Antevisão Equipas WWT 2025
Se fosse boa, esta antevisão podia ser encarada como uma espécie de manual do pelotão feminino para 2025. Assim sendo, é só uma antevisão do pelotão feminino para 2025. E já não é mau.
![Antevisão Equipas WWT 2025](/content/images/size/w1200/2025/01/demiiiiImagem-WhatsApp-2025-01-16--s-17.44.41_4ec1ed63.jpg)
Introdução
A roupa muda, as pessoas não. O que importa é o interior. O que importa é a linguagem dos afectos. Não é nada, estou a mentir. O que importa é que Demi Vollering mudou de roupa. O que importa é que Elisa Longo Borghini mudou de roupa. O que importa é que Cecilie Uttrup Ludwid, Chiara Consonni, Elise Chabbey, Marlen Reusser e Marta Cavalli mudaram de roupa. Se continuam a ser as mesmas já é algo para avaliar durante 2025.
É inegável: a composição das equipas no pelotão feminino alterou-se substantivamente. Algumas das melhores corredoras do mundo decidiram mudar de ares e isso tem um impacto óbvio e natural no equilíbrio de forças.
Vamos, agora sim, ao que importa. Será Demi Vollering capaz de se reencontrar numa equipa que a valoriza, que não a sabota, que lhe quer bem? Será mesmo Lotte Kopecky capaz de se bater com a neerlandesa ou a SD Worx está a ver mal o filme? Será Elisa Longo Borghini capaz de catapultar a UAE para outros voos?
Esta e outras perguntas — sim, não esperem encontrar propriamente respostas, o segredo é saber perguntar — para ler abaixo. Esta é a antevisão anual de todas as equipas do Women’s World Tour (WWT).
AG-Insurance-Soudal Team
![](https://www.falsoplano.pt/content/images/2025/01/image-37.png)
Entradas: Alana Castrique, Alexandra Manly, Fauve Bastiaenssen , Gladys Verhulst-Wild, Urška Žigart.
Saídas: Ally Wollaston, Maike Boogard, Maud Rijnbeek.
Vitórias 2024: 11 no total - 5 no World Tour.
Classificação WT: 13.º.
Patrick Lefevere está de saída da estrutura Soudal e por isso a alcateia, quer na sua versão feminina, quer na sua versão masculina, percorre bosques nunca antes navegados — seja lá o que isso for.
2024 foi um ano com saldo francamente positivo para a alcateia feminina da Soudal. A estreia no escalão World Tour (WT) fez-se com 11 vitórias. Cinco WT, incluindo uma classificação geral, logo a abrir o ano no Santos Tour Down Under, via Sarah Gigante.
Teve também a proeza de originar uma das surpresas da temporada, Kimberley (Le Court) Pieenar, corredora nascida na Maurícia, que se intrometeu em inúmeros top-10 durante a temporada e foi ainda vencedora da última etapa do Giro d’Italia, na chegada a L’Aquila — registe-se ainda dois top-10 no Tour e mais uns quantos resultados assinaláveis.
Justine Ghekiere foi, no entanto, aquela que alcançou o feito mais significativo para a equipa belga: vitória na sétima etapa do Tour (chegada a Le Grand Bornand) e a camisola das bolinhas no final. E isso, estimado leitor, não é coisa pouca.
Sarah Gigante vai estar fora durante bastante tempo — pode ser toda a temporada, devido a uma endofibrose da artéria ilíaca — e Ally Wollaston, responsável por quatro das 11 vitórias, ruma à FDJ-Suez. (Le Court) Pienaar, Justine Ghekiere e Ashleigh Moolman continuam a ser as estrelas da companhia.
Para 2025, há uma outra boa notícia: Urška Žigart junta-se à equipa e coisas boas esperam-se da eslovena. A alcateia está pronta para atacar. O desafio não se afigura fácil. Uma boa época para a AG Insurance é repetir a dose da época transata: não passar despercebida. Se pelo caminho conseguir repetir ou aumentar o número de vitórias, melhor ainda.
Ciclistas debaixo d’olho: Urška Žigart.
Bitaite falso plano: Kimberley (Le Court) Pieenar vence no Tour, mas a equipa não aumenta o número de vitórias.
CANYON//SRAM zondacrypto
![](https://www.falsoplano.pt/content/images/2025/01/image-38.png)
Entradas: Anastasia Kolesava, Cecilie Uttrup Ludwig, Chiara Consonni, Maria Martins, Rosa Maria Klöser, Wilma Aintila.
Saídas: Alex Morrice, Elise Chabbey, Shari Bossuyt.
Vitórias 2024: 6 no total - 5 no World Tour.
