Antevisão Etapa 4 — Giro d'Italia
A última subida é uma segunda categoria? Isto é o que nós queremos, quando é que vêm mesmo as de primeira? Dia para os tubarões que querem a geral.
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Rescaldo da Etapa 3
Ao terceiro dia de Giro, na véspera do primeiro dia de montanha, esperava-se mais um dia relativamente tranquilo, apesar das dificuldades finais. A tirada teve sempre uma equipa em destaque, a Jayco. Foi a equipa que trabalhou mais ao longo do dia e isso deu frutos, como era esperado a maior parte dos homens mais rápidos não passaram com o pelotão as duas contagens de montanha do dia.
A tática da Jayco foi tão bem executada que conseguiram deixar para trás Magnus Cort, um dos que podia ter feito boa figura na chegada de hoje, e a certa altura até o grande favorito, Mads Pedersen, descolou e a equipa teve de o ajudar a recolar.
Como eu disse anteriormente, o dia não foi assim tão tranquilo e que o digam os fãs "tugas". Já perto do final da etapa, João Almeida deixa de estar no pelotão, pois esteve envolvido numa queda com o ciclista da Israel Mads Würtz. Felizmente ou miraculosamente, toda a equipa deixou-se ficar para colocar o atual segundo classificado do Giro (por perda de tempo de Ganna no dia de hoje) novamente no pelotão. A queda esteve longe de ser grave e o ciclista português já deu indicações de se sentir bem após o infortúnio.
Já mais calmos, depois deste sobressalto assistimos a uma curiosidade interessante. Remco e Roglič a irem às bonificações do sprint intermédio e a ficar a ideia de que o esloveno não se esforçou para conseguir ficar à frente de Evenepoel, deixando o belga passar em primeiro. Terá sido bluff?
Regressando ao que interessa, se bem se lembram escrevi no início que existiu uma equipa em destaque e o trabalho não só deu frutos ao longo da etapa, como também no final. Michael Matthews bateu surpreendentemente Mads Pedersen ao sprint e Kaden Groves (sim, o homem da Alpecin foi o único puro sprinter a passar as dificuldades) fechou o pódio. Ficaram algumas dúvidas quanto à forma como a certa altura o australiano faz um desvio na estrada, mas a organização considerou regular. De realçar o sétimo lugar de Roglic que ainda assim não chegou para ter influência para a classificação geral.
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Percurso
E eis que ao quarto dia de prova poderemos começar a perceber quem está bem de pernas. Chegou a primeira etapa de montanha. Três segundas categorias pode ser considerado uma etapa de montanha? Com estas pendentes, pode. Ao quilómetro 49 os ciclista irão começar a subir o Passo delle Crocelle, cerca de 14 quilómetros a 4.3%. Passados 40 quilómetros começarão por subir o Muro Lucano, 5.1 quilómetros a 5.5%, e depois sem descerem, sobem o Valico di Monte Carruozzo, 8.8 quilómetros 4.9%.
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Parece pouco. Mas os ciclistas nestas subidas vão andar sempre acima dos 1000 metros de altitude e eis que chegamos ao Colle Molella, em que destaco os últimos 4.4 quilómetros com pendentes a chegarem perto dos 10%. Segunda categoria? Está certo. Isto promete.
Os 3 quilómetros finais serão em plano.
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O que esperar
Haverá certamente uma fuga desde o início a tentar a sua sorte, mas a primeira montanha pode trazer aqueles fugitivos que poderão dar mais trabalho ao pelotão.
Nomes como Lorenzo Rota, Waren Barguil e Lorenzo Fortunato que já estão a alguns minutos de Remco poderão ter alguma liberdade. Ainda assim, não creio que as equipas do pelotão queiram oferecer já um bombom e não deixarão uma eventual fuga ganhar muito tempo ao ponto de já só serem vistos após a meta.
Amanhã é dia para a geral, é dia de começarmos a perceber quem poderá lutar por um top-10 e quem não está assim tão bem. Estou convicto de que a última subida já fará diferenças entre alguns dos favoritos ou poderá servir para alguns daqueles que já perderam tempo no ITT, recuperarem agora.
Favoritos
Primož Roglič— Não querendo ser faccioso, acho que Roglič é o maior favorito para a etapa 4. Pendentes já consideráveis e um final em plano favorecem o esloveno.
Remco Evenepoel - Vai estar bem e juntamente com Roglič vão deixar os adversários para trás, mas vai perder ao sprint para o canibal.
A não perder de vista
João Almeida — Desculpem-me por não o colocar no patamar de cima, mas preciso de ver como se comporta amanhã. Até agora tem estado exemplar, ainda assim curioso para saber que João teremos. De trás para a frente ou sempre na frente?
Aleksandr Vlasov - Perdeu praticamente um minuto no ITT e acho que é daqueles que amanhã poderá ser dos primeiros a tentar mexer com a corrida. Veremos se está com pernas para recuperar tempo.
Tao Geoghegan Hart - Um dos ciclistas que surpreendeu na forma como se apresentou na primeira etapa, ainda assim por infortúnio do destino na etapa 2 perdeu mais 19 segundos. A Ineos vai ser uma equipa que estará ativa no dia de amanhã.
Apostas falso plano
Fábio Babau — O Bau tem uma filha pequena, sabem?
Henrique Augusto — A lenda. Betilol.
Lourenço Graça — "O seu amor é canibal / Comeu meu coração / Mas agora eu sou feliz". Achei que citar Ivete Sangalo seria ideal para referir que amanhã é dia de canibal.
Miguel Branco — Kaden Groves. Já que ele sobe tão bem...
Miguel Pratas — Maglia rosa para a EOLO-Kometa. Aposto em Lorenzo Fortunato.
Ricardo Pereira — De Marchi, etapa e rosa. Ou só etapa. A rosa fica para outro.