Antevisão Equipas UWT 2025

A época não é só Pogačar e Vingegaard, Van Aert e Van der Poel, Almeida e Ayuso. Há por aí muita mais qualidade e pinaria. Nós encontrámos quase todos. Sim, para mim a época começa na Omloop, por isso ainda são horas de antevisões.

Antevisão Equipas UWT 2025

Alpecin - Deceuninck

Enquanto estes dois ficarem por aqui, muito mal nunca corre. (foto: DH/LesSports )

Entradas: Ramses Debruyne, Simon Dehairs, Tibor del Grosso, Gal Glivar, Johan Price-Pejtersen, Emiel Verstrynge.
Saídas: Maurice Ballerstedt, Nicola Conci, Axel Laurance, Senne Leysen, Jason Osborne, Ramon Sinkeldam, Søren Kragh Andersen.
Vitórias 2024: 26 no total – 15 no World Tour.
Classificação WT: 8.º.

Das equipas menos complexas de analisar. A personalidade está lá toda, os objetivos são fáceis de traçar e os líderes são mais do que óbvios. Em 2024 deram mais um passo na sua afirmação como conjunto fortíssimo nas clássicas e nos sprints, com as vitórias nos 3 (!) primeiros monumentos da época, a que se somaram 3 vitórias no Tour – com Jasper Philipsen – e 2 na Vuelta, com Kaden Groves.

A ideia para 2025 parece não mudar muito, pelo menos olhando às mexidas. A regra de "se sabes subir, põe-te a andar" mantém-se e a lógica de subir muitos miúdos da equipa de desenvolvimento para fortalecer sobretudo o comboio dos homens rápidos também. Os objetivos passarão por repetir o domínio nas clássicas do pavé – com mais dificuldades dado que o Tadej volta a marcar presença – e as múltiplas vitórias no Tour, com mais dificuldades já que a startlist de sprint deste Tour está fortíssima.

Por estes dois motivos, prevejo uma época difícil para a Alpecin. Terá mais concorrência nos seus terrenos prediletos, mas a equipa já provou ser bastante competente naquilo que faz; por isso, acredito que terá a capacidade de se manter relevante.

E no fundo, quem tem Mathieu van der Poel dificilmente fará más épocas, sobretudo quando se antecipa uma temporada com mais dias de corrida para o neerlandês. Fala-se que estará presente no Tirreno ou Paris-Nice e que poderá "fugir" ao Tour esta época, substituindo-o pela participação na Vuelta. Logo agora que a "corrida das corridas" se apresenta com um percurso mais agradável para o melhor classicómano do mundo.

Ciclistas a ter em atenção: Vou tentar ser mais criativo noutras equipas, mas aqui não há como fugir ao trio Jasper Philipsen, Mathieu van der Poel e Kaden Groves. A equipa funciona em torno destes três lideres e o ano passado foram responsáveis por 70% dos pontos UCI conquistados. Destaque extra apenas para o jovem que será mencionado no bitaite e que fará este ano a sua primeira temporada completa como profissional.

Bitaite falso plano: Tibor del Grosso vai ganhar uma clássica Pro.
Philipsen passa o Tour a comer poeira.

Arkéa - B&B Hotels

A aflição que não deve ser ter a permanência dependente de Démare. (foto: L'Équipe)

Entradas: Giosuè Epis, Victor Guarnalec, Léandre Lozouet, Louis Rouland, Embret Svestad-Bårdseng, Martin Tjøtta.
Saídas: Vincenzo Albanese, Louis Barré, Clément Champoussin, David Dekker, Kévin Ledanois, Matis Louvel, Daniel McLay, Alan Riou, Łukasz Owsian.
Vitórias 2024: 9 no total - 1 no World Tour.
Classificação WT: 19.º.

É uma equipa fraca, comecemos por aí. Talvez a mais fraca das presentes neste artigo. Além disso, está sob a nuvem do fim do projeto quando se der o término do contrato vigente, no fim da temporada 2026. (Um aparte: penso que há demasiadas equipas francesas; canibalizam-se umas às outras, perdendo potencial, pelo que não vejo o fim da Arkéa como algo necessariamente mau).

A equipa vem de uma época má, "salva" por uma vitória em etapa no Tour, por intermédio daquele que é a luz ao fundo do túnel da formação: Kévin Vauquelin. A pressão dos pontos também é brutal. Encontram-se neste momento em lugar de despromoção, quando estamos no último ano do triénio que define as atribuições das licenças WT. Não me parecem existir grandes razões para pensar que conseguirão inverter a situação.

O mercado levou-lhes Albanese, um dos meus ciclistas fetiche e que tinha sido o 3.º mais pontuado na época passada, e Champoussin, o 4.º mais pontuado. Viram sair ainda Daniel McLay, o melhor lançador da equipa, e Matis Louvel, uma das maiores esperanças no plantel. As entradas não colmatam as saídas, nem de perto nem de longe, continuando assim a vaga de pouco otimismo quanto à equipa francesa.

Há alguns nomes interessantes que vale a pena mencionar e que se podem sobretudo destacar em clássicas que não tenham demasiadas dificuldades: Luca Mozzato (2.º na Flandres, nunca mais, impensável, irrepetível), Amaury Capiot e Jenthe Biermans. Todos com boa ponta final, nenhum com uma ponta final que possa valer muitas vitórias.

A época de 2025 será muito virada para a luta pela manutenção no escalão WT, pelo que poderemos contar com muitos dias de competição acumulados no circuito francês em busca dos tão famosos pontos.

O Démare e o Sénéchal fazem parte desta equipa, façam o que quiserem com essa informação. Já não é 2020, mas sabe-se lá: também cheguei a achar que o Cav já estava "morto".

Ciclistas a ter em atenção: Quando não há muito a que nos agarrarmos, viramo-nos para a juventude - Embret Svestad-Bårdseng é um promissor trepador norueguês que abriu bem a época em Omã; Ewen Costiou teve alguns resultados interessantes em 2024 e pode ser o ano da sua afirmação. Os olhos devem estar postos em Vauquelin, que vai voar no último ano antes de ir para uma equipa a sério.

Bitaite falso plano: Esta época vai ser tão má que representará o fim do projeto.

Bahrain - Victorious

All in no petit Lenny. (foto: Twitter Bahrain)

Entradas: Roman Ermakov, Žak Eržen, Afonso Eulálio, Lenny Martinez, Mathijs Paasschens, Daniel Skerl, Oliver Stockwell, Max van der Meulen, Vlad van Mechelen.
Saídas: Yukiya Arashiro, Ahmed Madan, Wout Poels, Johan Price-Pejtersen, Cameron Scott, Dušan Rajović, Jasha Sütterlin, Łukasz Wiśniowski.
Vitórias 2024: 13 no total - 4 no World Tour.
Classificação WT: 17.º.