Classificação WT: 3.º.
No dia 16 de Janeiro de 2023, o norte-americano Max Park, de 21 anos, bateu o recorde do cubo de Rubik em apenas 3.13 segundos. O feito de Kasia Niewiadoma no Tour 2024 é relativamente semelhante: bateu Demi Vollering por quatro segundos. Serve isto para dizer que a Canyon parte para 2025 sem pressão nenhuma, será praticamente impossível repetir um êxito tão inesperado.
A última vez que a estrutura alemã tinha vencido uma classificação geral havia sido em 2021, quando Lisa Klein venceu o Baloise Ladies Tour. E a vitória mais importante antes do Tour 2024 está já longe, quando Niewiadoma venceu o Trofeo Alfredo Binda em 2018.
Não me interpretem mal, a Canyon não é uma equipa qualquer, mas também não é a equipa dominadora de outros tempos. Contam-se seis vitórias em 2024 e por isso a próxima temporada é naturalmente para subir a parada. No seu plantel habitam ainda algumas das mais talentosas jovens do pelotão internacional como Ricarda Bauerfeind, Antonia Niedermaier, Neve Bradbury e Zoe Bäckstedt às quais se juntam este ano uma Cecilie Uttrup Ludwig à procura de renascer e uma Chiara Consonni com vontade de se bater ao sprint com Wiebes, Kool e Balsamo — e esperemos que conte com a ajuda de Tata Martins no lançamento, a portuguesa que regressa assim à estrada.
São movimentações interessantes que parecem querer fazer a Canyon deixar de ser Niewiadoma-dependente. Não voltam a ganhar o Tour. Mas pódios em Grandes Voltas estão bem ao seu alcance.
Ciclistas debaixo d’olho: Justyna Czapla.
Bitaite falso plano: Vencem nas três grandes voltas. Uttrup Ludwig vence uma etapa no Giro ou Tour. E fazem pódio no Giro com Antonia Niedermaier.
Ceratizit-WNT Pro Cycling Team
![](https://www.falsoplano.pt/content/images/2025/01/image-39.png)
Entradas: Célia Le Mouel, Daniel Hengeveld, Dilyxine Miermont, Fariba Hashimi, Kristýna Burlová, Petra Zsankó, Sara Fiorini, Sarah Van Dam.
Saídas: Alice Maria Arzuffi, Arianna Fidanza, Cédrine Kerbaol, Katie Archibald, Kathrin Schweinberger, Laura Asencio, Lea Lin Teutenberg, Martina Fidanza, Marta Lach, Nina Berton.
Vitórias 2024: 20 no total - 6 no World Tour.
Classificação WT: 8.º.
A terra-mãe, já sabemos, dá tanto quanto tira. E o destino da Ceratizit-WNT parece ser um desses que inverte o provérbio: depois da bonança, vem a tempestade. 2024 foi incrível por estas bandas, tendo alcançado 20 vitórias — 6 delas WT, uma no Tour com Cédrine Kerboal e outras cinco em território chinês, quer na Volta à Ilha de Chongming, quer na Volta ao Guangxi — e atingido a oitava posição no ranking colectivo da UCI. Olhar para 2025 é como olhar directamente para o sol: queima.
Após o melhor ano de sempre, pode voltar a maré baixa, as ondas sem força, a espuma da derrota. Também é verdade que a estrutura liderada por Dirk Baldinger nunca foi uma grande equipa — se ignorarmos aquele saudoso 2019 ancorado em Kirsten Wild e Lisa Brennauer — mas agora que chegou ao seu melhor, vê sair as suas principais corredoras (Lach, irmãs Fidanza, Kerbaol, Kathrin Schweinberger). A neerlandesa Mylène de Zoete permanece e será a estrela da companhia, aquela onde as forças devem recair — sabendo que a sprinter terá de esperar pela ausência das melhores do mundo para conseguir trazer vitórias. Além disto, só talvez a polaca Marta Jaskulska, que num dia inspirado pode surpreender com um ataque tardio.
Boa sorte, é o que se deseja.
Ciclistas debaixo d’olho: Marta Jaskulska e Kristýna Burlová.
Bitaite falso plano: Obtém, no máximo, cinco vitórias UCI.
FDJ-Suez
![](https://www.falsoplano.pt/content/images/2025/01/image-40.png)
Entradas: Ally Wollaston, Célia Gery, Demi Vollering, Eglantine Rayer, Elise Chabbey, Juliette Labous.
Saídas: Cecilie Uttrup Ludwig, Gladys Verhuslt-Wild, Marta Cavalli.
Vitórias 2024: 13 no total - 4 no World Tour.
Classificação WT: 7.º.
