Análise aos Favoritos — La Vuelta ciclista a España

Irá Roglic manter-se no trono, Evenepoel calar os criticos ou João Almeida levar-nos ao delirio? E ainda os favoritos para a verde e 49 nomes para a montanha. Era o 50º que estaria certo, desculpem.

Análise aos Favoritos — La Vuelta ciclista a España
Os vencedores das camisolas em 2020 (foto: twitter Movistar)

Depois de vos termos dado a conhecer os nossos prognósticos sobre as equipas presentes, passamos agora aos nossos prognósticos sobre a disputa pelas diversas camisolas.

Montanha

Fazer antevisões para a camisola da montanha é pedir que no fim da prova nos venham atirar à cara as barbaridades que agora escrevemos. Mas nós somos gente corajosa e aceitamos o desafio.
Na Vuelta a distribuição de pontos pelos vencedores de cada contagem é a seguinte : 20 pontos para a Cima Alberto Fernandez - o ponto mais alto desta prova é assim denominado em homenagem ao trepador espanhol que em 1990 morreu prematuramente aos 30 anos e que tinha já dois pódios na competição, um deles a apenas 6 segundos da vitória, um recorde que permanece até á data - que será disputada a 2501 metros de altitude na Sierra Nevada; 15 para Cat.Especial, 10 para 1ª Cat, 5 para 2º Cat e 3 para 3º Cat.
Embora a distribuição seja semelhante à do Tour, a verdade é que a organização tem tido mais sucesso no objetivo de deixar a camisola das bolinhas para homens que não lutam pela geral, pois desde 2008 que nenhum vencedor faz top-10 (David Moncoutié) ao contrário do que se tem visto em França, onde nas últimas 3 edições o vencedor levou também esta camisola para casa.

Se o ano passado foi a vez de Michael Storer se apresentar ao grande público com grandes exibições na Vuelta conquistando duas etapas e a camisola da montanha, acreditamos que algo semelhante possa acontecer este ano com Jay Vine, o famoso produto do Zwift que o ano passado já demonstrou combatividade e pernas para lutar por este objetivo, embora as muitas quedas lhe tenham tirado a oportunidade de contrariar os DSM.

O monstro desta Volta a Espanha - Sierra Nevada (19,4 km a 7,9% até aos 2501 m de altitude) Foto: Cycle Sierra Nevada
O monstro desta Volta a Espanha - Sierra Nevada (19,4 km a 7,9% até aos 2501 m de altitude) Foto: Cycle Sierra Nevada

Sem a presença das principais estrelas aqui, a Cofidis traz uma equipa ultra combativa e exceção feita ao sprinter e respetivo lançador (Coquard e Cimolai) qualquer nome poderá entrar nesta luta. Têm muita tradição nesta classificação, tendo inclusive levado para casa a vitória em 6 das últimas 14 edições da prova espanhola. A nossa aposta recai sobre Jesús Herrada, o trepador espanhol corre em casa, vem de uma boa época e a sua presença na fuga em busca de repetir a vitória de 2019 será uma constante em dias montanhosos que serão decisivos no desfecho desta camisola. A somar a isso, tem uma equipa que ao contrário das restantes está disposta a focar-se à volta deste objetivo, conforme fizeram no Tour com Geschke.

Temos depois muitas incógnitas, irá Thibaut Pinot aproveitar a liberdade que terá na equipa para aparecer a um nível elevado depois da desilusão na Tour e lutar por etapas e pela montanha? Terá Carlos Verona liberdade para deixar os seus líderes sozinhos e se aventurar nas montanhas, amealhando pontos para a Movistar e consolidando-se como especialista em fugas? Teremos uma surpresa como Kenny Elissonde a cumprir a tradição de se apresentar bem na Vuelta entrando nesta luta? Irá algum dos favoritos (cough cough Simon Yates) perder 20 minutos na primeira semana e depois exibir a sua superioridade na restante prova? Ou poderão trepadores como Miguel Angel López e Richard Carapaz beneficiar de ataques de longe e de muitas chegadas em alto para conciliar a sua luta pela vitória na Vuelta com a camisola dos trepadores? Ou poderá até surgir naturalmente no corpo de Hindley ou Roglic caso a sua prestação nas montanhas e a sua boa ponta final estejam em evidência.

