Antevisão Etapa 5 — Tour de France
Um ano à espera da desforra. Let the games begin.
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Rescaldo da Etapa 4
Uma etapa atípica teve o seu início marcado por ninguém (!) ter querido ir para a fuga, levando a umas duas horas iniciais feitas em ritmo de passeio que devem fazer a organização refletir sobre este tipo de perfis. A passagem pelo sprint intermédio foi o primeiro ponto de interesse, com Philipsen a confirmar a superioridade. Até ao circuito — literalmente — final, apenas a destacar uma breve tentativa de baroudeur e uma tímida fuga de Cosnefroy e Delaplace (nunca teve mais que um minuto). Nos quilómetros finais o caos instalou-se, com duas quedas (destacar a de Jakobsen, que foi feinha) a partirem por completo o pelotão e a desorganizarem os comboios. No meio da confusão, MvdP apareceu no momento certo na frente para entregar de bandeja a vitória a Philipsen, que mais uma vez não desiludiu e acabou o trabalho. Ewan e Bauhaus seguiram-se, repetindo o pódio de ontem.
Percurso
Concordamos todos que aqueles muritos bascos foram muito divertidos, mas também concordaremos que as montanhas a sério começam aqui.
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Setenta quilómetros quase 100% planos (que dificultarão a formação de uma fuga forte para a montanha) antecedem a primeira subida longa deste Tour. E começamos logo a doer — não é comum ver tanta dureza ao quinto dia de uma grande volta — pois o Col du Soudet tem como cartão de visita 15km a 7%. Já haverá gente aqui a tirar bilhete.Terminando a descida do Soudet teremos 30 quilómetros de um vale ondulado que levará à parede da jornada, onde irão acontecer as decisões.Nestes 5km finais teremos a primeira verdadeira batalha entre os aliens 🍿
Não saiam do sofá que eu também não.
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A subida termina ainda longe da meta — algo que não será de todo inédito nesta edição — e os últimos vinte quilómetros dividem-se entre a descida e o belo, magnífico e sempre bem-vindo falso plano que levará os corredores até à meta.
O que esperar
Pela amostra que tivemos até agora quando o terreno inclina, penso que podemos esperar com elevado grau de certeza uma luta a 2. Aqueles 5 últimos quilómetros da subida final são duros o suficiente para os dois, Pogačar e Vingegaard, se isolarem dos restantes. Aí é que as coisas se tornam mais imprevisíveis, pois o topo encontra-se ainda a vinte quilómetros da chegada (12 em descida) e se o dinamarquês mantiver a postura que tem tido e se recusar a puxar, poderemos ter um reagrupamento. Isto pode ser evitado de três formas: eles não chegarem juntos ao final da subida, conseguindo um deles isolar-se; haver corredores de uma das equipas na fuga do dia e que possa assumir a dianteira do grupo; Vingeegard muda de ideias, aceita que perde os 4 segundos no fim mas distancia os restantes adversários.
Fora da previsível luta de galos acima referida será interessante ver como se começarão a perfilar os restantes candidatos ao pódio, porque se até agora um dia mau custou segundos, amanhã já pode custar minutos. A árvore será abanada e a fruta podre cairá.
O perfil em teoria até poderia apontar para uma fuga forte, e já há muitos ciclistas competentes longes o suficiente na geral, mas vendo aquilo que tem sido a postura da UAE penso que quererão que a vitória fique no grupo dos favoritos, perseguindo durante todo o dia, endurecendo a primeira das contagens de montanha e lançando o ataque de Pogačar no Col de Marie Blanche.
Favoritos
Tadej Pogačar — O esloveno já deu mostras de que as preocupações com a sua lesão eram infundadas e de que a conversa da co-liderança não passa disso. Conversa. Falta ver como estará em esforços mais longos mas eu acho que é o mais forte neste tipo de dias e a vitória só lhe fugirá caso se volte a encontrar num impasse com Vingeegard e seja depois surpreendido por um late attacker.
Jonas Vingegaard — Pode ganhar deixando Pogačar para trás na subida final, o que parecendo difícil já foi conseguido pelo campeão em título. Ou então jogando com a cabeça e a confiança de Pogačar, puxar mas a meio gás, refugiar-se nos quilómetros finais e, na meta, estando menos desgastado que o esloveno, surpreender.
A não perder de vista
Jai Hindley — Além de ser a meu ver o ciclista com mais possibilidades de tentar seguir com os dois favoritos, tem também uma boa ponta final que lhe poderá ser útil em caso de reagrupamento.
Simon Yates — Apareceu bem neste Tour, gostaria de tirar a camisola ao irmão e acredito que tenha alguma liberdade dada a desconfiança com que olharão para ele.
Daniel Martínez — Está na pior forma da vida dele ou perdeu tempo propositadamente a pensar neste dia? Sendo a segunda, reúne todas as condições para ser dos mais fortes na fuga do dia.
Esteban Chávez — Prefiriria uma chegada em alto mas há dureza suficiente para o pequeno colombiano, estando bem, fazer as diferenças e chegar isolado à meta.
Matteo Jorgenson — Primeiro desistiu Mas. Depois o jovem americano perdeu quase 20 minutos. Por isso está tudo em ordem para a Movistar apostar forte nas fugas e apontar a etapas como esta. Com Jorgenson e com outro jovem que não vou dizer o nome para não dar azar.
Alexey Lutsenko — Depois de duas edições em que apostou tudo em garantir o seu lugar no top-10, apresentando exibições discretas mas consistentes, o cazaque parece este ano voltar à sua praia e vai andar ao ataque para caçar etapas. Amanhã terá a sua primeira oportunidade.
Apostas falso plano
Fábio Babau — Powless. Este é o motivo pelo qual não foi para a fuga hoje.
Henrique Augusto — Das duas uma. Tadej ou Pogačar.
Lourenço Graça — Poga e Ving de mãos dadas.
Miguel Branco — Victor Lafay. A verde está perfeitamente ao alcance.
Miguel Pratas — Das duas uma. Ou Pogačar ou Tadej.
Ricardo Pereira — Aposta para amanhã: Vitória de um gaulês. Felix Gall.