Até 2022, a FDJ era uma equipa banal no pelotão feminino — quatro vitórias em 2012 era o seu melhor registo. Relembremos que 2022 é o grande ano de Marta Cavalli (corredora que abandona a estrutura depois de lesões e quedas sucessivas) à qual se juntou Grace Brown para atingir então o recorde de vitórias numa temporada: 16. Em 2023, a FDJ-Suez chegou às 19 e em 2024 às 13.
E para 2025, senhoras e senhores, a FDJ-Suez veste o seu melhor fato, a FDJ-Suez contratou a melhor ciclista do mundo e agora passa a ser a equipa de Demi Vollering. E isso acarreta responsabilidade, bolsos mais fundos, naturalmente, mas também trará mais resultados. A turma de Stephen Delcourt quer ser a melhor equipa do mundo. Além de Vollering, reforçou-se com gente para ajudar: Elise Chabbey e Juliette Labous. Duas muito experimentadas corredoras que se juntam a Évita Muzic para assim fundar uma troika de guarda-costas do melhor que há para terrenos inclinados. Também Ally Wollaston traz sangue novo — a neozelandesa foi uma das mais interessantes corredoras de 2024 e pode sempre acrescentar vitórias com a sua velocidade.
Sai ainda a corredora que durante muitos anos se confundiu com a equipa, Cecilie Uttrup Ludwig, embora neste contexto faça todo o sentido. Esta é uma nova era para a FDJ-Suez. Ter Demi Vollering significa que os objectivos passam por vencer em todo o tipo de terrenos, grandes clássicas e grandes voltas. Estamos cá para ver.
Ciclistas debaixo d’olho: Célia Gery, Eglantine Rayer e Lauren Molengraaf.
Bitaite falso plano: Vencem Tour, Vuelta e Liège-Bastogne-Liège, pelo menos. Vollering reafirma-se como melhor ciclista do mundo.
Fenix-Deceuninck
![](https://www.falsoplano.pt/content/images/2025/01/image-41.png)
Entradas: Xaydee Van Sinaey, Sara Casasola.
Saídas: Greta Marturano, Petra Stiasny, Sanne Cant, Sophie Wright.
Vitórias 2024: 2 no total - 1 no World Tour.
Classificação WT: 11.º.
A cada nova temporada, a formação feminina dos irmãos Roodhooft sobe a parada. É preciso recordar que a Fenix-Deceuninck apenas chegou ao pelotão internacional em 2020 e que desde então tem 12 vitórias. Mas mais do que isso: vence etapas há dois anos consecutivos no Tour (Yara Kastelijn em 2023 e Puck Pieterse em 2024) e o ano passado, com Pauliena Rooijakkers, conseguiu um quarto lugar na classificação geral do Giro d’Italia e um terceiro no Tour. Pódio na maior corrida do mundo para uma equipa tão recente parece um feito para lá de surreal.
Encarar 2025 é por isso manter as ambições elevadas sem querer subir demasiado alto — as vertigens podem causar grandes quedas. Rooijakkers e Kastelijn continuarão a ser a aposta para classificações gerais. Christina Schweinberger e Puck Pieterse formam a dupla temível para o bloco das clássicas. E Marthe Truyen a sprinter da companhia. Além da espinha dorsal da equipa belga, as jovens britânicas Flora Perkins e Millie Couzens podem ter uma temporada de crescimento.
Tentar vencer etapas em grandes voltas e uma ou outra grande clássica com Pieterse devem ser os objectivos primordiais.
Ciclistas debaixo d’olho: Flora Perkins.
Bitaite falso plano: Pauliena Rooijakkers não faz top-5 na GC de nenhuma grande volta. Puck Pieterse vence a Volta a Flandres.
Human Powered Health
![](https://www.falsoplano.pt/content/images/2025/01/image-42.png)
Entradas: Carlota Cipressi, Kathrin Schweinberger, Maggie Coles-Lyster, Mona Mitterwallner, Thalita de Jong, Iurani Blanco.
Saídas: Audrey Cordon-Ragot, Alice Wood (reforma), Henrietta Christie, Linda Zanetti, Krista Doebel-Hickok, Yuliaa Biriukova.
Vitórias 2024: 7 no total - 0 no World Tour.
Classificação WT: 12.º.
Eis uma das equipas que melhor se movimentou neste mercado. Em 2024, a Human Powered Health — que está no World Tour apenas desde 2022 — pode não ter vencido muito (apenas 7 vitórias e quase todas em provas pequenas), mas soube fazer-se notar, ver e ser vista, andar na disputa de etapas, intrometer-se nas fugas. E isso, além de dar trabalho, costuma ser sintoma de coisas maiores.
