Antevisão Etapa 13 — Tour de France

Anarquia ou seca? Esperemos que a primeira. Isto pode dar uma etapa bem gira.

Antevisão Etapa 13 — Tour de France

Rescaldo da Etapa 12

Finalmente tivemos fuga numa etapa plana. Depois de bastante luta, que fez Jakobsen e Bilbao abandonarem a prova dado não se encontrarem em condições, o grupo formado por Valentin Madouas, Quentin Pacher, Anthony Turgis e o inevitável Jonas Abrahamsen acabou por aproveitar uma queda (que incluiu o camisola amarela, sem danos) no pelotão para se estabelecer definitivamente como a fuga do dia. Foi uma fuga inútil, para ser sincero, dando se calhar mais motivos a estas equipas para noutra ocasião se deixarem ficar quietinhas. Os pontos de "interesse" até serem alcançados a 40 quilómetros do final foram a passagem de Abrahamsen na frente das 3 contagens de 4.º categoria, empatando com Pogi na liderança da camisola das bolinhas (esloveno mantém a liderança por ter vencido montanhas de categoria mais elevada) e a vitória de Turgis no sprint intermédio, sendo já 3.º na classificação dos pontos.

Fuga alcançada igual a calmaria no pelotão. A calmaria levou a uma distração que causou uma queda numa ilha de tráfego quando faltavam 11 quilómetros para o final. Primož Roglič foi o único GC a ir ao chão e acabou o dia todo rasgado e a perder 2 minutos e meio, descendo para 6.º na GC e fazendo o João subir a 4.º da pior maneira possível. É esperar que esteja em condições de continuar a um bom nível, mas estava com mau aspeto. Entre os restantes envolvidos o mais mal tratado foi Jarrad Drizners da Lotto Dstny, que terminou a etapa e do qual ainda se aguardam novidades.

Chegados ao sprint, tivemos Bini, Bini, Bini. Trazido para a frente nos últimos metros por um grande Mike Teunissen, voltou a mostrar ser o mais forte. Inacreditável a qualidade do Tour do homem da Intermarché. Philipsen sem Mathieu van der Poel não conseguiu disputar a vitória, fazendo apenas 4.º. Foram os surpreendentes Wout van Aert, 2.º, e Pascal Ackermann, 3.° (depois de Démare ter sido relegado) que mais perto estiveram de impedir o hattrick do eritreu, ficando já com 107 pontos de avanço, o que com apenas 2 etapas, em teoria, para os homens rápidos, parece ser o suficiente para dar a classificação como decidida.

Tour de France: Biniam Girmay sprints to third victory on stage 12 - BBC  Sport
Vão 3 para o dominador dos sprints desta edição. (foto: BBC)

O percurso

Um dia para sprinters, mas armadilhado. Existem quase 2000 metros de acumulado que incluem uma zona de 20 quilómetros onde se encontram quatro pequenos topos (de onde se destacam as duas subidas categorizadas a rondar os 2km a 6%) e que pode tornar a corrida mais imprevisível, quer dando mais esperança a uma fuga, quer através de ataques quer através de intensificação do ritmo por parte das equipas com homens rápidos mais versáteis. Essa zona termina a cerca de 25 quilómetros da meta e a aproximação à chegada será muito rápida, pelo que recuperações serão difíceis de acontecer.

Agen — Pau (166km)

Não relacionado com a etapa, mas eu lembrei-me e quero partilhar com vocês. Foi na última vez que o Tour teve uma etapa a terminar em Pau, em 2019, que se deu um dos meus momentos favoritos de sempre no Tour. Alaphilippe fazia sonhar os crentes de que poderia romper o domínio da Ineos e completar o conto de fadas. Eu era um desses ingénuos, aos saltos no sofá.

19-07-2019 Tour De France; Tappa 13 Pau - Pau; 2019, Deceunick - Quickstep;  Alaphilippe, Julian; Pau; - Canadian Cycling Magazine
A amarela dá asas. Allez Loulou. (foto: L'Équipe)

O que esperar

Antes da tempestade que tomará conta do Tour este fim-de-semana temos outra etapa daquelas que costumam ser apelidadas de "transição". Se a vontade de contrariar o sprint e estabelecer uma fuga forte existir, este é o terreno ideal para os grandes motores do pelotão (estou a pensar em nomes como Mohorič, Mathieu van der Poel, Michael Matthews, Søren Wærenskjold, Küng, Stuyven e por aí fora), formarem um grupo "inalcançável". Tudo dependerá da capacidade das equipas dos sprinters para conseguirem ou não controlar a formação da fuga e, posteriormente, o controlo da distância para a mesma. A Alpecin é capaz de ser abandonada nessa tarefa, e está muito fragilizada depois dos OTL de hoje de Jonas Rickaert e de Søren Kragh Andersen, pois a equipa de Biniam Girmay não se deve importar que uma fuga grande leve os pontos desta etapa, protegendo assim a verde, e as restantes equipas não têm a confiança de bater Philipsen e Girmay depois de um dia duro. A Lotto Dstny de De Lie talvez seja a única esperança da Alpecin.

Acredito numa fuga grande e a partir daí iremos de fuga de la fuga em fuga de la fuga até à vitória final. Caso a corrida me contrarie, duelo Philipsen vs Girmay, com joker para De Lie, também é divertido. (Hot take: O próprio Philipsen irá tentar integrar a fuga.)

Favoritos

Arnaud de Lie — Estou com a esperança que seja desta que o Touro pica o ponto entre os grandes. É neste tipo de dias, se corridos de uma forma intensa, que mais se consegue aproximar da velocidade de ponta dos sprinters puros, como aconteceu nos nacionais belgas. Pode ganhar do pelotão ou da fuga.

Biniam Girmay — Está on-fire o eritreu e também sprinta muito bem depois de algumas dificuldades, pelo que tem de estar entre os favoritos. Já escasseiam oportunidades para os homens rápidos, pelo que uma vitória aqui pode "selar" a classificação da regularidade que tanto ambiciona.

A não perder de vista

Rui Costa — Miguel Branco disse, perentoriamente, na antevisão do Tour, que o Rui ia ganhar esta etapa. E eu tenho o Branco em boa conta, por isso deve ser verdade.

Jasper Philipsen — Não pode desperdiçar oportunidades caso ainda ambicione chegar a Nice de verde. Acredito que terá toda a equipa à sua disposição e sente-se muito bem neste tipo de perfil.

Thomas Pidcock — Já tentou mas o sucesso tarda em chegar neste Tour para o britânico. É mais um dia ao seu estilo, podendo usar a sua explosividade para se isolar ou formar um grupo pequeno na frente e, posteriormente, a sua ponta final para vencer a partir daí.

Paul Lapeira — O campeão francês chegou à prova com muita ambição de honrar a camisola e vencer uma etapa. Tem bom sprint em grupos pequenos e tem boa leitura de corrida, pelo que se estiver na fuga será um perigo.

Alberto Bettiol — Gosto muito de ti, Bettiol. Está na hora do "último romântico do ciclismo" nos presenciar com uma exibição digna desse título.

Apostas falso plano

Fábio Babau — Jakobsen.

Henrique Augusto — 🐂

Lourenço Graça — De Lie, acabou Philipsen.

Miguel Branco — Rui Costa. A ver se lhe dão um equipamento mais decente.

Miguel Pratas — A primeira de Jasper Stuyven na Volta a França.

Ricardo Pereira — Bettiol.

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