Antevisão Etapa 10 — La Vuelta ciclista a España
A Volta a Espanha acaba amanhã em Alicante?
Rescaldo Etapa 9
Mais uma vez, a constituição da fuga não foi propriamente fácil. A cerca de 120 quilómetros para a meta a coisa lá se deu e nove ciclistas conseguiram destacar-se ao ponto de, a dada altura, terem mais de cinco minutos de vantagem para o pelotão. A Quick-Step Alpha Vinyl de Remco Evenepoel — que no dia anterior tinha manifestado vontade de vencer a etapa — depressa percebeu que ficaria sozinha na perseguição e que mais importante do que levantar os braços na meta era a distância que o seu líder conseguiria para os directos rivais da classificação geral. Bem dito, bem feito. Na dolorosa e esbelta subida de Los Praeres, Louis Meintjes saiu vencedor da etapa e o camisola vermelha distanciou-se ainda mais de toda a concorrência, aplicando um ritmo demolidor, o que só pode ser indício de que Remco Evenepoel está bem e recomenda-se. Enric Mas está agora a 1:12 e Primož Roglič a 1:53 do belga. Começa a parecer impossível segurá-lo.
A subir: Carlitos Rodríguez e Juan Ayuso. Na sua primeira grande volta, os prodígios espanhóis revelam uma maturidade rara e uma capacidade estupenda de subir ao nível dos melhores. Cá estaremos para ver como se comportam nas próximas subidas, mas para já: impressionante.
A descer: Primož Roglič. O esloveno perdeu quase um minuto para Remco em 3,8 quilómetros. Algo difícil de imaginar para a melhor versão de Roglič.
O percurso
Na última chegada a Alicante, na Volta a Espanha de 2019, ganhou Sam Bennett. Será que o irlândes consegue repetir a… Estou a brincar. A verdade é que não há muito a dizer sobre o percurso, são quase 31 quilómetros profundamente planos que ligam Elche a Alicante e que vão ser centrais nas contas finais desta competição. Em 2016, os campeonatos nacionais espanhóis deram-nos um contrarrelógio de 48 quilómetros com partida e chegada em Alicante. O vencedor foi Ion Izagirre. Infelizmente, o basco não está presente nesta edição da Vuelta. De qualquer forma não vencia.
O que esperar?
Vitória inequívoca de Remco Evenepoel que vai deixar os seus mais directos rivais ainda mais longe do primeiro lugar — eu diria que na pior das hipóteses dá trinta segundos a Roglič e pode bem dar mais; e, no mínimo, um minuto e meio a Mas. Bem sei que especialistas como Rohan Dennis, Ethan Hayter, Remi Cavagna e Thymen Arensman estão presentes, mas podem tirar o cavalinho da chuva. Nem pensar que têm hipóteses. É certo que Roglič já venceu um contrarrelógio a Evenepoel este ano, em Espanha — Etapa 1 da Vuelta ao País Basco. Mas também é preciso dizer que sete quilómetros e meio são mais um prólogo do que um contrarrelógio. O outro contrarrelógio individual que o belga não venceu este ano — em cinco realizados — foi no Tirreno Adriático, onde em 13,9 quilómetros perdeu 11 segundos para Pippo Ganna, o que não é propriamente mau.
O que podemos esperar é isso. Remco Evenepoel a voar e a passar por todos os ciclistas que conseguir — acreditem que não vão ser poucos. Talvez consiga tirar umas selfies pelo caminho.
Quem vai ganhar?
Remco Evenepoel — Não consigo escrever mais nada neste espaço. Ele é o melhor. Vai vencer categoricamente.
Rohan Dennis — Se Remco cair, talvez…
Ethan Hayter — Se Remco e Dennis caírem, talvez…
Primož Roglič — Se Remco, Dennis e Hayter caírem, talvez…
Thymen Arensman — Já perceberam a lógica.
Apostas falso plano (para o segundo lugar)
Henrique Augusto - Remco. Só para estragar a brincadeira do Branco. Pode furar 3 vezes, sei lá.
Lourenço Graça - Roglic. Ou vai, ou racha.
Miguel Branco - Simon Yates. Um dos melhores contrarrelogistas da actualidade — sobretudo se no segundo intermédio trocar com o irmão. Também não sobe mal.
Miguel Pratas - Ethan Hayter. Vai estar na poltrona até o camisola roja terminar.
Ricardo Pereira - Remco, se cair e partir uma perna no primeiro quilómetro.