Ruth Edwards foi a cabeça-de-lista, com dois segundos lugares em etapas na Volta a Itália e bichos carpinteiros durante quase todo o ano. Este ano, a chegada de Schweinberg, Thalita de Jong, Yurani Blanco e Maggie Coles-Lyster é garantia de pontos. As duas primeiras devem atacar clássicas e podem disputar sprints em grupos reduzidos. Iurani Blanco é uma trepadora muito combativa, vinda da Laboral-Kutxa. Maggies Coles-Lyster é uma sprinter decente, com capacidade para trazer pódios para a estrutura norte-americana.
Há ainda um outro nome que não ficou para o fim por acaso. Mona Mitterwallner é uma corredora austríaca com um enorme curriculum no XCM, onde é tricampeã mundial — a isto soma inúmeras vitórias na Taça do Mundo e inúmeros títulos europeus e mundiais jovens em XCO. É alguém que se mexe na bicicleta como poucas. E que sabe subir lindamente. Vejamos o que será capaz de trazer para a estrada, mas as expectativas são bem altas.
Os objectivos da Human Powered Health não mudam muito: ver e ser vista. De preferência, com mais vitórias — se as mesmas ocorrerem em grandes voltas tanto melhor.
Ciclistas debaixo d’olho: Mona Mitterwallner.
Bitaite falso plano: Conseguem a sua primeira vitória de sempre em grandes voltas, via Thalita de Jong.
Lidl-Trek
![](https://www.falsoplano.pt/content/images/2025/01/image-35.png)
Entradas: Anna Henderson, Emma Norsgaard, Niamh Fischer-Black, Riejanne Markus.
Saídas: Brodie Chapman, Elisa Longo Borghini, Elynor Bäckstedt, Lisa Klein.
Vitórias 2024: 17 no total - 7 no World Tour.
Classificação WT: 2.º.
Mais uma equipa que pertence à piscina dos grandes. E por aqui as águas agitaram-se significativamente. Elisa Longo Borghini, figura principal da equipa estadunidense, que nestas paragens atingiu o topo da sua carreira com vitórias na Paris-Roubaix, na Ronde van Vlaanderen, no Trofeo Alfredo Binda, na classificação geral do Giro d’Italia, está de saída, em direcção à UAE Team ADQ. Leva consigo Brodie Chapman e Elynor Bäckstedt.
Para colmatar o sentimento de perda, a Lidl-Trek trouxe vitamina da boa para a sua estrutura. Anna Henderson é uma das melhores contrarrelogistas do mundo, uma classicómana talentosa e uma excelente gregária para terrenos planos. Emma Norsgaard chega da Movistar depois de uma temporada menos bem conseguida — mas que dúvidas não existam, a dinamarquesa tem velocidade e andamento para provas de um dia exigentes. Fischer-Black e Riejanne Markus são as duas opções de geral que a Lidl resgata. A neozelandesa é uma das melhores trepadoras do mundo e constituirá um par incrível com Gaia Realini no ataque às Grandes Voltas. Riejanne Markus tem, perante estes dois talentos naturais, uma vantagem: anda que se farta no contrarrelógio. E isso, convenhamos, pode fazer diferença quanto às reais possibilidades de um pódio numa das três grandes.
Ainda assim, é preciso baixar expectativas e perceber que 2025 será provavelmente um ano em que a Lidl-Trek volta a ser uma equipa caça-etapas, uma equipa que vence muito, uma das melhores do mundo, mas não uma equipa capaz de repetir o êxito do Giro 2024 com Longo Borghini. É a vida. E a vida é sempre feita de opções.
Mas nem tudo são Grandes Voltas. Elisa Balsamo continua a ser uma das melhores sprinters do mundo e voltará a trazer vitórias depois de um 2024 marcado pela terrível queda na Volta a Burgos. Lizzie Deignan acaba a sua carreira esta época e vai querer fazê-lo com estilo. As manas Holmgren são duas garantias de futuro. Fleur Moors idem idem, aspas aspas. E Shirin Van Anrooij quer voltar a sorrir, após uma segunda metade de temporada para esquecer em virtude de uma lesão na artéria ilíaca que a fez correr com dores durante meses a fio.
Uma coisa parece certa: a Lidl-Trek vai continuar a dar-nos espectáculo.
Ciclistas debaixo d’olho: Isabella Holmgren.
Bitaite falso plano: Um ou dois pódios em grandes voltas. Vencem etapas em todas. E Shirin Van Anrooij vence a Volta a Flandres (ou a Puck Pieterse, claro).
Liv AlUla Jayco
![](https://www.falsoplano.pt/content/images/2025/01/image-43.png)
Entradas: Amber Van der Hulst, Josie Talbot, Monica Trinca Colonel.
