Antevisão Equipas

O guião essencial para a época 2023 — somos um projeto muito sério.

Antevisão Equipas

AG2R Citroën Team

Posição UCI 2022: 15.º
Vitórias/vitórias WT: 11/3
Principais resultados: Vitória no Quebec e numa etapa do Tour. Pódios no Critérium do Dauphiné e Amstel Gold Race. Top-10 Vuelta, Volta à Romandia, Volta à Catalunha, UAE Tour, Paris-Nice e Volta à Suíça.

Os dados acima referidos relacionados com a sua classificação WT, vitórias e principais resultados mostram que a AG2R mais uma vez não esteve ao nível que lhe é exigido pela sua história e sobretudo, pelo seu orçamento.
A equipa esteve mal e apesar disso, não mexeu de forma relevante no plantel, pelo que não se adivinha um 2023 muito mais próspero. O foco estará num eventual e eternamente adiado salto de Cosnefroy para o topo dos puncheurs mundiais e numa repetição dos feitos de 2021 por parte de O'Connor. Curto para uma equipa destas, na minha opinião.
Se nesta fase da carreira Greg Van Avermaet continua a ser o teu terceiro ciclista mais pontuado, algo está a ser feito de forma incorreta. Com todo o respeito pela carreira do classicómano belga, que tem um currículo invejável e sem paralelo dentro da equipa.

Principais objetivos:

  • Vitória de Cosnefroy nas ardenas, a que se somem mais duas ou três vitórias do francês no WT, confirmando todo o talento que lhe tem sido apontado.
  • Top-5 com vitória em etapa de Ben O'Connor no Tour. Pouco contrarrelógio e algumas ausências de peso na prova francesa podem dar esperança de um grande resultado ao australiano.
  • Através dos seus combativos como Bouchard, Bonnamour, Nans Peters e Paret-Peintre, picar o pontos em todas as grandes votlas.

Ciclista(s) a ter em atenção:

  • Felix Gall. Tem tido alguns fogachos ao longo dos ultimos anos, nomeadamente no Tour dos Alpes e na volta ao País Basco do ano passado. A AG2R precisa muito de mais ciclistas a contribuir e ele poderá ter aqui uma grande oportunidade de se mostrar.
  • Franck Bonnamour. Depois de um super 2021 e de um 2022 algo decepcionante, o trepador francês estreia-se agora no WT. Deverá fazer parte do bloco de O'Connor mas terá as suas oportunidades.

Hot takes falso plano:

Branco — Equipa WT com menos vitórias no final da temporada.
Pratas — Cosnefroy ganha pelo menos cinco corridas.
Lourenço — O’Connor faz pódio numa grande volta.
Ricardo — Marc Sarreau vai fazer um top 10 numa corrida WT.
Henrique — O'Connor duas etapas no Tour + bolinhas. Floparia na GC.

Alpecin-Deceuninck

Posição UCI 2022: 9.º
Vitórias/vitórias WT: 34/13
Principais resultados: Volta à Flandres (MVDP); Duas vitórias Volta à Itália (Oldani e De Bondt); Duas vitórias Volta à França (Philipsen); Duas vitórias Volta à Espanha (Jay Vine).

A equipa de Philip Roodhooft chega finalmente ao estatuto World Tour de forma oficial — não o era, mas era como se fosse. A chegada de Søren Kragh Andersen e de Quinten Hermans parecem fortalecer o colectivo do líder Mathieu Van der Poel, que já tinha em Gianni Veermesch e em Dries de Bondt dois fíeis escudeiros. Jasper Philipsen é, provavelmente, o melhor sprinter do mundo e mais vitórias pedem-se — o facto de Kaden Groves se juntar à equipa também pode trazer mais triunfos. Oldani, Stannard e Hermans também são capazes de aumentar a contagem em etapas e provas de um dia. Com a capacidade de Van der Poel em vários monumentos, exige-se mais ao neerlandês nesse sentido.

Principais objetivos:

  • Paris-Roubaix e Volta à Flandres por Van der Poel.
  • Repetir as vitórias nas três grandes voltas.
  • Mais vitórias para Philipsen na Volta à França.
  • Melhor prestação/andar de amarelo uns dias Mathieu Van der Poel (Volta à França)

Ciclista(s) a ter em atenção:

  • Axel Laurance (equipa de desenvolvimento). O miúdo promete. É um daqueles fake sprinters, com uma bela ponta final e pernas para chegadas duras. Cuidado.
  • Quinten Hermans. Carregar águas para Van der Poel parece uma missão pouco à medida da sua qualidade. Vejamos o que a mudança de equipa traz a Hermans.
  • Stefano Oldani. Começou por ser um sprinter, hoje é um homem de ataque, capaz de passar alguma inclinação e de imprimir ritmos altos durante bastante tempo.
  • Robert Stannard. Os anos passam e continuamos à espera que se afirme de vez. Será que tem espaço na equipa para isso?

Hot takes falso plano:

Branco — Jakub Mareczko vai vencer a sua primeira prova WT.
Pratas — SKA conquista uma vitória em etapa no Tour.
Lourenço — Van der Poel não ganha nenhum monumento.
Ricardo — Gogl e MvdP fazem 1-2 na Strade Bianche.
Henrique — Tobias Bayer vence etapa na Vuelta.

Astana Qazaqstan Team

Posição UCI 2022: 21.º
Vitórias/vitórias WT: 5/0
Principais resultados: Quais resultados?

