Antevisão Etapa 20 — Tour de France
The last dance.
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Rescaldo da Etapa 19
Quem esperava uma etapa de transição calma, fruto do extremo cansaço já acumulado ao longo de tantos dias de competição, não podia estar mais enganado. A corrida foi frenética, tendo o vencedor percorrido os 172 quilómetros a uma média superior a 49 km/h. Já se esperava um início caótico com toda a gente a querer estar na fuga do dia, mas mesmo assim o pelotão conseguiu exceder as nossas expetativas. Chegámos inclusivamente a ter abanicos com Adam Yates a ter tido uma desatenção que lhe podia ter custado o pódio.
Ao fim de 60 quilómetros lá se estabeleceu a primeira fuga do dia. E digo a primeira porque pouco mais à frente e aproveitando o facto da vantagem nunca ter sido grande, a corrida voltou a partir completamente, com três grupos à frente do pelotão que totalizavam mais de trinta ciclistas. A movimentação final deu-se na última e mais dura subida categorizada do dia, com Asgreen a lançar um ataque que apenas Mohorič e O'Connor seriam capazes de seguir. Hesitações atrás e muita força de trabalho à frente levariam a que estes fossem para o pano de meta discutir entre si a vitória.
No quilómetro final O'Connor, sabendo que era mais lento, fez o que lhe competia e tentou surpreender. Asgreen fechou o espaço e lançou um longo sprint de mais de 300 metros, pronto para repetir a vitória da véspera. Mas Mohorič, já nos 50 metros finais conseguiu sair da roda do dinamarquês e, no lançamento da bicicleta, levar a decisão para o photo-finish, que lhe viria a ser milimetricamente favorável.
Nota ainda para o show dado pelo esloveno depois da vitória. Começou na clara emoção que lhe estava espelhada no rosto, lembrando o falecido colega Gino Mäder e que continuou na entrevista que vale a pena ouvir, onde deixa claro o quão dura é esta vida. Mohorič mostrou que não é por já ser a terceira vez que ganhar no Tour deixa de ter um sabor muito especial.
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Percurso
O último dia do Tour traz-nos também a última etapa de montanha. Na curta distância de 134 quilómetros encontramos seis contagens de montanha.
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Se a primeira subida deverá servir desde logo para partir a corrida e definir a fuga, será apenas nas duas últimas subidas, que se encontram de forma consecutiva entre os 40 e os 8 quilómetros para a meta, que a corrida se decidirá.
A última subida, cujo perfil podem ver em baixo, dar-nos-á o último espectáculo montanhoso desta edição do Tour e será aqui que irão surgir não só os ataques decisivos no que à vitória em etapa diz respeito mas também os últimos ajustes entre os homens do top-10.
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O que esperar
Depende de como Pogačar acordar. Se ele disser à equipa que as pernas voltaram, pode colocar a equipa a trabalhar para tentar vencer a etapa, dado que o terceiro lugar do colega também não parece estar em risco. Caso contrário, só uma vontade de demonstração de força de Vingegaard pode retirar a luta pela etapa aos homens da fuga, mas não acredito que o futuro bi-campeão do Tour faça isso aos seus colegas que já tanto trabalharam ao longo das três semanas.
Já não teremos o confronto final pela vitória no Tour que esperávamos, mas ainda há muita coisa em disputa. A camisola da montanha à cabeça, com Felix Gall e Giulio Ciccone separados apenas por 6 pontos quando há 37 em disputa. Depois há a curiosidade de ver se Carlítos Rodriguez ainda tem pernas para pensar atacar o mais baixo lugar do pódio, que se encontra a 1:16, ou se já só pensa em defender-se dos perigos que vêm atrás e que, se tivermos mais uma etapa louca, podem também ainda sonhar com o pódio. Sobretudo Simon Yates está a fechar bem a prova e não está assim tão longe. No restante top-10 poderão haver ajustes de lugares, sobretudo se tivermos corredores deste grupo a conseguir estar na fuga do dia.
Todas estas lutas marcarão a etapa e, provavelmente, a fuga do dia, numa tirada que tem tudo para ser atacado desde o ínicio e o ultimo de muitos grandes espectáculos que este Tour nos proporcionou. Desta vez, nem há qualquer razão para poupar as pernas para o dia seguinte.
Favoritos
Felix Gall — Quem está a subir da maneira que o austríaco está a subir e tem liberdade para estar na frente, tem que ser o favorito caso a fuga vingue. Poderá ainda aproveitar para tentar subir um ou dois lugares na GC e levar a montanha para casa. Normalmente não são só dois coelhos de uma cajadada?
Sepp Kuss — Deram liberdade total a Laporte e o mesmo acredito que acontecerá nesta etapa com o fiel gregário americano. Parece estar a acusar um pouco o cansaço (pudera...) mas também é possivel que se estivesse a poupar para lutar por esta etapa. Tem que chegar isolado, mas se tiver bem, é mais do que capaz de se isolar.
Jonas Vingegaard — Se se discutir entre os homens da geral, já não há grandes duvidas de qual deles é o mais forte. Seria a sentença final na sua autoritária vitória no Tour.
A não perder de vista
Simon Yates — Está a fechar o Tour com boas pernas e acredito que atacará para ver se algum dos rivais colapsa. Quer seja da fuga ou do grupo dos favoritos, a vitória não está fora do alcance do britânico.
Tadej Pogačar — Never underestimate the heart of a champion.
Giulio Ciccone — Vai andar na fuga e vai desgastar-se muito a lutar pela camisola das bolinhas. Mas isso garante que, tendo pernas, anda sempre no grupo da frente e esta etapa é o tudo ou nada para o italiano.
David Gaudu — Tinha que fazer algo muito especial para salvar o miserável Tour que fez, dadas as expetativas. Costuma fechar bem as três semanas e precisaria de uma vitória de etapa aliada a uma subida na GC para não ir para casa a pensar na vida.
Apostas falso plano
Fábio Babau — Felix Gall. A cantar desde 1998.
Lourenço Graça — Jonas na luta pela camisola da montanha.
Henrique Augusto — Era bonito Pogačar deixar este Tour com outra imagem. E eu acredito que é o que vai acontecer.
Miguel Branco — Adam Yates. A assaltar o segundo lugar do pódio de forma bastante suja.
Miguel Pratas — Jonas Vingegaard. Lamento, Tadej.
Ricardo Pereira — Halland, Halland, came to us from Uno Team, he's here to win the stage twenty, Ha Ha Ha Halland.