Uma coisa parece-nos certa, com tanta dureza e qualidade nesta volta a espanha, não teremos um Simon Geschke desta vida a lutar pela classificação até ao fim.

Pontos

Após muitos anos em que a Vuelta se distinguia das outras provas de 3 semanas por dar a mesma pontuação a todas as etapas e assim fazer com que esta classificação fosse disputada pelos homens da geral, a organização cedeu às vontades dos sprinters e deu-lhes a oportunidade de também aqui lutarem pela camisola da regularidade.
Agora temos uma divisão em 3 categorias de dificuldade para as etapas que dão 50, 30 e 20 pontos aos vencedores, respetivamente e com grau crescente de dificuldades montanhosas. E temos ainda os sprints intermédios (1 por etapa) a darem 20 pontos ao primeiro.
Esta mudança para a edição de 2021 teve efeitos imediatos com Fabio Jakobsen a dominar esta classificação depois de 4 anos em que o vencedor tinha sempre terminado no top 5 da geral, sendo 3 deles vencedores.
Esta edição conta com cinco etapas que têm todas as condições para uma chegada em pelotão compacto e ainda três onde alguns sprinters poderão lutar pela vitória, mas nem este percurso muito mais simpático para os homens rápidos do que aquilo que é tradicional na Vuelta convenceu os melhores sprinters do mundo a rolarem 5 horas sob 40ºC para nos presentearem com a sua explosão nos últimos 20 segundos.

Jakobsen autoritário vence a 16º etapa em 2021 Foto: Luis Angel Gomez/Photogomezspo
Fabio Jakobsen autoritário vence a 16º etapa em 2021 (foto: Luis Angel Gomez / Photogomezspo)

Há um homem que traz uma equipa focada nos seus sprints, um dos melhores lançadores do mundo e provavelmente a melhor velocidade de ponta dos velocistas aqui presentes. Esse homem é Tim Merlier que quererá despedir-se em beleza da equipa que o lançou para o estrelato, entrar no clube dos vencedores nas três grandes e começar a marcar pontos na sua batalha por um lugar na Volta a França do ano que vem. A grande questão é se será capaz de passar as duras montanhas da Vuelta, visto que nunca acabou uma prova de três semanas e esperamos muita emoção já depois das câmaras se terem desligado na sua luta contra o relógio montanha acima.

Sai Merlier entra Kaden Groves na Alpecin em 2023. O jovem australiano vai abandonar a equipa do seu país mas não sem antes ter a primeira oportunidade de se provar em grandes voltas. É muito mais capaz que os restantes sprinters de passar a montanha - impressionou e muito na Catalunha, quando liderou o grupo dos favoritos após uma etapa louca proporcionada por Carapaz e Higuita - e sabemos que isso muitas vezes é decisivo nesta classificação, sobretudo com tantos sprints intermédios a estarem colocados na parte final das etapas, muitas vezes após subidas. Falta saber como lida com o desgaste de três semanas e se tem ponta final para estar constantemente no pódio em sprints massivos, mas parece ter todas as condições para marcar a sua estreia com uma vitória na classificação da regularidade.