Saídas: Alexandra Manly, Georgie Howe, Ingvild Gåskjenn, Teniel Campbell, Urska Zigart.
Vitórias 2024: 13 no total - 1 no World Tour.
Classificação WT: 9.º.
À Liv AlUla Jayco o tempo não lhe fez bem. As rugas não foram sinal de confiança. Os cabelos brancos não trouxeram ânsias de voluntariado, aulas de tai-chi ou clubes de leitura. À Liv AlUla Jayco, a idade só lhe trouxe dissabores. Longe vão os tempos em que era uma das equipas dominadoras, à boleia de Annemiek van Vleuten, Jolian D’Hoore, Emma Johansson, Amanda Spratt, Sarah Roy, entre outras, aí ainda sob outras nomenclaturas.
2023 foi terrível: duas vitórias apenas. 2024 foi aceitável, com 13 vitórias, embora muitas destas sejam campeonatos nacionais — pelo meio Mavi García ainda foi capaz de resgatar a geral da Volta a Andaluzia e Roseman-Gannon uma vitória no Tour of Britain Women. No que a 2025 diz respeito, pouco mudou e o que mudou foi para pior: saídas de Alexandra Manly, Ingvild Gåskjenn e Urska Zigart.
A equipa mantém, apesar de tudo, um bloco interessante de corredoras, com a ainda em dia — mas cada vez menos, naturalmente — Mavi García, com Letizia Pasternoster, com Roseman-Gannon, com Silke Smulders e com Ella Wyllie. São estes os nomes que poderão trazer alegrias e são, como têm provado, bem capazes de o fazer. Mas não terão em si o poder da multiplicação. Para a época que agora começa espera-se que a Liv, ainda assim, seja capaz de melhorar em relação a 2024 e em relação aos últimos anos, não talvez no número de vitórias, mas antes na qualidade das mesmas. Assim estas corredoras acima mencionadas se mantenham saudáveis e com motivação.
Ciclistas debaixo d’olho: Silke Smulders.
Bitaite falso plano: Ella Wyllie fecha top-10 numa grande volta. Silke Smulders conquista a sua primeira vitória WT.
Movistar Team
![](https://www.falsoplano.pt/content/images/2025/01/image-44.png)
Entradas: Ana Vitória Magalhães, Carys Lloyd, Cat Ferguson, Marlen Reusser.
Saídas: Emma Norsgaard.
Vitórias 2024: 15 no total - 1 no World Tour.
Classificação WT: 10.º.
2024 foi o primeiro ano do resto da vida da Movistar. Annemiek van Vleuten retirou-se e se isso foi duro para nós, amantes da modalidade, imagine-se para a estrutura a que pertencia a lenda neerlandesa. Do mal, o menos: 15 vitórias. Ainda assim, no que às expectativas de classificações gerais diz respeito, a formação espanhola ficou muito aquém e Liane Lippert não conseguiu, nem por sombras, fazer esquecer Annemiek — também é preciso dizer que a tarefa era impossível à partida. Ainda assim, a germânica pode fazer melhor do que uma vitória em etapa no Giro e um 18.º lugar da geral no Tour. Pode e deve. E é isso que se espera para a temporada vindoura.
O grande aperitivo para 2025 é a chegada de Marlen Reusser, a experiente corredora helvética que teve um breakdown mental nos campeonatos nacionais e não mais correu, invocando necessidade de melhorar a sua saúde mental. Se Reusser for capaz de arrumar os seus fantasmas — tanto quanto possível, claro — é uma adição e peras para a telefónica, capaz de vencer de várias maneiras e feitios. E assim esperamos, para bem do ciclismo e do mundo.
Por outro lado, convém darmos nota, embora talvez já toda a gente tenha reparado, da chegada de Cat Ferguson. Jovem prodígio britânica bicampeã mundial júnior (prova de fundo e contrarrelógio) em Zurique que já se estreou pela equipa de Sebastián Unzué no final do ano e logo com duas vitórias em elites: na Binche Chimay Binche e na primeira etapa da AG Tour de la Semois. Tem 18 anos. Segurem-se.
Ciclistas debaixo d’olho: Cat Ferguson.
Bitaite falso plano: Liane Lippert fecha top-10 do Tour. Cat Ferguson é a corredora mais vitoriosa da equipa.
Roland
![](https://www.falsoplano.pt/content/images/2025/01/image-50.png)
Entradas: Giulia Giuliani, Kaja Rysz, Mia Griffin, Morgane Coston, Petra Stiasny, Vittoria Ruffilli.
Saídas: Maggie Coles-Lyster.
