Antevisão Etapa 13 — Giro d'Italia
A corrida de eliminação por Covid e por não saber andar de bicicleta acabou. Agora começa a corrida de eliminação à base das perninhas.
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Rescaldo da Etapa 12
No dia em que todos esperavam ver a fuga ter o seu sucesso, a luta pela possibilidade de a integrar foi intensa e aproveitou-se o inicio duro e a ausência de uma super equipa para instaurar o caos na corrida, acabando por se formar um grupo de trinta unidades na frente sem nomes perigosos para a geral, sendo Konrad o mais próximo da rosa a mais de oito minutos. Destaque para a presença de Mads Pedersen, na luta pelos pontos (recuperou 12 para Milan), e de colegas dos homens da geral, como Sepp Kuss e Davide Formolo.
O pelotão durante algum tempo manteve a fuga próxima, mas às tantas desistiu dessa luta e a vantagem chegou aos oito minutos. Percebendo-se que a vitória estava na fuga, começou a desunião e os constantes ataques, desintegrando por completo o grupo, que se foi reduzindo até ao ponto de, já na subida final, sobrarem apenas três: Nico Denz, Toms Skujiņš e Sebastian Berwick.
Os três seguiram juntos até final, com os grupos perseguidores a nunca voltarem a ter esperança de lutar pela vitória. Já na reta da meta, Nico Denz assume a dianteira e mostra ser o mais forte, sem nunca ninguém conseguir sair da sua roda.
Entre os homens da geral, nada. O que neste Giro já nem é má noticia. Mantiveram-se todos em cima da bicicleta para amanhã nos poderem dar o show que desejamos.
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Percurso
Isto é a versão depois de terem tirado dureza ao percurso, só para terem a noção. Saíram os dez últimos quilómetros da subida inicial devido à neve que se encontrava no local. Ainda assim, esta etapa conta com 4658 metros de acumulado.
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Depois da longa subida inicial, que poderá servir para começar a endurecer a corrida ou para a fuga ganhar largos minutos de vantagem, chega a mais difícil das subidas do dia. Não precisa de grande descrição, há imagens que valem mais do que mil palavras.
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Os que permanecerem vivos depois deste paredão, descerão nos vinte quilómetros seguintes dos mais de 2000 metros de altitude para os 600, onde terão pela frente um vale de vinte quilómetros até ao sopé da montanha final. Esta fase de plano poderá ser decisiva caso existam ataques, e terão de haver, na subida ao Croix de Couer.
Para cereja no topo do bolo temos a "menos dura" subida a Crans-Montana, que mesmo não tendo as mesmas pendentes nem atingindo a mesma altitude da subida anterior, terá como dificuldade acrescida o estado em que as pernas dos ciclistas chegarão aqui. Se estiveres mal, podes deixar o sonho do Giro aqui. E eu diria que vai acontecer a mais do que um homem com aspirações à geral. Nota ainda para o facto da subida aligeirar nos últimos dois quilómetros, com o último a ser já num falso plano que fecha com chave de ouro este etapón.
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Tudo o que não seja um dia incrível é desilusão
Temos pela frente a primeira grande etapa de montanha deste Giro, e o que se pode esperar é espectáculo, a estrada a colocar as pernas de cada um no seu lugar e o grupo de candidatos a um grande resultado encurtar ainda mais, desta vez pelas razões desejáveis.
Acredito que o início do dia será marcado por uma intensa luta pela fuga, pois há muitos trepadores bastante atrasados que têm aqui a primeira grande oportunidade de lutar por uma vitória em etapa. O problema é o facto dos primeiros sessenta quilómetros serem planos, dificultando a sua entrada na escapada do dia. Será importante fazerem-se acompanhar por roladores fortes das suas equipas, que os levem até às montanhas.
