Antevisão Etapa 6 — Giro d'Italia
Dois objetivos: Albanese de braços no ar e João de rodas no chão.
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Rescaldo da Etapa 5
Ao contrário do que eu cheguei a pensar e daquilo a que tínhamos assistido na véspera, não tivemos luta pela fuga, já que a mesma se constituiu rapidamente e com corredores que não preocupavam um pelotão que desejava uma chegada compacta. Nota apenas para Pinot, que mostrou mais uma vez que não quer nada com a camisola da montanha, ficando para trás depois de acidentalmente somar mais nove pontinhos.
A estrela dos primeiros 150 quilómetros foi um cão, o que mostra bem o nível de interesse. Esse pequeno canino mandou Ballerini ao chão e Remco por lá acabou também. Demorou a levantar-se, preocupando os fãs. O pelotão esperou calmamente pelo regresso do belga e a prova seguiu calma até aos dez quilómetros finais, onde nova queda deixou alguns dos homens rápidos de fora da luta e Roglič descolado do grupo principal (onde, ironicamente, era a Wolfpack que puxava, esquencendo-se da "piedade" que por eles tinham tido umas horas antes mas remediando rapidamente o erro, aguardando pelos restantes favoritos).
Já dentro da proteção dos três quilómetros finais Remco Evenepoel voltou a ir ao chão, com alguma violência, e uma das principais curiosidades dos próximos dias será ver como irão os dois principais favoritos à vitória final reagir a este encontro inesperado com o asfalto.
Quanto ao sprint propriamente dito, mais uma vez caótico, mais uma vez com Groves a sair na frente e Milan a tentar passá-lo. Desta vez, o australiano foi mais forte e rematou o bom início de Giro com uma vitória. Mads Pedersen continua àquem das expetativas (1200 na app, meu querido Joãozinho, desculpa) e fechou na terceira posição. Destaque ainda para a chegada em grande estilo de Mark Cavendish que fechou na quarta posição embora tenha cruzado a meta a voar, depois de mais uma queda nos metros finais.
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Percurso
Mais um perfil de etapa meio estranho, com a dureza a concentrar-se na primeira metade da etapa mas desta vez com um grau de dificuldade mais elevado. Mais de oito quilómetros a mais de seis por cento já impõe respeito, e não ficamos por aí. Até aos trinta quilómetros finais não há metros planos. Há ainda o problema de a seguir às subidas normalmente virem descidas, e com mais chuva esperada para amanhã, ainda para mais com o que aconteceu hoje, espera-se um pelotão muito nervoso.
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Fuga ou sprint, eis a questão
Com tantos quilómetros a separarem as maiores dificuldades da meta, não vejo as equipas dos homens rápidos, mas versáteis, a tentarem partir o pelotão nas subidas. Até porque aqueles que podem ser descartados não assustam particularmente, tirando talvez Milan.
Por isso das duas uma: ou sai uma fuga forte inicialmente, com os Healy's, Bettioi's e Rota's desta vida ou podemos ter uma repetição da procissão a que assistimos hoje até aos momentos finais da corrida. Eu acredito que, havendo pelo menos três blocos fortes e unicamente focados no objetivo de levar a decisão para a linha de meta (Trek, Jayco e Alpecin), o controlo de quem sai ou não será apertado, pelo que aposto mais na primeira hipótese, infelizmente. E porque para este tipo de ciclistas atacantes, o dia de sexta-feira pode ser ainda mais aliciante e menos controlado pelo pelotão, por isso podem guardar-se para melhor oportunidade.
Favoritos
Kaden Groves — Está muito forte a subir, o que faz com que não vá certamente ser descartado, tem toda a equipa à sua disposição e hoje provou que, conseguindo um sprint limpo e lançado no momento certo, é provavelmente o mais rápido entre os presentes.
Mads Pedersen — Bater na trave até ser bem sucedido será o pensamento do ex-campeão do mundo neste momento. O avançar da prova e as condições atmosféricas beneficiam-no e mais cedo ou mais tarde vencerá.
A não perder de vista
Jonathan Milan — Estou com uma azia de não o ter levado que nem o meto nos favoritos. Diz que treinou muito as subidas para este Giro, mas até ver é na velocidade final que se tem destacado. Está a ter a sua prova de afirmação e pode voltar a vencer. O que seria mais uma facada no meu coração.
Michael Matthews — Eu acho que nem a Jayco é louca o suficiente para trabalhar o dia todo de forma a formar um grupo do qual o australiano seja o mais rápido. Mas é o que melhor passa as montanhas, sem dúvida, e em pelotão compacto não tem pernas para os restantes velocistas. Não descarto também a hipótese de se tentar intrometer na fuga.
Vincenzo Albanese — Uma das minhas maiores apostas para este Giro parece que em pelotão compacto não quer ir ao sprint. Está com a mania que é trepador ou o que é. À boleia da Jayco de Matthews pode ser dos poucos a passar as dificuldades.
Lorenzo Rota — Já vamos na sexta etapa etapa e o italiano ainda não andou na frente. Já estou a achar estranho.
Bob Jungels — Hot take para a fuga. Passa bem na montanha e dentro de um grupo é uma questão de conseguir isolar-se. Depois apanhem-no. Não sai daqui sem uma etapa, não sei se é já amanhã.
Magnus Cort Nielsen — O bigode voador andar desaparecido e depois, subitamente, aparecer a vencer é uma história que já foi contada muitas vezes. Outro que pode dar da fuga ou de um grupo restrito.
Apostas falso plano
Fábio Babau — .Já vos tínhamos dito que o Bau tem uma filha né? Acaba a etapa e ele dedica-se aos seus (outros) compromissos.
Henrique Augusto — Eu vou de Albanese, mesmo assim à confiança.
Lourenço Graça — Milan, que algum deles ganhe.
Miguel Branco — Kaden Groves. Esse grande sprinter-trepador.
Miguel Pratas — A razão diz Groves, o coração diz Pedersen e a fantasy diz Milan. Por isso a minha aposta é o sprinter da Bahrain.
Ricardo Pereira — Nápoles é terra de argentinos. Gaviria.