Vitórias 2024: 12 no total - 0 no World Tour.
Classificação WT: 15.º.
A Roland é, provavelmente, a equipa mais modesta do WWT. A equipa suíça está no maior escalão do ciclismo desde 2022 e a verdade é que tem sido capaz de amealhar vitórias UCI, nomeadamente através de campeonatos nacionais e provas de menor relevo — em 2024, sete das suas 12 vitórias são em provas disputadas em El Salvador, de onde Ruben Rodrigo Contreras, o seu General Manager, é originário.
As restantes cinco são em campeonatos nacionais, cortesia de Anna Kiesenhofer, Helena Hartmann e Antri Christoforou. Das três, apenas a última ainda está na equipa e isso significa menos poder de ataque. Vislumbrar o plantel da Roland é ver precariedade no potencial de vitórias e no talento de forma geral. As vitórias serão escassas e, por isso, os objectivos terão de passar por eventuais prestações positivas em provas maiores — alguns top-10 talvez através de Tamara Dronova-Balabolina e Elena Pirrone. Tudo o que vier à rede, neste caso, é uma bela pescaria.
Ciclistas debaixo d’olho: Kaja Rysz.
Bitaite falso plano: Vão continuar sem vencer em provas WT. E a época será semelhante ou ainda pior do que a anterior.
Team Picnic PostNL
![](https://www.falsoplano.pt/content/images/2025/01/image-45.png)
Entradas: Ella Heremans, Juliana Londono, Mara Roldan, Marta Cavalli.
Saídas: Anna Van der Meiden, Daniek Hengeveld, Eglantine Rayer, Juliette Labous, Maeve Plouffe.
Vitórias 2024: 8 no total - 2 no World Tour.
Classificação WT: 4.º.
A toalha de quadrados vermelhos e brancos está estendida. A dsm vira Picnic e ao contrário do que acontece no sector masculino, as mudanças não se ficam apenas pelo nome. Esta equipa tem sido das melhores do WWT e agora vê sair uma das suas referências: Juliette Labous.
Se o cenário já se pintava para serem, cada vez mais, uma formação caça-etapas, agora tudo está mais escancarado. Charlotte Kool não teve um grande 2024 (apesar da dupla vitória no Tour), mas ainda assim a actual Picnic fechou o ano em quarto lugar no ranking colectivo WWT.
O plano para 2025 mantém-se: bater Lorena Wiebes em todas as oportunidades possíveis. O que significa ser uma máquina de sprint, trabalho que notabilizou a estrutura neerlandesa, com um comboio com carruagens valiosas: Koch, Jastrab, Barbieri. Para outros voos, menos velozes, Pfeiffer Georgi continua a ser uma peça fundamental. E a juventude continua a ser prato forte por estas bandas: Josie Nelson, Francesca Barale, Eleonora Ciabocco — neste campo acrescente-se ainda Mara Roldan, corredora canadiana de 20 anos que venceu uma etapa na Volta a Portugal feminina, na difícil chegada a Sever do Vouga.
O melhor para o fim. Marta Cavalli é resgatada à FDJ-Suez, depois de um enorme calvário de lesões e quedas, para tentar ligar a máquina do tempo e voltar a 2022 (Flèche Wallone e Amstel Gold; 2.º lugar na GC da Volta a Itália).
Ciclistas debaixo d’olho: Mara Roldan.
Bitaite falso plano: Vitórias em etapas no Giro e no Tour. Pfeiffer Georgi vence uma clássica belga relevante.
Team SD Worx-Protime
![](https://www.falsoplano.pt/content/images/2025/01/image-49.png)
Entradas: Anna Van der Breggen, Geerike Schreurs, Julia Kopecký, Laura Stigger, Marta Lach, Mikayla Harvey, Skylar Schneider, Steffi Häberlin.
Saídas: Anna Shackley, Christine Majerus, Lonneke Uneken, Marlene Reusser, Niamh Fisher-Black.
Vitórias 2024: 64 no total - 45 no World Tour.
Classificação WT: 1.º.
Um patrão digno não permite que uma colaboradora seu saiba pela imprensa o seu destino. Um patrão digno não deixa um dos seus para trás, caído à beira da estrada. Ou então deixa e depois o patrão e a colaboradora seguem caminhos separados. A SD Worx é tem sido a melhor equipa do mundo, mas se quiser manter este estatuto de forma inegável em 2025 vai ter de ser criativa, nomeadamente em relação às maiores provas. Porquê? Todos sabemos: Demi Vollering partiu. E isso significa que a equipa de Erwin Janssen vai ter de tentar ganhar o Tour com Lotte Kopecky.
