Antevisão Etapa 1 (TTT) — La Vuelta ciclista a España
Num contrarrelógio por equipas a tática é só uma: dar tudo.
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Introdução
A primeira etapa da última grande volta do ano começa nos Países Baixos, com um contrarrelógio por equipas totalmente plano, que decorre no centro da cidade de Utrecht, num percurso de 23,2 quilómetros. O local de partida e a meta estão separados por uma distância relativamente curta e durante o trajeto as equipas vão ter dupla passagem pelo Amsterdam-Rijnkanaal — canal que liga a capital Amesterdão e o seu porto à principal artéria do Reno.
A cidade de Utrecht é uma velha conhecida das grandes voltas, uma espécie de cidade-fetiche. Em 2015, a Volta a França também começou com um contrarrelógio de percurso urbano em Utrecht, embora este fosse individual. 13,8 quilómetros que consagraram Rohan Dennis como primeiro líder da prova. Nesse dia, 4 de Julho de 2015, Wilco Kelderman — natural de Amersfoort, cidade a 30 quilómetros de Utrecht e onde nasceu o pintor modernista Piet Mondrian — então ao serviço da Team LottoNL-Jumbo perdeu 30 segundos para o australiano. Já em 2010 foi a vez da Volta a Itália passar por Utrecht, numa chegada em pelotão compacto que arrancou da capital, Amesterdão. A vitória sorriu a Tyler Farrar, sobre Matthew Goss e Fabio Sabatini. Cadel Evans estava de rosa.
A última vez que a Volta à Espanha teve um contrarrelógio por equipas foi na primeira etapa de 2019, 13,4 quilómetros em Torrevieja. Venceu a Astana e Miguel Ángel López arrancou com a roja — irmãos Izaguirre, Fugslang, Fraile, Cataldo, Leon Sanchez e Boaro ao seu lado. Dá para acreditar? Parece mentira.
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Condições Meteorológicas
Tarde de tempestade em Utrecht com risco de trovoadas, a tendência é para acalmar ao longo da tarde. Chuva em TTT é sinónimo de quedas e este percurso conta com várias curvas algo apertadas.
Táticas
Num contrarrelógio por equipas a tática é só uma: dar tudo. Todas as equipas, independentemente das suas ambições à geral, vão tentar ir sempre a fundo. Ou pelo menos o maior número de quilómetros possível. Sabendo que só precisam de chegar com 5 elementos para fechar o tempo da equipa, é habitual assistirmos à clássica opção tática de sacrificar alguns ciclistas, que expõem o peito ao vento durante a fase inicial para depois se desligarem sem se preocuparem com o tempo perdido para a classificação geral, nem prejudicarem o tempo da equipa na etapa.
Favoritos
Quick-Step Alpha Vinyl — Quem tem Remco Evenepoel num contrarrelógio por equipas é obviamente um dos favoritos. Mas há mais gente a compor o quadro: Van Wilder, Cavagna, Vervaeke, Devenyns ou até Masnada e Alaphilippe. Vejamos se Remco consegue ganhar tempo aos rivais da geral logo ao primeiro dia.
Jumbo-Visma — Provavelmente a maior candidata à vitória. Ter Affini, Rohan Dennis e Roglič na mesma equipa, juntos a cortar o vento, é meio caminho andado para levantar os braços no final.
INEOS Grenadiers — Outra equipa que pode fazer estragos nestes 23 quilómetros. Ethan Hayter, Pavel Sivakov e Dylan Van Baarle dão garantias no esforço individual e certamente os seus líderes, quer Sivakov, quer Carlitos Rodríguez, quer Carapaz não querem ver Remco Evenepoel de binóculos após a etapa inaugural.
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Malqueridos
UAE Emirates — Certo, João Almeida e Brandon McNulty são duas motas que gostam deste tipo de terreno. Mas isso chegará para a Emirates sair de Utrecht sem a corda no pescoço? Molano e Ackermann são mais de prejudicar do que de ajudar neste género de esforço.
Bahrain-Victorious — A Bahrain já viveu dias mais alegres, quando Colbrelli e Mohoric venciam monumentos. Para esta Vuelta trazem mais líderes do que gregários e nenhum deles (Landa, Mader, Buitrago, etc) são grandes especialistas contra o tempo. Vejamos se conseguem não perder muito.
BORA-Hansgrohe — A história da Bora não parece muito diferente. É claro que tem uma grande volta no bolso e, portanto, 2022 nunca será manchado. Mas ter Hindley, Kelderman e Higuita na mesma formação parece sugerir 7 cães a um osso. Acrescente-se que retirando o neerlandês, nenhum dos restantes é bom contrarrelogista.
AG2R Citroën — Depois do desastre que se revelou a Volta a França, o líder da equipa francesa, Ben O’Connor, vem à Vuelta tentar emendar a mão e tentar que as quedas não o atirem fora de mais uma grande volta. Vendrame, Champoussin, Nans Peters até podem ajudar em terreno mais acidentado, mas por aqui parece uma árdua tarefa.
Apostas falso plano
Henrique Augusto: BikeExchange. Muitos especialistas, melhor equipamento e vontade de não concordar com os meus colegas.
Lourenço Graça: Jumbo-Visma. O Roglic vai querer marcar posição e mostrar que está na Vuelta para fazer história.
Miguel Branco: Quick-Step. Estou convencido que pode ser o bloco mais capaz. O Remco quer dar a roja a um colega de equipa — Alaphilippe — para depois cobrar a gentileza na alta montanha.
Miguel Pratas: Quick-Step. O Remco vai ter de se controlar para não deixar os colegas de equipa a dois minutos de distância.
Ricardo Pereira: Jumbo-Visma ganha em casa. Os principais homens da geral ficam separados por 30/40s.