Antevisão Etapa 7 — Tour de France

Obrigado malta. Não peço muito, só mais 15 dias disto.

Antevisão Etapa 7 — Tour de France
Tour de France

Rescaldo da Etapa 6

Habemus Tour!

Os dois melhores ciclistas do mundo na maior prova do mundo. Frente a frente, lado a lado, mano a mano. Uma ode ao ciclismo de ataque que deixou mais do que óbvio para todos os que ainda ousassem duvidar de que estão mesmo num mundo à parte. Nós, adeptos de ciclismo, não podemos pedir muito mais. E nós, apoiantes de Pogačar, respiramos hoje de alivio com ele.

Antes do fogo de artifício vimos mais uma vez uma fuga grande a formar-se — desta vez sem ninguém que perigasse a classificação geral —  com nomes como o inevitável Wout van Aert, Tobias Johannessen, Neilson Powless e o aniversariante Ruben Guerreiro (teve azar no dia, pareceu estar muito bem mas os favoritos não deixaram espaço para grandes esperanças. Ainda assim, o quarto lugar na etapa e a entrada na luta pela montanha já não são uma má prenda para o cowboy).

A fuga nunca passou os cinco minutos de vantagem para um pelotão controlado pela BORA, do camisola amarela. Já na primeira subida do dia tivemos um momento insólito, que se viria a repetir na ascensão ao Tourmalet, de vermos a Jumbo-Visma puxar na frente com WvA enquanto endurecia a corrida no pelotão.

No Tourmalet começou a montar-se a festa, com Kelderman a dar o primeiro abanão a sério ao qual só os dois favoritos conseguiram resistir mais do que breves momentos (Hindley ainda tentou mas foi sol de pouca dura). Kuss meteu mais uma mudança (que forma, que gregário) e Vingeegard, a mais de cinquenta quilómetros da meta, quis ver se a fraqueza do seu principal rival se repetia. Não podia estar mais enganado, Pogi respondeu fácil e o suspense ficou guardado para a menos exigente subida final. Os dois chegaram ao grupo da frente no cume da subida onde WvA os esperava para os guiar na descida/vale. Destacar que os dois meteram mais de dois minutos em todos os restantes homens da geral com uma facilidade assustadora.

Na última montanha do dia, a Jumbo voltou a forçar o ritmo, o campeão voltou a atacar mas desta vez foi Pogacar quem não saiu da roda e seguiu Vingeegard até sentir que era o momento certo. A três quilómetros da meta lançou-se ao ataque, deixou-nos a todos incrédulos e relançou o Tour, seguindo a solo até à meta. 24 segundos depois chegou um Vingegaard que deve ir hoje dormir bem mais preocupado, embora tenha passado a envergar a amarela.

Malta, ainda temos mais duas semanas disto.

As notícias da morte deste Tour, e das hipóteses deste menino, foram manifestamente exageradas. (foto: BBC Sport)

Percurso

Quase que me sinto aliviado de amanhã ser dia de sprint. Estou cansado depois de dois dias incríveis de ciclismo, a meio da semana. As etapas de transição são essenciais para eu me manter afastado da condição de desempregado.

Nada a dizer em relação ao percurso — 170 quilómetros planos que servirão para mais uma batalha entre os homens mais rápidos. Nota para a possibilidade de chuva na parte final da etapa que esperemos não leve a um caos semelhante daquele que assistimos na última chegada em pelotão compacto.

Mont-de-Marsan - Bordeaux (169.9km)

O que esperar

Um dos grandes pontos de interesse desta etapa é saber se alguém se dará ao trabalho de integrar a fuga do dia. Já vimos neste Tour que a atratividade de ir para a frente "mostrar o patrocinador" já não é o que era e nestes dias onde as hipóteses de sucesso roçam o zero as equipas têm relutância em ir para a fuga. Depois de uma jornada dupla tão intensa, maior ainda será a vontade do pelotão em fazer um "passeio". O sprint intermédio que se localiza perto do quilómetro noventa voltará a servir como aperitivo para o prato final que se servirá mais tarde. Entretanto houve montanhas a sério pelo que já ninguém se irá esforçar por uma quarta categoria.

No final teremos o cenário habitual. Uma luta intensa entre os bons comboios presentes, e são muitos, pela colocação ideal e depois no quilómetro final um MvdP a aparecer com Philipsen na roda que só de lá sairá para, pela terceira vez nesta edição e quinta na carreira, festejar no Tour.

Favorito

Jasper Philipsen — Até agora, Jasper leva dois versus zero por parte do restante pelotão. Tem o melhor lançador, a melhor ponta final e estará com a confiança em altas. Tudo aponta para fazer o 3 x 0 mas a vida dos sprinters é sempre imprevisivel.

A não perder de vista

Caleb Ewan — O pequeno australiano está a renascer neste Tour, com dois pódios em duas etapas. Começa a parecer que não sairá da prova de mãos a abanar, o que antes da mesma começar seria quase um hot take.

Mark Cavendish — Eu sou um romântico. E não tem estado assim tão longe dos melhores.

Dylan Groenewegen — Tem sido um flop. Mas o homem da Jayco já nos habitou a andar desaparecido e aparecer para ganhar. É daqueles que, estando na posição certa, pode competir em velocidade de ponta com Philipsen.

Fabio Jakobsen — Seria óptimo sinal que estivesse na luta, mostrando ter recuperado da queda feia que sofreu. Estando em condições é sempre um candidato.

Wout van Aert — Deve estar cansadinho mas eu sei lá.

Phil Bauhaus — Provavelmente o pior comboio entre os homens rápidos não tem impedido o alemão de estar presente no pódio. Amanhã parece-me um sprint demasiado puro para ele mas os resultados recentes garantem-lhe a presença aqui.

Apostas falso plano

Fábio Babau — Jasper. Alpecin’s Best Disaster part III.

Henrique Augusto — Eu acho que o Cav vai ganhar uma e vou apostar nele até acertar.

Lourenço Graça — WVA. Jumbo sempre, Miguel Pratas.

Miguel Branco — Jasper Philipsen. Já nem mete piada.

Miguel Pratas — Sam Welsford. Dava-me jeito na fantasy.

Ricardo Pereira — 3/6 Jasper.

Sondagem falso plano