Numa segunda linha surgem nomes como Sam Bennett, que há dois anos seria o favorito destacado mas que tem estado de tal forma inconsistente que se torna um pouco surpreendente a BORA ter abdicado de ser a equipa mais forte na montanha para dar oportunidade ao seu sprinter de voltar aos tempos áureos e ter ainda trazido o homem que se vai consolidando como o melhor lançador da atualidade, Danny Van Poppel; Mads Pedersen será um caso sério caso tenha esta classificação em mente, á semelhança de Groves tem a vantagem de passar montanhas e poder discutir mais chegadas, mas pensamos que se focará em repetir a façanha do Tour e procurar vencer uma etapa que sabe ser difícil alcançar em sprints compactos e com o desgaste da luta pelos pontos; Ethan Hayter que caso tenha liberdade pode fazer uma campanha à la WVA e discutir contrarrelógios, sprints e etapas mais duras sem os principais sprinters.E sobra ainda Pascal Ackerman que embora venha de uma vitória na Polónia nos parece que só será destaque quando vir as suas redes sociais invadidas por não ter ajudado o João na Sierra Nevada.

Juventude

Alguém ficaria chocado se chegássemos a Madrid e tivéssemos um pódio composto por João Almeida, Remco Evenepoel e Sérgio Higuita? Não há memória recente de tal feito mas pode acontecer este ano termos um pódio composto apenas por ciclistas que ainda contam para a juventude. É um sinal dos novos tempos em que juventude desde cedo começa a exigir o seu lugar entre os grandes.
Apenas desde 2017 existe classificação oficial da juventude na Vuelta - que premeia o melhor ciclista á geral com 25 ou menos anos - e dado que esta grande volta serve muitas vezes de teste à capacidade dos jovens ciclistas em três semanas não é de admirar que tenha sido sempre conquistada por homens que finalizaram no top10 (MAL, Mas,Pogacar e Mader) e esta será certamente uma tradição para manter dada a qualidade que esta startlist apresenta. Tanto que não haverá propriamente uma luta pela camisola branca, ela surgirá como resultado do bom desempenho na geral nos corredores que contam para esta classificação.

Remco Evenepoel e João Almeida em 2019 na Volta ao Algarve. Foto: Record
Remco Evenepoel e João Almeida em 2019 na Volta ao Algarve (foto: Record)

Espectáculo vai dar. Algumas questões levantadas sobre a sua capacidade de três semanas começarão a ser respondidas nesta Vuelta.Traz a melhor equipa para as montanhas que uma equipa cujo foco não está (ou pelo menos não tem estado até agora) nas vitórias à geral em grandes voltas podia trazer e tem um longo contrarrelógio plano para ganhar margem a todos os favoritos. O motor de Remco Evenepoel vem a esta Vuelta para continuar a espalhar o caos pelas estradas espanholas depois da exibição arrebatadora que o levou à segunda vitória da Clássica de San Sebastian, que demonstra que a forma está no sítio certo. Falta vermos se a capacidade de recuperação exigida para estar todos os dias com os melhores na montanha já existe em Remco Evenepoel. Se sim, esta camisola (e quem sabe outra de um tom mais avermelhado) está mais do que ao alcance do prodígio belga.

Se há alguém que carrega nas suas costas uma herança pesada e tem consigo a pressão de ocupar o lugar que outrora foi de nomes como Contador, Valverde e Purito, esse alguém é Carlos Rodriguez. Ao contrário do que a maior parte dos especialistas têm apontado, acreditamos que o espanhol pode ser o plano B da Ineos e começar desde já a cimentar a sua posição na sempre apertada hierarquia de lideranças da sua equipa. É um trepador exímio e começará desde já a mostrar de que fibra é feito. Caso Carapaz esteja no seu melhor o jovem poderá ficar mais preso, mas nem isso o impedirá de lutar por um top10 final.