A Astana é uma equipa que se tem vindo a deteriorar nos últimos anos. Uma equipa que em vários anos lutou por grandes voltas, com nomes como Contador, Nibali e Miguel Angel Lopez, passa hoje por dias menos bons. Com alguns nomes interessantes, mas creio que não passa muito disso. Um reforço que pode fazer história e consequentemente o nome Astana ficar ligado a isso, mas ainda assim não será uma tarefa fácil a de Mark Cavendish. E parece-me que um nome como Lutsenko é curto para grandes voltas. Moscon e Battistella podem surpreender em clássicos, mas o bloco também me parece curto.

Principais objetivos:

  • Etapas em grandes voltas com Lutsenko, Luis León Sánchez e Battistella.
  • Ajudar Mark Cavendish a bater o recorde de Eddy Merckx no Tour.
  • Conseguir alguns lugares honrosos em algumas clássicas, principalmente com Moscon.

Ciclista(s) a ter em atenção:

  • Gleb Syritsa, sprinter de 22 anos em clara ascensão que pode dar algumas alegrias à equipa.
  • Samuele Battistella, outro ciclista jovem que pode conseguir resultados bastante interessantes em provas de uma semana e até ambicionar etapas em grandes voltas.
  • Harold Tejada, teima em conseguir resultados que deixem ficar o seu nome marcado no ciclismo, mas com a pouca concorrência que existe na equipa este pode ser o ano dele.

Hot takes falso plano:

Branco — Vão contratar o MAL para o Tour.
Pratas — Cavendish bate o recorde no Merckx nos Champs-Élysées.
Lourenço — Battistella vence uma etapa numa grande volta.
Ricardo — Syritsa ganha um sprint, uma competição de bodybuilding e umas eleições em 2023.
Henrique — Luis León Sánchez vai fazer a melhor classificação geral da equipa em grandes voltas.

Bahrain - Victorious

Posição UCI 2022: 8.º
Vitórias/vitórias WT: 21/8
Principais resultados: Vitória na Milan-Sanremo e na Flèche Wallone. Pódios no Giro, Volta da Lombardia, Tirreno-Adriático, Volta à Romandia, UAE Tour e Volta à Polónia.

Esta equipa tem um lote de dez a doze ciclistas fortíssimos nos seus terrenos. Com o problema de nenhum deles ser o mais forte do pelotão. Isto resulta em muitos pódios/top-5 ao longo da época, quer em grandes voltas, quer em corridas de uma semana, onde têm mostrado uma consistência incrível. Haig, Caruso, Landa, Bilbao, Mäder e Poels conseguem andar com os melhores? Sem dúvida. Conseguem batê-los no grandes palcos? Acho muito difícil. É neste limbo que eu vejo a Bahrain, sendo muito competitiva mas não vencedora. E o mercado deste ano não trouxe nada de novo nem de entusiasmante para a equipa.
Nas clássicas Mohorič pode sempre fazer sorrir os patrões, pois com a sua versatilidade e loucura a descer, quando as pernas estão boas, é um perigo em qualquer monumento. Mas o bloco para a primavera tem pouco mais que isto.

Principais objetivos:

  • Pódio no Tour. Com pouco contrarrelógio e um elenco de luxo no Giro, pode ser uma oportunidade de ouro para a Bahrain. Com Landa ou com outros dos seus voltistas.
  • Passar de pódios a vitórias nas provas de uma semana. Têm muitas vezes a força dos números, terão de a saber usar melhor.
  • Rezar para que Mohorič engane toda a gente outra vez por aí. E ganhe a Milano-Sanremo ou a Liège-Bastogne-Liège.

Ciclista(s) a ter em atenção:

  • Jonathan Milan. O “armário” italiano tem mostrado velocidade e versatilidade. Fechou bem 2022, abriu bem 2023, onde já ganhou no Saudi Tour. 22 anos e muita margem de progressão, vale a pena acompanhar.
  • Santiago Buitrago. Depois na vitória no Giro do ano passado se juntar a mais duas em Burgos e na Arábia, este ano espera-se um passo em frente por parte do ciclista colombiano.

Hot takes falso plano:

Branco — Milan vence duas etapas na Volta a Itália.
Pratas — Mohoric conquista duas vitórias no Tour.
Lourenço — Landa não acaba nenhuma grande volta.
Ricardo — São rusgados menos de três vezes este ano.
Henrique — Landa. Tour. Pódio.

BORA - hansgrohe

Posição UCI 2022: 4.º
Vitórias/vitórias WT: 30/13
Principais resultados: Giro d’Italia e as mais diversas vitórias no WT, entre classificações gerais, clássicas e vitórias de etapas em grandes voltas.

Grande 2022 para a equipa germânica, com 30 vitórias, metade delas no WT, uma grande volta e outras provas muito importantes do calendário internacional. Para esta época o foco deverá estar, com certeza, em fazer igual ou melhor. Terão Hindley no Tour, o vencedor da volta a Itália vai contar com um percurso à sua medida, pelo que o pódio final parece ser um objetivo realista e Sam Bennett encontrou o par perfeito no melhor lançador do mundo, Danny Van Poppel, sendo por isso candidato a ganhar qualquer etapa ao sprint. A grande dúvida será a evolução de Higuita e Vlasov. Ambos dão garantias em provas de uma semana e na média montanha, mas ambos parecem ter dificuldade na alta montanha. Sendo que principalmente Vlasov, devido ao contrarrelógio, se desse o salto nessa vertente poderia tornar-se num grande candidato a ganhar grandes voltas. Para além destes, Buchmann, Kämna, Jungels (que parece renascido), Konrad, Meeus, Politt, Schachmann e por aí fora são garantias de vitórias ao longo da época.

Principais objetivos:

  • Pódios em grandes voltas (tendo em conta a concorrência prevista não acho que ganhar uma deva ser um objetivo mínimo).
  • Vitórias em etapas nas grandes voltas.
  • Manter cadência de vitórias ao longo de todo o ano, como em 2022.

