Antevisão — Cadel Evans Great Ocean Road Race

Eles fazem os percursos de régua e esquadro para o Bling. Conseguirá desta vez aproveitar?

Antevisão — Cadel Evans Great Ocean Road Race
Cadel Evans Great Ocean Road Race

Introdução

O pelotão fecha a sua estadia na Austrália com a sétima edição da corrida realizada em homenagem ao primeiro e único australiano a vencer o Tour, Cadel Evans, que na mítica edição de 2011, deixou os irmãos Schleck nos mais baixos lugares do pódio e adiou o sonho francês, que Voeckler a ser mais uma vez adiado, para finalmente largar o quase e festejar em Paris. Bons tempos, grande ciclista, homenagem merecida.
Muitas equipas WT seguiram já o seu caminho para a Europa, mas a organização tem o principal ingrediente assegurado, a nata das estrelas locais vão marcar presença e contém, como falaremos abaixo, alguns dos principais favoritos a levantar os braços neste acidentado percurso.

Após anos e anos na luta, Cadel Evans veste de amarelo em Paris. (foto: Laurent Cipriani)

O percurso

Arrancamos em Geelong e a Geelong chegamos. Pelo meio temos cento e dez quilómetros a rolar, para aquecer as pernas, antes de entrarmos no circuito final, onde tudo se decidirá.

Geelong - Geelong (174.3km)

O circuito de quinze quilómetros será ultrapassado por quatro vezes e conta com a já tradicional curta mas dura subida a Challambra Crescent (0.9km a 8.9%), que é imediatamente seguida pela subida a Melville (0.6km a 8.3%) para fechar a mais desafiante e susceptivele a ataques parte do circuito.

Na ultima das voltas o combo de subidas deixará os ciclistas a cerca de sete quilómetros da meta, todos eles em ligeira descida, pelo que as eventuais diferenças feitas poderão ser muito dificeis de eliminar neste final rápido.

4 passagens pelo Challambra Crescent - 0.9km @ 9%

O que esperar

Sabendo como é o ciclismo atual, os puros sprinters tiveram o bom senso de nem sequer se apresentarem à partida, pelo que a luta se fará entre trepadores e puncheurs/sprinters versáteis. A grande questão é se algum pequeno grupo se consegue isolar na ultima volta, aproveitando diferenças conquistadas na subida aliadas a alguma descoordenação no pelotão para discutir entre si a vitória ou se teremos uma amostra de pelotão a lutar num reduzido sprint pelo primeiro lugar.


As ultimas duas voltas serão certamente muito endurecidas, poderão até haver alguns testes às pernas dos adversários na penúltima volta, mas será na ultima passagem que se jogará tudo. Homens como Jay Vine e Simon Yates têm que partir a corrida para terem hipóteses, muitos outros nomes sabem que também não vencerão em grupos que contenham Michael Matthews e Caleb Ewan, pelo que terão de os tentar seguir. Na Jayco joga-se em dois tabuleiros e na seleção da Austrália de Ewan não parece haver muita força de perseguição para essa fase da corrida, pelo que a minha aposta vai para a disputa pela vitória a acontecer num grupo de quatro a oito unidades em Geelong.

Favoritos

Michael Matthews — Matthews pode vencer caso chegue uma espécie de pelotão junto. Pode vencer a partir da frente seguindo ataques nas subidas. Poder pode, mas não tem vencido. Ainda assim será o grande favorito.

Ethan Hayter — No papel Hayter tem tudo para vencer. Capacidade de passar estes pequenos topos, excelente ponta final e um grupo forte à sua volta. Resta saber se não estará demasiado mal colocado nos momentos decidsivos. E se a equipa continuará a vê-lo como a prioridade número um.

Simon Yates — Vem de uma vitória na última etapa do Tour Down Under, tem melhorado nestas etapas acidentadas e se se juntar a um grupo na frente, terá sempre a desculpa perfeita para se poupar para o sprint final, pois a sua equipa terá outra grande aposta na retaguarda. Cenário perfeito.

A não perder de vista

Caleb Ewan — Eu não acho que ele vá ganhar. Nem sei se ele ainda é aquele sprinter versátil de outros tempos. É um rapaz que me deixa confuso mas que já fez o suficiente na carreira para merecer ter o seu destaque aqui. Ah, e é o mais rápido da startlist.

Alberto Bettiol — Entre vitórias metereológicas e cãimbras, o italiano fechou ainda um segundo lugar na agitada semana que teve na Austrália. Tem uma boa ponta final e uma boa leitura de corrida, poderá aproveitar surpreender. Acredito sempre em ti, Alberto.

Sheffield & Plapp — Sheffield continua a provar-se como um todo o terreno e Plapp vem com vontade de limpar a face depois do mau desempenho em Down Under. Podem jogar com os números, com as pernas ou com o efeito surpresa.

Hirschi & Vine — O Vine vai ganhar tudo. Começa com o Giro e para o ano divide liderança no Tour com aquele esloveno ou o que é. Para esta prova parece-me faltar dureza para chegar sozinho e ponta final para bater os outros trepadores que com ele conseguem seguir, pelo que não tenho grandes expetativas, correndo o risco de cometer o mesmo erro duas vezes seguidas. Hirschi poderá aproveitar-se da sobremarcação a Vine para começar a mostrar alguma da qualidade que deixou água na boca em 2020 e que desde ai não tem tido continuação.

Apostas falso plano

Henrique Augusto — Michael Matthews. Será desta? Espero que sim.

Lourenço Graça — Caleb Ewan. Só para ser diferente.

Miguel Branco — Michael Matthews. Ou qualquer um que não seja o Jay Vine.

Miguel Pratas — Simon Yates a solo. 1-2 para a Jayco com Bling Matthews a ganhar o sprint para o 2º lugar.

Ricardo Pereira — Bettiol.

Sondagem falso plano