Antevisão Etapa 10 — La Vuelta ciclista a España

Sim, nós sabemos que o Remco vai ganhar tempo. Mas quanto? O suficiente para o Tourmalet?

Antevisão Etapa 10 — La Vuelta ciclista a España
La Vuelta

Rescaldo da Etapa 9

Mais uma etapa que teve de tudo, sendo que nós só tivemos direito a ver metade. Começou logo a todo o vapor, com a primeira hora sempre acima dos 50km/h, devido aos abanicos que a Jumbo criou desde o quilómetro zero. Um grupo de 12 unidades com os Jumbos, Remco e Vlasov juntou-se na frente mas a força de perseguição era muita e na chegada à primeira contagem de montanha do dia, a tentativa terminou e voltou a juntar tudo.

A calma seguiu-se e finalmente houve oportunidade para a fuga se formar com oito elementos, dos quais se destacavam Lennard Kämna, Matteo Sobrero e Chris Hamilton. O pelotão deixou-os ir, ninguém incomodava a geral e a fuga chegou tranquilamente aos oito minutos de vantagem, fazendo antever o seu sucesso, que só chegou a ser posto em causa quando, em mais uma zona exposta a 60 quilómetros do fim, o pelotão voltou a partir e a andar muito rápido, fazendo a diferença descer para os três minutos e meio. Dado que ninguém relevante da geral ficou para trás (Martinez e Cian foram os únicos a falhar o corte), a iniciativa voltou a parar e a decisão estava na frente da corrida.

A restante ação estava guardada para a subida final, mais uma vez feita a dois tempos. Na frente, Kämna confirmou o favoritismo e venceu isolado seguido de Sobrero, o único que deu alguma luta, juntando no seu CV a vitória na Vuelta às vitórias no Giro e no Tour.

Deixou-se de aventuras de GC e o caça etapas de que gostamos está de volta. (foto: RoadCycling)

Entre os homens da geral, que viram a organização informar-lhes que os seus tempos seriam contados a dois quilómetros da meta numa decisão que me vou abster de comentar, existiram poucas diferenças. João Almeida aproveitou a calma no pelotão para atacar, mostrando-se ambicioso e com boas pernas, num esforço que lhe valeu apenas cinco segundos na estrada mas que acredito moralmente ter sido importante. Nos metros finais Roglič ainda fez uma das suas acelerações, mostrando outra vez estar forte, mas não o suficiente para colher frutos em relação aos principais rivais.

Bonita imagem dos dois portugueses que mais alegrias nos têm dado. (foto: Twitter Pedro Barata)

Percurso

Não há muito a dizer. 25 quilómetros praticamente planos e não muito técnicos, perfeitos para os homens mais possantes do pelotão colocarem toda a sua potência na estrada.

Valladolid - Valladolid (25km)

O que esperar

Dado que já não há, entre os principais homens da geral, aqueles clássicos ciclistas completamente incompetentes nesta especialidade que levam 2/3 minutos em esforços como este, acredito que este dia não terá um papel tão decisivo como se poderia esperar. As diferenças entre os favoritos à classificação final não deverão ir muito além de um minuto (entre Remco, o melhor, e Mas, o pior).

Mas não é por causa disso que faltam pontos de interesse. Há muita curiosidade para ver como Kuss se irá bater, dado que não estamos habituados a vê-lo a full gas nos contrarrelógios. Será também importante ver se dentro das "co-lideranças" da UAE e da Jumbo algum dos líderes se destaca do outro. E depois, já no que diz respeito à luta pela etapa, se Ganna consegue vingar os mundiais e mostrar que ainda está na luta pelo estatuto de melhor contrarrelogista do mundo.

Favoritos

Remco Evenepoel — É aqui o território dele, onde a sua mais fraca equipa não tem impacto e pode meter algum tempo nos principais rivais. Quanto maior for a almofada que levar para as grandes montanhas, mais perto está de vencer esta Vuelta. Diria que 30 segundos para todos seria o mínimo que o belga teria de fazer para poder considerar o dia como ganho.

Filippo Ganna — A Ineos coitada, que Vuelta desastrosa. Pode ser que o seu sprinter lhes dê a primeira alegria da prova. Aqui há uns dois anos, isto eram favas contadas, agora o italiano já é quase um underdog face a Evenepoel.

A não perder de vista

Stefan Bissegger — Época péssima e até agora nesta Vuelta não se deu por ele. Tem a vantagem de estar menos desgastado que todos os restantes e esta é a distância e o estilo de perfil onde obteve os melhores resultados na carreira. Veremos se terá capacidade de voltar a esses dias.

Primož Roglič — Quando está bem, pode fazer contrarrelógios incríveis. Acho que sem oscilações no perfil é quase impossível lutar pela vitória, mas o Rogla da Vuelta é uma caixinha de surpresas, até já atacou sem ser no último quilómetro.

Jonas Vingegaard — Aqui há uns tempos houve um contrarrelógio, depois de um dia de descanso em França, onde ele não andou mal. Lembram-se?

Juan Ayuso — Já ganhou ao Remco este ano. Foi na Suíça, num terreno diferente e com um Remco a 80%, se tanto. Mas estes míudos fenómenos deixam-me sempre de pé atrás em relação ao que podem fazer.

Apostas falso plano

Fábio Babau — Remco. Rainbow jersey. (Period)

Henrique Augusto — Ganna de pernas fresquinhas ganha por um segundo.

Lourenço Graça — Pronskiy.

Miguel Branco — Remco. E na quarta desiste com Covid.

Miguel Pratas — Não há duas sem três. Remco bate Ganna pela terceira vez em 2023.

Ricardo Pereira — O Ayuso ganha isto fácil.

Sondagem falso plano