Ciclista(s) a ter em atenção:

  • Cian Uijtdebroeks, o prodígio belga de 19 anos, vencedor do Tour de L’Avenir 2022, é uma das maiores promessas no que a provas por etapas diz respeito e não me surpreenderia se começasse a ganhar já algumas de menor importância esta época.

Hot takes falso plano:

Branco — Bob Jungels ganha um monumento.
Pratas — Uijtdebroeks ganha o Tour de Oman.
Lourenço — Vlasov não faz nenhum pódio numa grande volta
Ricardo — Hindley vai ganhar uma prova fora de Itália.
Henrique — Zero top-5 em grandes voltas.

Cofidis

Posição UCI 2022: 10.º
Vitórias/vitórias WT: 19/2
Principais resultados: Pódio na Volta à Romandia e na Volta ao País Basco. Vitória em etapa da Vuelta. Muitas vitórias (e pontos) no circuito francês.

O conjunto francês foi talvez aquele que melhor soube ler a luta pela manutenção. Focou-se nos pontos, nomeadamente nas corridas caseiras, e acabou num incrível décimo lugar da classificação UCI, posição bastante mais elevada do que a qualidade do seu plantel faria prever. Atingiram o seu objetivo e agora têm três épocas para se reinventarem e tentarem subir mais alguns níveis.
Para 2023 prevê-se uma época parecida com muitas vitórias em solo francês e muita combatividade nas provas do escalão máximo. Nas principais provas, a equipa lutará sobretudo por lugares honrosos, com Martin nas grandes voltas, Izagirre nas provas de uma semana e Coquard nos sprints.
Há entusiasmo à volta do que será capaz de fazer Axel Zingle, que é o maior joker da época da Cofidis, a que se poderão juntar alguns resultados interessantes do versátil Benjamim Thomas.

Principais objetivos:

  • Vitórias em etapas na grandes voltas.
  • Marcar já lugar pela manutenção neste ciclo trianual.
  • Vencer uma camisola distintiva nas grandes voltas. Provavelmente montanha com Martin/Geschke.

Ciclista(s) a ter em atenção:

  • Axel Zingle. Como já foi dito, é através deste homem que a época da Cofidis pode superar a relativa previsibilidade que acima antecipámos. Versátil, rápido e inteligente, o ainda jovem francês poderá dar muitas alegrias à equipa.

Hot takes falso plano:

Branco — Simon Gesckhe corta a barba à gilete.
Pratas — Zingle ganha pelo menos cinco corridas.
Lourenço — Zingle com vitória numa etapa de uma grande volta.
Ricardo — Axel Zingle descobre que é o filho perdido do senhor do burrito.
Henrique — Walscheid dois top-3 em clássicas WT.

EF Education-EasyPost

Posição UCI 2022: 18.º
Vitórias/vitórias WT: 9/3
Principais resultados: Etapas no Tour e Vuelta.

A EF vem de uma época péssima em que acabou a lutar para manter a licença WT. É mesmo caso para dizer que pior do que a época passada é impossível. Somaram apenas nove vitórias (duas delas em campeonatos nacionais) e dois top-10 em classificações gerais de grandes voltas.
Este ano não se adivinha muito melhor. A única entrada que merece ser mencionada é a de Carapaz, que lhes deverá garantir boas prestações em grandes voltas e algumas provas de uma semana. Mas, acima de tudo, o que tem de ser melhorado é a metodologia de treino. Os corredores da EF parecem falhar constantemente os momentos de forma, a qualidade existe mas a performance parece deixar sempre a desejar.
A meu ver, têm equipa para pelo menos duplicar o número de vitórias de 2022, principalmente se contarem com um Magnus Cort inspirado e com o melhor Bettiol.

Principais objetivos:

  • Top-5 numa das grandes voltas com Carapaz.
  • Uma clássica da primavera importante com Bettiol.
  • Etapas em grandes voltas com Cort, Carapaz, Hugh Carthy e Bissegger.

Ciclista(s) a ter em atenção:

  • Andrea Piccolo, um jovem de 21 anos que esteve muito bem em 2022 ao fechar de forma consistente no top-15 das clássicas em que participou (independentemente do nível).
  • Marijn van den Berg, outro jovem, desta feita um sprinter, que não teve um 2022 fácil mas parece estar a começar a mostrar o nível que prometeu nos sub--23, atenção a ele principalmente para sprints não totalmente planos.

Hot takes falso plano:

Branco — Bettiol torna-se amigo de um cameraman.
Pratas — Richard Carapaz faz pódio no Tour.
Lourenço — Carapaz faz top-3 numa grande volta.
Ricardo — Bissegger vai ganhar um ITT com mais de 20 quilómetros.
Henrique — Bettiol terá mais vitórias em 2023 que em toda a carreira.

Groupama - FDJ

Posição UCI 2022: 7.º
Vitórias/vitórias WT: 20/6
Principais resultados: 4º no Tour. 3 etapas no Giro. Pódio em Roubaix e Flandres.

A Groupama-FDJ tem feito um trabalho de consolidação e crescimento do projeto muito sustentado e competente. Mantém a sua estrutura predominantemente francesa, segura as jóias da coroa e aposta forte em capturar grandes talentos jovens para neles investir. A sua equipa de sub-23 em 2022 foi considerada uma das melhores de sempre e ver como alguns dos membros dessa equipa se irão adaptar ao circuito WT em 2023 é um dos principais pontos de interesse para a equipa este ano.
Têm uma equipa capaz de lutar em todos os terrenos. Küng e Madouas voltarão a formar uma dupla temível quando o empedrado chegar. Gaudu, bem apoiado por Storer, Madouas, Molard e companhia, continuará a sua evolução e apontará ao pódio no Tour. Démare quererá consolidar a boa época de 2022 e apesar de ter tido baixas significativas no seu comboio, continua a ser um dos mais perigosos sprinters do pelotão.
A isto aliam-se a chegada de grandes talentos como Román Grégoire, Lenny Martinez e Lewis Askey, todos com 21 anos ou menos.
São bons tempos para se ser fã da Groupama.

