Antevisão Etapa 10 — Tour de France

Rescaldo da Etapa 9

Aconteceu muita coisa na tão antecipada etapa do sterrato. Se quiserem muitos detalhes espreitem o podcast que a malta não poupou no assunto.

Desde cedo se percebeu a festa ia ser rija dada a luta que tivemos pela formação da fuga. Acabou por finalmente se formar já depois do primeiro troço de sterrato e contou com 12 nomes, incluindo Pidcock, Van Gils, Lutsenko, Ben Healy, Stuyven, Aranburu, Gee, Lazkano e Turgis.

Nunca teve muita vantagem porque o ritmo no pelotão era alto já que todos queriam entrar bem colocados nos setores de gravilha. Depois, o "impensável" aconteceu. 90 (!) quilómetros para a meta e o camisola amarela Pogačar atacou, mas Remco e Vingegaard (com a sua Visma fortíssima nesta etapa) rapidamente neutralizaram o movimento. A festa não ficaria por aqui, pois cerca de dez quilómetros depois, era Remco quem atacava e Pogačar respondia com Vingegaard na sua roda. Isolaram-se os 3, ainda chegaram ao grupo da frente, mas a falta de vontade de colaborar (tão justificada quanto aborrecida) do dinamarquês bi-campeão em título do Tour fez com que abandonassem a ideia e voltassem ao pelotão.

A partir daqui acabavam as inclinações na estrada e a corrida acalmou até aos últimos setores, apenas com uma movimentação liderada por Mathieu van der Poel (onde Rui Costa esteve presente) a ocorrer mas que ficou sempre em terra de ninguém e só serviu para Girmay marcar mais uns pontos para a camisola verde. Nota também para a queda de Vlasov, que apesar de ter terminado a etapa já não vai arrancar amanhã pelas consequências da mesma.

No grupo da GC a coisa voltou a aquecer nos últimos dois setores, com Pogačar a voltar ao ataque, sem sucesso. Vingegaard foi rebocado por Laporte e Jorgenson até à roda do esloveno, que deu por concluída a sua etapa e todo o grupo foi tranquilamente até final. Arrisco-me a dizer que não me lembro de uma etapa tão emocionante e com tanta ação entre os favoritos que no fim tenha causado zero diferenças. O Carapaz e o Yates levaram 10 minutos, but who cares?

Na frente perceberam que a vitória ia ser deles e começaram os ataques, com o mais relevante a ser o de Jasper Stuyven, que mostrou grandes pernas e se isolou com um ataque no último setor de sterrato. Chegou a parecer que ia dar vitória para o belga, mas o group 2 syndrome não compareceu e, já dentro do quilómetro final, foi alcançado. Estava na cara que ia dar sprint, Aranburu lançou-se cedo demais, Turgis aproveitou muito bem a sua roda e bateu toda a gente, salvando a época da TotalEnergies e surpreendendo Pidcock e Derek Gee, que subiu ao top-10.

O percurso

Bem, não tem muito que saber. 187 quilómetros à Jakobsen com uma lombita perto do fim e uma aproximação muito rápida à meta.

O que esperar

Ver se há sequer fuga deve ser o ponto de interesse dos primeiros 180 quilómetros amanhã. Se houver, vai ser composta por ciclistas da categoria a que costumamos chamar de "pinos". Nem vento está previsto para dar aquela adrenalina.

Nos quilómetros finais muita luta pela colocação, esperemos que sem quedas.

Favoritos

Jasper Philipsen — Não pode continuar a não ganhar não é? Não é?

Dylan Groenewegen — No sprint mais clean que existiu até agora foi ele que venceu. Como sempre com este rapaz, se o deixarem na posição certa é rapidíssimo e pode vencer mais o seu nariz aerodinâmico.

A não perder de vista

Biniam Girmay — Eu tenho sempre dificuldades em imaginar o Bini a vencer este tipo de sprints, no entanto a forma e a confiança às vezes fazem milagres.

Sam Bennett — Tem andado discreto mas tenho o feeling que vai fazer um grande sprint neste Tour. Quiçá já amanhã.

Fabio Jakobsen — Se Jakobsen ainda existe, tem que aparecer amanhã.

Mark Cavendish — Mesmo com esta idade a ressaca ao fim de uma semana já passou.

Arnaud De Lie — Tem andado sempre lá, falta alinhar-se tudo para a primeira vitória do Touro.

Apostas falso plano

Fábio Babau — Jasper, the Disaster.

Henrique Augusto — Jakobsen, mêm na lócura.

Lourenço Graça — Gaviria para dedicar ao Branco.

Miguel Branco — Jasper Flopisen?

Miguel Pratas — 36.

Ricardo Pereira — Até o Bauhaus vai ganhar antes do Philipsen.

Sondagem falso plano