Não muda muito. O core da equipa mantém-se e os objetivos das principais estrelas também. Pello Bilbao vai lutar por top-10 nas grandes voltas e top-5 nas provas de uma semana, procurando uma vitória aqui e ali. Matej Mohorič vai procurar o regresso às grandes vitórias depois de uma época mais ou menos apagada. Phil Bauhaus vai tentar – e conseguir – enganar os melhores sprinters do mundo uma ou duas vezes ao longo do ano. Antonio Tiberi deverá ter a mira apontada à repetição do top-5 no Giro. Santiago Buitrago deverá prosseguir a sua evolução como um dos melhores puncheurs da atualidade, defendendo-se e bem na montanha. Há muito mais que isso no horizonte do colombiano? Esse é, a meu ver, um dos pontos de interesse para a época que se avizinha. Começou bem (well, da nossa perspectiva começou mal) a época na Valenciana, mas neste terreno já é expectável que esteja com os melhores. Noutros voos, o ano passado tentou a GC no Tour, fechando 10.º, tal como já tinha feito na Vuelta 2023; e se é para isso eu prefiro que ele ande ao ataque.

A questão: chegou uma estrela nova, aquela que a estrutura acredita vir a ser A estrela: Lenny Martinez. Só assim se justifica o camião de dinheiro que mandaram para cima do francês, com o intuito de ser ele a "voltar a colocar um francês no pódio do Tour". Pódio na Grande Boucle acho que é pedir demais. Mas se Lenny Martinez continuar o seu desenvolvimento, tem tudo para ser um super ciclista no futuro. Trepador de excelência, bom race sense e explosivo; falta o contrarrelógio para poder aspirar a algo mais.

Há depois algumas incógnitas que, a resolverem-se, poderão funcionar como factor X para a época da Bahrain. Falo de nomes que têm andado discretos, como Jack Haig e Fred Wright.

Ciclistas a ter em atenção: Edoardo Zambanini, que fez um belo fim de 2024. Alberto Bruttomesso, outro italiano, este mais novo (21) e mais virado para as chegadas rápidas.

Bitaite falso plano: Afonso Eulálio vence uma etapa numa grande volta.
Kamil Gradek faz top-10 num dos monumentos do empedrado.

Cofidis

Ainda não te perdoámos, Benjamin. Talvez nunca perdoemos. (foto: Reuters)

Entradas: Alex Aranburu, Emanuel Buchmann, Simon Carr, Valentin Ferron, Clément Izquierdo, Jan Maas, Sam Maisonobe, Sylvain Moniquet, Paul Ourselin, Sergio Samitier, Dylan Teuns, Damien Touzé.
Saídas: Thomas Champion, Kenny Elissonde, Rubén Fernández, Simon Geschke, Alexis Gougeard, Ben Hermans, Gorka Izagirre, Axel Mariault, Guillaume Martin, Cristophe Noppe, Harrison Wood, Axel Zingle.
Vitórias 2024: 5 no total - 2 no World Tour.
Classificação WT: 20.º.

Este mercado de transferências parece tirado da série La Révolution, tantas foram as mexidas. Saem "históricos" da formação francesa: o experiente Simon Geschke, o filósofo Guillaume Martin, a eterna promessa falhada que entretanto já é meio velha Rubén Fernández (diga-se, mudou-se para uma equipa bem melhor) e, sobretudo, a estrela da equipa e um protegido falso plano, Axel Zingle.

Se é verdade que é muita gente – e alguma qualidade – para substituir, também é verdade que fizeram pela vida. Alex Aranburu é uma máquina de marcar pontos; Dylan Teuns parece já ter visto passar os melhores anos mas, no seu dia, é um ciclista que se pode bater com qualquer um (dos mortais); Simon Carr é um nome interessante e Emanuel Buchmann é... epá, se era para mandarem dinheiro fora, davam-me a mim.

O foco deste ano são os pontos. O foco seguinte são os pontos. E como foco secundário, vêm os pontos. A equipa é a última das que está no top-18 que assegura licença para o triénio seguinte e não quer por nada perder esse lugar. Isto pode levar a que muitas vezes encontremos as suas estrelas em corridas menores, sobretudo em provas de um dia, à caça de pontuar com mais facilidade. Milan Fretin deverá ser uma máquina da Bélgica, Sylvain Moniquet e Stefano Oldani vão fazer pela vida, Stanisław Aniołkowski vai sprintar por qualquer 10.º lugar à disposição e os experientes mas fiáveis Bryan Coquard e Ion Izagirre (sobretudo no País Basco) são talvez os únicos capazes de brilhar mesmo perante concorrência de peso.

Eu acho que se vão aguentar no WT e que o ciclo vai começar de novo para a equipa francesa. São uma das mais antigas do pelotão internacional e, também por isso, gosto de a ver a andar bem.

Ciclistas a ter em atenção: Milan Fretin parece o único ciclista que me poderá surpreender se conseguir dar um salto qualitativo grande em 2025. Para o resto da equipa, sinto que já vi o que tinha a ver.

Bitaite falso plano: Stanisław Aniołkowski vai vencer 2 etapas no Giro. Mais não seja por ser o único sprinter presente.

Decathlon AG2R La Mondiale Team

Entusiasma, o menino Paul Seixas. (foto: Cyclist)

Entradas: Léo Bisiaux, Stefan Bissegger, Oscar Chamberlain, Tord Gudmestad, Noa Isidore, Callum Scotson, Paul Seixas, Rasmus Søjberg Pedersen, Johannes Staune-Mittet.
Saídas: Alex Baudin, Edvald Boassen Hagen, Franck Bonnamour, Jaakko Hänninen, Ben O'Connor, Valentin Paret-Peintre, Valentin Retailleau, Damien Touzé, Larry Warbasse.
Vitórias 2024: 30 no total - 7 no World Tour.
Classificação WT: 6.º.

A Decathlon vem de um 2024 espetacular. Talvez a sua melhor época desde os tempos em que Romain Bardet dava à nação francesa a esperança de poder vencer o Tour, somando pódios consecutivos em 2026 e 2017. Umas 30 vitórias fizeram muita gente acreditar que as Van Rysel tinham asas e colocaram a fasquia muito alta para, em 2025, se perceber se a capacidade da equipa está mesmo neste tipo de resultados ou se foram um one hit wonder.

O mercado levou a estrela maior – Ben O'Connor (do qual falarei em mais detalhe à frente) – e não trouxe ninguém de dimensão semelhante para o substituir. Somando esta saída à de um Valentin Paret-Peintre que vinha numa trajetória crescente com a equipa, não imagino como possa a equipa repetir as façanhas. Há nomes interessantes a chegar, como o vencedor do Baby Giro de 2023, Staune-Mittet, que procura aqui "relançar" a carreira depois de um inicio como profissional discreto e Rasmus Søjberg Pedersen, campeão dinamarquês, que tem um potencial interessante. Mas o foco aqui está em Paul Seixas, apontado por muitos como o próximo grande voltista francês e que, aos 18 anos, fugiu à tentação das grandes equipas para assinar pela formação francesa. Boas notícias para o ciclismo. São só 18 aninhos mas na estreia no UAE já mostrou que sabe andar com os melhores na montanha.