Principais objetivos:

  • Pódio no Tour com Gaudu.
  • Transformar os pódios do empedrado em vitórias. Uma conquista já seria um passo em frente.
  • Sendo imensurável, um dos principais objetivos da equipa será a boa integração e adaptação desta fornada de talento às exigências do WT.

Ciclista(s) a ter em atenção:

  • Thibaut Pinot. O popular trepador francês anunciou a sua retirada do ciclismo de topo para o final desta época. Deu esperança aos franceses até as lesões lhe arrancarem o sonho amarelo. Quererá retirar-se como sempre abordou a sua carreira. Em estilo. Allez Thibaut.
  • Valentin Madouas. O todo-o-terreno francês mostrou uma qualidade incrivel na época passada. Falta coroar isso com grandes vitórias e a estrutura espera que 2023 seja o ano da confirmação.
  • Roman Grégoire. De toda a juventude que chega ao plantel, o vencedor da LBL sub-23 do ano passado é o que mais curiosidade suscita. Não me admirava nada se já nesta época obtivesse uma vitória de relevo.

Hot takes falso plano:

Branco — Grégoire vence etapa na Vuelta.
Pratas — Pinot ganha a etapa 14 do Tour (Grand Colombier).
Lourenço — Gaudu vence um monumento.
Ricardo — Gaudu segundo no Tour.
Henrique — Küng ganha uma clássica. Num sprint. A dois, mas num sprint.

INEOS Grenadiers

Posição UCI 2022: 3.º
Vitórias/vitórias WT: 39/16
Principais resultados: Vitória no Paris-Roubaix, Amstel Gold Race, Volta à Suíça, Volta ao País Basco e Volta à Polónia. Pódio no Giro, no Tour e na Flandres.

A grande e dominadora era da INEOS parece ter terminado. Tiveram pela primeira vez em muitos anos uma época sem vitórias em grandes voltas e se tivesse de apostar, diria que este ano esse facto se irá repetir. Mas não se deixem enganar, o plantel continua a ser incrível, ganhando inclusivamente uma versatilidade e uma juventude que não tinha durante os seus anos de ouro. Esta época dá ares de reestruturação e se assim é, que peças ótimas têm para o fazer.
Enquanto que a saída de Carapaz, aliada às muitas dúvidas em torno de Bernal, praticamente hipotecam as hipóteses de a equipa ganhar uma grande volta em 2023, existem jovens que têm muito espaço para evoluir neste capítulo de forma a poderem voltar a colocar a INEOS na rota das vitórias. Arensmann, Carlos Rodríguez e Tom Pidcock despertam muita curiosidade em relação à evolução que farão nas provas de três semanas. E o bloco conta ainda com os não tão jovens Daniel Martínez e Tao Geoghegan Hart, capazes de oferecer bons resultados à equipa. E com o nada jovem mas sempre fiável, Geraint Thomas.
Falando agora da parte que mais me entusiasma nesta equipa. A juventude, sobretudo britânica, tem deixado água na boca, nomeadamente nas provas por um dia. Ethan Hayter, Magnus Sheffield, Ben Tullet, Ben Turner e Leo Hayter aliam-se a nomes mais consagrados como Pidcock, Ganna, Kwiatkowski e Narváez para formarem um bloco assustador para a primavera, quer no pavê quer nas ardenas.
A INEOS pode já não ganhar tanto. Mas é muito mais divertida.

Principais objetivos:

  • A matriz da equipa são as grandes voltas, e quererão manter-se relevantes neste departamento. Diria que dois pódios seria um bom resultado para um ano de transição.
  • Afirmação de Pidcock e Ethan Hayter. Os dois jovens britânicos receberam renovações de longo prazo e são duas das principais apostas da equipa. Apesar de grandes momentos, ainda faltam grandes vitórias. Espera-se que 2023 seja o ano.
  • Manter o nível na Primavera, apesar da saída de Van Baarle. Dois pódios em monumentos mais três vitórias em clássicas WT será o objetivo mínimo.

Ciclista(s) a ter em atenção:

  • Egan Bernal. Quem gosta de ciclismo quer ver Bernal de volta ao topo. Parece estar recuperado e saudável, veremos se se consegue aproximar do nível a que nos habituou. Estamos a torcer por ele.
  • Thymen Arensmann. O protótipo de ciclista que a INEOS costuma transformar em vencedor. Um grande motor, forte no contrarrelógio e ainda jovem pode ser um caso sério dentro da estrutura britânica. E terá que começar desde já a posicionar-se dentro da apertada hierarquia da equipa.
  • Carlos Rodríguez. Mais um jovem voltista que no ano passado se apresentou a grande nível e de quem se espera muito em 2023. O espanhol tem mais um ponto de interesse que consiste em saber onde correrá em 2024, visto que muito se tem falado da sua saída para a Movistar.

Hot takes falso plano:

Branco — Ben Turner vence uma grande clássica belga.
Pratas — Arensman fecha pódio no Giro.
Lourenço — Não fazem pódios em grandes voltas.
Ricardo — Bernal é o único Ineos a fechar top-5 numa grande volta.
Henrique — Flop Pidcock.

