Antevisão Etapa 2 — La Vuelta ciclista a España

Rescaldo da Etapa 1

Finalmente arrancou a Vuelta perante o público português e desde logo começou a emoção. E a surpresa.

O primeiro tempo relevante foi estabelecido por Edoardo Affini, que se manteve no hot seat durante cerca de duas horas, até começarem a chegar os "tubarões". O primeiro tubarão virou peixinho, já que Joshua Tarling, o grande favorito do dia, não conseguiu bater o tempo do italiano. Quem o fez foi outra surpresa, Mathias Vacek, assumindo a liderança provisória. Liderança essa que manteria até à chegada de Mcnulty, penúltimo na estrada, que passou para a frente não tivessem já havido surpresas suficiente 🤯 O setup da UAE continua a mostrar-se fortíssimo e o americano leva a 3.ª vitória WT do ano na especialidade.

A fechar a estrada veio Wout van Aert que, mesmo sendo o melhor até ao primeiro ponto intermédio, não conseguiu chegar, para já, à Roja, ficando-se pela 3.ª posição. Terá os próximos dois dias para atingir esse objetivo.

Na geral os melhores foram Primož Roglič, em 8.°, e João Almeida em 10.°, a três segundos do esloveno.

Destaque ainda para as perdas de tempo de Adam Yates (18s), Enric Mas e Richard Carapaz (24s), Ben O'Connor e Sepp Kuss (36s). O pior dos homens com ambições ao pódio final foi Mikel Landa, que perdeu 50 segundos (tudo tempos em relação a Roglič).

O percurso

Dia calmo, a condizer com este início em Portugal, infelizmente. Deverá dar sprint e apenas o pequeno topo rumo ao Alto da Batalha, com o cume a cerca de 20 quilómetros do final, poderá alterar o desfecho. Mas é difícil, a dureza é muito pouca.

O que esperar

Honestamente, não espero de todo um dia agitado. Está um calor dos diabos e será difícil convencer corredores perigosos a integrar a fuga, que deverá acabar por ser composta sobretudo pelas equipas convidadas espanholas.

Acredito, isso sim, em algumas tentativas de ataque nos acidentados últimos 30 quilómetros, porque o terreno permite e porque há pouca gente para controlar. Além da Visma e da Alpecin não vejo ninguém a assumir essa responsabilidade. Penso que deverá chegar, até porque vão dar tudo, já que para a Alpecin poucas oportunidades existirão e para a Visma porque pode chegar à camisola da liderança. Ainda assim, espero que alguém tenha a ousadia de agitar a corrida, mesmo sabendo que estará, muito provavelmente, condenado ao insucesso.

Em suma, espero um sprint entre semi-sprinters.

Favoritos

Wout van Aert — Não venceu mas manteve-se a uma distância que lhe permite sonhar com a Roja, e até sair de Portugal será esse o foco dele e da equipa. Com tão poucos sprinters presentes, o objetivo é mais do que realista, basta-lhe fechar no top-3 da etapa.

Kaden Groves — Em teoria o mais puro sprinter à partida, tem feito carreira a ganhar nas provas às quais os melhores homens rápidos se baldam. Como aqui.

A não perder de vista

Bryan Coquard — Deve andar por lá mas vejo vida difícil para vencer. Vai ser um dos candidatos à verde.

Corbin Strong — Um ciclista do qual espero muito nesta Vuelta. Tem punch, tem sprint e pode disputar muitas etapas. A começar por esta, quer seja a partir da fuga quer a partir do grupo principal.

Pavel Bittner —Andou que se fartou em Burgos. Vai dar flop ou joker agora que está numa corrida à sério?

Jhonatan Narváez — Outro que, à semelhança de Strong, tem tudo para brilhar nesta Vuelta. Com um lote de sprinters tão reduzido, o equatoriano pode esperar pelo final para fechar no top-5. Ou tentar surpreender antes e, com um grupo forte, enganar o pelotão, tornando-se o favorito para a vitória.

Nelson Oliveira/Rui Costa — Estão em Portugal e não vão querer sair sem deixarem a sua marca. Acredito que vão andar ao ataque, depois se dará para a vitória ou não, já é outra conversa. Esperemos que sim, mas é obviamente um long shot.

Apostas falso plano

Fábio Babau — Gugliemi. Esperem pelo slow motion da sua vitória no nosso Instagram.

Henrique Augusto — Wout. É uma questão de nunca se perder a esperança.

O Primož do Roglič — Se o Roglič ganhar eu choro.

Miguel Branco — Jon Aberasturi. Um dos melhores sprinters em prova.

Miguel Pratas — Pavel Bittner. O melhor sprinter em prova.

Ricardo Pereira — Wout.