Até pelas contratações se percebe que a ideia é um projeto sustentável e com futuro, pelo que para este ano a ambição não será desmedida. Ainda assim, há um conjunto de jovens franceses que se têm mostrado não extraordinários, mas competentes. Refiro-me a Paul Lapeira, Pierre Gautherat, Bastien Tronchon e Jordan Labrosse, para as clássicas; Dorian Godon e Clément Berthet, para os sprints e montanha, respetivamente.

Somam-se a isto os líderes da equipa, com Felix Gall à cabeça. Ele quer provar que 2023 não foi um acaso e que pode mesmo ser um dos melhores trepadores (e piores contrarrelogistas) do mundo, agora com a liderança toda por sua conta. E Benoît Cosnefroy que, juntamente com Sam Bennett, vão mostrando fogachos da sua qualidade mas sem nunca alcançarem nem a consistência nem os grandes resultados desejados.

Nota ainda para Victor Lafay que, se ficar afastado de lesões, costuma voar em ano de contrato.

Em suma, é uma equipa interessante e profunda, que lutará muito no calendário nacional francês e que, através de fugas, procurará uma gracinha aqui e ali com etapas nas grandes voltas. Se a isto se somar um top-10 no Tour por parte de Gall, tanto melhor. Se não, Paul Seixas entregará mais do que isso em breve. É só saber esperar.

Ciclistas a ter em atenção: Paul Seixas. All eyez on you.

Bitaite falso plano: Oliver Naesen faz top-10 na Flandres e em Roubaix.
Victor Lafay volta a vencer etapa no Tour.

EF Education - EasyPost

Pode não estar a ser tudo o que a EF esperava, mas Carapaz continua a ser quem tem capacidade de entregar grandes vitórias. (foto: BBC)

Entradas: Vincenzo Albanese, Kasper Asgreen, Samuele Battistella, Alex Baudin, Alastair Mackellar, Madis Mihkels, Max Walker.
Saídas: Andrey Amador, Alberto Bettiol, Stefan Bissegger, Simon Carr, Stefan de Bod, Andrea Piccolo, Jonas Rutsch, Rigoberto Urán.
Vitórias 2024: 24 no total - 4 no World Tour.
Classificação WT: 12.º.

Eu gosto da EF. É das poucas equipas que parece ter uma personalidade vincada. São atacantes, são ousados, são cor-de-rosa, são brincalhões. Nem sempre são vitoriosos, mas isso faz parte do jogo.

Neste registo, adorei o mercado da equipa americana (descontando a saída do lendário, mítico e inigualável Alberto Bettilol). Madis Mihkels é um ciclista para manter debaixo de olho depois do seu top-10 em Roubaix e pódio nos Europeus. Asgreen é desta raça atacante: espero que se reencontre aqui, tal como Battistella em menor escala. Albanese é um dos meus ciclistas de culto e Baudin veio com desconto porque se diz que andou com aditivo (normalmente, é ao contrário). Tudo malta para atacar e surpreender as equipas grandes. Gosto.

Apesar disto, o bloco continua a ter as suas grandes estrelas em Richard Carapaz, Ben Healy e Neilson Powless. Três ciclistas que encaixam no espírito e que são capazes do melhor e do pior. Powless e Healy vêm de épocas discretas e quererão voltar às grandes vitórias. Já Carapaz decidiu fugir das trutas em 2025, apresentando-se no Giro com ambições legítimas de fechar pódio. À porta deste lote, deixo Marijn van den Berg, sprinter versátil que todos os anos tem vindo a subir de nível; hoje, já é um ciclista fiável a quem parece apenas faltar um danoninho para festejar mais vezes.

Existem ainda três miúdos que podem vir a marcar 2025 como a sua época de afirmação. Falo de Georg Steinhauser, Darren Rafferty e Lukas Nerurkar, nos quais deposito bastantes esperanças não só para esta época como para as vindouras. E já que falamos de juventude, Rui Costa andará mais uma vez atrás de provar que a idade não passa de um número e tentando somar mais umas vitórias ao seu já riquíssimo palmarés.

No 2025 ideal da EF, teríamos um Carapaz no pódio em Roma, Powless e Healy a vencerem no WT e os miúdos, pelo menos um ou dois deles, a darem um passo em frente. Não acho impossível. Tenho de confessar, gostava que acontecesse.

Ciclistas a ter em atenção: Darren Rafferty, Madis Mihkels e Alex Baudin.

Bitaite falso plano: Albanese vence uma etapa num Giro onde Carapaz fecha 2.º na GC.

Groupama - FDJ

Cheios de ambição a tentar o 9.º à geral. (fotos: twitter FDJ)

Entradas: Clément Braz Afonso, Rémi Cavagna, Tom Donnenwirth, Johan Jacobs, Guillaume Martin, Brieuc Rolland.
Saídas: Ignatas Konovalovas, Fabian Lienhard, Lenny Martinez, Laurence Pithie, Marc Sarreau, Reuben Thompson, Samuel Watson.
Vitórias 2024: 15 no total - 3 no World Tour.
Classificação WT: 10.º.

Não foi há muito tempo que olhava para a Groupama como um projeto mesmo muito entusiasmante. Essa "janela" fechou neste mercado. As saídas de Laurence Pithie e de Lenny Martinez foram rudes golpes para a formação francesa que volta assim a estar presa neste limbo de "não somos ótimos, também não somos péssimos, 'tá-se bem". A chegada de Guillaume Martin é o expoente máximo desta atitude. Já se sabe o que o filósofo consegue fazer e não é incrível, apesar de consistente.

Já a estrela da companhia, David Gaudu, às vezes é incrível mas nunca foi consistente. Deu-nos aquela esperança em Omã, mas o homem que sentou Vingegaard no Paris Nice de 2023 acabou ele mesmo sentado na Green Mountain, mostrando mais uma vez ao mundo o que é ser Gaudu: capaz do melhor e do pior.

Importa referir também o sempre perigoso – mas nunca vencedor – duo para as clássicas. Küng e Madouas, que podem sempre almejar a um top-5 em qualquer prova no pavé.

A ideia que dá é a de um projeto relativamente estagnado, sem recursos para dar um passo definitivo em frente. O sonho do Tour com Pinot já passou, com Gaudu nem chegou bem a começar e é preciso uma nova personalidade, um novo propósito para a equipa. E a liderar esta transformação deverá estar o entusiasmante Romain Grégoire, um puncheur de excelência que arrancou a época muito bem no Algarve, abrindo portas para aquilo que deverá ser a primeira época das grandes vitórias do jovem francês.