Intermarché - Circus - Wanty

Posição UCI 2022: 5.º
Vitórias/vitórias WT: 24/5
Principais resultados: Top-5 na Liège-Bastogne-Liège e no Paris-Roubaix. Top--10 no Giro e no Tour. Vitória na Gent-Wegelvem e em etapas da Vuelta e do Giro (2).

2022 foi inacreditável. 2023 dificilmente igualará o nível apresentado mas escrevo estas linhas a 5 de Fevereiro e já levam seis vitórias — três do nosso Rui Costa — , pelo que vão bem embalados. Por certo anda-se a fazer alguma coisa muito bem feita nesta equipa, desde o ambiente ao calendário tudo parece funcionar na perfeição, permitindo desempenhos acima do que seria expectável no papel.
Muita coisa mudou, saíram cinco dos dez ciclistas mais pontuados em 2022, que foram substituídos com juventude que terá aqui o seu espaço para crescer. Mas o mais importante permanece intocável, pois Biniam Girmay, aquele de que todos somos fãs, não vai a lado nenhum até 2026 e isso é o fundamental para a estrutura da equipa.
A decisão de se manterem fora da luta pelos ciclistas que garantem top-10 em classificações gerais é arrojada mas tem dado resultados. A equipa foca-se na combatividade, nas fugas e faz uso da sua inteligência e espírito de equipa para muitas vezes levantar os braços.
Ao que tudo indica, em 2023 teremos mais do mesmo nesse capítulo, embora agora com um bloco um pouco mais forte para o pavê primaveril e com ainda mais responsabilidade nos ombros da juventude da equipa.

Principais objetivos:

  • Girmay e Teunissen formarem uma dupla terrível na Primavera, com o eritreu a repetir o feito de 2022, vencendo uma clássica WT. Acredito que até vence duas.
  • Vestir de amarelo no início basco do Tour. A concorrência será de peso, mas Girmay já disse que tem a mais desejada camisola do ciclismo debaixo de olho.
  • Vencer etapas em todas as grandes voltas.

Ciclista(s) a ter em atenção:

  • Hugo Page. Vem consistentemente melhorando os seus resultados e ainda tem apenas 21 anos. Se a época passada prometia, o inicio desta época não está de todo a desiludir. A seguir a Girmay, o francês será o mais promissor jovem na equipa.
  • Gerben Thijssen. Com a saída de Kristoff e de Pasqualon, as portas estão ainda mais abertas para o velocista belga. Há no falso plano quem acredite muito nele, e eu confio nesta malta.
  • Lorenzo Rota. Se for uma clássica em Itália, levem-no sempre na Cycling Fantasy. É top-10 na certa. Veremos se tem capacidade para dar o passo em frente.

Hot takes falso plano:

Branco — Adrien Petit vence Roubaix.
Pratas — Vitória em Monumento(s).
Lourenço — Rota vence uma clássica de segunda linha a seguir aos monumentos.
Ricardo — Rui Costa ganha a Volta à Suíça.
Henrique — Calmejane vence, obviamente, no Tour.

Jumbo-Visma

Posição UCI 2022: 1.º
Vitórias/vitórias WT: 47/24
Principais resultados: Vitória no Tour. Inúmeras vitórias WT, em provas de uma semana e de um dia.

Bem, o que dizer deste “equipon”? O ano passado conseguiram vencer o Tour e derrotar Pogačar com Jonas Vingegaard, mas parece que isso não lhes chega. Reforçaram-se bem com nomes como Dylan Van Baarle, Kelderman, Tratnik e Atilla Valter, que vêm rechear ainda mais o seu bloco de qualidade. Colocar Roglic no Giro parece claramente uma aposta em vencer mais do que uma grande volta, para além da aposta fortissima também nas clássicas. Para além de terem o monstro, Wout Van Aert, que obrigatoriamente este ano tem de fazer melhor do que fez o ano passado, continuam com nomes como Laporte e Benoot. Como acharam que não chegava, reforçaram-se com Van Baarle, nada mais nada menos que o vencedor em título do Paris Roubaix. E que belo reforço para o bloco das clássicas. Têm ainda dois nomes na juventude que vão dar cartas certamente, Thomas Gloag e Olav Kooij. Estas abelhas parecem querer o mel todo para eles, correrá bem? Eu creio que têm tudo para isso.

Principais objetivos:

  • Vencer as três grandes voltas.
  • Vencer monumentos.
  • Provarem que Vingegaard veio para ficar.

Ciclista(s) a ter em atenção:

  • Thomas Gloag. 21 anos e um futuro brilhante pela frente.
  • Olav Kooij. Aposto que já conhecem, mas creio que 2023 vai ser o ano em que se vai assumir como um dos melhores ciclistas da atualidade.
  • Mick Van Dijke. Atenção a esta promessa.

Hot takes falso plano:

Branco — Roglic não fecha o Giro no top-3.
Pratas — Vingegaard não ganha nenhuma classificação geral.
Lourenço — Roglic não vai cair uma única vez no Giro.
Ricardo — Wout Van Aert no Tour: faz top-10, ganha a verde, duas etapas de montanha, três etapas ao sprint, cinco TT's e um torneio de sueca.
Henrique — Dois monumentos ganhos. Nenhum de Wout Van Aert.

Movistar Team

Posição UCI 2022: 11.º
Vitórias/vitórias WT: 19/1
Principais resultados: 2° na Vuelta e na Lombardia.

