Antevisão Etapa 1 — Tour de France
A luta pela primeira amarela promete ser intensa.
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O percurso
Já não há aberturas do Tour como antigamente. "Ahhhh, dantes é que era bom". Só que não, isto assim é muito mais divertido.
Quase 4000 metros de acumulado marcam o primeiro dia e concentram-se sobretudo num período de 50 quilómetros (do quilómetro 129 ao 179) que termina a 25 quilómetros da meta. A mais dura subida do dia é a que inicia este setor final, a Côte de Barbotto (5.9km @ 7.6%) e deverá servir para começar a encurtar e bem o grupo. Depois seguem-se a Côte de San Leo (4.8km @ 7.6%) e a Côte de Montemaggio (4.3km @ 6.7%). Pena que a última subida (Côte de San Marino — 7.1km @ 4.7%) seja a mais acessível, dificultando os ataques. A aproximação ao final é depois muito rápida e espera-se um grupo já curtinho, pelo que a anarquia pode favorecer o espetáculo.
![](https://www.procyclingstats.com/images/profiles/ap/fa/tour-de-france-2024-stage-1-sprint-bd941532ab.jpg)
O que esperar
A organização do Tour resolveu repetir a fórmula que tão bons resultados deu na época passada, ao colocar um dia difícil a abrir a corrida, com a última subida ainda longe da meta, fazendo com que diversos tipos de ciclistas possam ter a ambição de chegar à Maillot Jaune.
Se não estivéssemos perante a primeira etapa do Tour, este era um dia que tinha tudo para dar fuga, mas neste caso espero ver a UAE a controlar, com dois objetivos, sendo eles 1) encurtar ao máximo o grupo para que Pogačar possa depois vencer ao sprint e 2) testar a forma de Vingegaard.
Não acredito num ataque de Pogačar pois as dificuldades a sério estão muito longe da meta e ainda por cima, ao contrário do que aconteceu no ano passado, não há bonificações em nenhuma das subidas, por isso o ponto de principal interesse da etapa de abertura será ver quem aguenta o ritmo e se mantém no grupo para ter a oportunidade de ou sprintar no final ou aproveitar um grupo desorganizado e sem coletivos fortes para atacar nos quilómetros finais, como se viu na edição transata. Além disso, se o ritmo for alto o suficiente, poderemos ver algum dos 59 nomes que chegam a este Tour com ambições de geral a perder desde já algum tempo.
Vai começar o Tour, pessoal, e a luta pela primeira amarela promete ser intensa.
Favoritos
Tadej Pogačar — Se o grupo chegar junto e curtinho o suficiente, já se sabe que o canibal esloveno não costuma deixar créditos por mãos alheias e vai tentar a primeira (de muitas?) vitória neste Tour, alcançando o objetivo que falhou no Giro — a primeira camisola de líder.
Thomas Pidcock — No Giro foi um Ineos a estragar a festa e aqui pode-se repetir a dose. O britânico chega à prova com muita ambição (não se sabe é bem para o quê) e este primeiro fim-de-semana assenta-lhe muito bem. A amarela seria mais um bonito momento na carreira de Pidcock e o seu kick final aliado a alguma liberdade que lhe poderá ser concedida fazem-me colocá-lo nesta categoria.
A não perder de vista
Alberto Bettiol — O auto-intitulado "ultimo romântico" do ciclismo chega em grande forma depois de conquistar a tricolor representativa do seu estatuto de campeão nacional e a prova arranca de Itália, pelo que motivação não lhe deve faltar. As subidas são um bocadinho no limite do que ele costuma aguentar mas o sonho amarelo às vezes pode dar asas.
Alex Aranburu — Muito hype no Aranburu deve dar flop, é a minha aposta. Mas a verdade é que o recém campeão espanhol é forte neste tipo de terrenos, pode atacar tanto a subir como a descer e tem uma boa ponta final em grupos restritos.
Rui Costa — Continuando na saga de campeões nacionais, o Rui é um especialista neste tipo de provas se as pernas estiverem lá. Num cenário em que depois das dificuldades sobrem 25/30 ciclistas, pode existir hesitação por parte dos mesmos e é ai que a leitura de corrida do campeão mundial de Florença (onde arranca a etapa) pode entrar em ação. Que bonito era.
Pello Bilbao — Dos poucos trepadores com uma ponta final em plano capaz de rivalizar com Pogačar. Além disso, mesmo que ceda em algum momento, é dos melhores descedores do mundo pelo que deverá conseguir recolar. Um bocado out of the box, mas é uma aposta pessoal para esta jornada inaugural.
Maxim Van Gils — Que época vem fazendo o belga, sobretudo neste tipo de terrenos ondulados. Espero que as más indicações na Suíça tenham sido só um percalço e que volte aqui às grandes exibições. Mais um com boa ponta final.
Mathieu van der Poel/Wout van Aert— É assim, eu acho que eles não passam. No caso do neerlandês porque é subida a mais para ele, no caso do belga porque a forma ainda não deve estar no ponto. Mas são fenómenos e eu tento sempre não os descartar completamente.
Apostas falso plano
Fábio Babau — O Bau está na Alemanha por isso aposta no Zimmermann.
Henrique Augusto — O grande, o mítico, a lenda. Alberto Bettilol.
Lourenço Graça — É a cara do Poga.
Miguel Branco — Michael Matthews. Assim se vinga Sanremo.
Miguel Pratas — Alex Aranburu. Se Pogačar autorizar.
Ricardo Pereira — Magnus Cort. A primeira de duas.