Ciclistas a ter em atenção: Paul Penhoët e Lewis Askey.

Bitaite falso plano: Grégoire vence no Tour e em San Sebastián.

INEOS Grenadiers

Arranjem lá outro líder e deixem o avô descansar. (foto: BikeRadar)

Entradas: Lucas Hamilton, Bob Jungels, Victor Langellotti, Axel Laurance, Samuel Watson.
Saídas: Ethan Hayter, Leo Hayter, Jhonatan Narváez, Thomas Pidcock, Luke Rowe, Theodor Storm, Elia Viviani, Cameron Wurf.
Vitórias 2024: 14 no total - 6 no World Tour.
Classificação WT: 7.º.

Há quem diga que é uma casa a arder. Mas ao menos é uma casa a arder que conta com Victor Langellotti nas suas fileiras. A INEOS já não é o que era e, tanto para nós como para eles, é preciso aprender a viver com isso. E está tudo bem, assim talvez consigam ser alguma coisa.

Perderam dois dos seus melhores ciclistas – Narváez e Pidcock. O último destes depois de muitos anos de esperança e com uma saída (no mínimo) atribulada, transparecendo que nem tudo vai bem por terras de sua majestade. Perderam ainda Hayter e diversos capitães de estrada. Poderíamos ver aqui um virar de página. Pelos nomes que entraram, eu só consigo mesmo ver uma redução de budget.

Axel Laurance é um nome interessante. Samuel Watson está a abrir bem a época mas é curto para as ambições da equipa que, perdida no meio de tudo isto, foi procurar a solução em Caleb Ewan. Não tem como correr mal.

Apesar do meu negativismo, continuam a existir pontos de interesse na equipa britânica. Joshua Tarling entrou bem na época e tem tudo para brilhar em 2025, não só nos esforços individuais mas também em algumas clássicas. Carlitos Rodriguez é um chefe de fila bastante capaz de fechar top-5 (top-3?) em qualquer grande volta. Ganna é Ganna e este ano não há Jogos Olímpicos, pelo que podemos esperar um pouco mais da locomotiva italiana, sobretudo no pavé. Bernal dá bons sinais rumo à consolidação da sua recuperação, travado agora provisoriamente por uma queda mas pronto para me fazer terminar a minha crónica sobre ele. E Arenman? Arensman faz o Pratas contente e isso é bonito.

Há mais gente capaz de resultados, como Magnus Sheffield, Laurens de Plus e o eterno Michal Kwiatkowski. É à volta disto que a INEOS tentará em 2025 manter-se relevante. Vencendo aqui e acolá, sem o brilho de outros tempos.

Uma nota para a época de despedida de Sir Geraint Thomas, que já anunciou o fim da sua incrível carreira no fim desta temporada.

Ciclistas a ter em atenção: Andrew August: 19 aninhos e um motor que nunca mais acaba. Egan Bernal.
Bitaite falso plano: Tarling vence todos os contrarrelógios onde se apresentar à partida.

Intermarché - Wanty

O Tour 2024 foi de sonho. (foto: Reuters)

Entradas: Huub Artz, Louis Barré, Kamiel Bonneu, Alexander Kamp, Jonas Rutsch, Luca van Boven.
Saídas: Lilian Calmejane, Rune Herregodts, Madis Mihkels, Baptiste Planckaert, Rein Taaramäe, Mike Teunissen, Boy van Poppel.
Vitórias 2024: 13 no total - 4 no World Tour.
Classificação WT: 15.º.

Poucas equipas existirão no World Tour tão focadas num ciclista como a Intermarché está em Biniam Girmay. É praticamente uma equipa de um homem só. Em 2025, isso foi suficiente para a época ser considerada um sucesso. Três etapas e a "verde" no Tour puseram a equipa belga nas bocas do mundo naquele que é o ponto alto da temporada. Mas a verdade é que, fora isso, o que apresentaram foi muito curto e não vejo grandes razões para esperar uma mudança em 2025.

Bini voltará a ter um calendário cheio de clássicas belgas – onde os resultados na época transata não foram os melhores – até chegar ao Tour, onde este ano a concorrência é completamente diferente e o seu sucesso será praticamente impossível de replicar. Não estou a adorar o seu inicio de época; pensei que pudesse picar o ponto em Espanha ou no Algarve, mas tenho muita esperança no ainda jovem (24 anos) e versátil sprinter. Diria que se encontra num espaço de características muito peculiar: precisa de dureza para eliminar os outros sprinters, pois falta-lhe velocidade para os bater mano a mano, mas também não pode encontrar dureza a mais, se não quem é eliminado é ele. Isso torna difícil uma avalanche de vitórias, mas permite-lhe pontuar muito (foi 9.º mundial em 2024) e manter a equipa acima da linha de água, tanto na relevância como no ranking UCI.

O resto da equipa? Meintjes é o que é, assim como Thijssen e Rota. Não deslumbram, são competentes e, uma vez por ano, podem vencer. Tenho ainda alguma confiança que entre nomes como Hugo Page, Francesco Busatto, Laurenz Rex, Georg Zimmermann e Arne Marit surjam alguns resultados interessantes. Há qualidade para isso.

Ciclistas a ter em atenção: Alexey Faure Prost, um jovem francês que prometeu na sua passagem por sub-23 e que tem um potencial muito interessante. Talvez não já em 2025, mas vão anotando aí no vosso caderninho. E Huub Artz que espero ver, no seu segundo ano com os profissionais, dar um salto qualitativo.

Bitaite falso plano: O lendário Taco van der Hoorn engana um pelotão qualquer na Bélgica.
A Intermarché vai ter um dos melhores comboios do pelotão, com destaque para Hugo Page.

Lidl - Trek

O Mads diz que quer ganhar Roubaix. (foto: TotalVelo)

Entradas: Lennard Kämna, Søren Kragh Andersen, Tim Torn Teutenberg, Albert Withen Philipsen.
Saídas: Dario Cataldo, Fabio Felline, Natnael Tesfatsion.
Vitórias 2024: 42 no total - 15 no World Tour.
Classificação WT: 4.º.

O objetivo deste projeto, no curto/médio prazo, é claro: encurtar o gap para as duas dominadoras do ciclismo atual e assumir-se como uma das principais equipas do pelotão. Deram passos interessantes nesse sentido durante este defeso: parte do segredo para o sucesso destas equipas é apanharem as estrelas antes delas se tornarem estrelas e tanto Tim Torn Teutenberg como sobretudo Albert Withen Philipsen encaixam muito bem nesta descrição.

