Antevisão Etapa 17 — La Vuelta ciclista a España
O percurso não é duro o suficiente. Terão que ser os ciclistas a criar o caos.
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Rescaldo Etapa 16
Fuga que não teve qualquer contestação com Luis Ángel Maté e Ander Okamina esteve na frente por 180 quilómetros, o que foi uma festa para a floresta espanhola e uma seca para nós. Tem havido demasiadas etapas destas nesta Vuelta.
O final era armadilhado e Roglič quis fazer valer a sua explosividade para ganhar uns segundos aos restantes favoritos, arrancando a 2 quilómetros da meta. Ackerman fechou o espaço e juntamente com Pedersen, Van Poppel e Fred Wright seguiram na roda do esloveno até à entrada na reta final, onde o ex-campeão do mundo aproveitou o sufoco dos restantes sprinters e a incrível forma em que se encontra para com facilidade selar o bis nesta Vuelta e mostrar que é claramente o mais forte neste terreno.
Após o lançamento do sprint, Roglič tocou na roda de Wright e foi com força ao chão, deixando mazelas que esperemos não virem a afetar a hipótese de continuar a lutar por cada segundo para chegar à Roja. Hoje ganhou oito segundos, devido ao corte que provocou para o pelotão, que Evenepoel não teve possibilidade de tentar integrar devido a um furo já na subida final.
Valeu a pena? Esperemos que sim. Gostamos de ciclismo de ataque e o canibal ser “penalizado” pela sua coragem de hoje seria de uma injustiça tremenda.
A subir: Roglič. Mostrou audácia, forma e vontade de correr atrás do prejuízo, aproveitando qualquer oportunidade para ganhar uns segundinhos.
A descer: Roglič. A queda de hoje pode ter sido o suficiente para, mesmo que não o venha a tirar da prova, inviabilizar o pico de forma que necessita para ainda levar esta Vuelta de vencida.
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O percurso
Mais um dia unipuerto, com a única contagem de montanha do dia a coincidir com a meta. Apesar disso, o terreno é ondulado e é antes da subida final que se percorrem 2000 dos 2700 metros de acumulado da etapa.
A subida para Monasterio de Tentudía é mais uma que está em estreia nesta Vuelta e é feita em três partes, abrindo com 2 km a 7,2%, a que se seguem 3 km planos (nem falso plano é 🥲) para se chegar a uma consistente rampa final de 4.1 km a 7,5%.
Nota ainda para um início com 20 quilómetros a descer, que tornará mais difícil a formação da fuga e fará com que tenhamos um início velocíssimo.
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O que esperar?
Já tinha isto escrito e a queda de Roglič obrigou-me a repensar. Achava que a Jumbo iria controlar para atacar as bonificações numa subida tão ao estilo do esloveno. Com a equipa a dizer que a continuação do tricampeão só será decidida pela manhã, o plano terá sido abortado e não me parece que mais alguém no pelotão perseguirá a fuga, que vencerá como aconteceu em todas as chegadas em alto da prova até agora. Posto isto, teremos uma luta que pode durar várias dezenas de quilómetros pela presença na fuga, e um dos principais pontos de interesse será ver se algum ciclista do top 11 tentará intrometer-se na mesma para subir algumas posições e colocar as restantes equipas sob pressão. Se isso acontecer, o pelotão controlará à distância ao invés de se passear ao longo da etapa, mas acredito que mesmo assim teremos “duas chegadas”. A luta pela vitória e a luta pela geral.
A subida final não será dura o suficiente para fazer grandes diferenças entre os homens da geral, mas numa fase já tão adiantada da prova e com as oportunidades a escassear, haverá quem queira fazer testes às pernas de terceira semana dos seus rivais e pode sempre acontecer alguma surpresa. López tentará por certo subir ao top5 por troca com um dos jovens espanhóis que estão a entrar em território desconhecido, O’Connor não tem nada a perder, Mas está na forma da vida dele e Ayuso gosta destes topos. Roglič é uma incógnita.
Quem vai ganhar?
Sergio Higuita — Que desilusão está a ser esta Vuelta para o colombiano. Amanhã tem uma oportunidade para dar a volta ao texto inserindo-se na fuga e vencendo numa subida bem ao seu jeito.
Alexey Lutsenko — Mais um a quem esta subida assenta muito bem. Tem facilidade em entrar em fugas e será um perigo à solta nesta chegada.
Alejandro Valverde — Vá lá Bala, o mundo inteiro quer ver-te ganhar!
Marc Soler — Já disse que quer mais uma vitória, está em boa forma e tem luz verde da equipa para tentar alcançar esse objetivo.
Tao Geoghegan Hart — Vinha-se apresentando na melhor forma dos últimos tempos até ter um colapso total na Sierra Nevada. Se foi só um dia mau, pode tentar compensar a saída do top10 com uma vitória em etapa.
Primož Roglič — Só não está no topo desta lista porque deve estar dorido. Se não for muito e a decisão se fizer entre os favoritos, tem tudo para ganhar ao sprint.
Miguel Ángel López — Não será diretamente marcado pelos principais galos, pelo que pode aproveitar e lançar-se no início da subida final, ganhar algum tempo e fazer o que devia ter feito domingo — levantar os braços na meta.
Juan Ayuso — Tem estado sempre bem nos metros finais das subidas e parece não estar a acusar o desgaste de quinze dias de prova, por isso pode usar a sua boa ponta final para bater os favoritos e dar uma alegria aos já eufóricos fãs espanhóis.
Apostas falso plano
Henrique Augusto - Ben O’Connor. A partir da fuga. Ele quer lá saber se faz 9º.
Lourenço Graça - Roglic. Se se mantiver em prova, é porque está bem. Estando bem, vai tentar novamente.
Miguel Branco - Sergio Higuita. Podes só, por favor, vá lá, a sério, é mesmo importante para mim...
Miguel Pratas - Valverde. A última bala.
Ricardo Pereira - Valverde. Fartei-me de tentar acertar no vencedor.