Antevisão Etapa 6 — La Vuelta ciclista a España
A primeira chegada em alto. Fraquinha, no entanto.
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Rescaldo da etapa 5
A fuga demorou mais de 50 quilómetros a formar-se. Entende-se. Era a roja que estava em jogo. Uma vez constituída, pronto, não há muito mais a dizer. Aquilo que parecia uma etapa muito interessante, com dupla subida ao Alto del Vivero nos últimos 50 quilómetros, revelou-se um passeio para o pelotão, com a Jumbo-Visma a conseguir o que queria: oferecer a roja a alguém. Esse alguém foi Rudy Molard, que finalizou a etapa em quarto lugar. Fred Wright, que chegou em terceiro, está a dois segundos do francês na classificação geral. Quanto à vitória na etapa caiu para Marc Soler — o espanhol dispensou o apoio a João Almeida para partir sozinho do pelotão numa altura em que a fuga já estava a dois minutos de distância. Na última passagem do Alto del Vivero, o corredor da UAE-Emirates arriscou e saltou para a frente da corrida, numa altura em que Jake Stewart liderava. Nunca mais ninguém o viu. Mentira, o grupo de dez ciclistas que chegou a quatro segundos do catalão não foi capaz de organizar-se na perseguição e já na reta da meta baixaram os braços e deixaram-no vencer.
A subir: Fred Wright. Voltou a rematar ao poste, depois do segundo lugar em etapa na Volta a França. No entanto, está apenas a dois segundos da roja de Molard e amanhã pode tentar roubá-la.
A descer: A minha fé de que a equipa está com João Almeida.
Percurso
Do País Basco rumamos à Cantábria, onde teremos a primeira chegada em alto da edição de 2022 da Volta a Espanha. Há uma segunda categoria (Puerto de Alisas: 8.1kms a 6.4%) quando estiverem percorridos 77 dos 182 quilómetros que unem Bilbao a San Miguel de Aguayo. A cerca de 40 quilómetros da meta temos a subida mais dura do dia, nunca antes feita na Volta a Espanha: Collada de Brenes (6.2 kms a 8.7%). Uma primeira categoria que terá, certamente, a função de separar o vinagre e o azeite no pelotão. E que deverá castigar as pernas dos favoritos — talvez o suficiente para vermos um ou outro favorito a despedir-se da possibilidade de vitória final.
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Há uma descida pronunciada antes da ascensão final a Pico Jano, que vai levar a caravana a San Miguel de Aguayo, mais uma subida inédita na Vuelta. Uma primeira categoria de 12,6 quilómetros a 6,7%, ou seja, não assim tão dura. Entre o terceiro e o sexto quilómetro as pendentes rondam os 8% de média, mas tendo em conta que se encontram no início da subida não devem fazer grande diferença — a não ser que a fuga esteja por perto e que alguém mais atrasado na geral queira vencer a etapa e tente fazer a ponte. Depois há dois quilómetros de falso plano que antecedem os quatro quilómetros finais, bastante constantes, sempre a rondar os 7%.
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O que esperar?
A Jumbo-Visma livrou-se da pressão e parte sem obrigações de controlar a etapa, pelo menos até aos seus últimos 40 quilómetros, onde podem querer aumentar o ritmo para perceber as pernas dos rivais e, se as condições estiverem reunidas, oferecer mais uma vitória em etapa a Roglič. Tendo em conta que a dureza da etapa não é desmedida, a Groupama-FDJ de Rudy Molard acredita que o francês pode permanecer na liderança e trabalhará para isso durante grande parte do percurso. Por outro lado, a Bahrain-Victorious, de Fred Wright, pode estar interessada em levar o britânico de 23 anos à roja, bastando para isso que chegue três segundos à frente de Molard. Pode dar uma ajuda no controle da corrida ou jogar frio e aumentar o ritmo na última subida, confiando que Wright será superior a Molard. Roglič está a quatro minutos e uns pózinhos de ambos os corredores pelo que a esperança será a última a morrer.
Dito isto, dá a sensação que a Jumbo-Visma não se importará de ter folga da roja por mais dois ou três dias — uma fuga com bons trepadores que aguentem a perseguição da Groupama ou um ataque tardio e fulminante podem dar resultado.
Quem vai vencer?
Roglič - Contam-se pelos dedos de uma mão as etapas em que o esloveno não é um dos favoritos até ao final da Vuelta. Amanhã, se a fuga não chegar, contem com um ataque clássico de Roglič já dentro do último quilómetro.
Simon Yates - É, aparentemente, um dos favoritos à geral em melhor forma. Pode querer provar que também vence sem ser em média montanha.
Remco Evenepoel - Está feito um homem. Crescido, ponderado. Aguentou não atacar na dupla passagem ao Alto del Vivero. Até quando durará a sua maturidade?
Jai Hindley - Tem uma boa ponta final para um trepador. Pode ter uma chance.
Sergio Higuita - Se chegar com os melhores e não usar o calor como desculpa, tem velocidade para se intrometer.
Jesús Herrada - A Cofidis vem sem preocupações para a geral. E depois de um jejum tão grande, Espanha merece vencer de novo.
Jay Vine - A Alpecin veio à Vuelta? Não parece. É melhor que alguém apareça e Vine parece ser dos poucos elementos da equipa capazes de agitar as águas.
Esteban Chaves - Está já a 1:39 de Roglič. Pode ter liberdade para um ataque nos últimos quatro quilómetros. Mesmo que não tenha eu acredito sempre.
Apostas Falso Plano
Henrique Augusto: O tubarão começa a sua volta amanhã. Já perdeu algum tempo, não terá resposta imediata e quer o objetivo que falhou no giro - vencer uma etapa.
Lourenço Graça: Sivakov. Está em excelente forma e apetece-me chatear o Miguel Branco. Mas sempre com o coração no meu querido Roglič.
Miguel Branco: Jesús Herrada. Tenho-o na Cycling Fantasy, preciso que ganhe.
Miguel Pratas: Yates. Top 10 no prólogo. Parece estar em forma.
Ricardo Pereira: Higuita. Agora é ir até ao fim com esta brincadeira.