isso, prevejo uma etapa a três tempos — a luta pela etapa, a luta entre os dois monstros e a luta entre os restantes mortais.
Em relação à fuga, a luta pela formação da mesma será implacável, pois muitos corredores e respetivos diretores desportivos verão aqui uma ótima oportunidade para vencer. Dadas as já grandes distâncias na GC há boas possibilidades de voltarmos a ver um grupo grande na frente. Poderemos ter depois a famosa fuga de la fuga mas ou abrem muito espaço ou tudo se decidirá no muro final. Em suma, é um dia para um ótimo trepador, distanciado na geral e com bom sentido de oportunidade vencer.
No pelotão, espera-se mais do mesmo. O que não é nada mau, diga-se. Entrada a todo o gás na subida, endurecimento da fase inicial por parte de uma das duas equipas (qual delas dependerá das indicações que os seus líderes forem transmitindo) e na entrada dos cinco quilómetros decisivos, um Kuss ou Yates a filtrar muito o grupo preparando o ataque de um dos dois. Eu acredito mais em Pogačar, por ser um esforço curto, mas em rampas destas há poucas características que lhe valham, só valem mesmo as pernas. Que eles vão tentar vão e esperemos que nos forneçam mais um episódio deste duelo que nos está a deixar agarrados ao ecrã nesta edição do Tour.
Quanto aos restantes, resta-lhes tentar seguir durante o máximo de tempo possível e sobreviver depois, focando-se na luta pelo mais baixo degrau do pódio.
Favoritos
Tadej Pogačar — Sim, eu acho que isto vai dar fuga. Mas na fuga podem ganhar uns 20. Se for no pelotão a luta é só a dois por isso estatisticamente Pogi continua a ser para mim o maior favorito. E já se sabe que, se nenhum dropar o outro, o esloveno vence na meta.
Felix Gall — Um super trepador, com liberdade na GC e na equipa, que está em grande forma. Estando na fuga, e certamente irá tentar, será um dos alvos a abater na subida final.
Michael Woods — Penso que entrou com ambições de lutar pela geral, mas um dia mau fechou essa porta. E se calhar ainda bem para o canadiano, que assim pode lutar por etapas descansado. E esta assenta-lhe tão bem, adora pendentes altas e esforços curtos.
A não perder de vista
Giulio Ciccone — Ciccone perdeu tempo na geral o que quer dizer que vamos ter direito à sua melhor versão, como caça etapas. Quando esteve na fuga mostrou-se bem e amanhã andará na discussão procurando a segunda consecutiva para a sua equipa.
Ruben Guerreiro — Será talvez a etapa com o perfil mais adequado ao Cowboy de Pegões, que já provou estar com boas pernas. Talvez seja duro demais, mas eu acredito que numa Movistar atacante ele será a aposta para vencer no Puy de Dôme e concretizar o sonho de vencer no Tour, focando-se depois na camisola das bolinhas. Esperemos que a queda sofrida hoje não tenha efeito na sua capacidade.
Dylan Teuns — Outro que adora estas pendentes. Tem estado discreto mas costuma ser cirúrgico e não ficava admirado de o ver repetir as vitórias que já obteve nesta prova nas edições de 2019 e 2021.
Jonas Vingegaard — Como já disse, se a luta se der no pelotão, ou ganha um ou ganha outro. O camisola amarela aparece mais abaixo por causa da sua menor explosão que, em teoria, o obrigará a descarregar Pogačar para poder lutar pela vitória.
Thibaut Pinot — Rubrica romântica está a começar a tornar-se um hábito das minhas antevisões neste Tour. O amado francês está aqui em despedida da corrida que mais alegrias e frustrações lhe trouxe na carreira e, já se tendo despedido da geral, dará tudo para levar uma tirada. Quem sabe se não é já amanhã. Eu gostava muito.
Apostas falso plano
Fábio Babau — Pogačar. Depois não digas que eu não Tadej.
Henrique Augusto — Parece que sou o único que acredito na fuga. O meu nome para amanhã é Michael Woods.
Lourenço Graça — Da última vez fui em Pogačar, hoje vou em Vingegaard. Não queremos dias iguais.
Miguel Branco — O Elfo vai matar o tour. Rezemos por Tadej.
Miguel Pratas — Etapa e amarela para Tadej Pogačar.
Ricardo Pereira — Vingegaard arruma o tour.