Também Sergio Higuita traz dúvidas sobre o seu estatuto dentro da equipa, mas a excelente época que está a realizar dá-lhe o direito a pelo menos tentar. Se a estrada assim o ditar, o campeão colombiano trabalhará para outros. Se as esperanças colombianas se confirmarem, o diretor desportivo da Bora terá uma grande dor de cabeça com que lidar. Sabemos que estamos a lidar com uma quantidade de talento absurda quando deixamos para o fim menções a Gino Mader (vencedor em título da classificação), Juan Ayuso (ele que vai partilhar com Rodriguez as ambições espanholas nos anos vindouros e vai ganhar muitas destas, é uma questão de quando começará a coleção) e Pavel Sivakov (recente vencedor da Vuelta a Burgos, principal prova de preparação para esta corrida).Provavelmente já perceberam que falta aqui um nome do qual já devem ter ouvido falar, e até já devem ter imaginado a razão. As nossas ambições e expectativas para João Almeida nesta Vuelta são altas e o português já provou que merece nadar na piscina dos grandes, onde terá o seu destaque.

Há uma grande possibilidade de que a camisola branca que será envergada na etapa de Madrid estará no corpo de um corredor que não será o líder da classificação e isso diz tudo sobre os jovens de que falámos.

La Roja

A mais desejada camisola nesta 77º Vuelta a Espanha e o centro de todas as atenções. Apesar do domínio histórico espanhol com 32 vitórias, desde 2015 (El Pistolero) que a vitória não fica em casa, e não parece ser este o ano em que essa tendência se vai inverter. Às oito chegadas em alto somam-se ainda alguns dos tradicionais muros espanhóis e a chegada ao ponto mais alto da história da competição, em Sierra Nevada (2508m). Poucos serão os dias em que os homens da geral poderão estar tranquilamente no pelotão, pois o percurso é muito armadilhado e os contrarrelógios farão com que exista sempre quem vá precisar de aproveitar todas as pequenas oportunidades para recuperar algum tempo.

             Voltaremos a ver Roglic sorrir assim em Madrid este ano? Foto: Cycling Weekly
Voltaremos a ver Roglic sorrir desta maneira em Madrid em 2022? (foto: Cycling Weekly)

Quando alguém vence uma competição por três edições consecutivas, tem quase obrigatoriamente que ser o primeiro a ser referido quando são elencados os principais favoritos. Primoz Roglic vem correr atrás da história! Alcançar Roberto Heras como vencedor máximo da Vuelta e tornar-se no primeiro ciclista a alcançar o lugar mais desejado do pódio por quatro épocas consecutivas. Mas as dúvidas (e a pressão) são muitas. Não sabemos exatamente qual o estado de forma do esloveno depois da queda no Tour e do consequente abandono prematuro da prova, somando-se a isto a prestação que Vingegaard teve na prova o esloveno encontra-se sobre uma pressão enorme para não perder o comboio da liderança da Jumbo (se é que não perdeu já…). Mas já nos mostrou inúmeras vezes que é feito de fibra de campeão e que aparece no seu melhor quando é dado como morto - quem não se lembra de quando depois de perder o Tour 2020 de forma dramática foi vencer a Vuelta e de quando depois da arrepiante queda no tour 2021 deu a volta para ser campeão olímpico e reconquistar a Vuelta? - e não só não o podemos descartar, como o consideramos o principal favorito a juntar mais uma Roja à sua já vasta coleção, entrando definitivamente para os livros da história da maior corrida do país vizinho.

Ao contrário do que acontece com Evenepoel, sabemos bem com o que podemos contar da parte do seu ex-gregário João Almeida em Grandes Voltas e por essa razão tem direito a estar já nesta parte da análise. 4ª no Giro 2020 e 6º no Giro 2021 só falhou o pódio em 2022 devido a este vírus que aí anda. As esperanças lusitanas estão depositadas no homem que pela primeira vez sai de Itália para correr a grande volta espanhola, mais uma vez com uma equipa que levanta dúvidas sobre o seu compromisso para com o líder e com muita pressão para justificar o investimento da UAE nele como 2º líder da equipa, posição essa que com o aparecimento de Juan Ayuso tem que ser defendida com unhas e dentes. Sabemos que quem manda no ritmo do João é ele e não as outras equipas, o que fará com que tanto possa descolar antes do Froome como acabar à frente do Carapaz. E mais incrível, podemos estar a falar do mesmo dia. O entusiasmo de ver o sonho de ter um português nestas discussões realizado veio com um preço, e esse preço será pago em sofrimento pelos corações portugueses que acompanham esta montanha russa em que o João torna as corridas. Esperam-nos três semanas de nervos mas também de confiança de que Portugal não sairá de Espanha de mãos a abanar, João tem tudo para vencer etapas, lutar pelo pódio e pela juventude.
E quem sabe se daqui por um mês não estamos todos em Madrid a festejar a primeira vitória numa grande volta de um português. Mas esta parte é para dizer baixinho, para não dar azar.