Mesmo com a saída do seu grande nome nos últimos anos, Alejandro Valverde, que equipa super interessante conseguiu montar este nome icónico do ciclismo. É verdade que Enric Mas fez um final de época brutal, ainda assim continuo a achar que é arriscado dizer que ele vai manter o nível… Não deixará de lutar por top-5 em grandes voltas, mas daí a vencer acho que é demasiado ambicioso. Isso tem um ponto bastante positivo para o lado nacional, ou seja, para além de podermos ter o grande reforço desta equipa, Ruben Guerreiro, a lutar por vitórias nas Ardenas (tal como ele referiu ao falso plano) creio que qualquer vacilo de Mas poderá abrir portas a alguma liberdade do ciclista português também em provas por etapas, inclusive grandes voltas. Para além destes dois chefes de fila, a equipa espanhola conta como nomes como Aranburu, Cortina, Kanter, Ramiro Sosa, Gonzalo Serrano e Matteo Jorgenson que tanto podem ser belos escudeiros em algumas alturas, como em outras podem mesmo eles assumir e darem vitórias à equipa. Consiga a estrutura da equipa tomar as decisões certas nos momentos certos e o ano poderá ser risonho.
PS: queria apenas dizer que contrataram o Gaviria.

Principais objetivos:

  • Top-5 com Enric Mas em grandes voltas.
  • Vitórias nas Ardenas com Ruben Guerreiro.
  • Darem a vitória a Valverde na Flèche Wallonne.

Ciclista(s) a ter em atenção:

  • Ruben Guerreiro vai ser um caso sério este ano.
  • Matteo Jorgenson pode explodir e conseguir belas vitórias em etapas.
  • Tenho uma esperança que Max Kanter possa finalmente ter vitórias relevantes no ser currículo.

Hot takes falso plano:

Branco — Gaviria vence três etapas.
Pratas — Cortina ganha uma clássica WT.
Lourenço — Este ainda não é o último ano do Valverde.
Ricardo — Vão erguer uma estátua ao Ruben Guerreiro no final da época.
Henrique — Aranburu três vitórias no WT.

Soudal Quick-Step

Posição UCI 2022: 6.º
Vitórias/vitórias WT: 47/14
Principais resultados: Vuelta a España e Liège-Bastogne-Liège.

2022 foi um ano estranho para a Quick-Step e apenas positivo pela confirmação do craque Remco. Aquela que era a equipa dominante das clássicas da primavera, “apenas” ganhou uma importante, a Liège-Bastogne-Liège, e ganhou uma grande volta, algo que nunca tinham ganho. As boas notícias para 2023 ficam-se por aí. A manutenção e provável evolução (se é que é possível ser ainda melhor) de Remco. Esta é uma equipa que vai continuar a ganhar muito ao longo do ano, têm aquele que para mim é o melhor sprinter do mundo, Jakobsen, trocaram Cavendish por Merlier, o que me parece ser um bom movimento de mercado e têm Remco focado em ganhar tudo em que participa, com Liège-Bastogne-Liège, Giro e Lombardia à cabeça. A grande questão é acerca do calendário que outrora foi a imagem de marca da equipa, a primavera. A Quick-Step continua a ter uma grande equipa para as clássicas do pavé mas parecem não só ter perdido aquela que foi a sua grande vantagem nos últimos ano, os números, como também não parecem ter os melhores corredores, alguém ao nível de Wout Van Aert ou Mathieu van der Poel. Ainda assim, Asgreen, Lampaert, Sénéchal e Alaphilippe não são toscos nenhuns e num dia bom podem ganhar a qualquer um.

Principais objetivos:

  • Um ou dois monumentos (não interessa quais).
  • Giro.

Ciclista(s) a ter em atenção:

  • Mauro Schmid. 2022 foi bom e esta época tem tudo para ser melhor, veremos se não será importante na ajuda a Remco no Giro.
  • Ethan Vernon. Anda entre a estrada e a pista. Pode ser o novo Cavendish.
  • Andrea Bagioli. A época passada não foi má mas estou à espera que dê mais um salto.

Hot takes falso plano:

Branco — Vernon vai vencer mais do que Jakobsen.
Pratas — Mais de 25 vitórias WT.
Lourenço — Não ganham nenhum monumento.
Ricardo — Não ganham nenhuma clássica da primavera excepto Liège-Bastogne--Liège.
Henrique — Alaphilippe is back. Strade Bianche, Liège-Bastogne-Liège e Fléche Wallone. Para aquecer.

Team Arkéa Samsic

Posição UCI 2022: 13.º
Vitórias/vitórias WT: 12/1
Principais resultados: Uma vitória no Tirreno-Adriático (Barguil);

O afastamento de Nairo Quintana da equipa na sequência da sua desclassificação na Volta à França 2022 sacudiu a ideia de lugares cimeiros da geral em provas de três semanas. A Arkéa não pensa nisso, até porque mesmo que quisesse não tem ninguém no seu plantel com capacidade para tal — Barguil pode, claro, lutar por um top-10. E neste caso, isso pode ser bom. A equipa francesa sempre teve mais inclinada para vencer etapas e provas de um dia e pode agora ser livre nesse sentido, sem responsabilidade de trabalhar para um líder que nunca ia ganhar grande coisa. As entradas de Champoussin e Luca Mozzato, que se juntam a nomes talentosos como Matis Louvel, Kévin Vauquelin, Capiot, Hofstetter, Barguil, Gésbert, podem gerar alegrias. Ainda assim, parece evidente que falta matéria-prima de trato mais fino.

Principais objetivos:

  • Vitórias em provas de uma semana com Vauquelin;
  • Vitórias de etapa em grandes voltas para Champoussin e Barguil;
  • Vitórias em clássicas Capiot e Hofstetter e uma evolução de Louvel nas clássicas do pavê.