É claro que esse era o plano e é claro que não parece completamente impossível — recordemos que a bicampeã mundial disputou o Giro d’Italia ao segundo com Longo Borghini e já fechou em segundo lugar no Tour 2023, atrás de Vollering —, mas convenhamos que superar Vollering não parece o cenário mais provável. Este ano a neerlandesa já não será sabotada pela própria equipa. E isso, parecendo que não, pode fazer diferença — já para não falar da sede de voltar a vencer o Tour depois de tanto sururu, depois de se sentir injustiçada e sozinha.
Portanto, sim: o grande objectivo da SD Worx para 2025 é vencer o Tour com Lotte Kopecky. É claro que isso não basta. Mas também é claro que a profundidade desta formação será mais do que suficiente para vencerem em inúmeros terrenos e de diversas formas — vejamos se ultrapassar as 60 vitórias anuais volta a suceder como em 2023 e 2024.
E não nos ficamos por aqui. O binómio Kopecky-Vollering não é tudo. Anna Van der Breggen — até ao ano passado directora-desportiva da equipa; bicampeã mundial; campeã olímpica; vencedora de quatro edições da Volta a Itália; vencedoras de sete edições consecutivas da Flèche Wallone; entre tantos outros feitos — está de regresso à estrada. A Rainha das Ardenas tinha pendurada a bicicleta em 2021 e volta com ambição. O que fará, está por descobrir, mas com Breggen o melhor é, no mínimo, desconfiar.
Ciclistas debaixo d’olho: Julia Kopecký.
Bitaite falso plano: Não vencem nenhuma grande volta e não chegam às 60 vitórias.
Team Visma | Lease a Bike
![](https://www.falsoplano.pt/content/images/2025/01/image-46.png)
Entradas: Imogen Wolff, Marion Bunel, Martina Fidanza, Pauline Ferrand-Prévot, Viktória Chladoňová.
Saídas: Anna Henderson, Riejanne Markus.
Vitórias 2024: 17 no total - 6 no World Tour.
Classificação WT: 6.º.
Quando a Visma fundou a sua estrutura feminina acertou logo na sua primeira decisão: contratar Marianne Vos. Foi ela que durante o ano de 2021, enquanto esta era ainda uma equipa continental, alargou os horizontes mediáticos da mesma e lhe adicionou resultados. Depois disso, continua a ser a sua porta-estandarte e continua a ser, aos 37 anos, uma das melhores corredoras do mundo.
O que 2025 parece querer significar para a Visma é um alargamento do raio de acção, uma tentativa de criar fundações, um manifesto ao estilo: dêem-nos dois ou três aninhos que a gente já fala. A aposta séria na juventude com Imogen Wolff e Viktória Chladoňová, duas das melhores juniores do mundo, e em Marion Bunel, trepadora de enorme nível e actual vencedora do Tour de l’Avenir, são prova disso mesmo. Saiam da frente porque as abelhas vêm com pujança.
A grande notícia é, contudo, o regresso de Pauline Ferrand-Prévot à estrada, ela que foi campeã do mundo em Ponferrada em 2014 e é uma das ciclistas mais versáteis da história, tendo já sido campeã mundial em várias das disciplinas off-track do ciclismo — e campeã olímpica de XCO em Paris 2024 — quer acrescentar mais uma página à sua já longa carreira. Aos 32 anos, fica por saber o que será capaz de oferecer a francesa, quer à equipa, quer a nós espectadores. A Visma anunciou que o objectivo passar por lutar com Ferrand-Prévot pelo pódio no Tour. A corredora foi mais modesta, afirmando que queria estar na luta pela vitória nos próximos três anos — o contrato acaba em 2027.
Por isso, os seus objectivos principais têm de passar por continuar a progredir, quem sabe chegar às duas dezenas de vitórias, defender a camisola verde que Vos alcançou no Tour 2024 e regar com afinco as sementes plantadas.
Ciclistas debaixo d’olho: Marion Bunel, Chladoňová e Wolff.
Bitaite falso plano: Pauline Ferrand-Prévot não consegue pódio no Tour. Ainda assim, a equipa aumenta o número de vitórias e a qualidade das mesmas.
UAE Team ADQ
![](https://www.falsoplano.pt/content/images/2025/01/image-47.png)
Entradas: Brodie Chapman, Elisa Longo Borghini, Elynor Bäckstedt, Greta Marturano, Maëva Squiban, Sofie Van Rooijen.
Saídas: Anastasia Carbonari, Chiara Consonni, Eugenia Bujak, Karolina Kumiega, Mikayla Harvey.
Vitórias 2024: 12 no total - 1 no World Tour.
Classificação WT: 5.º.
