Antevisão Etapa 8 — Giro d'Italia
Back-to-back de Pogačar ou oportunidade para a fuga?
![Antevisão Etapa 8 — Giro d'Italia](/content/images/size/w1200/2024/05/IMG_7801.jpeg)
Rescaldo da Etapa 7
40 quilómetros de contrarrelógio era algo que já há algum tempo não se via numa grande volta e deu espetáculo mais que suficiente para justificar a sua presença. Eram 34 quilómetros iniciais que beneficiavam os especialistas e 6 quilómetros finais em subida, que beneficiavam os voltistas.
Ganna cedo assumiu a liderança e os únicos que se chegaram perto, antes dos homens da geral acabarem o seu esforço, foram os colegas Thymen Arensman e Magnus Sheffield, ambos a menos de um minuto.
Começaram a cair os tempos do primeiro intermédio e o espanto surgiu quando quer Pogačar quer Geraint Thomas apareceram longe dos primeiros lugares e separados entre eles por apenas 8 segundos. Ao que parece, o vento mudou de direção e desfavoreceu quem arrancou mais tarde, justificando também esta desvantagem de mais de 40 segundos.
A partir daqui, foi Pogi Show. No segundo intermédio praticamente manteve a diferença para Ganna e na subida final, quando já todos davam o italiano como vencedor da etapa, pulverizou todos os tempos já estabelecidos e venceu com uma margem final de 17 segundos, suficiente para erguer o punho na meta.
No que à GC diz respeito, Geraint Thomas desiludiu no final e perde 2 minutos para Pogačar e perdendo ainda o segundo lugar para Dani Martínez, que teve um bom dia. Bem também, para os seus objetivos, estiveram Thymen Arensman, que reentra na luta pelo top-10, Antonio Tiberi, que subiu a oitavo e ainda Luke Plapp, que entra no top-5 da geral. Ben O'Connor defendeu-se bem, é agora quarto e mantém bem vivas as esperanças de um pódio final, tal como Cian Uijtdebroeks que apesar de ter sido dos piores entre os favoritos, conseguiu minimizar os danos. Uma "tareia", já expectável, levaram homens como Juan Pedro López, Einer Rubio e Jan Hirt, saltando todos para fora do top-10.
Amanhã há mais, mas ficou provado que, salvo quedas e doenças, não há concorrência para Pogačar neste Giro.
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O percurso
Chega a primeira etapa de montanha a sério deste Giro. Ou pelo menos a primeira chegada em alto realmente dura, dado que a restante etapa é relativamente tranquila. Duas ascensões categorizadas aparecem no meio de um terreno quase sempre ondulado que conduz ao Prati principal do dia.
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São quase 15 quilómetros a uma média de 7% de inclinação, numa subida muito constante — até ao quilómetro final só uma vez baixa dos 6% e o quilómetro mais duro é a 8.5%.
As últimas duas vezes que esta montanha foi ultrapassada a vitória ficou para ciclistas que estarão amanhã à partida — Tadej Pogačar venceu em 2021 no Tirreno Adriatico com 6 segundos sobre Simon Yates e 45 segundos a separar o top-10 e Alexey Lutsenko venceu no Giro d'Abruzzo já esta época, batendo recorde da subida e deixando Diego Ulissi a 2 segundos.
É verdade que as diferenças não têm sido esmagadoras, mas em contexto de grande volta e havendo tão poucas oportunidades neste Giro para os trepadores fazerem a diferença, acredito que amanhã a história possa ser diferente.
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O que esperar
Espero uma luta muito grande pela presença na fuga nos acidentados quilómetros iniciais, com quase todas as equipas a estarem presentes dado que a responsabilidade de controlar a corrida estará com a UAE ou, no limite, com a INEOS. Acredito que se vá formar um grupo grande na frente. O ponto de interesse nesta fase será ver se alguém a uma distância alcançável da rosa (Esteban Chaves, Mauri Vansevenant, Juan Pedro López, Filippo Zana, Lorenzo Fortunato...) se intromete no grupo da frente (dado que a UAE já mostrou alguma abertura a ceder a rosa) e se, depois de formada a fuga, a UAE mostrará desde logo interesse em mantê-la ao alcance com vista a mais uma vitória em etapa de Pogačar.
Penso que a UAE irá tentar meter uma fuga pequena na frente para controlar mas irá falhar nessa missão, e assim sendo, a vitória irá para os fugitivos e a equipa reservará todo o seu poder de fogo para intensificar a última montanha de forma a Pogačar poder dar mais uma machadada nos seus "rivais". Será também interessante ver a luta pelo pódio, com nomes como Geraint Thomas, Cian Uijtdebroeks, Ben O'Connor e Daniel Martínez a lutarem pelo título de melhor dos outros.
Favoritos
Tadej Pogačar — Se não chegar a fuga só há um vencedor possível, não é?
Michael Storer — Está em forma, não será particularmente marcado e já tem histórico de ser letal em fugas de grandes voltas. Seria mais um grande dia para complementar a grande época da Tudor.
A não perder de vista
Esteban Chaves — Não entrou mal neste Giro, estava até no top-10 à entrada do contrarrelógio, onde foi terrível. Pode ser que tenha poupado algo já a pensar nesta etapa.
Damiano Caruso — Está recuperado da queda? Se sim, cuidado.
Giulio Pellizzari — Muito discreto até agora, está a chegar o seu terreno.
Attila Valter — A Visma disse que vinha aqui procurar etapas. Já vão 7 dias e nem um pódio para amostra. Acredito que amanhã vão tentar e que o húngaro seja a principal aposta.
Christian Scaroni — Talvez seja demasiado duro para ele, mas já me surpreendeu algumas vezes este ano.
Apostas falso plano
Fábio Babau — Einer Rubio. Hoje sim.
Henrique Augusto — El Patrón Juan Pedro López. Quiçá com direito a rosa e tudo.
Lourenço Graça — Daniel Martínez ao sprint.
Miguel Branco — Pozzovivo. Adoro despedidas.
Miguel Pratas — Cian Uijtdebroeks. Poupou-se no ITT para limpar o Prati di Tivo.
Ricardo Pereira — Michael Storer.