Ciclista(s) a ter em atenção:

  • Matis Louvel. É altura de dar um passo em frente no que às clássicas diz respeito. Esperem por ele no Paris-Roubaix.
  • Kévin Vauquelin. A sua consistência em provas de uma semana é impressionante. Vejamos se este ano o consegue replicar no World Tour.
  • Mathis Le Berre. O seu primeiro ano em elites pode ser de adaptação. Mas que tem talento, lá isso tem. Vejamos se consegue surpreender em alguma clássica francesa.

Hot takes falso plano

Branco — David Dekker não faz um top-3 durante toda a época.
Pratas — Barguil maglia azurra no Giro.
Lourenço — Dekker vai fazer mais do que um top-3 esta época (Sabes que gosto dele, Branco).
Ricardo — Numa corrida toda a equipa vai sprintar.
Henrique — Bouhanni será vencedor de uma etapa do Tour. Durante 15 a 20 minutos.

Team DSM

Posição UCI 2022: 20.º
Vitórias/vitórias WT: 10/5
Principais resultados: 6º lugar no Tour (Bardet) e na Vuelta (Arensman). Etapas no Giro e na Vuelta. Vitória no Tour dos Alpes e na Arctic Race of Norway.

Equipa tradicionalmente disfuncional e que apesar de ter evidenciado isso em 2022, atingiu o principal objetivo, mantendo-se na principal divisão do ciclismo. Será também com esse objetivo que irá encarar os próximos três anos, apostando muito na juventude que trouxe da sua equipa de desenvolvimento.
O início de época fulgurante pode ser um bom indicador do que será 2023, mas este nível dificilmente se manterá por muito tempo. O plantel é curto, a concorrência é forte e não há milagres.
Com a saída de Arensman ficam apenas com o renascido Bardet como aposta segura para as gerais de grandes voltas, deixando recair ainda alguma esperança em que jovens como Leknessund e Brenner mantenham a sua trajetória de crescimento e dêem algumas alegrias.
Depois temos ainda os envelhecidos mas relativamente capazes Degenkolb e Bevin, que num dia de inspiração podem trazer vitórias de nível WT para casa. E sobretudo juventude, muita.
Espero muita combatividade, um bom Bardet, e mais um ou dois jovens a despontar entrando pelas nossas casas dentro em 2023.

Principais objetivos:

  • Top-5 no Tour com Bardet. O perfil assenta. E a concorrência terrestre não será a mais forte.
  • Vitórias nas fugas nas grandes voltas. Repetir 2022 e vencer em duas delas já seria bom.
  • O mais importante de todos. Que a juventude se desenvolva e vá ao encontro das expectativas que a direção neles deposita.

Ciclista(s) a ter em atenção:

  • Oscar Onley. A amostra na estreia como profissional no fim da época passada foi de um nível altíssimo para alguém com 19 anos. Na CRO race faz terceiro, atrás de… Mohorič e Vingeegard.
  • Sam Welsford. Foi em Janeiro, ok. Mas bater duas vezes seguidas Jakobsen/Bennett deixa água na boca para o que aí vem.
  • Marco Brenner. 20 aninhos e já mostrou boas pernas quando a estrada inclina a sério. Mais um jovem para seguir atentamente.
  • Casper Van Uden. Isto parece uma equipa sub-21. O neerlandês tem 21 anos e muita velocidade de ponta. Pode ser mais um a imiscuir-se no incrivel leque de jovens sprinters.

Hot takes falso plano:

Branco — Van Uden duas vitórias World Tour.
Pratas — Marco Brenner vitória numa grande volta.
Lourenço — Bardet não faz nenhum top-5 em grandes voltas
Ricardo — Bevin acaba a época no top-10 da Cycling Fantasy.
Henrique — Welsford vence na Figueira (hot take pré-Volta a San Juan).

Team Jayco AlUla

Posição UCI 2022: 16.º
Vitórias/vitórias WT: 22/9
Principais resultados: Uma vitória Paris-Nice (Yates); Duas vitórias Volta à Catalunha (Groves e Matthews); Três vitórias Volta à Itália (Yates e Sobrero); Duas vitórias Volta à França (Groenewegen e Matthews); Uma vitória na Volta à Espanha (Groves).

A mudança de nome tornou a equipa australiana um bocado mais árabe. Entraram alguns nomes interessantes como Chris Harper, Eddie Dunbar, Zdeněk Štybar, Filippo Zana, Blake Quick, que parecem fazer sentido naquilo que tem vindo a ser a ideologia mais recente da equipa: caçar etapas. É claro que Simon Yates é um eterno candidato a classificações gerais em grandes voltas e em provas de uma semana, mas também é conhecida a sua tendência para não as concluir — a última grande volta que concluiu foi a Volta à Itália 2021, quando foi terceiro. Este ano, Simon Yates vai à Volta de França com as expectativas bem elevadas, mas a concorrência é, provavelmente, demasiado areia para a sua camioneta. De resto, esperam-se vitórias de Groenewegen e Matthews, de preferência em grandes voltas.

Principais objetivos:

  • Melhor prestação de Groenewegen nos maiores palcos do ciclismo.
  • Pódio da Volta à França de Simon Yates.
  • Vitórias em etapas nas três grandes voltas.
  • Descoberta de Eddie Dunbar como solução para a classificação geral.

Ciclista(s) a ter em atenção:

  • Chris Harper. Quando chegou à Jumbo-Visma prometeu muito. Depois passou a ser um gregário, como quase todos na equipa neerlandesa. Vejamos se agora lhe dão asas.
  • Blake Quick. O sprinter australiano vai precisar de tempo para deixar a sua marca. Mas isso não quer dizer que não o devamos manter debaixo de olho.
  • Filippo Zana. É certo que é campeão italiano de estrada, mas a sua época de 2022 voltou a ser abaixo das expectativas. Vejamos se na nova equipa consegue mostrar o Zana do Tour de l’Avenir 2021.
  • Felix Engelhardt. É um daqueles motores alemães que adora rolar sozinho. Foi campeão europeu de sub-23 em Anadia o ano passado.