Além disso, somaram Kragh Andersen ao bloco de clássicas (entretanto lesionou-se, sendo indefinido o seu regresso) que já contava com Vacek, Skujiņš, Stuyven e Mads Pedersen. É um quinteto que pode fazer muitos estragos e que ainda tem Alex Kirsch, Edward Theuns e Quinn Simmons.

E depois temos Mads Pedersen. O dinamarquês ex-campeão do mundo aponta a Roubaix como o seu principal objetivo para este ano, mesmo sabendo que há por aí um neerlandês que é despachado quando se trata de empedrado. Nunca desistam dos vossos sonhos, malta.

Uma particularidade desta equipa é a vontade de dividir as suas fichas pelas grandes voltas. Este ano volta a fazê-lo com os seus homens rápidos. Mads correrá o Giro e a Vuelta – onde será talvez o principal candidato à camisola dos pontos – enquanto Jonathan Milan vai procurar a glória na sua estreia no Tour de France. O italiano é um bicho e tem um comboio interessante; 2025 pode ser o ano da sua afirmação como melhor sprinter do mundo. Além dos sprints puros, tem mostrado uma força e versatilidade que me deixa curioso para ver os seus desempenhos em algumas clássicas.

Esta equipa é muito profunda. O seu ponto fraco? A GC das grandes competições. Tao Geoghegan Hart ainda não mostrou o nível para ter um GT no CV, Ciccone falha constantemente nos grandes momentos no que à geral diz respeito e Kämna é melhor empregue a caçar etapas do que a fazer 8.º no Giro. Sobra Mattias Skjelmose, o jovem que nas provas de uma semana já é top top level, e que se estreou em top-10 de 3 semanas na Vuelta do ano passado, deixando curiosidade sobre onde poderá chegar nas altas montanhas. Ainda assim, este bloco é mais curto e, para dar esse passo em frente enquanto equipa, precisam de descobrir/contratar um voltista de topo no futuro.

Nas clássicas, é para tentar usar a vantagem numérica e o sprint dos seus corredores para bater os favoritos-mor. Nas grandes voltas, é para ganhar camisolas dos pontos com muitas vitórias em etapa e tentar um top-5 numa delas.

Falta falar de Thibau Nys, o jovem de 22 anos que veio do ciclocrosse para ganhar em quase todo o lado onde entrou. Terá esta época um calendário extenso e com mais corridas a sério. Dono de uma explosão fortíssima em pequenos topos, é um dos ciclistas que mais ansioso estou por ver em 2025.

Ciclistas a ter em atenção: Albert Philipsen e Thibau Nys, que vai ter uma época estrondosa ou então ser um flop colossal.

Bitaite falso plano: Ou Mads, ou Milan, vencem a Milano - Sanremo. Skjelmose falha a tentativa de GC no Tour, acabando por levar para casa uma etapa e as bolinhas.

Movistar Team

Enric Mas a sofrer na roda de Nélson Oliveira. (foto: BTTLobo)

Entradas: Orluis Aular, Pablo Castrillo, Jefferson Alveiro Cepeda, Diego Pescador, Natnael Tesfatsion.
Saídas: Alex Aranburu, Rémi Cavagna, Johan Jacobs, Oier Lazkano, Vinicius Rangel, Sergio Samitier, Iván Ramiro Sosa.
Vitórias 2024: 8 no total - 1 no World Tour.
Classificação WT: 13.º.

A saída de 2 dos seus 5 melhores UCI scorers em 2024 – Aranburu e Lazkano – não parece ter afetado a equipa espanhola, que entrou em 2025 como já há muito não se via. Está finalmente mais ofensiva e com alguns jovens a darem razões para os manter debaixo de olho. Jefferson Cepeda, Jon Barrenetxea, Javier Romo, Pablo Castrillo e Iván Romeo estão a realizar um inicio de época assinalável, dando alguma chama e ousadia à equipa.

A Movistar já não é uma das melhores GC a que nos habituou e está aqui a começar finalmente a transformação da sua equipa. Recrutou ainda o interessante trepador colombiano Diego Pescador, recrutou Cepedão e a lenda da Volta ao Alentejo, Orluis Aular. Devem ter saído todos bem baratos e todos têm qualidade.

Este bloco de ciclistas versáteis e ofensivos, aos quais se juntam ainda nomes como Pelayo Sánchez e Carlos Canal, passará a época à procura de vitórias em etapa nos grandes palcos e em clássicas de segunda linha, tentando aumentar o número de sucessos de 2024 – afinal, 8 é um número quase ridículo para uma equipa WT desta dimensão. Pelo menos esse objetivo será facilmente alcançado, até porque 4 já estão.

Outros nomes mais experientes parecem estar algo estagnados mas, no seu dia, a glória poderá chegar. Falo de García Cortina, ex-futuro vencedor de Roubaix, Naroman Quintana, Davide Formolo e até Ruben Guerreiro – vindo de um 2024 terrível, procura mostrar em 2025 o nível que levou a equipa espanhola a avançar para a sua contratação.

A estrela da equipa (e o único nome realmente capaz de brilhar consistentemente nos grandes palcos) continua a ser Enric Mas. Vindo de mais um pódio na Vuelta, repetirá em 2025 o combo Tour-Vuelta que tem sido habitual, com a ambição do costume – fechar top-5 em França e top-3 em Espanha.

Ciclistas a ter em atenção: Iván Romeo e Carlos Canal.

Bitaite falso plano: Gaviria vai vencer uma etapa com uma curva a 300 metros do fim.

Red Bull - BORA - hansgrohe

Dêem asas ao homem. Para se aguentar na bike e para dar luta no Tour. (foto: BrujulaBike)

Entradas: Finn Bejes Fisher-Black, Oier Lazkano, Gianni Moscon, Giulio Pellizzari, Laurence Pithie, Jan Tratnik, Mick van Dijke, Tim van Dijke, Maxim van Gils.
Saídas: Cesare Benedetti, Emanuel Buchmann, Patrick Gamper, Marco Haller, Sergio Higuita, Bob Jungels, Lennard Kämna, Luis-Joe Lührs, Maximilian Schachmann.
Vitórias 2024: 24 no total - 12 no World Tour.
Classificação WT: 5.º.

Coloco este projeto na mesma linha que o da Lidl. Estão tanto na mesma linha que às vezes até os confundo. Há dinheiro, há ambição mas ainda falta algo para poder discutir com as equipas de topo. O caminho faz-se caminhando.

Este ano, o caminho fez-se reforçando a equipa para as clássicas de um dia. E de que forma; só com as contratações podiam montar um bloco bem interessante. Laurence Pithie é um sprinter versátil com muito potencial, Lazkano já mostrou que tem um motor flandriano ao nível de poucos. Moscon, manos Van Dijke e Tratnik são homens de trabalho do melhor que há. E chegou ainda, envolto em polémica, Maxim van Gils: o classicómano oriundo da Lotto chega com credenciais de um dos melhores para as provas estilo Ardenas.

