Antevisão Etapa 19 — Tour de France

O primeiro dos dias decisivos.

Antevisão Etapa 19 — Tour de France
Le Tour de

Rescaldo da Etapa 18

Era uma etapa para a fuga e isso veio a confirmar-se, com um grupo de mais de 30 corredores a tomar a dianteira da corrida desde muito cedo. Entre eles, destaque para Wout van Aert (acompanhado por mais um Visma), o vencedor da etapa anterior Carapaz, que iria lutar pelos pontos da montanha com Lazkano, o seu colega de equipa Ben Healy, Kwiatkowski, Bling Matthews, Jai Hindley, Aranburu, etc.

A etapa não teve grande história, a cada subida haviam os normais ataques, mas o grupo não se partiu até ao final da última subida categorizada. Aí, Kwiatkowski tomou a iniciativa e atacou seguido por Vercher e Campenaerts. Até final, os três da frente colaboraram enquanto eram perseguidos por um segundo grupo que nunca se conseguiu aproximar. Já dentro do último quilómetro, Vercher tentou destacar-se, sem sucesso, com o polaco a fechar o espaço, e no sprint Campenaerts derrotou os seu colegas de fuga.

O pelotão fez a etapa toda a ritmo de passeio, o que fez com que Guillaume Martin quase fizesse um Guillaume Martin, ficando a cerca de dois minutos do top-10, tal como Steff Cras.

O ano passado atacava tanto e tão mal que me dava asco. Este ano via-se que estava forte como um touro. (foto: Twitter @LeTour)

O percurso

Chegámos ao derradeiro bloco de etapas deste Tour. E começamos com o grande teste em altitude. É uma etapa relativamente curta, 145 quilómetros, mas temos mais de 4500 metros de acumulado divididos por duas subidas de categoria especial e uma primeira categoria no final. Sendo os principais motivos de interesse a Cime de la Bonette e o Isola 2000.

A Cime de la Bonette é uma subida de 23 quilómetros, que chega aos 2800 metros de altitude. Pendente média de 6.8%, sendo uma subida muito regular, a pendente média de cada quilómetro anda quase sempre entre os 6% e os 9%, com dois quilómetros já no fim com pendentes mais baixas.

O Isola 2000, é uma subida menos dura, mas também menos regular. Tem 16.1 quilómetros a 7.1%, sendo que as maiores dificuldades estão na primeira metade da subida, os primeiros oito quilómetros têm média de 8.3%, com alguns quilómetros acima dos 9.8%.

O que esperar

Acho que podemos esperar a Visma a tentar colocar corredores na fuga, a UAE a responder, ou não permitindo ou colocando também os seus homens, e a Soudal a tentar passar pelos pingos da chuva.

Quando a fuga estiver formada não vejo razão para a UAE perseguir, a não ser a loucura de Pogačar por ganhar etapas. Mas a questão agora prende-se pelo estado de forma de Vingegaard. Nos últimos dias tem dado sinais de fraqueza e na quarta-feira, pela primeira vez, Remco chegou à frente dele ao topo de uma subida neste Tour. Portanto, dependendo de como o dinamarquês estiver, poderemos vê-lo a atacar na penúltima subida para apanhar um colega que esteja na fuga ou, caso as últimas indicações sejam reais, acho que a ação ficará para a última subida e, aí, Pogačar estará em clara vantagem.

Isola 2000 é a subida em que o esloveno treinou altitude, portanto deve conhecê-la como a palma da sua mão. Para além disso, é uma subida que na segunda metade favorece as suas características, com gradientes que beneficiam mais a potência do que o peso. E é o mais forte em prova, claro.

Para mim, na geral, o grande motivo de interesse vai ser ver o desempenho de Remco e Vingegaard. Estará o belga em condições de tentar ficar com o segundo lugar?

A vitória na etapa depende da ambição de Pogačar. Caso queira ganhar será dele, caso não esteja interessado acredito que será para a fuga.

Favoritos

Tadej Pogačar — Se quiser, desde que a sua equipa esteja à altura, ganha.

Richard Carapaz — Suponho que queira estar na fuga para lutar pela montanha, está em forma e se for dada liberdade à fuga será um dos favoritos.

Simon Yates — Também está em forma, mas terá de jogar melhor a sua cartada. Carapaz vs Yates 2?

A não perder de vista

Remco Evenepoel — Não dá sinais de quebra e, na minha opinião, vai conseguir passar Vingegaard na geral.

Jonas Vingegaard — As últimas indicações não são boas. Deu sinais de finalmente estar a sofrer devido à preparação não ideal que teve antes do Tour. Mas Vingegaard é Vingegaard.

Enric Mas — Parece estar a subir de forma, mais uma fuga, mais uma tentativa.

Laurens De Plus — Já andou à procura do sucesso individual. Acredito que tenha liberdade dentro da equipa para tentar outra vez. A INEOS bem precisa de algo para celebrar neste Tour.

Felix Gall — Chegou o terreno dele. Está à porta do top-10 e a Decathlon é outra equipa a precisar de uma vitória. Espero que finalmente se mostre nesta Volta à França.

Apostas falso plano

Fábio Babau — Lapeira, como é óbvio.

Henrique Augusto — Pogačar brinca ao estilo Giro.

Lourenço Graça — Poga oferece a etapa ao João.

Miguel Branco — João oferece a etapa a Poga.

Miguel Pratas — Almeida isola Pogačar para o poker nesta edição.

Ricardo Pereira — Pogačar sabe que o tempo não corre a seu favor no que toca a bater o recorde de Cavendish.

Sondagem falso plano