Antevisão Etapa 3 — La Vuelta ciclista a España
Eu disse que chegávamos ao Olimpo, só não disse quando. É agora... Eis que chegamos aos Pirinéus.
Rescaldo da Etapa 2
A minha vontade era ter neutralizado este rescaldo, mas os meus colegas não me permitiram.
Depois da inércia de ontem por parte da organização perante o que estávamos a assistir, hoje decidiram que iriam ser mais papistas que o Papa e neutralizaram os tempos da etapa a nove quilómetros do final (só as bonificações no alto da subida e no final da etapa contavam), ou seja ainda antes da subida a Montjuic. Isto fez com que o final de etapa não tivesse tanto interesse, pois os homens da geral decidiram poupar-se para o dia que aí vem.
Com esta decisão da organização e parece-me medo do pelotão em arriscar, tivemos uma vitória da fuga na conquista da roja. Andrea Piccolo é o novo líder da geral, pois chegou aos nove quilómetros finais com vantagem suficiente para conseguir conquistar esse feito e a seguir deixou-se ser apanhado. Ele e Javier Romo.
No que diz respeito à vitória na etapa, Andreas Kron desferiu um ataque na subida de Montjuic, ninguém teve pernas para o apanhar e o dinamarquês chegou à meta isolado. Kaden Groves e Andrea Vendrame completaram o pódio ao chegarem num grupo perseguidor.
Nota: Durante a etapa aconteceu o habitual, queda de Primož Roglič, mas nada de preocupante, e também o abandono do prodígio Oscar Onley.
Percurso
Ultrapassado este início fatídico a todos os níveis subimos no mapa e também na altitude. O pelotão da Vuelta chega aos famosos Pirinéus.
A primeira subida relevante da edição deste ano chama-se Coll d'Ordino e são 17.5km a 4.9%. Longa, mas com pouca dureza. Essa fica para os últimos quilómetros com a chegada a Arinsal (8.2km a 7.8%) e aí podemos contar com pendentes a rondar os 10% nos últimos quatro quilómetros.
E é logo ao terceiro dia de prova que os ciclistas chegam praticamente aos 2000m de altitude, por duas vezes, e o acumulado é de 3472m. Não está prevista chuva, pelo menos abundante, à hora da chegada, mas os termómetros rondarão os 10ºC.
O que esperar
Se a organização não intervir, será claramente o primeiro dia para os homens da geral. E digo isto, porque já existem alguns ciclistas atrasados por consequência do contrarrelógio e quererão mostrar a sua forma.
A fuga que irá certamente existir não terá grandes chances de vingar e equipas como a Jumbo-Visma, a UAE e a INEOS terão a obrigação de controlar a corrida para na subida final os seus líderes se testarem mutuamente.
A subida é dura e dá para fazer diferenças se for bem endurecida. Os últimos quatro, cinco quilómetros poderão ser decisivos e espero ataques de homens como Ayuso, Vlasov e Roglič. Será interessante ver a postura da Quick Step e a quem responderá Remco Evenepoel.
No final do dia de amanhã já teremos uma ideia mais concreta de quem poderá estar na linha da frente para vencer esta Vuelta 2023.
Favoritos
Primož Roglič — Já estou a vê-lo a atacar nos últimos três quilómetros e depois segurem o canibal.
Juan Ayuso — Para mal do nosso patriotismo, vai começar já a mostrar quem manda.
Aleksandr Vlasov — Já disse que espero que esteja em forma e acho que amanhã vai mostrá-lo.
A não perder de vista
Remco Evenepoel — A sua equipa não tem que controlar e sendo que vamos chegar perto dos 2000m estou curioso para ver como se porta. Mas acredito que vai estar bem.
Enric Mas — Arrisco que faz top-5.
Jonas Vingegaard — O melhor trepador do mundo, veremos para aquilo que vem.
Geraint Thomas — Começa amanhã mais um pico de forma do britânico.
Lenny Martinez — Adorava vê-lo com os melhores. Gosto dele e tem uma qualidade tremenda.
Apostas falso plano
Fábio Babau — Primož Roglič. Primeiro acto do canibal.
Henrique Augusto — Vlasov vai entrar com o pé direito antes de flopar só para baralhar o pessoal.
Lourenço Graça — No coração Roglič, na racionalidade Ayuso.
Miguel Branco — Bryan Coquard. Amanhã vai dar sprint, está-se mesmo a ver.
Miguel Pratas — Vitória e roja para Remco Evenepoel.
Ricardo Pereira — Filippo Zana ganha mais um final neutralizado.