Em 2023 e 2024 criaram um bloco de GC, agora um bloco de clássicas. Se querem ser uma grande equipa, o caminho é este. Sobretudo se, no sentido oposto, forem embora ciclistas que estavam a render abaixo do esperado, como foi o caso. Excelente mercado.

Quanto aos que já cá andavam, Roglič mantém-se como a estrela e aponta ao Giro. Foge aos papões para voltar a vencer uma grande volta. Mas a equipa não se fica por aqui no que a gerais diz respeito. Aliás, bem longe disso. Há Vlasov, ótimo para uma semana e assim-assim para três; há Lipowitz que rebentou o ano passado e desperta curiosidade para ver o que se segue; há Hindley e há Martinez. Há ainda Pellizzari e Fisher-Black, que eu acho que não entram ainda para estas contas mas merecem ser mencionados. Qualidade não falta.

Nos sprints continua a faltar um nome de topo, já que Welsford e Meeus parecem curtos para essa função, mesmo com Danny van Poppel a lançá-los.

Os objetivos do ano? Vencer o Giro, fazer top-5 nas restantes grandes voltas e ganhar uma ou duas clássicas WT com o seu novo bloco. Nada de loucos, mas mais um passo em frente para a equipa.

Ciclistas a ter em atenção: Laurence Pithie e Florian Lipowitz.

Bitaite falso plano: Este ano veremos finalmente a queda de nivel de Roglič, que sairá no fim da época para dar lugar a Remco Evenepoel.

Soudal Quick-Step

QuickStep sem Ala e sem Tio Pat. Tristes tempos estes. (foto: Sporza)

Entradas: Pascal Eenkhoorn, Gianmarco Garofoli, Ethan Hayter, Valentin Paret-Peintre, Andrea Raccagni Noviero, Maximilian Schachmann, Dries van Gestel.
Saídas: Julian Alaphilippe, Kasper Asgreen, Jan Hirt, Fausto Masnada, Gianni Moscon.
Vitórias 2024: 34 no total - 13 no World Tour.
Classificação WT: 3.º.

Que transformação gigante tem passado a Wolfpack nos últimos anos. Desde o domínio nas clássicas belgas e nos sprints até à estrela da GC Remco Evenepoel, o caminho foi ondulado e ainda não julgo estar na hora de fazer uma avaliação final. Neste defeso, viram sair talvez as duas mais icónicas figuras da alcateia: Julian Alaphilippe e Patrick Lefévere (cuja reforma deu origem a uma bela crónica falso plano). Também sai o último vencedor de um monumento do empedrado pela equipa, Kasper Asgreen, virando definitivamente a página.

As caras novas que chegam apontam para uma continuidade da ideia de ressuscitar malta. Tanto Ethan Hayter como Max Schachmann vêm de períodos bastante abaixo do esperado nas suas carreiras, mas têm muito potencial. E devido aos seus desempenhos, provavelmente chegaram a um preço que a QuickStep, mesmo limitada financeiramente, pôde pagar. Outro nome interessante que chega é Paret-Peintre (o Valentin) que vem reforçar o bloco de Evenepoel para as grandes voltas e que pode, aqui e ali, picar o ponto. Já o mostrou este ano na Omã e o ano passado no Giro.

Quanto a Remco: não está a ter a preparação ideal para 2025 devido à queda na offseason, mas volta a apontar ao Tour com tudo. Acho difícil melhorar a prestação do ano passado sem lesões de Pogi e Vingegaard, mas percebo que tenha de ser esse o foco do prodígio belga – testar-se frente aos melhores e continuar a sua evolução na alta montanha. Além disso, a primeira semana é-lhe favorável; não me surpreenderia nada que o víssemos em algum momento de amarela. Landa será o seu braço direito em França depois de liderar a equipa no Giro, onde tem legítimas ambições ao pódio.

Restam os homens rápidos. Esta é uma área onde a equipa, ao contrário do que aconteceu nas clássicas, não perdeu o seu lugar ao sol. Tem um dos principais sprinters da atualidade em Tim Merlier (para mim, o melhor sprinter puro do mundo) que deve picar o ponto no Tour. E tem na dupla Magnier/Lamperti dois nomes muito interessantes para os anos vindouros no que a andar rápido com'ó caraças durante 200 metros diz respeito.

Ciclistas a ter em atenção: A dupla velocista é a esperança da QuickStep – Luke Lamperti e Paul Magnier. Curiosidade também para ver como se comporta Ilan Van Wilder neste último ano de contrato.

Bitaite falso plano: Merlier limpa a concorrência no Tour e traz a verde.
Remco fecha o Tour em 4.º, atrás do João Almeida.
Magnier vence por 10 ocasiões ao longo da temporada.

Team Jayco AlUla

Roxo? 'Ganda estrondo, oh maninho. (foto: Twitter OricaGreenEdge)

Entradas: Koen Bouwman, Robert Donaldson, Paul Double, Patrick Gamper, Alan Hatherly, Jelte Krijnsen, Asbjørn Hellemose, Ben O'Connor, Jasha Sütterlin.
Saídas: Lawson Craddock, Lucas Hamilton, Jan Maas, Desús David Peña, Rudy Porter, Blake Quick, Callum Scotson, Simon Yates, Caleb Ewan.
Vitórias 2024: 25 no total - 4 no World Tour.
Classificação WT: 14.º.

Quem segue mais de perto este estimado cantinho do ciclismo internacional já saberá que eu não vejo em Ben O'Connor qualidade suficiente para alcançar os resultados que tem tido recentemente. Isto não lhe tira mérito nenhum, antes pelo contrário. Conseguir "enganar" os adversários sem ter as melhores pernas é talvez ainda mais impressionante. O australiano chega agora à equipa do seu país cheio de expectativas. E isso é que me assusta um bocadinho. Vão esperar dele top-5 regulares em provas WT de uma e três semanas; não sei se ele conseguirá entregar. Mas hey!, ele vem substituir Simon Yates, cuja regularidade também não era propriamente o seu forte. Por isso ficam "na mesma", mas com um conterrâneo como cara do projeto. Não é uma má troca.

No resto da estrutura não muda muita coisa. Michael Matthews continuará à procura de alguns bons resultados em clássicas; Groenewegen é o nome para as chegadas rápidas e, uma vez ou duas por ano, pode bater-se com os melhores do mundo (se deixado na posição certa).

Depois há pessoal com alguma qualidade, como Mauro Schmid, que venceu a primeira clássica WT da época; Luke Plapp, que de vez a vez é capaz de produzir grandes exibições; Eddie Dunbar que tentará dar continuidade à extraordinária Vuelta que realizou o ano passado; e depois, num nível ligeiramente abaixo, Filippo Zana, Paul Double, Max Walscheid e Chris Harper.

