Antevisão Etapa 12 — Tour de France
Mais uma etapa em que não se passa nada para resfriar os ânimos.
![Antevisão Etapa 12 — Tour de France](/content/images/size/w1200/2024/07/IMG_8662.jpeg)
Rescaldo da Etapa 11
O Maciço Central trouxe-nos uma etapa de média/alta montanha e, como se previa, a fase inicial da etapa foi corrida sempre a grande velocidade devido às dificuldades na formação da fuga. Nesta fase o destaque foi para a Visma que tentou sempre colocar alguém na fuga do dia, com vista a usar esse(s) corredor(es) na fase mais avançada da etapa. Por sua vez, a UAE, parecia, num primeiro momento, não ter capacidade de resposta, mas depois começou a apertar a marcação a estas iniciativas.
A tão cobiçada fuga acabou por se formar cerca de 80 quilómetros após o início da etapa com Carapaz, Healy, Lazkano, Guillaume Martin, Grégoire e Onley a serem os nomes mais interessantes. Mas desde logo se percebeu que a UAE não estava a fim de oferecer a etapa e, por isso, os homens da frente nunca conseguiram ganhar uma vantagem confortável.
Confirmou-se que esta atitude da UAE se devia aos seus planos de atacar a etapa e ganhá-la através do seu líder. Então o ataque de Pogačar surgiu a 30 quilómetros da meta. Depois da sua equipa aumentar o ritmo nas duas primeiras subidas da segunda parte da etapa, ou pelo menos parte da equipa, já que Ayuso deve ter trabalhado uns 10 segundos (o espanhol acabou por perder muito tempo hoje) e o João nem chegou a começar, com Yates a assumir desde logo esse papel, a seguir a Sivakov, e a provar que é o ultimate domestique. Ninguém respondeu instantaneamente a este ataque, com Vingegaard e Roglič a tentarem seguir ao seu ritmo, e Pogačar chegou ao alto da Puy Mary Pas de Peyrol com cerca de 7/8 segundos de vantagem para o dinamarquês. E o braço de ferro começou. Na descida, Pogi ganha cerca de 25 segundos e entra na subida seguinte com 30 segundos de vantagem em relação a um grupo composto por Jonas, Roglič, Remco, Carlitos, Yates, João e Ciccone.
Neste momento parecia que o corredor da UAE tinha a etapa no bolso e era só uma questão de saber quanto tempo iria ganhar mas tudo mudou na subida seguinte. Quando chegámos ao Col de Pertus, Vingegaard meteu o seu ritmo e nesses 4.5 quilómetros fechou o espaço para Pogačar, mostrando toda a sua força e que não se vai contentar com o segundo lugar, inclusive resistindo a uma última aceleração do esloveno no topo da subida. Daí até final nada se passou entre os dois líderes, enquanto lá atrás Remco e Roglič se destacaram do resto. A vitória na etapa ficou então guardada para ser discutida num sprint final e, quando toda a gente pensava que o mesmo de sempre ia acontecer, Vingegaard ganha pela primeira vez um sprint a Pogačar, conquistando a etapa e virando o jogo por completo. Se o esloveno não tinha medo de Jonas, acho que está na altura de começar a ter, porque a partir daqui é terreno que, em teoria, beneficia o dinamarquês.
![Jonas Vingegaard besiegte Tadej Pogačar im Zielsprint: »Ich bin einfach so glücklich hier zu sein«](https://cdn.prod.www.spiegel.de/images/a8f5ea3d-55ca-4354-9a91-5564629caf4e_w960_r1.778_fpx45_fpy60.jpg)
O percurso
Uma etapa que promete dificultar a vida às equipas dos sprinters. São 204 quilómetros com mais de 2200 metros de acumulado. Muito sobe e desce mas poucas subidas categorizadas. A segunda metade é mais plana mas até lá já uma fuga forte se pode ter formado e, nesse caso, resta desejar boa sorte ao pelotão.
![](https://www.procyclingstats.com/images/profiles/ap/bb/tour-de-france-2024-stage-12-profile-7fe3a683c0.jpg)
O que esperar
Depende da capacidade das equipas do sprinters (e do interesse das mesmas). A Alpecin estará obviamente interessada em levar isto para um sprint de pelotão compacto mas será que Intermarché quererá correr esse risco devido à luta pela camisola verde? A Lotto poderá ver aqui uma oportunidade para De Lie mas a equipa belga tem também atacantes muito capazes neste tipo de terreno.
Por outro lado suponho que haverá muitas equipas a ver nesta etapa uma oportunidade para a fuga. Equipas como a Uno-X, Decathlon, Groupama, Lotto e Movistar, são equipas que ainda não ganharam nenhuma etapa e têm gente muito forte em dias deste género. A Bahrain é outra equipa que poderia estar interessada e, assim à primeira vista, esta etapa tem Mohorič escrito por todo o lado, mas toda a equipa parece estar com problemas físicos (covid?). A Intermarché tem muita gente capaz caso queiram roubar pontos a Jasper Philipsen. A Total Energies pode querer uma segunda vitória, tal como a Arkéa e a EF.
Não se adivinha por isso um dia fácil para a equipa de Philipsen que é o maior favorito no caso de chegar ao sprint.
Ahahahah a sério que vocês leram isto e pensavam que eu estava a falar sério? Não se iludam, não vai haver fuga nenhuma e acaba ao sprint.
Favoritos
Jasper Philipsen — Já ganhou uma, agora é sempre a somar, se o MvdP fizer bem o seu trabalho porque sem ele é só mais um tipo rápido.
A não perder de vista
Biniam Girmay — É o segundo mais rápido.
Arnaud De Lie — Tem o talento para surpreender.
Pascal Ackermann — Melhora com os dias e às vezes consegue uma vitória surpresa.
Mark Cavendish — Todos sabemos que basta estar no sítio certo.
Wishful thinking
Brent Van Moer — A Lotto não tem a mínima garantia de que De Lie é capaz de bater Jasper por isso, a meu ver, deve tentar de todas as maneiras. Van Moer tem um grande motor e nos seus dias é muito difícil de apanhar.
Nelson Oliveira — Porque precisamos de algum motivo de interesse para ver esta etapa.
Kevin Geniets — Esteve bem na etapa da gravilha como se previa. A equipa dele ainda não ganhou nada, podiam, sei lá, tentar.
Stefan Bissegger — Este tem tentado. Pode ser que esteja bem disposto.
Apostas falso plano
Fábio Babau — Jasper Philipsen. 2/4.
Henrique Augusto — Ketchup Philipsen.
Lourenço Graça — Aranburu, podes sprintar amanhã? Preciso de ti no velo.
Miguel Branco — Jasper Philipsen. Ou Brent Van Moer a partir da fuga. É ela por ela.
Miguel Pratas — Mais uma servida de bandeja por MvdP.
Ricardo Pereira — O gajo que vem a seguir ao Mathieu van der Poel.