Por cada golpe de calendário, por cada vez que Janeiro regressa, a UAE mete mais uma moeda, atira mais uma pedra. Vamos ser sinceros: começa a não ser aceitável que uma estrutura com poços de petróleo e dinheiro infinito não invista a sério no ciclismo feminino. O desfasamento de resultados entre homens e senhoras continua a ser gritante, mas a vontade de aproximação é notória.
Depois de anos a fio às cavalitas de Marta Bastianelli e mais recentemente de Chiara Consonni, Silvia Persico e Eleonora Gasparrini, a UAE ADQ traz uma das melhores do mundo: Elisa Longo Borghini. Da Lidl-Trek vêm também Chapman e Bäckstedt para dar uma mão, assim como Marturano da Fenix-Deceuninck. O objectivo tem de passar por vencer grandes voltas. Vai estar no Giro para defender o seu título e vai seguir directa para o Tour — vejamos como reagem as suas pernas a tão tremendo esforço. Não esqueçamos, naturalmente, a força de Borghini nas grandes clássicas, onde vai querer voltar a brilhar — para já sabe-se que vai marcar presença na Liège-Bastogne-Liège.
Além desta transferência, uma das mais badaladas desta off-season, a UAE trouxe também Sofia Van Rooijen, jovem sprinter neerlandesa de enorme qualidade — campeã europeia sub-23 em Hasselt —, que será a aposta para chegadas rápidas. Trouxe também o excelente valor francês Maëva Squiban — muita qualidade enquanto contrarrelogista e também sabe subir — e mantém Sofia Bertizzolo, Erica Magnaldi, Silvia Persico e Karlijn Swinkels como flechas ofensivas para vários tipos de terrenos.
Não há volta a dar: este tem de ser o ano em que a UAE dá um murro na mesa e se aproxima da SD Worx e da Lidl-Trek.
Ciclistas debaixo d’olho: Maëva Squiban, Sofie Van Rooijen e Dominika Włodarczyk.
Bitaite falso plano: Elisa Longo Borghini não consegue revalidar o Giro, mas vence etapas aí e no Tour. Conseguem o maior número de vitórias de sempre (neste momento o seu melhor registo é de 17 em 2022).
Uno-X Mobility
![](https://www.falsoplano.pt/content/images/2025/01/image-48.png)
Entradas: Alberte Greve, Ingvild Gåskjenn, Kamilla Aasebø, Linda Zanetti, Mia Gjersten.
Saídas: Amalie Dideriksen, Joscelin Lowden, Julie Norman Leth, Wilma Olausson.
Vitórias 2024: 8 no total - 0 no World Tour.
Classificação WT: 14.º.
Igual a si mesma, a Uno-X Mobility faz das corredores escandinavas a prata da casa. Ao contrário do que acontece no sector masculino, pertence ao WT desde 2022, mas é preciso reconhecer que falta profundidade e soluções à equipa de Thor Hushovd.
Falta uma vitória importante à Uno-X, uma vitória que mate o borrego, que afaste o mau olhado. Em 2023, Amalie Diderisken (que este ano ruma à Cofidis) venceu a GP Eco-Struct (prova 1.1). Em 2024, Mie Bjørndal Ottestad venceu a geral do Tour de Normandie (2.1), Anniina Ahtosalo venceu o Trofee Maerten Wynants (1.1) e Anouska Koster foi primeira no Kreiz Breizh Elites Féminin (1.1). Isto é curto, ainda que se perceba que o plantel não é propriamente um conjunto de estrelas.
Para a próxima temporada juntam-se à equipa dois nomes que podem remar no sentido certo, em direcção a essa vitória de relevo: Ingvild Gåskjenn e Linda Zanetti. Duas ciclistas na curva ascendente da sua carreira e que podem aqui encontrar o seu pousio.
Por cá continuam Anniina Ahtosalo, Anouska Koster, Maria Giulia Confalonieri, Susanne Andersen, Simone Boilard. São os outros nomes com obrigação de fazer pela vida e pela vida da equipa. Ahtosalo é, na minha opinião, aquela com mais potencial e que no futuro deverá rumar a outras paragens — no entanto só acaba contrato até 2027. Na primeira etapa do Tour esteve perto de fazer história para a estrutura norueguesa, mas Charlotte Kool foi mais rápida. Vejamos se terão outra tão grande oportunidade brevemente.
Quanto a objectivos, não é uma tarefa fácil. Não se pedir muito mais do que vitórias. A tal vitória impactante. Seja lá onde isso for.
Ciclistas debaixo d’olho: Anniina Ahtosalo.
Bitaite falso plano: Não vencem a alto nível. Mais um ano difícil.