Antevisão Etapa 17 — Giro d'Italia

A Movistar trabalhou para Tadej Pogačar e agora espera clemência do esloveno.

Antevisão Etapa 17 — Giro d'Italia
Giro d’Italia

Rescaldo da Etapa 16

Já se sabia que isto ia correr mal, uma etapa desenhada com o Stelvio na parte inicial só podia estar amaldiçoada. Foi uma manhã polémica, marcada pela decisão de encurtar a etapa e começar a mesma a cerca de 120 quilómetros da meta, devido ao frio e neve na fase inicial do percurso original. O braço de ferro entre a CPA e a RCS durou praticamente toda a manhã e a etapa arrancou apenas depois das 14:00.

Ficou assim o percurso.

O frio fazia-se sentir e Marco Frigo arrancou logo no quilómetro zero, tendo sido absorvido pelo pelotão a alta velocidade vinte e poucos quilómetros depois, pouco antes se formar a fuga do dia com Andrea Piccolo, Davide Ballerini e Julian Alaphilippe com seu domestique Mirco Maestri. A Movistar assumiu desde cedo o controlo da perseguição, só faltava saber para quem. Quintana? Rubio? Gaviria? Pogačar?

Loulou descolou os três companheiros de fuga a trinta e poucos quilómetros da meta, mas à medida que a corrida se aproximava do fim dava a sensação que ia dar Pogačar, novamente. Nos últimos quinze quilómetros, foram surgindo ataques, com Pelayo Sánchez a ser um dos mais incisivos. Um trio acabou por se juntar ao francês da Soudal Quick-Step na entrada para os últimos quilómetros: Ewen Costiou, Giulio Pellizzari e Christian Scaroni. Finalmente, Rafał Majka pegou no martelo e foi despedaçando o grupo dos favoritos com Tadej Pogačar a lançar o seu ataque já dentro dos últimos 1500 metros, ultrapassando todos os fugitivos a ritmo para conquistar a solo o seu quinto triunfo nesta edição, com Giulio Pellizari e chegar junto a Dani Martínez a cerca de 16 segundos. Geraint Thomas e Ben O'Connor não tiveram um dia bom e perderam segundos preciosos na luta pelo pódio.

E vão cinco. (©Dario Belingheri)

Nota ainda para os abandonos de Danny van Poppel e Jenthe Biermans, que não iniciaram a etapa, e de Benjamin Thomas e Julius van den Berg.

O percurso

Uma das etapas mais duras desta edição: são cinco subidas categorizadas e mais de 4000 metros de acumulado.

Selva di Val Gardena - Passo Brocon (159km)

Não aqueçam bem, não. A etapa começa logo a subir, com a ascenção ao Passo Sella. São nove quilómetros onde raramente a pendente baixa dos 7%.

Passo Sella (9km @ 7.3%)

Seguem-se quarenta quilómetros a descer até chegar ao Passo Rolle. Uma subida longa que se divide em duas, com um falso plano no meio. Na fase final, as pernas já vão estar moídas.

Passo Rolle (19.8km @ 4.6%)

Os corredores vão descer dos 2000 metros até aos 600 metros de altitude, numa descida de praticamente trinta quilómetros até chegar o Passo Gobbera (5.7km @ 6.8%. Finalmente, a cerca de cinquenta quilómetros da meta, começa a primeira de duas subidas ao Passo Brocon.

Passo Brocon (13.6km @ 6.5%)

A derradeira subida ao Passo del Brocon tem um trajeto mais curto, mas bem mais duro do que a primeira. A cinco quilómetros da meta têm de percorrer dois quilómetros com pendente média acima dos 11%. Duro.

Passo del Brocon (11.9km @ 6.4%)

O que esperar

Fuga, tem de dar fuga. A Movistar trabalhou para Tadej Pogačar e agora espera clemência do esloveno.

A subida inicial vai doer e quem não tiver tomado o pequeno-almoço pode ficar para trás ainda antes de chegarem ao Passo Sella. Se isso acontecer, vamos ver as equipas da GC a assumir um ritmo forte e a adiar a definição da fuga do dia.

É um dia talhado para trepadores e acredito que os colombianos vão querer levar esta etapa de altitude elevada.

Favoritos

Nairo Quintana — Se tiver as pernas de Domingo.

Valentin Paret-Peintre — Se o Ben O'Connor deixar.

Tadej Pogačar — Se ele quiser já a sexta vitória.

A não perder de vista

Rafał Majka — Se o Pogačar quiser.

Michael Storer — Se encarnar Guillaume Martin.

Georg Steinhauser — Se ainda tiver pilhas.

Edoardo Zambanini — Se o Caruso ficar com o Tiberi.

Giulio Pellizzari — Se levar os óculos do Pogačar.

Apostas falso plano

Fábio Babau — Tobias Bayer rumo ao top-100.

Henrique Augusto — Nick Schultz salva o Giro da Israel.

Lourenço Graça — Storer à procura do top-10.

Miguel Branco — Domenico Pozzovivo. Ele tem de ganhar, não quero saber.

Miguel Pratas — Triunfo para El Cóndor de los Andes.

Ricardo Pereira — Pogačar. Humilha esses fracos, por favor.

Sondagem falso plano