Hot takes falso plano:

Branco — Simon Yates chega ao final da Volta à França.
Pratas — Groenewegen ganha três etapas no UAE Tour.
Lourenço — Dunbar vence uma clássica da primavera.
Ricardo — Stybar ganha o Paris-Roubaix.
Henrique — Mezgec vai entrar na discussão dos melhores leadouts do mundo.

Trek - Segafredo

Posição UCI 2022: 12.º
Vitórias/vitórias WT: 19/6
Principais resultados: Uma vitória Paris-Nice (Pedersen); Uma vitória Volta à Itália (Ciccone); Uma vitória Volta à França (Pedersen); Três vitórias e camisola dos pontos na Volta à Espanha (Pedersen)

A estrutura norte-americana parte para 2023 com uma estrutura bastante semelhante. Uma melhor prestação nas clássicas do pavê com a dupla Pedersen-Stuyven é, seguramente, um dos grandes objectivos da temporada. Pedersen está escalado para o Giro e para o Tour, assumindo que a camisola verde cairá para Wout Van Aert, o dinamarquês é seguramente um dos mais fortes candidatos à conquista da Maglia Ciclamino na grande volta transalpina. A dupla já mencionada é também sempre candidata a um bom resultado no primeiro monumento da temporada: Milano-Sanremo. Juan Pedro López teve uma lesão grave neste início de temporada, pelo que a ideia de classificação geral em provas de uma semana e em grandes voltas para a Trek terão de passar por Mattias Skjelmose.

Principais objetivos:

  • Melhores resultados nas clássicas do pavê com Stuyven e Pedersen.
  • Maglia Ciclamino e vitórias nas grandes voltas com Pedersen.
  • Vitórias em etapas nas três grandes voltas.
  • Afirmação de Skjelmose como voltista.
  • Maior consistência de nomes como Tiberi e Baroncini.

Ciclista(s) a ter em atenção:

  • Antonio Tiberi. 2022 parece ter sido um ano de transição para Tiberi. Este ano já fechou top-10 no Tour Down Under. E mais parece estar a caminho.
  • Filippo Baroncini. O campeão mundial de sub-23 de 2021 ainda não conseguiu impôr-se em elites. Será que ainda vai a tempo?
  • Natnael Tesfatsion. É merecida a sua entrada numa equipa World Tour. A sua regularidade em terrenos diferentes tem tanto de interessante como de estranho. Talvez 2023 seja o ano para definir que tipo de corredor quer ser.
  • Matthias Vacek. Foi um sub-23 de alto nível. Prevejo boas prestações em provas de um dia com alguma dureza.

Hot takes falso plano:

Branco — Skjelmose faz top-5 na Volta à França.
Pratas — Simmons pódio na Strade Bianche e Paris-Roubaix.
Lourenço — Pedersen vence a verde no Tour.
Ricardo — Ciccone vai vazar a vista a alguém a celebrar uma vitória.
Henrique — Quinn Simmons vence no WT (para chatear o Branco).

UAE Team Emirates

Posição UCI 2022: 2.º
Vitórias/vitórias WT: 48/18
Principais resultados: Vitória na Volta à Lombardia, Strade Bianche, UAE Tour, Tirreno-Adriático e no Grande Prémio de Montréal. Segundo no Tour, Terceiro na Vuelta.

Para a equipa com maior budget do mundo e com o melhor ciclista do mundo exige-se a vitória na maior prova do mundo. Será a partir daí que o balanço será feito. A equipa reforçou-se nesse sentido, trazendo trepadores de qualidade como Yates para que a desvantagem do bloco perante a Jumbo seja menor. Apesar disso, parece querer atacar em todas as frentes e terá João Almeida com Jay Vine no Giro e Ayuso na Vuelta, mostrando que quer lutar pelas três grandes voltas.  Nas clássicas o plano é simples, pois têm em Pogačar um favorito para qualquer uma delas (vá, tirando no Paris-Roubaix, por enquanto..) e que, mesmo sem grande equipa neste departamento, garante resultados e monumentos anualmente.
Para além do peixe graúdo, a UAE tem muitos ciclistas interessantes e ganhadores, para vencer em provas mais pequenas e para se manterem relevantes em qualquer corrida em que participem. Nomes como Ulissi, Covi, Formolo, Wellens, Trentin, Hirschi e por aí fora são garantia disso mesmo.
A época será por certo repleta de êxitos. Mas o patamar de exigência é muito alto. Irá Pogačar e a sua entourage estar à altura?

Principais objetivos:

  • Voltar a vencer o Tour com Pogačar.
  • Pódio em todas as grandes voltas, com João Almeida e Ayuso.
  • Vencer dois monumentos.

Ciclista(s) a ter em atenção:

  • Juan Ayuso. O prodigio espanhol já é mais que uma promessa e espera-se muito dele este ano.
  • Jay Vine. A rápida ascensão do trepador australiano teve mais um capítulo no início desta época. Muita curiosidade para ver o que irá fazer.
  • Brandon McNulty. Tem dado vislumbres da sua capacidade e esta época diz que terá maior foco nos resultados individuais.

Hot takes falso plano:

Branco — Poga vai acabar a Volta a Eslovénia a jogar à bisca com o Majka.
Pratas — Vitória em duas grandes voltas.
Lourenço — Vine terá mais do que uma vitória em provas por etapas WT.
Ricardo — Poga acaba o ano com menos pontos UCI do que o João.
Henrique — Poga mete cinco minutos no Ving no Tour.