Em relação ao pelotão, tenho a curiosidade de ver se alguma das principais equipas investirá no endurecimento na primeira subida. Se assim for, teremos um dia épico, pois será presságio de que os ataques começarão a sério na penúltima subida. Equipas com mais que um corredor bem classificado, nomeadamente Bahrain e até Ineos, poderão querer jogar uma dessas cartas cedo na frente e obrigar as outras equipas a puxar. A subida ao Croix de Couer é tão difícil que haja ou não ataques, haja ou não um declarado endurecimento por parte de alguém, o "pelotão" chegará ao seu topo sem ser já merecedor desse nome. Se um pequeno grupo, com nomes como Roglič, Thomas, João ou Caruso se apanham na frente e colaborarem (algo mais possível se faltar algum deles) nos mais de quarenta quilómetros que os separam da subida final, podem deixar todos os restantes fora da corrida. Aqui podem ser fundamentais os colegas de equipa de cada um que, com o propósito de serem úteis nesta fase, tenham integrado a fuga do dia.
Depois na subida final, já não há táticas. Os ciclistas chegarão aqui com as pernas muito pesadas, as equipas desfeitas e será cada um por si. E é disso que o meu povo gosta.
Favoritos
Primož Roglič — Os adversários vão tendo os seus azares mas o esloveno, ao contrário do que é habitual, tem passado entre os pingos da chuva. Aqui começará a definir-se se o abandono de Remco tornou este Giro num passeio para Roglič ou não, e isso dependerá da prestação do canibal. Forte estará certamente, dominador? Veremos. O quilómetro final faz com que, se lhe quiserem tirar a etapa, o tenham de deixar para trás antes.
João Almeida — Começa aqui o terreno do João. Chegar a esta etapa sem quedas, perdas de tempo parvas e sem o bicho era o que eu colocava como dúvida em relação ao que ele poderia fazer neste Giro. Chegando aqui e ainda para mais com as equipas rivais cheias de lacunas, acho que tem tudo para voar. As subidas longas e em sequência são do seu agrado, pois permitem-lhe colocar o seu ritmo e ter tempo para as suas já tradicionais recuperações. Eu acho que dá vitória já nesta etapa, quiçá rosa, e depois preparem-se, teremos uma semana a roer as unhas e a sonhar.
A não perder de vista
Geraint Thomas — Só não o coloco na categoria acima por causa da falta de ponta final. Não o imagino a chegar sozinho para poder vencer, mas acredito bem que estará ao nível, ou perto, dos corredores acima mencionados. Teve todo o ano a preparar o que resta desta prova e embora ainda não se tenha provado na alta montanha, acredito que vai responder positivamente.
Thibaut Pinot — Ainda está um pouco perto demais na geral para ter a liberdade suficiente para sair na fuga inicial com o aval do pelotão. Mas se a fuga se formar apenas na primeira subida, é possivel que não tenham capacidade de o impedir. Caso se mantenha com os favoritos, um ataque de longe na subida final pode surtir efeito caso os restantes se entreolhem em excesso. Allez Thibaut!
Santiago Buitrago — O mesmo que Pinot só que menos emocionante.
Lorenzo Fortunato — Apesar de eu achar que a vitória ficará para quem disputa a geral da prova, há sempre a hipótese de a fuga vingar, até por causa dos desfalques que as principais equipas já têm nos seus plantéis. Se assim for, Fortunato será um dos principais candidatos depois de abdicar da geral com o objetivo de conquistar etapas em mente.
Ilan Van Wilder — O jovem belga pode ter neste Giro algumas oportunidades pelas quais não esperava. Hoje já andou na fuga, falhou o momento decisivo mas amanhã poderá voltar a tentar. Entre os que terão toda a liberdade, será dos que melhores pernas tem para vencer a partir da fuga.
Carlos Verona — Se não foi para atacar este tipo de etapas, não sei o que veio o espanhol fazer a Itália. Tentará certamente estar na frente e depois poderá usar a sua experiência para surpreender.
Apostas falso plano
Fábio Babau — João Almeida. Até suam do bigode.
Henrique Augusto — João Almeida. De coração e de cérebro.
Lourenço Graça — Roglic. Sprint à la canibal.
Miguel Branco — Lorenzo Fortunato. À velocidade de um kometa.
Miguel Pratas — Jay Vine. Etapa e rosa para a UAE Emirates.
Ricardo Pereira — Mads. 2/4.