No departamento jovem sim, há nomes que merecem menção e algum entusiasmo na terra dos cangurus. Anders Foldager é máquina, Davide de Pretto tem uma versatilidade e um kick final que ainda lhe trarão muitas vitórias, Jelte Krijnsen fez uma bela época de 2024 na Q36.5 e é um bom achado para a Jayco. Robert Donaldson também tem potencial. Há ainda Alan Hatherly que, não sendo propriamente um jovem (28 anos), é novo nestas andanças da estrada e apareceu muito forte no AlUla Tour e é um nome que vou acompanhar com atenção em 2025.

Apesar destes nomes – de que gosto, atenção – continuará a ser uma equipa muito dependente dos resultados das suas principais figuras para ter destaque nos maiores palcos do panorama ciclístico internacional.

Ciclistas a ter em atenção: Alan Hatherly, Davide de Pretto e Anders Foldager.

Bitaite falso plano: 2 dos 3 homens de cima estreiam-se a vencer no WT.
Ben O'Connor não fecha top-5 de qualquer prova WT.

Team Picnic PostNL

Sempre que vencerem espero que se cante "Sonhos de menino". (foto: CyclingNews)

Entradas: Robbe Dhondt, Bjoern Koerdt, Guillermo Juan Martinez.
Saídas: Patrick Bevin, Emīls Liepiņš, Martijn Tusveld.
Vitórias 2024: 22 no total - 3 no World Tour.
Classificação WT: 16.º.

Sejamos honestos: a equipa é fraquinha. O foco para 2025 deverá ser a manutenção na principal divisão da UCI. E apesar de ser fraquinha, não mexeu em nada que pudesse alterar essa sua condição. Por isso, aposta tudo na explosão dos seus principais talentos, maioritariamente jovens.

Oscar Onley é um puncheur interessante. Eu não tenho tanta fé nele como alguns dos meus colegas de painel, mas eu também percebo pouco disto. Kevin Vermaeke é um puncheur interessante. Eu tenho mais fé nele que alguns dos meus colegas de painel, mas eles também não percebem nada disto. Com 22 e 24 anos, respetivamente, serão as principais setas apontadas pela equipa às provas de segunda linha para arrecadarem algumas vitórias e, sobretudo, muitos pontos UCI.

Para subir montanhas, o destaque vai para Max Poole; com 21 aninhos, já mostrou muito potencial e este ano deverá talvez procurar um top-10 numa grande volta ou chegar finalmente à vitória em etapa que tem procurado.

Apesar dos principais nomes da equipa não se encontrarem nesta especialidade, é o bloco de sprint a vertente desta equipa que eu mais gosto. Só precisam de deixar de insistir teimosamente em Jakobsen (ou assim o neerlandês comece a justificar o seu contrato). É que o trio composto por Tobias Lund Andresen, Casper van Uden e Pavel Bittner tem muita qualidade para as chegadas rápidas. Ainda são todos relativamente jovens e, com o calendário certo, podem ter épocas de sucesso. Sucesso relativo. Ajustado às ambições da equipa, mas sucesso.

Deixo para o fim as raposas velhas (e tenho muito carinho por todas). Bardet vai deixar de dar ao pedal no Dauphiné, para se despedir do ciclismo perto das suas gentes. Ciclista de culto, às vezes meio perdido entre o seu instinto ofensivo e as suas ambições de GC. Warren Barguil pode sempre sacar uma boa vitória em qualquer lado. E John Degenkolb, a lenda em pessoa, vai andar o ano todo a lançar os meninos até chegar à sua amada Paris-Roubaix, onde tentará mais uma vez andar com os melhores.

Ciclistas a ter em atenção: Tobias Lund Andresen e Max Poole.

Bitaite falso plano: Vermaerke faz top-10 nas 3 clássicas das Ardenas.
Max Poole vence a camisola da montanha na Vuelta.

Team Visma | Lease a Bike

O Ving aqui parece o Joker ou é de mim? (foto: Visma)

Entradas: Niklas Behrens, Matthew Brennan, Victor Campenaerts, Tijmen Graat, Menno Huising, Daniel Mclay, Jørgen Nordhagen, Simon Yates, Axel Zingle.
Saídas: Koen Bouwman, Robert Gesink, Michel Hessmann, Johannes Staune-Mittet, Jan Tratnik, Milan Vader, Mick van Dijke, Tim van Dijke.
Vitórias 2024: 32 no total - 18 no World Tour.
Classificação WT: 2.º.

A ordem alfabética ditou que as duas maiores equipas ficassem já para perto do fim. Não é nenhuma estratégia de Marketing para terem que ler isto tudo. Estejam descansados, não vos faria isso.

Depois do sucesso inédito de 2023 – onde venceram as três grandes voltas – em 2024 ficaram a seco nesse departamento. Zero grandes voltas e zero monumentos tem de ser um output preocupante para uma equipa desta dimensão, mesmo se tivermos em conta as lesões que os assombraram ao longo da época. Por isso, o objetivo para 2025 é inverter a tendência e voltar aos grandes palcos.

Tudo começa em Jonas Vingegaard, que tentará provar ao mundo que a luta pela camisola amarela não está fechada e que ainda há concorrência para o Pogi. Conta, como sempre, com um super bloco em seu redor. Este ano, com mais um reforço: Simon Yates, que liderará no Giro para depois se juntar a Jonas no Tour. Ainda nos trepadores, há a grande incógnita em torno de Sepp Kuss. O vencedor da Vuelta em 2023 não mostrou nada em 2024, nem de trabalho nem de resultados individuais. E há os mais jovens Matteo Jorgenson – vindo de uma grande época que espera replicar – e Cian Uijtdebroeks, a quem já muita gente está a fazer o funeral, esquecendo-se que tem 21 anos e lutava pelo top-5 no Giro quando foi forçado a abandonar na época passada. Se juntarmos ainda Kelderman, quanto a trepadores estamos falados.

Se nas grandes voltas há um grande nome muito bem rodeado, nas clássicas a história não é diferente. Wout van Aert esteve quase todo o 2024 de baixa e quererá "vingar-se" em 2025, tanto nas clássicas como no Giro. Nas provas de um dia estará muito bem acompanhado por nomes como o recém-chegado Campenaerts, Laporte, Benoot, Van Baarle e Jorgenson (outra vez). E se é verdade que parece faltar a Wout um bocadinho para rivalizar com os seus principais adversário no pavé, também é verdade que o facto de terem várias cartas para jogar o ajuda a aproximar-se da glória.

Restam os sprints, onde também há novidades. Axel Zingle chega como opção viável (e mais versátil) a Kooij para as corridas de menor dimensão e Daniel McLay chega para ser o leadout do principal velocista da equipa. Entre os grandes sprinters, Kooij será o único a não marcar presença no Tour. E de certa forma poderá beneficiar disso, fazendo um calendário alternativo e somando vitórias em cima de vitórias ao longo do ano.