As incógnitas à volta de Richard Carapaz são mais que muitas. Desde o compromisso da sua equipa para com ele numa altura em que parece estar prestes a mudar de ares até ao seu estado psicológico depois de ter perdido de forma devastadora o Giro deste ano. No entanto, o currículo fala por si e sempre que partiu como líder para uma grande volta fechou no pódio. Um percurso duro, uma equipa forte e uma corrida aberta podem beneficiar o equatoriano que este ano na Volta à Catalunha mostrou também capacidade de se lançar ao ataque a 100 km da meta e colocar os rivais em sentido. Poderá ser a última corrida a envergar as cores negras da Ineos e uma vitória aqui cimentaria Carapaz como um dos melhores voltistas do mundo.

Desde 2008 que ninguém faz a dobradinha Giro-Vuelta (mais uma vez um tal de Alberto Contador) mas Jai Hindley já surpreendeu o mundo uma vez este ano e quererá repetir a dose. Um dos melhores trepadores do mundo nos seus melhores dias (nos restantes é possível que nem demos pela sua participação em prova) mostrou no Giro a capacidade de se manter no topo por três semanas e colocar em cheque a concorrência com ritmos infernais e traz ainda um super bloco que se trabalhar unido poderá dinamitar por completo as etapas montanhosas. Tentando repetir a façanha de 2018, Simon Yates também trará como objetivo para esta Vuelta a vitória. Uma terceira semana não tão dura pode beneficiar as suas aspirações mas, apesar da sua indiscutível melhoria no esforço individual, terá que deixar tudo na estrada para recuperar o tempo que irá perder nos 30 km planos que terá pela frente. O jovem de que já falámos anteriormente, Remco Evenepoel fecha o lote dos homens que têm realísticas aspirações a serem coroados em Madrid.

Enric Mas, Miguel Angel Lopez, Mikel Landa e Ben O´Connor têm condições para discutir o pódio, mas honestamente não vemos uma situação de corrida que possa levar um destes nomes a aspirar a mais do que isso. A dupla de espanhóis é conhecida por ter duas características que podem ser fatais nesta Vuelta - inconsistência na montanha e muita consistência no contrarrelógio - e que impede que estejam ao nível de outros nomes. O pequeno colombiano provavelmente vencerá no seu território em Sierra Nevada, mas entre o tempo perdido acumulado que já terá nessa altura e a fraca equipa em seu redor, um pódio seria já um grande resultado. E o australiano vem tentar redimir-se do desastrado Tour, mas com a qualidade aqui presente não pensamos que seja possível aspirar a mais.

Hot Takes Falso Plano

Hot Takes (foto: FreeRange Stock)

Lourenço - Sammy Bennett vai ser o lançador de Danny Van Poppel.

Henrique - Sam Bennett vai ganhar 3+ etapas, só para chatear o Lourenço e Froome voltará a sorrir na etapa 18.

Pratas - Nenhum ciclista espanhol vai levantar os braços nesta edição da Vuelta.

Ricardo - Bevin ganha uma etapa de montanha e dedica ao irmão do Hugo Houle

Branco - A FDJ vai limpar 2 etapas e nenhuma vai ser por Pinot