Antevisão — Amstel Gold Race

Fuga controlada pela UAE Emirates. Ataque de Pogačar algures nos últimos 100 quilómetros. Fim.

Antevisão — Amstel Gold Race
Amstel Gold Race

Introdução

A Amstel Gold Race (1966) é a menos dura e a mais jovem das três clássicas das Ardenas — La Flèche Wallonne (1936) & Liège-Bastogne-Liège (1892) — mas tem sido a corrida com mais espetáculo e polémica nos últimos anos — os photo-finish controversos em 2021 e 2022 e a primeira grande vitória de Mathieu van der Poel, em 2019, continuam bem presentes na nossa memória. Ora vamos lá rever esse momento fantástico.

Aqui já não há pavé mas há muitos bergs propícios a ataques e mais ataques. É aquela clássica longa ondulada, sem demasiada inclinação, onde tanto puncheurs como rouleurs podem ter sucesso.

Em 2023 foi assim. Em 2025 vai ser parecido. (foto: Sprint Cycling Agency)

É a corrida mais importante dos Países Baixos e o recordista de vitórias é o neerlandês Jan Raas com cinco triunfos entre 1977 e 1982 — Philippe Gilbert "apenas" venceu quatro na década passada — e tem tudo para manter este recorde por mais uns tempos se Tadej Pogačar não quiser vir aqui preparar a Liège todos os anos.

O percurso

256 quilómetros com inúmeras subidas curtas — leia-se inúmeras oportunidades para atacar a corrida — nesta que acaba por ser a corrida mais soft em termos de altimetria neste tridente das Ardenas. É uma corrida de endurance onde a gestão do esforço é fulcral para ter sucesso. É preciso chegar aos últimos 50 quilómetros com capacidade para atacar ou responder aos ataques que se vão suceder quilómetro sim quilómetro sim.

A entrada no Gulperberg (1km @ 4.7%), já dentro dos últimos 50 quilómetros sinaliza o ínicio da fase decisiva da corrida. A sequência Kruisberg (500m @ 9.4%), Eyserbosweg (600m @ 9.2%), Fromberg (800m @ 4.1%) e Keutenberg (1.2km @ 6.2%) vai colocar cada um no seu lugar no que toca às reais aspirações para a classificação final.

Dez quilómetros depois, a 22 da meta, surge finalmente a penúltima passagem pelo Cauberg (600m @ 6.3%), seguido imediatamente pelo Geulhemmerberg (900m @ 5.8%) e pelo Bemelerberg (800m @4.5%). A partir daí é rolar sem olhar para trás. A derradeira subida do dia, o Cauberg, a 2 quilómetros do fim, é precedido de uma descida muito íngreme.

Maastricht - Berg en Terblijt (255.9km)

O que esperar

Fuga controlada pela UAE Emirates. Ataque de Pogačar algures nos últimos 100 quilómetros. Fim.

Vai ser isto mas com mais alguns acontecimentos secundários pelo meio. Alguns corredores de segunda linha vão tentar integrar a fuga do dia para conseguirem ficar bem posicionados na fase decisiva. Outros vão ficar no pelotão a poupar o máximo que conseguirem para fazerem all-in nos últimos 50 quilómetros. E depois vão haver alguns malucos que vão responder durante alguns centésimos de segundo ao ataque de Pogačar. Não vejo ninguém, além de Remco Evenepoel, com capacidade para ficar na roda do esloveno.

A melhor tática mesmo é deixar o G.O.A.T ir à sua vida, pedalar como se ele não existisse após o ataque, e aí sim lutar pelo pódio, top-10 ou pontos UCI, aquilo que estiver ao alcance de cada um. Aqui a tática, e as pernas, claro, são fundamentais para obter um bom resultado. Um ataque mal calculado pode deitar tudo a perder mas um bluff excessivo pode tornar um bom resultado irrecuperável.

Favoritos

Tadej Pogačar — Favoritíssimo aqui, com ou sem MvdP — este ano sem Ardenas. A dúvida é se vai atacar para a vitória a mais ou a menos de 50 quilómetros da meta.

Remco Evenepoel — O outro fora-de-série desta startlist. A época ainda agora começou, na De Brabantse Pijl, mas deu para vencer com relativa facilidade. A dúvida é se vai ter capacidade para seguir na roda de Pogačar quando ele for embora.

A não perder de vista

Ben Healy — O nosso fella Healy está a andar muito — super-exibições nas duas etapas da Itzulia. Quem se lembra da edição de 2023 onde foi o único a conseguir ver Pogačar sem precisar de binóculos? E se não fossem as motas...

Thomas Pidcock — Esta é a corrida de Superman Pidcock: três pódios em quatro participações — é o campeão em título. Flopou na De Brabantse Pijl mas não é nada a que não estejamos já acostumados. Acredito que se vai apresentar a um bom nível e disputar o pódio.

Wout van Aert — Favorito #1 a perder o sprint pelo pódio.

Neilson Powless — Adora corridas longas e a forma recente leva-me a crer que vai longe aqui.

Marc Hirschi — Perfil do seu agrado — longo e sem subidas excessivamente duras —, só peca por não ser ProSeries. Ficou em segundo na última edição.

Maxim Van Gils — Quero acreditar que a má fase já lá vai e que vai fazer umas Ardenas ao nível do ano passado. PS: Que época de clássicas desapontante para a Red Bull.

Thibau Nys & Quinn Simmons — Os meus dark horses. A Lidl leva uma equipa fortíssima e estes dois podem surpreender.

Apostas falso plano

André Dias — Remco Evenepoel. Quando se abre uma porta (na cara), abrem-se as Ardenas.

Fábio Babau — Remcočar. Estou a brincar. Tadej.

Henrique Augusto — Pogačar. Para as três.

O Primož do Roglič — Isto das apostas onde está Pogačar já acabava, não?

Miguel Branco — Santi Buitrago. Classicómano puro.

Miguel Pratas — Solo win Pogačar.

Nuno Gomes — Poga.... E nem sei o resto da startlist.

Rogério Almeida — Para ir contra os meus colegas, aposto Pogačar.