Ciclistas a ter em atenção: Niklas Behrens chega à colmeia como campeão do mundo de sub-23 e com muita expectativa sobre si. Nordhagen é mais um super talento que chega a uma super equipa.

Bitaite falso plano: Vingegaard vai dar luta a sério a Pogačar no Tour.
As abelhas ficarão mais um ano sem vencer qualquer monumento.

UAE Team Emirates - XRG

O líder da equipa. E um esloveno. (foto: OJogo)

Entradas: Rune Herregodts, Julius Johansen, Jhonatan Narváez, Pablo Torres, Florian Vermeersch.
Saídas: Sjoerd Bax, Finn Bejes Fisher Black, Marc Hirschi, Álvaro José Hodeg, Diego Ulissi, Michael Vink.
Vitórias 2024: 81 no total - 41 no World Tour.
Classificação WT: 1.º.

Há tanta qualidade nesta equipa que a crónica podia ser só sobre eles.

Comecemos pelo óbvio. Comecemos pelo melhor do mundo. Comecemos pelo homem que procura reescrever a história deste desporto. Comecemos por Tadej Pogačar. Se 2024 foi o que foi, poderá 2025 ser ainda melhor? É dificil, mas o esloveno aponta baterias para isso. Está de regresso à Flandres – o principal favorito, a meu ver – e deverá fazer a estreia na Vuelta – o principal favorito, ao ver de todos. Depois correrá ainda a sua besta negra, a Milano - Sanremo, onde a busca pela vitória está a demorar que o habitual. E vencerá tranquilamente a Liège e a Lombardia, como tem acontecido. Procurará ainda revalidar o título nos Mundiais em Kigali. E para os sonhadores, pode ainda estrear-se em Roubaix (acredito que o faça apenas se vencer a Milano - Sanremo e a Flandres, para tentar ganhar os 5 monumentos no mesmo ano).

Bem, mas esta equipa não é só Pogačar. Aliás, mesmo sem Pogačar seriam das mais fortes equipas do pelotão internacional. Para a GC contam ainda com Adam Yates e Juan Ayuso no Giro, ambos cheios de vontade de aproveitar a sua oportunidade como lideres). Contam com o sempre consistente João Almeida: estará ao serviço do líder no Tour e na Vuelta, mas já provou não ficar afastado dos bons resultados por causa disso. E contam com uma série de segundas linhas que se vão dividir entre as provas de uma semana, o trabalho para os líderes e as clássicas mais acidentadas. Aqui refiro-me a McNulty, Sivakov, Vine, Del Toro, Soler e Majka.

Há tanta e tão boa qualidade nesta equipa que uma das suas vantagens atuais é terem sempre vários lideres à partida para as provas. Às vezes termina em caos tático; muitas vezes termina em vitórias. O ano passado, o desfecho foi a vitória em 81 ocasiões. Um número estrondoso, ainda para mais se tivermos em conta que não têm nenhum sprinter de relevo.

Quanto ao bloco de clássicas, chegam reforços como Narváez e Vermeersch para juntar a Politt, Wellens, Christen e Morgadão. O português – que venceu na Figueira sob o olhar atento do falso plano – terá esta época um calendário de classicómano onde poderá provar todo o seu inquestionável talento. Ao que tudo indica, poderá ainda estrear-se nas grandes voltas no Verão, correndo a Vuelta.

As ambições são altas. Na UAE, querem (e podem) vencer tudo o que de mais importante há no mundo do ciclismo. Quando assim é, fica difícil cumprir com as expetativas. Mas quem não sonha tão alto não entra na história. E é isso que esta equipa pretende fazer.

Ciclistas a ter em atenção: Del Toro é uma máquina do caraças; não sei bem o que vai fazer mas vai ser incrível. Christen também tem um ótimo motor, sobretudo para clássicas, e pode dar o salto este ano. Pablo Torres ainda é capaz de estar verde mas com prodígios é sempre má ideia arriscar. E o Morgadão, esse não o percam mesmo de vista.

Bitaite falso plano: Poga vence os cinco monumentos.
Morgadão vence 2 clássicas WT.
João Almeida regressa às vitórias em gerais por etapas na Suiça.

XDS Astana Team

Vão vir charters, sócio. (foto: CyclingPro.Net)

Entradas: Clément Champoussin, Nicola Conci, Aaron Gate, Sergio Higuita, Florian Samuel Kajamini, Matteo Malucelli, Fausto Masnada, Wout Poels, Alessandro Romele, Haoyu Su, Mike Teunissen, Davide Toneatti, Diego Ulissi, Darren van Bekkum.
Saídas: Samuele Batistella, Gleb Brussenskiy, Mark Cavendish, Igor Chzhan, Gianmarco Garofoli, Yevgeniy Gidich, Dmitriy Gruzdev, Alexey Lutsenko, Daniil Marukhin, Michael Mørkøv, Rüdiger Selig, Vadim Pronskiy.
Vitórias 2024: 12 no total - 1 no World Tour.
Classificação WT: 21.º.

Houve revolução na Astana. Revolução e entrada de pilim chinês. A situação é desesperada no que ao ranking UCI diz respeito e a equipa está a dar tudo por tudo para tentar reverter a despromoção ou, pelo menos, assegurar os convites para as principais provas no próximo ano.

Na época passada, Mark Cavendish trouxe muita media à equipa e cumpriu o seu objetivo no Tour de 2024, mas condenou a estrutura a esta posição ao nível pontual. Em 2025, a saída do Sir Cav deu o mote para a necessária transformação. Chegam uma série de nomes capazes de pontuar no calendário secundário da UCI, como Champoussin, Conci, Malucelli, Poels, Teunissen e o mais pontuador deles todos, Diego Ulissi. São ciclistas incríveis, topo de gama? Não. Mas são competentes e, com um calendário bem atribuído, podem trazer alguma esperança à equipa (como o início de 2025 vem provando).

Será este o plano: correr muito, participar em todas as provas possíveis e, às cavalitas dos nomes acima mencionados e apoiados por gente como Bettiol e Scaroni, tentar a salvação.

Não há GC guys, não há sprinters a sério. Há muita gente para atacar, muitos puncheurs medianos e essa fórmula pode chegar para a encomenda. Mesmo que não chegue, ao menos há uma nova Astana. E isso já fazia falta.

Ciclistas a ter em atenção: Higuita só porque se não o tiverem em atenção esquecem-se que ainda está no ativo. Scaroni, que está a voar e manda 'ganda bigode.

Bitaite falso plano: Não se salvam mas são a melhor das equipas que ficam de fora, garantindo convites para 2026.
Alberto Bettiol voa alto, como sempre, cheio de estilo, cheio de panache, cheio de classe. Ganhar é overrated.